sábado, 11 de julho de 2020

Educação na pandemia: estudar fora sem sair de casa




Brasileiros que foram aprovados em cursos de graduação e pós-graduação em algumas das melhores universidades do mundo são impedidos de viajar para o início das aulasQuando soube, no início deste ano, que foi aprovado para fazer faculdade na Universidade Stanford, uma das três melhores dos Estados Unidos, com uma bolsa generosa, o paulista Guilherme David fez planos animados para sua mudança em setembro. Jamais imaginou que poderia começar sua vida universitária no exterior sem arredar pé da casa onde sempre viveu com os pais, em Cubatão, no interior de São Paulo. Assim como David, um grande número de estudantes brasileiros está vendo a pandemia do novo coronavírus atrasar o sonho de uma vida no exterior a partir do início do ano letivo, que começa no segundo semestre. Brasileiros estão momentaneamente proibidos de entrar nos Estados Unidos por causa da pandemia. E, mesmo que não houvesse a restrição, David teria poucas aulas presenciais.

Tradicionalmente, instituições de ensino oferecem a oportunidade de adiamento da entrada na universidade por até um ano, sem ônus. Mas, como o fim da pandemia não tem data marcada, essa possibilidade também gera insegurança. “Acho que passar mais um ano sem planos sólidos de estudos ou trabalho não me faria bem. Por isso, vou cursar da maneira que eles permitirem”, disse Cecília Conde, de 18 anos, que estudará ciências de dados em Stanford a partir de setembro sem sair do Rio de Janeiro.

Muitos dos brasileiros que já estudavam fora e tiveram de retornar para casa agora estão pensando como será a volta aos países onde estavam. É o caso de Giovanna Bressan, de 19 anos, que cursa comunicação na Universidade Erasmus, em Rotterdam, na Holanda. “Fui para a Europa estudar em 2019 e agora estou passando meses da minha formação em meu país natal. Minha educação não está sendo afetada, pois o ensino remoto da minha universidade é ótimo. Mas as vivências que eu teria, em termos de cultura e aprendizados de morar fora, estão suspensas”, contou a estudante, que está procurando voos para tentar retomar os estudos na Europa.

Como se a pandemia não fosse um problema grande o suficiente, os alunos brasileiros de universidades estrangeiras ainda precisam se preocupar com a alta do dólar e do euro. “O real desvalorizado preocupa muito minha família. Estou buscando jeitos de reduzir os custos do próximo semestre ao máximo. O reembolso de parte do plano de alimentação e moradia deste semestre ajudarão a bancar o próximo”, contou Clara Zioli, paulistana que estuda temas humanitários no Grinnell College, faculdade com cerca de 1.600 alunos no estado de Iowa. Zioli estava nos Estados Unidos e tinha a oportunidade de permanecer no campus ou voltar para casa. Por precaução, tinha decidido ficar. Mas, quando o número de voos para o Brasil caiu drasticamente em março, ela acabou repensando sua decisão e resolveu voltar.

A lembrança da confusão causada pela pandemia não é boa para muitos daqueles que já estavam no exterior e retornaram ao Brasil. Ana Caroline Bohn, estudante de medicina na Universidade do Oeste de Santa Catarina, embarcou em janeiro para realizar um semestre na Universidad Autónoma de Chihuahua, no México. Com o agravamento da situação, foi orientada a viajar para casa, o que não era uma tarefa fácil com o cancelamento diário de voos. Enquanto o desespero crescia, o dinheiro diminuía. “Depois de muito insistir com o consulado brasileiro e ir para a mídia pedir ajuda, saiu um voo fretado e, por sorte, estive nele”, contou Bohn, que chegou ao Brasil em abril e não pretende viajar para o México para completar o período de seis meses.

Nos Estados Unidos, muitas universidades foram criticadas pela maneira como gerenciaram a crise. Harvard, que não terá aulas presenciais na maioria das faculdades no segundo semestre, ofereceu um prazo de cinco dias em março para que os alunos da graduação saíssem do campus. “Não foi oferecido a estes alunos o tempo, recursos ou apoio necessários para cumprir a exigência”, escreveram os estudantes numa carta aberta à universidade, na qual descreveram a situação como “caótica” e compararam a medida a uma “carta de despejo”.

Nas universidades Princeton, na Costa Leste americana, e Stanford, na Costa Oeste, alunos também endereçaram cartas à administração exigindo maior apoio financeiro durante a crise. Stanford atendeu ao pedido, mas os prejuízos com a pandemia para a universidade já somam US$ 267 milhões.

Em mensagem para os alunos sobre seu futuro financeiro, a instituição divulgou que congelou salários, contratações e novos projetos. Para 2021, a previsão é que a situação financeira seja “tão ruim quanto ou pior”, disse o comunicado. Unidades foram orientadas a planejar orçamento para o próximo ano 25% menor do que o atual e programas acadêmicos reduzirão o número de alunos e funcionários. Um pacote de demissões será anunciado no final de julho.

A insegurança sobre o futuro contagiou também quem está se preparando para participar do processo de seleção de universidades no exterior. Espécie de Enem americano, o SAT deixou de ser obrigatório para a maioria das universidades de elite. Cartas de recomendação, atividades extracurriculares e notas no colégio continuarão sendo levadas em conta. “É absolutamente imprevisível saber como será a admissão neste ano. Sem o SAT, a escolha fica muito mais subjetiva. Será interessante ver também se afetará o número de inscritos”, previu Patrícia Cas Monteiro, consultora especializada em processos de seleção.

A pandemia impactou até os intercâmbios de curta ou média duração. Segundo Neila Chammas, diretora de relações institucionais da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio, as vendas diminuíram e os pedidos de remarcação explodiram. O consolo é que os cancelamentos mantiveram-se na faixa de 3% dos pacotes contratados. Ao que parece, os planos foram apenas adiados. “Desgostosos com a política e a economia no Brasil, muitos clientes, que já pensavam em sair do país, estão enxergando que terão mesmo de apostar nesse projeto”, disse Chammas.

Por Suzana Correa, na Revista Época  




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