Os efeitos econômicos da pandemia do coronavírus devem ampliar o fosso entre os estudantes brasileiros e aumentar a evasão escolar e a desigualdade social.
A avaliação é feita pelo líder de Relações Governamentais do Todos pela Educação, Lucas Hoogerbrugge. A entidade do terceiro setor é uma das mais atuantes na área.
“Já existe uma tendência maior de reprovação. A evasão,
que tira o estudante da trajetória correta, é mais comum entre as famílias mais
vulneráveis. Com a pandemia, deve haver uma necessidade maior de jovens
começarem a trabalhar mais cedo. Muitas famílias não terão condições de pagar
uma creche. Há um efeito de fragilização da família que levará à evasão”,
explica Lucas.
A preocupação de Lucas Hoogerbrugge está em consonância
com o levantamento “Juventudes e a pandemia do coronavírus”, encabeçado pelo
Conselho Nacional de Juventude em parceria com outras entidades.
De acordo com a pesquisa, divulgada em junho, 28% dos
jovens pensam em abandonar a escola após a pandemia e 49% avaliam desistir do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ao todo, 67% dos estudantes declararam
que não estão conseguindo estudar para o Enem, uma das principais portas de
acesso à universidade.
Outra pesquisa, feita pelo Unicef e pelo Instituto
Claro, mostrou que, apenas em 2018, cerca de 3,5 milhões estudantes foram
reprovados ou abandonaram os estudos no Brasil.
Para o líder de Relações Governamentais do Todos pela
Educação, a pandemia está escancarando as desigualdades entre os estudantes
brasileiros. Estudo divulgado semana passada pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) indica que mais de 6 milhões de estudantes
brasileiros não têm acesso à internet.
“A desigualdade já era grande antes da pandemia. Agora
ficará escancarada. Há estudantes que conseguem estudar em casa, que os pais
estão em home office e têm acesso à internet. Em muitas famílias os cuidadores
nem ficam em casa ou não têm internet”, exemplifica.
Levantamento feito pelo Todos pela Educação indica que
as receitas vinculadas à educação, na rede pública, devem ter um tombo entre R$
24 bilhões e R$ 58 bilhões em razão da pandemia.
Para Lucas, as autoridades públicas devem buscar o
retorno das aulas presenciais observando todos os protocolos sanitários para
evitar a propagação do vírus, seja entre crianças, professores, demais
funcionários e familiares. “Devem implantar desde a marcação de espaço, o uso
de equipamentos de proteção individual (EPI), infraestrutura, distanciamento
entre carteiras, revezamento de horário de entrada e saída da escola e
intervalo. Fazer testagem em massa. Um protocolo muito claro de sintomas e do
que fazer em cada caso”, afirma. “O desafio não é trivial”, admite o líder de
Relações Governamentais do Todos pela Educação.
Você poderá acompanhar o debate “Educação em tempos de
pandemia” às 11h15 desta sexta-feira (11) tanto pelo Congresso em Foco quanto
por nossas redes sociais.
Por Edson Sardinha, no Congresso em foco
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