quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Jorge Amado e Zélia Gattai



Jorge Amado e Zélia Gattai


Biografia Jorge Amado

Biografia Zélia Gattai

Fundação Jorge Amado

Trechos de obras de Jorge Amado

• Jorge Amado foi festejado por leitores de matizes bem diversos. E também por diversos escritores, como Mario Vargas Llosa, José Saramago e Milton Hatoum.

Entrevista de Zélia Gattai para a Folha de S. Paulo

Xô corrupção

Quanto ao vídeo que o querido leitor pode relembrar abaixo, o povo brasileiro continua nesta luta, já quanto ao partido... Não posso deixar de recordar o clássico de George Orwell, A Revolução dos Bichos, uma sátira ao stalinismo. Pois é!, caros amigos, que outras ingratas surpresas estarão por vir?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Luciano Pavarotti - Ave Maria



Ave Maria

Ave maria! vergin del ciel
Sovrana di grazie e madre pia
Che accogli ognor la fervente preghiera,
Non negar a questo straziato mio cuor
Tregua al suo dolor!
Sperduta l'almamia si prosta a te
E pien di speme si prosta ai tuoi piè,
T'invoca e attende che tu le dia
La pace che solo tu puoi donar
Ave Maria!
Ave maria gratia plena
Maria gratia plena
Maria gratia plena
Ave, ave dominus
Dominus tecum
Sperduta l'almamia si prosta a te
E pien di speme si prosta ai tuoi piè,
T'invoca e attende che tu le dia
La pace che solo tu puoi donar
Ave maria!
Ave maria gratia plena
Ave, ave dominus
Ave maria!

Ave Maria

Ave Maria!Virgem do Céu!
Rainha de graças e mãe,
Que acolhe cada um na oração fervente
Não negue esse coração sofrido
Aliviado por sua dor
Perdida,a minha alma se prosta a ti
E cheia de graças,se prosta a seus pés,
Te invoca,e atende que no seu dia,
A paz,só você pode trazer.
Ave Maria!
Ave Maria!Cheia de Graças!
Maria,Cheia de Graças!
Maria,Cheia de Graças!
Ave,Ave,O Senhor
O Senhor esteja convosco!
Perdida,a minha alma se prosta a ti
E cheia de graças,se prosta a seus pés,
Te invoca,e atende que no seu dia,
A paz,só você pode trazer.
Ave Maria!
Maria,Cheia de Graças!
Ave,Ave,O Senhor
O Senhor esteja convosco!

domingo, 26 de setembro de 2010

Uma oração para canalhas!

Deu em O Globo
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, provocou revolta na delegação americana presente na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, ao afirmar que "muitas pessoas acreditam que o governo dos EUA foi responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001".

Em seu discurso na sede da ONU, nesta quinta-feira, Ahmadinejad levantou dúvidas sobre o seqüestro dos aviões que atingiram os prédios do World Trade Center e o Pentágono.

Segundo o líder iraniano, o ataque poderia ter sido orquestrado por segmentos do governo dos EUA interessados em reverter o declínio da economia americana e salvar o regime sionista.

- A maioria do povo americano, assim como a maioria das nações e dos políticos de todo o mundo, concorda com essa visão - disse Ahmadinejad para representantes de 192 países.

Frente às acusações de Ahmadinejad, delegações de vários países deixaram o plenário.
À NBC News, porta-vozes do governo americano definiram os comentários de Ahmadinejad como "abomináveis, delirantes e previsíveis".
_ _ _ _

Algum tempo atrás, um fato estarreceu Goiânia, a sistemática tortura de uma criança. Ante as abomináveis injustiças que ocorrem no mundo, escrevi um poema,  “O mundo não será das Calabresis ou Uma oração para canalhas”.

Canalhas como Ahmadinejad e seus confessos admiradores que praticam as iniquidades atribuindo-as aos adversários.

Aqui está um trecho do poema:

Quantas Calabresis não se encontram escondidas, disfarçadas, infiltradas, dissimuladas, em nossos lares e corações?

Vês, na obra de Goya, Saturno devorando o próprio filho?

Simulas indignação, desprezo, repulsa?

Como não tivesses incrustadas nos recônditos de tu’alma as palavras de Machado:
“O cinismo é a sinceridade dos patifes”.

Extorques e acusas o outro... Cretina!

Roubas e o ladrão é o outro... Mesquinha!

Corrompes e quem é canalha senão o outro? Torpe e soturna!

Liquidas, exterminas, assassinas e eis que sentencias o outro.

Urdes, engendras e conspiras contra a pátria e o outro é o traidor.

Em que te diferes de Saturno?

Para ler o poema na íntegra, cloque aqui. 





quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Jessye Norman



Jessye Norman - A Portrait - When I Am Laid In Earth (Purcel

Jessye Mae Norman (Augusta, Geórgia, 15 de setembro de 1945) é uma soprano estadunidense, ganhadora quatro vezes do Grammy. Norman é uma das mais admiradas cantoras contemporâneas. É uma soprano dramática verdadeira, associada particularmente aos papéis das óperas de Verdi e Beethoven. É muito conhecida pela suas qualidades emocionais expressivas e seu um estilo intelectual formidável. Mais, aqui.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Entre a miséria absoluta e a ostensividade aristocrática


O esforço para escancarar as portas do desenvolvimento deve ser progressivo e continuado.

No plano da educação, conquistamos vitórias expressivas quando abordamos a questão da alfabetização.

Em 1900, quase 70% da população brasileira com mais de 15 anos era constituída de pessoas analfabetas. Hoje, cerca de 11% da população carrega esta hedionda cruz de chumbo. Os números sinalizam que não ficamos parados no tempo, que avançamos em alguma medida, mas 11% é um indicador grave demais para merecer a indiferença do governo e da sociedade.

Se 11% de analfabetos já é um dado inaceitável, o que se poderia então dizer em relação à taxa de analfabetismo funcional? Nessa seara retornamos aos idos de 1900, ao começo do século passado, ostentando uma vergonhosa taxa de 71%. É isto mesmo, 71%; é mole?!

Um dos maiores problemas entre nós é o nível das contradições, por demais aviltantes. Já virou lugar comum a constatação de que no Brasil convivem lado a lado Gabão e Suécia, a miséria absoluta e a ostensividade aristocrática.


Esta realidade deixa cicatrizes em todos os setores. E também na educação. Os dados sobre analfabetismo afrontam outros de qualidade seletiva, como os que mostram as crianças brasileiras arrebatando as primeiras colocações nas olimpíadas de matemática realizadas mundo afora.

Mas quando rompemos as barreiras da exceção e adentramos no Brasil real, verificamos que a “situação do ensino matemático no Brasil é dramática”. É o que vem denunciando Suely Druck, presidente da Sociedade Brasileira de Matemática.

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro - vinculado ao Ibope, e pela ONG Ação Educativa, cerca de 30% da população do país resolvem operações matemáticas simples com extrema dificuldade. Conseguem no máximo fazer operações simples, envolvendo a adição, subtração, multiplicação e a divisão. São 52 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos que não conseguiram romper os estreitos limites da aritmética, mantendo longa distância do universo da matemática.

Ainda na faixa etária dos 15 aos 64 anos, mais de três milhões de brasileiros são analfabetos absolutos em matemática. Não conseguem sequer ler ou identificar números simples, como o número que identifica uma casa de determinada rua, ou o número do telefone de um posto de saúde.

Segundo a pesquisa, apenas 23% da população adquiriu a habilidade de conhecer os números plenamente, elaborando cálculos e interpretando mapas, tabelas e gráficos.

Outro grave problema identificado pela pesquisa é que 60% dos entrevistados com até a 3ª série do ensino fundamental não conseguem resolver espécie alguma de cálculo. Estamos, portanto, refletindo sobre alunos que freqüentam ou freqüentaram a escola, o que torna o quadro mais dramático ainda.

Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Matemática, isso decorre do fato de que “mais de 60% dos nossos professores desconhecem o conteúdo que têm que ensinar”.


No Brasil, desde sempre, a educação encontra-se na lata do lixo. Todo esforço despendido até aqui conferiu apenas uma casca de verniz à questão, criando – quando muito - bolsões de excelência encravados num mar de vergonhosos fracassos. Criminosos fracassos.

Quantas décadas mais serão necessárias para modificar este cenário tão inóspito, caberá à sociedade responder.

Artigo (publicado em março de 2008) de Antônio Carlos dos Santos publicado na Revista Bula e no portal da Associação dos Professores de São Paulo. Antônio Carlos é o criador da metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e da metodologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo. vilatetra@gmail.com

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Tiririca????

Pior que está fica, fica sim
Eduardo Reina, do Estadão

O humorista Tiririca, candidato do PR a uma cadeira na Câmara Federal, foi um dos que mais arrecadou verba para a campanha eleitoral, segundo declaração ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Francisco Everardo Oliveira SIlva, o Tiririca, encheu o cofrinho com R$ 593,9 mil. Muitos colegas de partido ficaram com pouco dinheiro. O cantor Aguinaldo Timóteo, que também disputa uma vaga em Brasília, declarou ter recebido R$ 184 mil. Já o também humorista Juca Chaves, ou Jurandir Czaczkes Chaves, obteve apenas R$ 1,2 mil.

A verba de Tiririca foi praticamente toda bancada pelo partido, o PR. Foram R$ 516 mil, o que demonstra que a legenda aposta no humorista como puxador de votos.

Faça a comparação com outros partidos e candidatos: O tucano Walter Feldman, segundo sua declaração ao TRE, conseguiu R$ 346 mil. Ivan Valente, do Psol, R$ 89,4 mil e o petista Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da CUT, ficou com R$ 267,2 mil. E até o dinossauro Paulo Maluf (PP) ficou abaixo de Tiririca, com R$ 146,9 mil.





Quem é o palhaço?

José Roberto Toledo - O Estado de S.Paulo

Francisco Everardo Oliveira Silva corre o risco de ser o deputado federal mais votado do Brasil em 3 de outubro. Não se espante se você não reconhece o nome, nem seus próprios eleitores reconheceriam. Oliveira Silva é conhecido apenas por seu apelido, Tiririca.
Ele aparece em primeiro lugar no conjunto de pesquisas do Ibope sobre a eleição para a Câmara dos Deputados em São Paulo. Como é o Estado com o maior eleitorado, não será surpresa se Oliveira Silva acabar sendo o campeão nacional de votos de 2010.


Se você não tem visto muita TV nas últimas décadas e passou incólume pela propaganda eleitoral até agora, Tiririca é ator e palhaço profissional. Tem 45 anos, lê e escreve, se autodefine como "abestado" e seu slogan é "pior que tá num fica, vote Tiririca".

Não é uma piada. É um projeto político. Oliveira Silva é candidato pelo PR, em coligação que inclui o PT e o PC do B. Prova da seriedade do projeto é que, até o último dia 3, o partido havia investido R$ 594 mil, oficialmente, na campanha do palhaço. E não deve parar por aí.

Tiririca é o principal puxador de votos do PR, do PT e do PC do B em São Paulo. Se chegar a um milhão de sufrágios, seu excedente de votos elegerá mais quatro ou cinco deputados da coligação. O eleitor vota em Tiririca e pode eleger Valdemar Costa Neto (PR), Ricardo Berzoini (PT) ou o delegado Protógenes (PC do B).

O "projeto Tiririca" é um bom retrato do sistema de coligações que impera nas eleições parlamentares brasileiras - uma salada farta de siglas, conexões improváveis, legendas de aluguel e uma pitada muito pequena de ideologia.

Das 27 legendas que disputam as eleições para a Câmara dos Deputados, apenas os quatro partidos de esquerda (PSTU, PCO, PSOL e PCB) são seletivos nas coligações: não se misturam na grande maioria das vezes. Melhor deixá-los em um prato à parte.

Entre as outras 23 legendas da salada, vale quase tudo. O PP, por exemplo, coligou-se 169 vezes a todos os outros 22 partidos, em 26 das 27 unidades da Federação. O PRB fez igual. Isso significa aliar-se ora ao PT, ora ao seu arqui-inimigo PSDB, conforme a conveniência.

PP e PRB são os campeões das alianças, mas não são exceção. Das 23 legendas da salada coligada, só o PV fez menos de 100 conexões com outros partidos. Mas bateu na trave: 97. A salada é sortida. Tem de PT com DEM (uma vez) a comunista com democrata-cristão (seis vezes). Só não tem petista com tucano.

Se dividirmos a travessa em duas partes, numa ponta está o PT, na outra, o PSDB. O PMDB fica no meio. Perseguidos pelo poder, os peemedebistas aparecem como fortes aliados tanto de tucanos (6 vezes) quanto de petistas (11 vezes).

As conexões mais intensas do PT são com PC do B, PR, PRB, PSB, PDT e PMDB. E as do PSDB são com DEM, PPS, PSC, PMN, PR, PRB e PMDB. Mas as relações são abertas, não pressupõem exclusividade. Vez ou outra uma legenda dá uma escapadinha para o outro lado, sem culpa ou ressentimentos.

Os mais cínicos dirão que a política partidária brasileira continua a mesma. Mudam os nomes, mas não os sobrenomes. No seu "Deputados 2010", o Ibope identificou uma penca de herdeiros do poder (apud Francisco Antonio Doria) entre os favoritos a se elegerem para a Câmara.

São rostos novos para nomes conhecidos. Como os de Ana Arraes (Pernambuco), Ratinho Jr. e Zeca Dirceu (ambos no Paraná), ACM Neto (Bahia), Rodrigo Maia e Leonardo Piciani (ambos no Rio de Janeiro).

Nomes fortes foi justamente o que faltou para o PT paulista. O partido precisou improvisar nova estratégia. Além de se coligar ao PR de Tiririca, ressuscitou a tática de pedir votos para a legenda do partido. Está dando certo: a sigla do PT está em segundo lugar em citações no ranking do Ibope.

A falta de nomes conhecidos está confundindo os paulistas. Instado pelo Ibope a dizer em quem votará para deputado federal, há quem responda "Serra", "Fernando Henrique Cardoso", "Marina Silva", "Alckmin", "Mercadante" ou até quem evoque "Mario Covas".

De todos os Estados onde o Ibope faz seu ranking para a Câmara, São Paulo é onde menos eleitores são capazes de citar um candidato a deputado federal: apenas 12%. Em Pernambuco essa taxa já chegou a 19%, e no Distrito Federal, a 21%.

Não é de espantar, portanto, que Tiririca seja o mais lembrado entre os paulistas. Nem de que alguém tenha pensado em usar um palhaço como puxador de votos. Pensando bem, até faz sentido.

domingo, 12 de setembro de 2010

Quando o crack de Nova Iorque se encontra com o crack que assola o Brasil

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(...)
Humilhas, avanças, provocas, agrides, espancas, torturas, aprisionas indefesos – e quem bate e violenta é a tropa de choque?
Te tornaste carne, sexo e prostituta de incubo de Saturno –
e ensandecidamente acusas o outro de estupro? (...)

Leia o poema Uma oração para canalhas clicando aqui.
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Quando o crack de Nova Iorque se encontra com o crack que assola o Brasil

Até pouco tempo atrás os pais preocupavam-se em explicar para os filhos o significado até então mais expressivo da palavra crack.

E pacientemente discorriam sobre a crise de superprodução ocorrida no final dos anos vinte.

Tão logo terminou a primeira guerra mundial os Estados Unidos apresentaram um vigoroso processo de crescimento econômico. A indústria norte-americana chegou a responder por metade da produção mundial. O novo padrão de vida denominado american way of life caracterizava-se pela valorização dos bens de consumo, pelas aquisições de automóveis, eletrodomésticos e demais industrializados.

Ao mesmo tempo em que ocorria o boom do crescimento ianque, os países europeus recuperavam-se da destruição causada pela grande guerra, reorganizavam os sistemas de produção e iniciavam a disputa pelos mercados consumidores. Enquanto a Europa impunha restrições às importações de produtos norte-americanos, os EUA continuavam produzindo com sua conhecida e inesgotável voracidade capitalista.

O cenário explosivo estava estruturado: mercado internacional desorganizado; cotações em permanente estado de oscilação; falências generalizadas; agudo desequilíbrio decorrente, de um lado, do excesso de mercadorias produzidas e, de outro, do diminuto poder aquisitivo dos consumidores.

Até que no dia 29 de outubro de 1929, a face mais perversa do desenvolvimento capitalista se apresenta ao mundo, fazendo sua aparição na Bolsa de Valores de Nova York. As tensões que – dez anos depois – conduziriam à Segunda Grande Guerra, materializam-se bem no centro, no coração econômico do mundo.

A população acorre em massa tentando vender suas ações – que já haviam perdido todo o seu valor de face – indústrias e corporações vão à bancarrota, dezenas de milhares que haviam dormido trilionários acordam miseráveis... mais de 15 milhões de desempregados...

Para melhor explicar a tragédia que representou este período, os pais faziam questão de recorrer às locadoras para assistir com os filhos uma das obras primas de Sydney Pollack, A Noite dos Desesperados (They Shoot Horses, Don't They?, 1969), onde Jane Fonda, de maneira categórica, magistral e irreparável, mostra toda a sua virtuosidade na arte da interpretação.

A Noite dos Desesperados, de Sydney Pollack, com Jane Fonda

Mas como que picado por uma cobra peçonhenta, sendo tragado pela areia movediça, ou imerso em uma película de terror, um outro crack – que não o de 29 - é a atual fonte de pesadelos dos pais. Seu avant-première ocorreu em junho de 1990 quando o Denarc - Departamento de Investigações sobre Narcóticos – de São Paulo, apreendeu 220g com um barbeiro na zona leste da cidade. Mal decorridos dois anos e a nova droga estava disseminada pela maior cidade do continente americano.

Ao contrário da heroína e da cocaína, o crack é barato e está ao alcance de qualquer um, até mesmo dos mais pobres e despossuídos. Sua produção é obtida a partir da sobra do refinamento da merla (resíduo do processamento, do refinamento da cocaína). Essa sobra – ou ainda a pasta não refinada – é misturada ao bicarbonato de sódio e água, resultando na droga que ameaça transformar nossos estudantes e a juventude numa massa disforme, doentia, numa corja de zumbis sem alma ou vontade.

O Instituto Datafolha comemora seu um quarto de século de existência. E para não deixar a data passar em branco, refez uma pesquisa realizada no ano de 1983.

Ao processar os questionários e tratar os dados, o que emergiu virulentamente da pesquisa é que, hoje, o maior temor da sociedade é que um jovem da família se envolva com as drogas.

Alba Zaluar, doutora em antroplogia e coordenadora do Núcleo de Pesquisas das Violências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, comentando os resultados da pesquisa é enfática quanto ao que vem ocorrendo no Brasil:

• Há agora essa epidemia de crack, que contribuiu muito pra aumentar o medo da droga
• É uma droga que arrebenta com a pessoa, faz cometer loucuras e que é barata.
• A cocaína é muito mais temida que a maconha. Mas o crack é a mais temida de todas.


Para a antropóloga os sentimentos da família não se limitam a temer que um de seus membros venha a se curvar ao vício: Se envolver com cocaína e crack é se envolver com traficantes, com a criminalidade.

Mas não é só a relação dos filhos com as drogas e traficantes que deve preocupar pais responsáveis e educadores dedicados. Sobretudo a sustentabilidade das relações familiares deve ganhar prioridade em nossa hierarquia de preocupações. E neste contexto urge resgatar valores imprescindíveis às sociedades saudáveis como amor, virtude, altruísmo, respeito, autoridade (que em nada se assemelha a autoritarismo),...

Tão importante quanto qualificar as forças policiais para, como eficácia e inteligência, combater e debelar o tráfico e o crime, tão importante quanto construir mais presídios para manter os traficantes confinados longe de nossos filhos, tão importante quanto investir em educação de qualidade, é regatar os valores e princípios familiares, dotá-los do amor e da fraternidade que, às vezes, parecem ter se perdido no tempo.

Sugiro a leitura de três outros artigos que escrevi sobre esta questão. Não tenho dúvidas que estamos numa encruzilhada. O amanhã só corresponderá às nossas expectativas caso consigamos impregnar nosso hoje de zelo, coragem, responsabilidade e amor. Basta clicar sobre os títulos para acessá-los:

1) Quando o homem deixa de ser homem

2) Quando a desgraça é inevitável

3) O que fazer com os anjos emprestados por Deus?

Antônio Carlos dos Santos – criador de metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e da tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo. acs@ueg,Br


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Quem paga o pato pela récua de açougueiros?


Deu em O Globo
Plantão de alto risco
Polícia prende estudante de Medicina atendendo pacientes em hospital da Baixada

Vera Araújo e Mariana Belmont

Uma equipe da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública (DRCCSP) prendeu, na manhã de ontem, Silvino da Silva Magalhães, estudante do 9 período de Medicina da Universidade de Nova Iguaçu (Unig), atuando ilegalmente como médico.

Ele foi flagrado dando consultas como ginecologista no Hospital das Clínicas de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. O estudante, de 41 anos, atendeu quatro mulheres pela manhã — a última delas foi uma policial que se passava por paciente e que o prendeu em flagrante.

Segundo o delegado titular da DRCCSP, Fábio Cardoso, Silvino usava um carimbo com o próprio nome e o número de registro no Conselho Regional de Medicina (Cremerj) de um outro profissional. Além disso, ele tinha, na maleta, o carimbo do dono da clínica, o médico Deodalto José Ferreira.

O estudante Silvino afirmou que atendia há dois anos na clínica como acadêmico, auxiliando os médicos. Segundo ele, o profissional de plantão ontem foi fazer uma cirurgia e, por isso, ele teria feito um pré-atendimento a algumas pacientes. Ao ser perguntado se já havia prescrito receitas, ele se calou.

No último domingo, O GLOBO denunciou que hospitais, médicos e cooperativas contratavam estudantes de Medicina para atuarem como profissionais, principalmente para fugir dos plantões de fim de semana. Os alunos receberiam de R$ 200 a R$ 1 mil.

O caso veio à tona depois da morte, no mês passado, da menina Joanna Marcenal, de 5 anos, atendida por um estudante do 4 período de Medicina. O falso médico Alex Sandro Cunha chegou a prescrever remédios controlados para Joanna.

Segundo o delegado, desde a reportagem do GLOBO, o número de denúncias recebidas pelo telefone do Disque-Denúncia (2253-1177) e encaminhadas à delegacia cresceu sete vezes:

— Recebíamos uma média de cinco denúncias por semana. Na semana passada, foram 35, a maioria na Baixada Fluminense e na Zona Oeste.
Assinantes, aqui.

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Quem paga o pato pela récua de açougueiros?

Todas as profissões são importantes e beneficiam a sociedade. Mas a esmagadora maioria não necessita de instituições como os Conselhos Regionais e Federais. Sob o pretexto de defender os interesses da sociedade, essas instituições, na realidade, estimulam um corporativismo nefasto que – se protege os filiados, inclusive quanto aos seus crimes profissionais – funciona como uma barreira insurgindo contra os legítimos interesses da coletividade. A despeito de todo o referencial teórico que as legalizam, não passam de pelotões paramilitares para assegurar reserva de mercado Mas algumas poucas categorias profissionais (uma conta tão rarefeita que mal alcança a quantidade dos dedos de uma mão) efetivamente necessitam de regulamentação específica, mais criteriosa, e de instâncias de regulação e controle. É o caso do ofício da medicina.

Mesmo com todos os desvios e distorções dos Conselhos Regionais e Federal de Medicina, eis aí algumas organizações imprescindíveis para a defesa dos interesses da sociedade.

Mesmo que os processos internos de sindicância, inquérito e averiguação das irregularidades e crimes praticados pela categoria encontrem, quase que invariavelmente, colossal má vontade, celeridade paquidérmica e resultados pífios, os aludidos conselhos são necessários. Os desvios - não poucos, gritantes - decorrem do viés corporativo que os asfixiam, e da quase indiferença da sociedade que os mantêm sacrários, raramente recorrendo ao judiciário.

Corrigir as extremas disfunções que os atrofiam é uma tarefa premente da sociedade organizada, da pressão social, vez que governo e partidos políticos parecem tragados por outro tipo de preocupação. Pressionar para o eficaz funcionamento do Ministério Público e do judiciário já seria um bom começo.

Ainda que tardiamente, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo – CRM/SP - vem promovendo uma iniciativa importante, exemplar: a avaliação do ensino de medicina no Estado e conseqüentemente, da categoria médica.

E os resultados têm sido catastróficos por um lado, porque revelam a insolvência do sistema, mas animadores por outro lado, porque desvelam o que se encontrava encoberto, porque identifica a chaga exposta e porque evidencia de forma eloqüente o longo caminho a percorrer para a superação definitiva do problema.

Desde 2.005, o CRM/SP assumiu a corajosa iniciativa de avaliar os formandos de medicina na unidade da federação mais desenvolvida do país. E edição após edição, o quadro vai se mostrando tão deteriorado que não escapa a visão sequer de um cego dos dois olhos. No primeiro ano de implementação da avaliação, num universo de 998 estudantes, 69% foram aprovados. No ano seguinte, em 2006, dos 688 inscritos, lograram êxito 62%. A ultima edição, efetuada este ano, apresenta os piores resultados. Dos 2.200 graduandos de 23 escolas de medicina de São Paulo, 833 se inscreveram para fazer o exame. E menos da metade desses estudantes foram aprovados.

Trocando em miúdos, significa dizer que, precisamente, 56% dos formandos de medicina em São Paulo foram reprovados nas provas do Conselho Regional da área, uma forma categórica de concluir que as escolas de medicina – como, aliás, seria de se esperar - integram a fria e desqualificada cumbuca onde foi desleixadamente abandonada a educação brasileira.

Qualquer exame que se faça para aferir o nível de ensino e da educação do país, os resultados sempre estão como o velho samba de uma nota só: transitam de ruim para pior, de pior para péssimo, de péssimo para pífio, de pífio para medíocre, de medíocre para vergonhoso, e segue a infindável cantilena, no ritmo do alazão quando é para a inépcia, e do pangaré se o objetivo é qualificar.

O cenário é dos mais improdutivos e preocupantes, mas a situação não é irremediável nem a escuridão se apossou da esperança. Ao contrário. Por paradoxal que possa aparecer, agora há mais luz, mais claridade. Exatamente quando todas as avaliações, nacionais e internacionais, comprovam que a educação brasileira está no fundo do poço é que as esperanças se revigoram. E muito do renascimento da esperança resulta da determinação do Ministério de Educação de legar ao país a cultura da avaliação, do diagnóstico preciso, detalhado; identificando com exatidão o problema, sua real dimensão e onde se localiza, com precisão milimétrica.

O bom médico é aquele que, para aviar a receita eficaz, consegue realizar um diagnóstico primoroso, promover uma radiografia fiel do paciente, identificar a enfermidade de maneira irreparável. É o que está fazendo o MEC, e com louvável competência.

Iniciativa que vai se espraiando pelos demais setores da sociedade e que, a partir da experiência vitoriosa do Conselho de São Paulo, deve, em curto espaço de tempo, ser absorvida pelos demais conselhos regionais.

A realidade que está emergindo desses sistemas de avaliação é como uma hidra de sete cabeças, horrífica. Porém, mais vergonhosa e covarde era a postura anterior de não revelá-la, forma de manter as coisas inalteradas, insuscetíveis às mudanças. Conseguindo enxergar a quantas andam a educação e o ensino brasileiros, teremos aumentadas as chances de acertar no receituário.

E algumas boas soluções já emergem naturalmente deste processo virtuoso. Como, por exemplo, a decisão do Ministério de cobrar das escolas públicas metas de desempenho. E a decisão do governo de São Paulo de bonificar com até três salários mínimos a mais, por ano, o professor que atingir e superar as metas estabelecidas. Desafios que fazem tremer a malha sindical, tão preocupada com a defesa dos direitos corporativos que muitas vezes afronta os da coletividade.

O exame do CRM de São Paulo apresenta uma característica que torna o resultado do processo mais preocupante. Como é voluntário, não tem caráter punitivo e a reprovação não impede o exercício da medicina, pressupõe-se que a maioria dos que se submeteram ao processo figuram no quadro dos melhores alunos. Caso fossem obrigatórias, as provas inexoravelmente levariam a um percentual maior de reprovados.

Estão aí as explicações para a existência de academias e mais academias que produzem, a exemplo da grande indústria robotizada, ‘carons’ em série, uma súcia de delinqüentes devidamente ‘doutorados’.

Aos bons profissionais da medicina, poucos mas valorosos missionários, nossas reverências.

E quem paga o pato pela récua de açougueiros? A sociedade. Eu e você, caro leitor.

Um alerta a mais para os pais cuidadosos que amam seus rebentos: em pediatria, só 32% acertaram um simples diagnóstico de pneumonia.


Antônio Carlos dos Santos - metodologia Quasar K+ de planejamento.

domingo, 5 de setembro de 2010

Sakineh Ashtiani e as 99 chicotadas

Deu no Globo
Sakineh Ashtiani é condenada a receber 99 chicotadas

A iraniana Sakineh Mohamadi Ashtiani, ameaçada de ser executada por apedrejamento, foi condenada a receber 99 chicotadas sob acusação de propagar corrupção e indecência, segundo informações do filho da ré e da ONG Comitê Internacional contra o Apedrejamento.

Segundo Sajjad Mohamadi Ashtiani, filho da iraniana de 43 anos, a mãe foi condenada depois que teve uma fotografia publicada em um jornal britânico. O não uso do véu islâmico é crime passível de prisão no Irã.

- O advogado de minha mãe, Hutan Kian, foi informado por detentas da penitenciária que acabavam de ser libertadas - explicou Sajjad, que estava na cidade de Tabriz, noroeste do Irã. - Ele entrou em contato com o juiz independente da penitenciária, que confirmou a pena.

O jornal britânico Times publicou na edição de 28 agosto a fotografia de uma mulher sem véu que apresentou como Ashtiani. A foto era, na realidade, de uma ativista política iraniana que mora na Suécia.

Na edição de sexta-feira, o Times pediu desculpas aos leitores e explicou que a imagem havia sido entregue por Mohamad Mostafaei, segundo advogado de Sakineh, que disse ter obtido a mesma do filho Sakineh. Mas Sajjad Ashtiani negou que fosse sua mãe.

A condenação à morte por apedrejamento de Sakineh provocou uma ampla campanha internacional para evitar a execução, provisoriamente suspensa.

- Mas suspensa não quer dizer anulada - destacou o filho da iraniana em uma entrevista a Bernard-Henri Lévy publicada na sexta-feira no jornal Libération.

Guillermo Fariñas


Dissidente cubano Guillermo Fariñas está em estado grave após cirurgia


DA EFE, EM HAVANA

O dissidente cubano Guillermo Fariñas, que passou mais de quatro meses em greve de fome para pedir a libertação de presos políticos doentes, está em estado "grave", mas estável, após uma cirurgia urgente de vesícula nesta sexta-feira.

Segundo a mãe do opositor, Alicia Hernández, Fariñas "segue em estado grave" e "se mantém estável" após a cirurgia para retirada da vesícula cheia de cálculos. Ela disse que os médicos lhe deram sedativos por causa de "dor intensa".

Hernández explicou que o filho está na mesma sala de terapia intensiva do hospital de Santa Clara, no centro de Cuba, onde passou a maior parte da greve de fome e sede com a qual exigia que o governo de Raúl Castro libertasse 26 presos doentes.

Além disso, ela disse que os médicos "cuidam bem de perto" da trombose na jugular que ele contraiu durante a greve de fome, e devido à qual temiam operá-lo, depois de apresentar ao menos duas crises de vesícula.

Fariñas, jornalista e psicólogo de 48 anos, começou a greve de fome em 24 de fevereiro após a morte do dissidente preso Orlando Zapata Tamayo, por uma greve de fome de 85 dias.

Em 8 de julho, Fariñas abandonou o protesto depois de o governo cubano anunciar o compromisso de libertar 52 dissidentes do Grupo dos 75, condenados em 2003, fruto de um inédito diálogo com a Igreja católica da ilha.

Até o momento, 28 dos presos políticos já foram soltos e viajaram para a Espanha.