domingo, 6 de setembro de 2020

‘Preservação da vida é mais importante’, diz secretária de Educação de Americana

 


Em Americana, menos de 20% dos pais de alunos do ensino infantil ouvidos em pesquisa querem retorno às aulas

Secretária de Educação de Americana, Evelene Ponce Medina disse que considera que a preservação da vida é mais importante do que a retomada das atividades presenciais nas escolas em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

A secretária conversou com o LIBERAL na quinta-feira e disse que a pasta descartou retomar atividades presenciais mesmo com a autorização do Estado em setembro. A possibilidade de aulas presenciais em outubro será avaliada no final deste mês, considerando os índices epidemiológicos do coronavírus.

Infectada com a Covid-19 em agosto, Evelene contou que passou oito dias na cama e que precisou ir duas vezes ao pronto-socorro. Além dela, o marido e as duas filhas do casal também se contaminaram.

A secretária revelou que menos de 20% dos pais de alunos da educação infantil desejam o retorno das aulas presenciais, conforme consulta feita pela secretaria. Uma nova pesquisa deverá ser feita junto às famílias do ensino fundamental.

Como foi o processo de decisão em relação à adesão a Plano São Paulo?

No dia 19 de agosto, o vice-governador fez anúncio de que os prefeitos teriam duas opções, ou aderir ao Plano São Paulo integralmente, ou tinha que assumir a responsabilidade por toda a cidade, rede municipal, particular e estadual.

Isso é um absurdo, a gerência da rede estadual é do Estado, das escolas particulares de ensino fundamental e infantil é do Estado. As particulares que têm só infantil é que são da prefeitura, mas ficamos esperando esse decreto, todas cidades da região metropolitana aliás. E esse decreto não saiu, e parece-me que não vai sair.

Então, o que hoje está posto é que a Prefeitura de Americana é responsável pela sua rede e pela definição de escolas de rede particular infantil, e o Estado é responsável pela rede estadual e escolas particulares que tem além de infantil tem fundamental e médio.

É muito complicado. É uma doença que a gente descobre dia a dia. Então, é muito difícil para que uma prefeitura assumir hoje se volta ou não em outubro. Em um mês, muita coisa muda. O Estado pode ir para uma fase mais branda, ou pode regredir porque está todo mundo na rua.

A gente escuta que o único setor que ainda está preservando a saúde é a educação. A educação é importante? Importantíssima, mas hoje a preservação da vida é mais importante.

Enquanto a mãe está levando filhos para loja, supermercado, deixando brincar na rua, a responsabilidade é dela, mas a partir do momento que a escola trouxer essas crianças, a responsabilidade é nossa.

Há um prazo que o município informe se adere ou não à volta aulas em outubro, ou há autonomia de quando vai definir?

Tem autonomia, pode usar parte do plano. A parte da normatização sanitária do Estado está muito benfeita. Acreditamos que com certeza vamos usar o plano sanitário.

Fizemos pesquisa com educação infantil e vamos fazer com fundamental. A maioria, mesmo com toda a dificuldade, não pretende retornar. O índice que deseja o retorno, e mesmo com restrição, não chega a 20% na educação infantil. No ensino fundamental vou me reunir com os gestores.

A Secretaria já está preparando os protocolos para o retorno?

Está tudo planejado. Tudo que não está comprado está em licitação. Às vezes, a Secretaria da Fazenda nos cobra: mas vai comprar e não usar? A questão de higiene a gente já devia ter se preocupado há muito tempo, então, não é investimento perdido, voltemos agora, em novembro, em fevereiro, desinfecção de mão, cuidado com higiene, avental, touca, tudo isso é necessário.

Os protocolos já foram definidos?

O aluno não pode ficar mais de três horas na escola sem a desinfecção de todos os espaços. O protocolo sanitário fala que a partir desse tempo tem que fazer desinfecção. O tipo de merenda não pode ser a de hoje. Então, uma escola de período integral não vai funcionar de jeito nenhum em tempo integral enquanto tiver o vírus.

A Secretaria tem 23% de servidores que são grupo de risco para Covid-19. É possível retornar sem eles, ou isso é um entrave?

Não é um entrave porque com o retorno nós também não teremos a totalidade dos alunos. Por exemplo, em um Ciep que funcionava período integral e tinha cinco serventes, se numa volta parcial de três horas com merenda seca, que não será uma refeição completa, é possível. Não é o ideal, mas é possível.

Quais critérios serão considerados para a definição do retorno em outubro?

Existe parâmetro, número de casos contaminados na cidade. Temos acompanhado muito a Secretaria de Saúde na questão do número de crianças infectadas. O número é baixo, mas porque hoje não tenho 30 crianças em uma sala, não tenho mil dentro da escola. Mas ninguém sabe qual vai ser o risco a partir do momento que tivermos.

E pior, se criança é vetor assintomático, quem vai buscar? Avó, avô. Mais ainda esses adultos estarão vulneráveis e os próprios funcionários, apesar de toda a segurança. Eu sou a que mais posso falar disso. Eu e minha família ficamos positivos para Covid no começo de agosto e sei como foi difícil. Tenho uma filha com deficiência. O quanto sofremos, não foi fácil.

Como foi passar pela doença?

Ficamos isolados. Eu fui o pior caso, graças a Deus. Meu marido é de grupo de risco, porque é cardíaco, minha filha tem deficiência, e no final eu que fiquei pior. Só não fui internada porque pedi muito ao médico, não poderia deixar a Aline [filha] doente em casa, mas tive que ir para o pronto-socorro duas vezes. Perto de gente que precisa ir para a UTI não foi nada, mas eu fiquei oito dias na cama imprestável.

O que eu acho mais complicado é que para cada um é de um jeito. Se alguém da família pega, tem uma febrinha e passou, essa família encara o Covid como não sendo nada, pensa “não é igual o povo está falando”. Em outra família que Covid chega, ainda mais se perdeu ente querido, ou passa por internação, a família vai enxergar diferente. Isso molda o jeito que essas pessoas estão enxergando a doença. E cada dia uma novidade, agora já vem novidade de reinfecção. Não sei onde vamos parar.

Educação à distância tem funcionado?

Sim, muito bem porque nossos diretores, pedagogos e professores são guerreiros. Tenho professores que quando percebem que faz 15 dias que aluno não dá retorno de atividade, vai na casa dele, se não consegue conversar via telefone. A escola tem se reinventado. O ideal claro que não está. Hoje, a mãe e o pai são mediadores dessa aprendizagem, além de tudo o que já fazem. Tenho que agradecer famílias pelo empenho desse compartilhamento de responsabilidade com a escola. E também aos professores, gestores e pedagogos porque têm sido os facilitadores para a educação não ficar parada. É um grande desafio.

Por Marina Zanaki


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