sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Pandemia aumentará evasão escolar, prevê Todos pela Educação

 


Os efeitos econômicos da pandemia do coronavírus devem ampliar o fosso entre os estudantes brasileiros e aumentar a evasão escolar e a desigualdade social. 


A avaliação é feita pelo líder de Relações Governamentais do Todos pela Educação, Lucas Hoogerbrugge. A entidade do terceiro setor é uma das mais atuantes na área.

“Já existe uma tendência maior de reprovação. A evasão, que tira o estudante da trajetória correta, é mais comum entre as famílias mais vulneráveis. Com a pandemia, deve haver uma necessidade maior de jovens começarem a trabalhar mais cedo. Muitas famílias não terão condições de pagar uma creche. Há um efeito de fragilização da família que levará à evasão”, explica Lucas.

A preocupação de Lucas Hoogerbrugge está em consonância com o levantamento “Juventudes e a pandemia do coronavírus”, encabeçado pelo Conselho Nacional de Juventude em parceria com outras entidades.

De acordo com a pesquisa, divulgada em junho, 28% dos jovens pensam em abandonar a escola após a pandemia e 49% avaliam desistir do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ao todo, 67% dos estudantes declararam que não estão conseguindo estudar para o Enem, uma das principais portas de acesso à universidade.

Outra pesquisa, feita pelo Unicef e pelo Instituto Claro, mostrou que, apenas em 2018, cerca de 3,5 milhões estudantes foram reprovados ou abandonaram os estudos no Brasil.

Para o líder de Relações Governamentais do Todos pela Educação, a pandemia está escancarando as desigualdades entre os estudantes brasileiros. Estudo divulgado semana passada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que mais de 6 milhões de estudantes brasileiros não têm acesso à internet.

“A desigualdade já era grande antes da pandemia. Agora ficará escancarada. Há estudantes que conseguem estudar em casa, que os pais estão em home office e têm acesso à internet. Em muitas famílias os cuidadores nem ficam em casa ou não têm internet”, exemplifica.

Levantamento feito pelo Todos pela Educação indica que as receitas vinculadas à educação, na rede pública, devem ter um tombo entre R$ 24 bilhões e R$ 58 bilhões em razão da pandemia.

Para Lucas, as autoridades públicas devem buscar o retorno das aulas presenciais observando todos os protocolos sanitários para evitar a propagação do vírus, seja entre crianças, professores, demais funcionários e familiares. “Devem implantar desde a marcação de espaço, o uso de equipamentos de proteção individual (EPI), infraestrutura, distanciamento entre carteiras, revezamento de horário de entrada e saída da escola e intervalo. Fazer testagem em massa. Um protocolo muito claro de sintomas e do que fazer em cada caso”, afirma. “O desafio não é trivial”, admite o líder de Relações Governamentais do Todos pela Educação.

Você poderá acompanhar o debate “Educação em tempos de pandemia” às 11h15 desta sexta-feira (11) tanto pelo Congresso em Foco quanto por nossas redes sociais.

Por Edson Sardinha, no Congresso em foco


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