Embora eles representem 51% dos empresários do
pais, apenas 1% alcança um faturamento anual de até R$ 360 mil
Desigualdade social, desigualdade econômica e
racismo não são condições excludentes. É um erro comum achar que determinado
problema é social, econômico ou racial. Na verdade, esses aspectos estão
profundamente entrelaçados, formando um mecanismo intrincado que favorece a
reprodução de condições e oportunidades desiguais para os negros.
Há razões históricas para isso. Nas primeiras décadas pós-abolição, os negros
ficaram restritos ao trabalha braçal. Embora alguns fossem artesãos, a grande
maioria continuava presa ao analfabetismo. E mesmo aqueles que estudavam não
podiam, a não ser em casos excepcionais, frequentar as escolas secundárias. Com
o passar do tempo, a natureza das divisões no mercado de trabalho e
no sistema educacional foi mudando, mas a grande maioria dos negros continuou
restrita aos níveis mais baixos da sociedade.
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Em um segundo momento, a politica de branqueamento do pais acentuou a exclusão
do negro, principalmente nos centros mais dinâmicos da economia. A ideia (de
matizes racistas) segundo a qual seria necessário branquear a população como
condição para o progresso do pais resultou no patrocínio da imigração europeia
— com passagens marítimas pagas e alojamentos bancados pelo Estado, em locais
como o albergue dos imigrantes, em São Paulo — e na substituição do negro em
diferentes funções, primeiro nas plantações, depois na nascente indústria.
Propostas dos líderes abolicionistas, para quem os recursos do Estado dever iam
ser empregados em treinamentos para ajudar os libertos a competir no mercado
de trabalho, nem sequer chegaram a ser debatidas pelas autoridades. O
resultado é que, ainda hoje, 53% dos empreendedores negros têm apenas o ensino
fundamental.
Além disso, os empregadores imigrantes sempre favoreceram seus compatriotas.
Essa persistente preferência por europeus e euro-brasileiros afetou diretamente
as oportunidades para os negros. O censo de 1893 da cidade de São Paulo
mostrava que 72% dos empregados do comércio. 79% dos trabalhadores das fábricas,
81% dos funcionários do setor de transportes e 86% dos artesãos eram
estrangeiros. Assim, os negros viam suas oportunidades de trabalho quase
que restritas ao serviço doméstico, e ao que hoje poderia ser denominado de
setor informal. E atualmente, embora os negros representem 51% dos empresários
do pais, 82% deles nem ao menos têm CNPJ.
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Em fases de intenso crescimento, como a que aconteceu entre 1946 e o inicio da
década de 80, a produção industrial aumentou a um índice de 9% ao ano.
Entretanto, os negros foram praticamente excluídos desse boam econômico,
mantendo-se essencialmente restritos ao chamado empreendedorismo de
subsistência.
Sem acúmulo de patrimônio, sem networking, sem nenhuma politica pública de
apoio, sem financiamento, sem acesso a educação, lutando para superar o estigma
da cor, que, muitas vezes, faz com que seu negócio seja preterido, não é de se
estranhar que sejam raros os empreendedores negros de sucesso no Brasil.
Por Raphael Vicente, na Pequenas
Empresas Grandes Negócios
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