Foto: Nana Moraes/divulgação |
Artista faz lives e ajuda equipe; Monobloco tem ‘ensaios’ online enquanto define carnaval
O
cantor e compositor Pedro Luís, acostumado com grande público em shows e de
multidões quando comanda o Monobloco, um dos blocos que mais arrasta foliões no
país na época do Carnaval, diz seguir “conforme for entendendo as
possibilidades de deslocamento” para, assim, ir voltando à estrada.
Mas não
esconde preocupação com o futuro: “As questões culturais presenciais estão
muito prejudicadas. Foram as primeiras a parar e serão as últimas a voltar (na
pandemia). Elas estão escravas do surgimento da vacina (contra o novo
coronavírus). A liberdade desses acontecimentos está diretamente ligada à
vacina e à vacinação”.
As
questões culturais que ele quer dizer são eventos que exigem presença de público,
como cinema, teatro, show. E no caso do Monobloco, a situação é mais crítica:
“O bloco trabalha com massa de pessoas”.
O
cantor e compositor têm pensado em soluções. No Monobloco, o qual trabalha com
os músicos Sidon Silva, C.A. Ferrari, Mário Moura e o maestro Celso Alvim, a
opção foi fazer as tradicionais oficinas de percussão de forma virtual aos
batuqueiros que se habilitam a tocar no período de Carnaval com o grupo.
“Na
verdade, a academia online foi apressada com a pandemia, pois era uma ideia
antiga”, diz. Segundo Pedro Luís, aconteceu um fato interessante com o formato
virtual das aulas: nas praças onde se realizam os cursos (Rio de Janeiro, São
Paulo e Belo Horizonte), as pessoas inscritas dos diferentes lugares passaram a
se conhecer melhor, quando isso só acontecia no pré-carnaval, com a saída às
ruas do bloco. “Por certo, isso reverberará quando tivermos nosso encontro
presencial”.
Pedro
Luís, no entanto, estuda com a equipe como será no Carnaval, já que a
realização da folia é incerta no país. O Monobloco ainda tem um formato de
shows fora do período da folia, num modelo de banda, mas o músico avalia com os
colegas se fará lives ou não, já que isso, de acordo com artista, passa pela
realização segura e sem risco à saúde.
Solo
Enquanto
isso, Pedro Luís vai tocando sua carreira solo. Em julho, ele realizou na
internet a série Encantado Por Elas, em que entrevistou cantoras que gravaram
canções suas: Fernanda Abreu, Mart’nália, Elba Ramalho, Roberta Sá e Zélia
Duncan.
O
projeto foi atrelado a uma campanha chamada Inspiração Solidária para arrecadar
fundos para a sua equipe técnica. “Infelizmente, tem três da nossa equipe que
estão muito prejudicados com a situação que estamos vivendo”.
As
pessoas poderiam doar quanto podiam e quanto queriam. Cerca de 70 pessoas se
engajaram. Depois ocorreu um sorteio. O vencedor teria o direito a ter uma
canção inédita feita pelo músico.
“Por
acaso, a sorteada foi uma sobrinha minha que tem um filho autista. Depois,
conversei com ela para ver se topava contar essa história. Aí, fizemos uma
live. Provavelmente, a canção vai tangenciar esse território, não só pela
surpresa de lidar com esse imprevisto com o filho, mas a nobreza disso”.
Artista
versátil, o carioca Pedro Luís estava fazendo shows com homenagem a Luiz
Melodia, no projeto Vale Quanto Pesa. No início do ano, chegou a ser lançada
uma edição de luxo do trabalho, inclusive com cinco canções a mais do que o
álbum apresentado no final de 2018 desse projeto, o terceiro de sua carreira
solo.
Nessa
edição especial, ocorreu uma inclusão de música inédita de Luiz Melodia, jamais
gravada: Feto, Poeta do Morro. A composição foi criada para o primeiro álbum de
Melodia, o Pérola Negra (1973), mas foi censurada.
No
final do ano passado, ele ainda havia lançado o álbum Macro, desenvolvido com
artista visual Batman Zavareze, projeto que coloca a música dialogando com
imagens, com 13 composições inéditas de Pedro Luís sozinho e com parceiros. A
parte musical é realizada por Pedro com Yuri Queiroga.
Composição
“Coisa
que mais gosto é compor. Letra e música ou com parceiros”, destaca. No período
de isolamento, Pedro Luís teve quatro cantoras que gravaram músicas suas
(Fernanda Abreu, Fabiana Cozza, Juliana Cortes e Lucy Alves).
Ele diz
ter tentado “mexer” em novas composições, seja com antigo como novos parceiros.
“Tem um monte de coisa no caminho, mas conclusões, poucas”, mas prometeu
terminá-las antes do “recomeço” da vida normal.
Pedro
Luís pensa também num projeto com artistas brasileiros em Portugal ou
portugueses os quais tem várias composições. E ainda um trabalho com músicas
para criança.
O
cantor e compositor tem lives agendadas e uma delas acontece no dia 11/09,
diretamente do palco do Theatro Municipal de Niterói.
A banda
Pedro Luís e a Parede, compostos por membros do Monobloco e criada antes do
bloco, já lançou sete registros fonográficos. Já o Monobloco são três trabalhos
lançados ao longo de 20 anos de existência.
Por
Augusto Diniz, na Carta Capital
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