domingo, 29 de dezembro de 2013


Caros leitores, como ninguem é de ferro, também este escriba gozará uns merecidos dias de descanso...

Mas logo, logo, estaremos juntos novamente...

Não posso deixar de agradecê-los pelo carinho e pela companhia... dia 3 de fevereiro estaremos de volta...

Um abraço fraterno e até lá, com um 2.014 que traremos sob completo domínio, na palma da mão.





















Foto da National Geografic

sábado, 28 de dezembro de 2013

Crack: a hecatombe



 

Do jornal El Paiz:
O crack é uma das drogas mais devastadoras que, há quase três décadas, se espalhou por toda São Paulo e pelas principais cidades brasileiras. Hoje, conforme uma recente pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, cerca de 370 mil pessoas consomem regularmente essa droga nas capitais das 27 unidades da federação. O número representa quase 1% da população dessas cidades. [Mais, aqui.]

E abaixo, leiam o artigo que publiquei em 2010, mantém uma atualidade impressionante:

Quando o crack de Nova Iorque se encontra com o crack que assola o Brasil
(...)
Ao contrário da heroína e da cocaína, o crack é barato e está ao alcance de qualquer um, até mesmo dos mais pobres e despossuídos. Sua produção é obtida a partir da sobra do refinamento da merla (resíduo do processamento, do refinamento da cocaína). Essa sobra – ou ainda a pasta não refinada – é misturada ao bicarbonato de sódio e água, resultando na droga que ameaça transformar nossos estudantes e a juventude numa massa disforme, doentia, numa corja de zumbis sem alma ou vontade.
(...)

Clique aqui e lei o artigo completo.

 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Marco legal para a ciência, tecnologia e inovação



CCJ aprova projeto que atualiza marco legal para a ciência, tecnologia e inovação
Da Agência Senado:

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou substitutivo do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) ao projeto que define um novo marco legal para a ciência, tecnologia e inovação (PLS619/2011). A proposta busca criar ambientes cooperativos e de geração de produtos inovadores entre empresas e institutos de pesquisa, públicos e privados.

O texto inicial apresentado pelo senador Eduardo Braga (PMDB-AM) teve como base proposta elaborada por grupo de trabalho composto pelo Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação e pelo Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, além de outras entidades da área, e tinha como objetivo estabelecer o Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. A mesma sugestão foi encaminhada à Câmara dos Deputados, onde é analisada por uma comissão especial.

Mas o relator na CCJ avaliou que vários artigos do projeto constituem reprodução desnecessária de leis já vigentes, enquanto outros apresentam vícios de inconstitucionalidade.

Por esse motivo, Luiz Henrique resolveu aproveitar algumas inovações do texto para atualizar e aprimorar a Leinº 10.973, de 2004, que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica. O substitutivo estimula a criação de incubadoras de empresas e os parques tecnológicos. Eles são elencados explicitamente no rol das instituições responsáveis pela construção de alianças estratégicas e pelo desenvolvimento de projetos de cooperação.
- Os ambientes de interação e troca de conhecimentos propiciados pelas incubadoras e pelos parques tecnológicos são importantes, dado que os conhecimentos necessários para o sucesso das inovações muitas vezes são tácitos, ou seja, de difícil codificação - argumentou o relator.

O presidente da CCJ, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), ressaltou a importância da proposta, dizendo que "ela vale um mandato". O autor observou que o grande número de legislações, portarias e decretos sobre ciência, tecnologia e inovação, é um dos grandes entraves para que o país possa se desenvolver e se destacar nessa área. Ele destacou que a aprovação da proposta é um passo muito importante para que se concretize a Meta 21 do Plano Nacional de Educação, aprovado nesta terça-feira (17) pelo Senado. A meta busca a ampliação do estímulo à produção científica e à inovação.

- Tenho certeza de que a aprovação deste substitutivo no dia de hoje é uma demonstração de que há uma vontade política decisiva em relação à Meta 21 – disse.
Licitações

Entre as principais novidades contidas na proposta está também a introdução na Leinº 10.973, de 2004 de regras especiais que simplificam o procedimento licitatório para os certames necessários à realização de projetos de pesquisa.

Pelo texto, bens e serviços essenciais à realização de projetos de pesquisa - aqueles que constituam insumos imprescindíveis à obtenção de seu objeto - poderão ser adquiridos por meio de cotação eletrônica. Essa modalidade é realizada em sessão pública virtual e permite o encaminhamento eletrônico de propostas de preços. Segundo Luiz Henrique, a medida simplifica e reduz os prazos de aquisição de bens.

- Concordamos com o autor da proposição quanto à necessidade de uma reforma da legislação atual sobre as atividades de ciência, tecnologia e inovação. Em muitos pontos, as normas vigentes já se encontram ultrapassadas, e algumas exigências burocráticas dificultam enormemente a realização de pesquisas - ponderou o relator.

O substitutivo ao PLS619/11 ainda será votado pelas comissões de Assuntos Econômicos (CAE); e Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), em decisão terminativa nesta última.

E, a seguir, o texto sobre o assunto que escrevi em 2009



“(...) Apesar do cenário revelar um horizonte sombrio, de tormentas e tempestades, os que lidam mais amiúde com planejamento aprenderam a extrair das crises as frações - não poucas - de oportunidades. E no caso específico do desenvolvimento, da ciência e da tecnologia, a escassez de recursos para investimentos implicará, necessariamente, no incremento da eficácia. Para os que desejam se sobressair será necessário produzir mais e melhor com menos, conquistar mais e melhores produtos e resultados com menos aporte de recursos, sobretudo os financeiros, que se mostrarão, a cada dia, mais depauperados (...)”.

O ocaso das inovações tecnológicas?

A crise mundial que se iniciou com o estouro da bolha imobiliária norte-americana avança a passos largos sobre a economia planetária, também pousando sobre o território nacional com uma característica sinistra que em nada se assemelha a tal da ‘marolinha’, tão exaustivamente decantada pelo presidente da República.

No contexto tecnológico as consequências mostram-se visíveis. Informa a OMPI, a Organização Mundial da Propriedade Intelectual, que, em decorrência da crise, o número de patentes registradas no ano passado decresceu 6,9% considerando a média dos últimos três anos.

Naturalmente, a diminuição dos registros de patentes são reflexos das dificuldades oriundas da escassez de fontes disponíveis para os investimentos em ciência & tecnologia.

A crise jogou um tsunami de água fria sobre o setor, que ao longo das últimas décadas vinha apresentando uma performance de constante expansão, com Coréia do Sul, China e Suécia apresentando resultados surpreendentes, os melhores em relação às inovações tecnológicas.

O fato da crise ter se iniciado nos EUA e lá seguir provocando as piores consequências, em quase nada comprometeu a supremacia norte americana quanto à capacidade de permanentemente promover inovações. Em todo o mundo, das patentes solicitadas em 2008, os Estados Unidos ficaram com 32,7%, mantendo posição bem distante do segundo colocado, o Japão, que ficou com 17,5%.

A China, um dos emergentes que, ao lado de Brasil, Índia e Rússia compõem o BRIC, dá mostras de sua agressividade desenvolvimentista. Uma de suas empresas multinacionais, a Huawei Telecomunicações, pela primeira vez na história, lidera o ranking com 1.737 patentes registradas, superando gigantes como a Panasonic japonesa (1.729) e a Philips holandesa (1.551).

Apesar do cenário revelar um horizonte sombrio, de tormentas e tempestades, os que lidam mais amiúde com planejamento aprenderam a extrair das crises as frações - não poucas - de oportunidades. E no caso específico do desenvolvimento, da ciência e da tecnologia, a escassez de recursos para investimentos implicará, necessariamente, no incremento da eficácia. Para os que desejam se sobressair será necessário produzir mais e melhor com menos, conquistar mais e melhores produtos e resultados com menor aporte de recursos, sobretudo os financeiros, que se mostrarão, a cada dia, mais depauperados.

Ademais, como versa Rodoux Faugh em um de seus poemas,

“(...)A vida jamais se esgota, sequer se engana – eu sei!
O que parece morte é como a vida renascida rompendo o fértil ventre materno
A noite não passa de sutil cortina a abrigar a cândida sonolência dos infinitos raios de sol
Os mesmos que daqui a pouco vão explodir em luz, conformando o novo dia, a nova era, os novos homens (...)”


Ou seja: nada como um dia após o outro.

 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Trama & manobra



Uma perigosa trama política, por José Casado
José Casado, no jornal O Globo

Que tal viver nos próximos anos submetido ao poder hegemônico de um grupo? E ainda, a cada eleição, estar obrigado a votar exclusivamente numa lista de candidatos feita pelos caciques desses partidos?
Lembre-se: quase todos os parlamentares que hoje exercem mandatos ocuparão o topo das listas de candidatos, para facilitar-lhes a reeleição.

Agora, tente imaginar o impacto político, econômico e social dessas escolhas na vida pessoal, dos filhos, dos netos e, talvez, dos bisnetos. Essa é a dimensão da manobra em curso no Congresso, cujo patrocinador mais visível atualmente é o PT, com estímulo da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula e de algumas seções da Ordem dos Advogados do Brasil, mas que conta com a simpatia das cúpulas de todos os grandes partidos.

A instituição do voto em lista partidária fechada — definida pelos chefes da burocracia partidária — será apresentada à sociedade como “consequência natural” de um novo modelo de financiamento de campanhas eleitorais, caso o Supremo Tribunal Federal decida tornar partidos e candidatos mais dependentes de dinheiro público.
E, no STF, quatro dos onze ministros já decidiram proibir doações de empresas e de pessoas físicas às campanhas eleitorais e ao caixa de partidos políticos. Com mais dois votos iguais, fica estabelecida a maioria. O julgamento deve ser concluído no início do próximo ano.

No Congresso prepara-se reação imediata, uma vez confirmada a tendência dos juízes. Justifica-se que não seria possível cumprir a ordem da Justiça, para fazer campanha sem doações privadas, se não houver substancial aumento do financiamento público a partidos e candidatos.
Nas duas últimas eleições foram registradas 420 mil candidaturas a vereador em 5.500 municípios. Pelas contas mais conservadoras, isso custaria ao menos R$ 4 bilhões ao Tesouro Nacional — ou seja, despesa equivalente a dois meses de Bolsa Família apenas com o preenchimento de 56.810 vagas nas Câmaras Municipais.

A questão seguinte, nesse caso, é como dividir a bolada de dinheiro público entre 420 mil candidatos. Seria impossível a partilha, argumenta-se, sem a adoção do voto em lista fechada, definida pelas cúpulas dos partidos políticos.
Planeja-se apresentar o fim do financiamento privado aos partidos e candidatos, complementado pelo voto em lista fechada, como alavanca para “moralizar” a política, em resposta ao ronco das manifestações de rua contra a corrupção.

Puro engodo. A conexão política das empresas no Brasil ocorre no uso partidário dos fundos de pensão das empresas estatais, que têm patrimônio milionário e participam do controle acionário das 100 maiores empresas; pela reserva de um terço das vagas em conselhos de administração das companhias privadas para pessoas politicamente conectadas; e pelo acesso privilegiado ao caixa do sistema financeiro estatal —principalmente o BNDES —, que tem sido decisivo para a expansão e diversificação dos grupos empresariais dentro e fora das fronteiras nacionais.

Por trás da manobra, há coisa pior: a ideia de que a democracia é a mãe de todas as corrupções. Uma formulação rudimentar, acoplada ao oportunismo para manipulação política com objetivos pouco democráticos, numa era em que o poder é cada vez mais fácil de obter, mais difícil de utilizar e mais fácil de perder.

 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Um feliz natal com o Pequeno Menino do Tambor




Pequeno Menino do Tambor
Venham, eles me disseram, pa rum pa pum pum
Ver nosso novo Reizinho, pa rum pa pum pum
Nosso melhores presentes trazemos, pa rum pa pum pum
Para entregar ao Rei, pa rum pa pum pum,
Rum pa pum pum, rum pa pum pum,
Então honrá-Lo, pa rum pa pum pum,
Quando nós chegarmos...

Bebezinho, pa rum pa pum pum
Eu sou um menino pobre também, pa rum pa pum pum
Não tenho presente para trazer, pa rum pa pum pum
Para entregar ao Rei, pa rum pa pum pum,
Rum pa pum pum, rum pa pum pum,
Devo tocar para você, pa rum pa pum pum,
Em meu tambor?...

Maria acenou, pa rum pa pum pum
O boi e o cordeiro chegaram à tempo, pa rum pa pum pum
Eu toquei meu tambor para Ele, pa rum pa pum pum
Eu toquei o meu melhor para Ele, pa rum pa pum pum
Rum pa pum pum, rum pa pum pum
Então ele sorriu para mim, pa rum pa pum pum
Eu e meu tambor...
Eu e meu tambor...
Eu e meu tambor...
Eu e meu tambor...
Eu e meu tambor...




terça-feira, 24 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL!!!



Feliz Natal e um 2.014 repleto de sucessos e realizações!!!

O ano correu rápido e já é natal.

Sim, o espírito de natal já ilumina as áureas de todos nós.

São dias em que experimentamos a magia dos olhares mais sinceros, dos abraços e gestos mais fraternos, calorosos, solidários. Dias em que percebemos, de uma maneira única e especial, a real importância do amor, da paz, da família e do fundamental compromisso de empregarmos todas as nossas forças e energias por um país mais generoso e um mundo melhor e mais justo para todos.

É natal!

E que em 2.014, todos os nossos dias sejam dias de Natal. Seja segunda, seja terça-feira, não importa! Agora é lei. Está decretado. Em 2.014, todos os nossos dias serão dias de natal. Não teremos mais aqueles dias mais ou menos, aqueles dias tristes, cinzentos e enfadonhos. Serão todos, literalmente todos, dias alegres, radiantes de sol e energia, dias felizes, em que emprestaremos todo o nosso suor e esforço para tornar o Brasil um país sem tantos desequilíbrios e diferenças. Um país que mantenha-se invulnerável às ratazanas, aos lobos do homem.

Sempre neste período do ano me pego cantarolando a bela canção que John Lennon dedicou ao natal. Não por acaso sua composição Feliz Natal foi por ele também denominada A Guerra Acabou. E porque fez assim o carismático timoneiro dos Beatles?
Porque temos que internalizar o natal como um momento, sobretudo, de cultivar a paz, o que implica desmobilizar nossa vertente violenta, egoísta, que evoca a agressão, a prepotência, a arrogância e a guerra.
Que tal nos lembrarmos dela? Está no álbum Imagine, gravado e lançado em 1971. Logo abaixo da original, segue a versão em português:

Happy Xmas (War Is Over)
Happy Xmas (War Is Over)

Happy christmas, Kyoko.
Happy christmas, Julian.

So this is christmas and what have you done?
Another year over, a new one just begun.

And so this is christmas, i hope you have fun,
The near and the dear one, the old and the young.

A very merry christmas and a happy new year,
Let's hope it's a good one without any fear.

And so this is christmas for weak and for strong,
(war is over if you want it,)
For the rich and the poor ones, the road is so long.
(war is over now.)

And so happy christmas for black and for whites,
(war is over if you want it,)
For the yellow and red ones, let's stop all the fight.
(war is over now.)

A very merry christmas and a happy new year,
Let's hope it's a good one without any fear.
And so this is christmas and what have we done?
(war is over if you want it,)
Another year over, a new one just begun.
(war is over if you want it,)

And so this is christmas, we hope you have fun,
(war is over if you want it,)
The near and the dear one, the old and the young.
(war is over now.)

A very merry christmas and a happy new year,
Let's hope it's a good one without any fear.

War is over
If you want it,
War is over now.

Happy christmas!
Happy christmas!
Happy christmas!
Happy christmas!
Happy christmas!
E a tradução:

Feliz Natal (A Guerra Acabou)
Feliz Natal Kyoko
Feliz Natal Julian

Então é natal
E o que você tem feito?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa
E então é natal
Espero que tenhas alegria
O próximo e querido
O velho e o Jovem

Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento

E então é natal
Para o fraco e para o forte
Para o rico e para o pobre
O mundo é tão errado
E então feliz natal
Para o negro e para o branco
Para o amarelo e para o vermelho
Vamos parar com todas as lutas

Um alegra Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento

E então é Natal
E o que você fez?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa
E então feliz Natal
Esperamos que tenhas alegria
O próximo e querido
E velho e o Jovem

Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento
A guerra acabou, se você quiser
A guerra acabou agora

Feliz Natal.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Nepotismo e patrimonialismo. Democracia e República



As oportunidades, universalize!
A coisa pública, democratize!
A res pública, consolide!
                                   RodouxFaugh

Em outubro a Constituição brasileira inseriu-se no universo das bodas de prata, completando 25 anos.

Seu nascimento se deu num cenário turbulento. Muitos que, agora, pegam carona tecendo loas ao seu sucesso, procuraram de todas as maneiras enxovalhá-la, desfigurá-la, apregoando até mesmo boicote à sua assinatura. 
Ladinos, não conseguiram vislumbrar que a Constituição Cidadã representaria uma reviravolta na sociedade brasileira: ampliou as liberdades e garantias individuais, restabeleceu as eleições livres e diretas, incorporou novos direitos trabalhistas, assegurou o voto de analfabetos e dos jovens a partir dos 16 anos, além de ter dado fim ao que Chico Buarque e Caetano Veloso intentam - travestida em nova maquilagem – fazer renascer das catacumbas, a Censura (caso das biografias).

Nesta seara, o país goza de certa expertise. Desde a independência, em 1822, o Brasil experimentou sete constituições. E não restam dúvidas: apesar de – nos idos de 1988 - ter sido a atual Carta Magna tratada, por não poucos, a açoites e pontapés; é, de longe, a que apresenta maior densidade democrática, dentre todas elas.
A primeira Constituição brasileira, publicada em 1824, obteve a maior longevidade: um século e meio, exatos 157 anos. Legava ao imperador tamanha importância que fez insculpir um quarto poder, além dos já tradicionais Legislativo, Executivo e Judiciário, o Poder Moderador.

Por outro lado, a Constituição de vida mais efêmera foi a de 1934, durou tão somente três anos que, na prática, se restringiu a um, porque, em 1935, o Presidente Getulio Vargas determinou a suspensão de sua vigência.
A Constituição de 1937, outorgada por Getúlio e inspirada na Carta autoritária polonesa, ficou conhecida como a Polaca.

Em 1961, uma emenda à Constituição de 1946 estabeleceu o parlamentarismo, derrubado em 1962 quando, em plebiscito, os brasileiros optaram pela volta do presidencialismo.
A Constituição de 1967 disputa com a primeira, o galardão de qual teria sido a mais autoritária...

Completados 25 anos de vigência, a atual Constituição da República apresenta-se revigorada. Em um quarto de século passou por diversas provações, incorporou avanços cristalizados nos embates e mobilizações sociais, oxigenou-se com as inovações legadas pelo romper do século XXI, e seu artigo 37 é um desses exemplos.
Com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998, este artigo reflete com primorosa clareza e precisão alguns baluartes da res-pública¹:   

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

(...) II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração ; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19 , de 1998) (grifos nossos).
Sim, estamos tratando do público e do privado, do que está sob a órbita do povo e do que se encontra sob domínio privado, do que caracteriza e conforma a república e do que atende por patrimonialismo; sim, estamos tratando do secular confronto entre o nepotismo e a democratização das oportunidades.

O patrimonialismo ao não estabelecer distinções entre o público e o privado tipifica-se como cancro da democracia contemporânea, o neoplasma maligno capaz de nos conduzir, de volta, à antiguidade dos bárbaros, quando monarcas lidavam com as rendas obtidas pelo governo como se pessoais fossem: tudo se circunscrevia ao privado, ao familiar, ao pessoal. Daí a origem do termo: o Estado como patrimônio do governante.
A palavra nepotismo também se origina do latim; o dicionário Aurélio apresenta como primeira definição: “autoridade que os sobrinhos e outros parentes do Papa exerciam na administração eclesiástica.”

Empregada, originalmente, para caracterizar as relações do papa com seus parentes, a palavra, hoje, representa o que existe de mais repugnante e abjeto no universo estatal: a concessão de favorecimento, privilégios ou cargos a parentes no serviço público.  
Sim, a Constituição Federal, através de seu artigo 37, dispõe sobre esta questão com o devido rigor republicado. E o Supremo Tribunal Federal reafirmou que é dispensável a edição de lei para que a regra seja observada por todos os poderes. Julgando recurso, os ministros enfatizaram que o artigo 37 da Constituição Federal - que determina a observância dos princípios da moralidade e da impessoalidade na administração pública - é auto-aplicável.

Em 2008, o STF editou a Súmula Vinculante nº 13:
“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”

Não bastasse, a edição do decreto federal nº 7.203, de junho de 2010, tratou de regulamentar o princípio no âmbito da administração pública federal [aqui].
Mas as praticas de aparelhamento do estado, antes objeto da nobreza medieval, hoje são adotadas por diferentes grupos de interesse, da bandidagem pura e simples até a sofisticação de bandos e quadrilhas encastelados em instituições, partidos políticos e organizações não governamentais.

E se aboletam na ilegalidade e nas práticas criminosas, inovando na bandidagem criativa: ‘modernos’ neologismos são criados como nepotismo-cruzado.
Neste tipo de inovação, os governantes procuraram esconder a prática contratando parentes uns dos outros: a autoridade da instituição A contrata o filho do dirigente da instituição B que retribui, contratando o filho do gestor do órgão A. Tudo sob a luz das trevas, ao largo dos concursos públicos e dos princípios republicanos insculpidos na Carta Magna.

Como ensina RodouxFaugh, em A lei e a república:
A impunidade é a mãe da delinquência, da mais desprezível pandilha

Impossível a criação de cidadãos caldeados no clientelismo

Como o aço - é no empreender, na independência e no fogo purificador do saber que são estruturalmente forjados os homens de bem

Não prevarique e não licencie

Se abstenha de torcer a justiça

Desdenhe o favoritismo e manifeste aos brados plena guarida à lei

Faça-a respeitável e a respeite com reverência

A lei

A mesma lei

A mesma lei para todos

denunciando os que tornam alguns mais iguais que outros

os que professam fé e emprestam ares de princípio ao aleive Aos amigos tudo, menos a lei; aos inimigos, nada, nem a lei”.

As oportunidades, universalize!

A coisa pública, democratize!

A res pública, consolide!

 ¹ Res publica, expressão latina que significa "coisa do povo", "coisa pública", origem do vocábulo república.

 

domingo, 22 de dezembro de 2013

Os miseráveis


I Dreamed a Dream
There was a time when men were kind
When their voices were soft
And their words inviting
There was a time when love was blind
And the world was a song
And the song was exciting
There was a time
Then it all went wrong
I dreamed a dream in times gone by
When hope was high
And life worth living
I dreamed that love would never die
I dreamed that god would be forgiving
Then i was young and unafraid
And dreams were made and used and wasted
There was no ransom to be paid
No song unsung
No wine untasted

But the tigers come at night
With their voices soft as thunder
As they tear your hope apart
And they turn your dream to shame
He slept a summer by my side
He filled my days with endless wonder
He took my childhood in his stride
But he was gone when autumn came
And still i dream he'll come to me
That we'll live the years together
But there are dreams that cannot be
And there are storms we cannot weather
I had a dream my life would be
So different from this hell i'm living
So different now from what it seemed
Now life has killed
The dream i dreamed.


Um filme impossível de deixar de assistir. Os Miseráveis, do clássico de Victor Hugo.

Logo abaixo a versão de 1998, do diretor norte americano Bille August, com Liam Neeson, Geoffrey Rush, Uma Thurman, e Claire Danes, na que é a sexta versão para o cinema.



E, na sequência, o triller da versão do início deste ano; direção de Tom Hooper, com Hugh Jackman, Russell Crowe e Anne Hathaway.





Políticos & Credibilidade



Meus, caros, o trecho que segue, abaixo, resulta de uma pesquisa feita nos EUA. Se lá é assim, no Brasil, então,... leiam:
“(...)
A única classe profissional aparentemente não recuperável, em termos de credibilidade, é a de políticos, englobando parlamentares e autoridades governamentais de todos os níveis. Os americanos os consideram desonestos, há mais de 40 anos. O instituto Gallup acredita que os lobistas também terão dificuldades em alcançar melhor percepção de honestidade e ética, porque sete em dez americanos acreditam que eles têm poder demais sobre os Legislativos e Executivos, em nível federal, estadual e municipal.
(...)”

[Mais, aqui.]

sábado, 21 de dezembro de 2013



 
Meus caros, leiam o que vai abaixo, retorno na sequência:

Governo anuncia fim de repasse de recursos para ONGs e Oscips
Do portal G1

O Governo Federal vai acabar com os convênios e o repasse de recursos para ONGs e Oscips que oferecem cursos de qualificação profissional para quem procura trabalho e para os que têm direito ao seguro-desemprego.
A medida foi anunciada nesta terça-feira (17) pelos ministérios do Trabalho e da Educação, durante o lançamento do Pronatec trabalhador.

A partir de 2014, a oferta desses cursos será feita pelo Pronatec - com repasse direto a instituições especializadas. Este ano, a Polícia Federal descobriu fraudes de ONGs e Oscips que geraram prejuízo de R$ 400 milhões, em cinco anos.

[Mais, aqui.]

Pois bem, os tentáculos da corrupção avançam sobre o que for para ampliar a roubalheira. Logo abaixo, abordei a questão da Corrupção & ONG’s num artigo que, infelizmente, continua mais que atual. Vejam:

“(...)
Para perpetrar as tramóias, as ONGs criaram duplicidade, triplicidade e até quadruplicidade de turmas. Dessa forma, “ensinavam” 25 alunos, mas comprovavam – com todo o rigor documental - que haviam alfabetizado 100. E não se contentando com a engenharia do mal, criaram classes fantasmas, inventaram professores capazes de ministrar aulas em três lugares diferentes e no mesmo horário, além de terem cadastrado e incorporado ao processo alfabetizadores que sequer sabiam da existência do programa. O tal do professor-laranja já existe.

Seria um crime comum, mais um para figurar no folclore da política nacional não fosse o fato de grande parte dessas instituições estarem vinculadas às corporações sindicais e partidos políticos.

O problema ganhou tal dimensão que muitas ONGs conveniadas com o Brasil Alfabetizado só existem no papel, unicamente no cartório, daquelas coisas criadas para inglês ver. Cumpriram todas as exigências e formalidades legais, mas não alcançaram existência real, não se materializaram: não tem sede, telefone, servidores, nada, simplesmente nada, tudo redondinho e funcionando unicamente no papel, um verdadeiro castelo de areia. Apenas três dessas entidades chegaram a receber do FNDE R$ 2,2 bilhões para alfabetizar 50 mil brasileiros. O dinheiro foi para o ralo (melhor dizendo, para os espertalhões) e 50 mil pessoas deixaram de ser alfabetizadas. Um investimento do porte de R$2,2 bilhões e ninguém ensinou rigorosamente nada, e ninguém aprendeu rigorosamente nada.


(...)”.

Clicando aqui, você lê o artigo completo.

 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013


Feliz Natal!!!
(...)
São dias em que experimentamos a magia dos olhares mais sinceros, dos abraços e gestos mais fraternos, calorosos, solidários. Dias em que percebemos, de uma maneira única e especial, a real importância do amor, da paz, da família e do fundamental compromisso de empregarmos todas as nossas forças e energias por um país mais generoso e um mundo melhor e mais justo para todos. (...)

Django Livre, este não dá para perder



 
Como não poderia deixar de ser, o filme provoca polêmica; de certa forma, marca patenteada pelo criativo e original Quentin Tarantino. Quem já assistiu Pulp Fiction e Kill Bill não se decepcionará com esta mais nova produção do diretor, roteirista, produtor e ator norte americano.

Neste filme trata de um tema por demais espinhoso, o racismo, mas o faz com a maestria e ironia de sempre, qualidade dada a pouquíssimos.

Um escravo negro liberto Django (Jamie Foxx) torna-se sócio de um caçador de recompensas alemão (Christopher Waltz); apenas como estratégia para libertar sua esposa, a belíssima Kerry Washington, escrava de um rico fazendeiro cuja diversão é patrocinar lutas mortais entre negros (Leonardo DiCaprio). O filme já faturou US$ 500 milhões nas bilheterias de todo o mundo.

Esta é uma daquelas películas definitivamente imperdíveis.

 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Feliz Natal!!!



Feliz Natal e um 2.014 repleto de sucessos e realizações!!!

O ano correu rápido e já é natal.

Sim, o espírito de natal já ilumina as áureas de todos nós.

São dias em que experimentamos a magia dos olhares mais sinceros, dos abraços e gestos mais fraternos, calorosos, solidários. Dias em que percebemos, de uma maneira única e especial, a real importância do amor, da paz, da família e do fundamental compromisso de empregarmos todas as nossas forças e energias por um país mais generoso e um mundo melhor e mais justo para todos.

É natal!

E que em 2.014, todos os nossos dias sejam dias de Natal. Seja segunda, seja terça-feira, não importa! Agora é lei. Está decretado. Em 2.014, todos os nossos dias serão dias de natal. Não teremos mais aqueles dias mais ou menos, aqueles dias tristes, cinzentos e enfadonhos. Serão todos, literalmente todos, dias alegres, radiantes de sol e energia, dias felizes, em que emprestaremos todo o nosso suor e esforço para tornar o Brasil um país sem tantos desequilíbrios e diferenças. Um país que mantenha-se invulnerável às ratazanas, aos lobos do homem.

Sempre neste período do ano me pego cantarolando a bela canção que John Lennon dedicou ao natal. Não por acaso sua composição Feliz Natal foi por ele também denominada A Guerra Acabou. E porque fez assim o carismático timoneiro dos Beatles?
Porque temos que internalizar o natal como um momento, sobretudo, de cultivar a paz, o que implica desmobilizar nossa vertente violenta, egoísta, que evoca a agressão, a prepotência, a arrogância e a guerra.
Que tal nos lembrarmos dela? Está no álbum Imagine, gravado e lançado em 1971. Logo abaixo da original, segue a versão em português:

Happy Xmas (War Is Over)
Happy Xmas (War Is Over)

Happy christmas, Kyoko.
Happy christmas, Julian.

So this is christmas and what have you done?
Another year over, a new one just begun.

And so this is christmas, i hope you have fun,
The near and the dear one, the old and the young.

A very merry christmas and a happy new year,
Let's hope it's a good one without any fear.

And so this is christmas for weak and for strong,
(war is over if you want it,)
For the rich and the poor ones, the road is so long.
(war is over now.)

And so happy christmas for black and for whites,
(war is over if you want it,)
For the yellow and red ones, let's stop all the fight.
(war is over now.)

A very merry christmas and a happy new year,
Let's hope it's a good one without any fear.
And so this is christmas and what have we done?
(war is over if you want it,)
Another year over, a new one just begun.
(war is over if you want it,)

And so this is christmas, we hope you have fun,
(war is over if you want it,)
The near and the dear one, the old and the young.
(war is over now.)

A very merry christmas and a happy new year,
Let's hope it's a good one without any fear.

War is over
If you want it,
War is over now.

Happy christmas!
Happy christmas!
Happy christmas!
Happy christmas!
Happy christmas!
E a tradução:

Feliz Natal (A Guerra Acabou)
Feliz Natal Kyoko
Feliz Natal Julian

Então é natal
E o que você tem feito?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa
E então é natal
Espero que tenhas alegria
O próximo e querido
O velho e o Jovem

Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento

E então é natal
Para o fraco e para o forte
Para o rico e para o pobre
O mundo é tão errado
E então feliz natal
Para o negro e para o branco
Para o amarelo e para o vermelho
Vamos parar com todas as lutas

Um alegra Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento

E então é Natal
E o que você fez?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa
E então feliz Natal
Esperamos que tenhas alegria
O próximo e querido
E velho e o Jovem

Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento
A guerra acabou, se você quiser
A guerra acabou agora

Feliz Natal.

O caos na saúde pública



 
“(...)
O buraco é bem mais embaixo na saúde pública do Brasil. Sinto náuseas ao ver multidões de pacientes, de crianças a idosos, dormindo em filas diante dos hospitais, com senhas só para “agendar a consulta”, e não para atendimento. As senhas acabam. As pessoas choram. Estão vulneráveis, doentes, frágeis, sentem-se humilhadas, escorraçadas. Gosto de cachorros, mas acho que a sociedade tem se escandalizado mais com o tratamento dispensado a cães do que a seres humanos.

(...)”
O que vai acima é um parágrafo do artigo de Ruth de Aquino na Revista Época.

E, na sequência, um artigo que escrevi em 2008:


Deveríamos desconfiar sempre que a bandeira do “mais verbas para isso” ou “mais verbas para aquilo” fosse solenemente hasteada.

Não há setor na administração pública que, diuturnamente, não seja sacudido por movimentos, ONG’s, servidores, lobbies que, com estardalhaço e em uníssono, clamam por mais, mais e mais recursos públicos.

Enquanto todos se deixam embalar e embair pelos protestos, pela ‘lógica politicamente correta’ de irrigar com recursos estatais os setores sucateados, a verdadeira causa dos problemas continua – deliberadamente – encoberta: a questão da gestão, o modo como ela é ensinada e aplicada no país.

Tomemos como exemplo a saúde pública.

O setor sempre amargou problemas dos mais graves, com a população sendo aviltada pelos serviços que recebe, invariavelmente de péssima qualidade.

As pessoas morrem nas filas dos hospitais?, então tome como solução “mais verbas para a saúde”. Faltam medicamentos?, “mais verbas para a saúde”, protestam os de sempre. A Dengue recrudesceu? “mais verbas para a saúde”, é a saída definitiva; e daí segue...

Repetida à exaustão, a “falta de verbas para a saúde” virou unanimidade nacional. A ponto de facilitar o propósito do governo federal de sangrar as forças vivas da nação com sua prole infindável de tributos, como é o caso da CPMF e CSS.

Quem não se lembra das ameaças, o governo propagando que o fim da Contribuição implicaria na hecatombe, no caos absoluto, inclusive com o fechamento de hospitais e postos de saúde. A CPMF caiu no Congresso Nacional, e tudo continuou como dantes.

Os que não se deixam embalar pelo canto da sereia já perceberam que o buraco é mais embaixo, bem mais embaixo. A realidade é que os recursos existem – e em abundância. O que falta, está claro, é boa gestão e vergonha na cara.

Mais precisamente no campo da saúde, envergonha saber que, dos R$ 1,6 bilhão destinados à área, nada menos que R$ 426,5 milhões evaporaram, sumiram, desapareceram, foram tragados pela péssima gestão, fada-madrinha de todos os tipos de corrupção.

Os dados foram extraídos dos relatórios de fiscalização da CGU, a Controladoria-Geral da União. Custa acreditar, mas o levantamento do governo federal mostra que dos R$ 1,5 bilhão transferidos pelo Ministério da Saúde - nos últimos quatro anos - para 1.341 municípios, ¼ ou 25% se destinaram aos ratos que se locupletam na corrupção.

É pouco? Então tome “mais verbas para a saúde”.

O desvio de recursos públicos já alcançou tal grau de gravidade, que os gestores públicos sequer se constrangem em avançar sobre orçamentos estratégicos, fundamentais para a população carente, como o Programa de Atenção Básica. E dinheiro que deveria atender aos mais necessitados é canalizado para confeccionar abadas de carnaval temporão, adquirir eletrodomésticos e promover festas e confraternizações.

Outro setor onde esta realidade afronta a vista é o dos esportes. Em quatro anos, a União investiu na área desportiva R$ 692 milhões. E onde foram parar esses recursos? Só a Confederação de Judô recebeu do Comitê Olímpico Brasileiro R$ 10,86 milhões. Mas o judoca Eduardo Santos foi lutar em Pequim sem dispor dos R$ 1,5 mil para trocar de faixa.

A realidade é que jamais, em toda a história do país, houve tanto dinheiro para a preparação dos atletas, considerando o ciclo olímpico.
Em que pese o expressivo incremento dos recursos, a olimpíada em que o Brasil obteve o melhor aproveitamento foi a de Atenas, em 2.004, que rendeu cinco medalhas de ouro. No ciclo da Grécia foram gastos R$ 250 milhões.

Se o Brasil desejava, na Olimpíada de Pequim, realizar o negócio da China, deu com os burros n’água. Cada medalha nos custou R$ 53 milhões, excluída, naturalmente, as obtidas com o futebol, considerando que a CBF não conta com dinheiro público.

E o ultimo escândalo estampado em todas as páginas dos jornais confirmam que “o mais verbas para isso” e “o mais verbas para aquilo” é o grande jargão que acoberta a nefasta prática de corrupção, já cristalizada no imaginário coletivo.

Quinze anos atrás, a política brasileira foi sacudida com a divulgação do escândalo protagonizado pela máfia dos “anões do orçamento”. As apurações efetuadas à época resultaram na formalização de acusação contra 15 parlamentares, seis cassados e quatro que optaram pela renuncia. As investigações que desnudaram os anões do orçamento apuraram um desvio de R$ 101 milhões.

No escândalo que acaba de sair do formo, o secretário nacional do Partido dos Trabalhadores está no centro de um gigantesco processo de corrupção que, pelos dados do Ministério Público, desviou mais de R$ 700 milhões. O esquema criminoso envolve 23 construtoras e 119 prefeituras nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins. O achaque ocorreu contra as verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estruturando uma rede de informações privilegiadas, com participação de funcionários do Ministério das Cidades, Integração Nacional, Saúde e até do Tesouro Nacional.

Portanto, caro leitor, quando se deparar com o tal de “mais verbas para isto” e “mais verbas para aquilo”, coloque todos os fios da barba de molho.

Ao invés de “mais verba” o correto seria “mais gestão”. Mas esta é uma palavra de ordem sem rima, pelo menos no Brasil da corrupção.