Vídeos tutoriais estarão disponíveis no fim de setembro
Assim como muitos educadores, a
pesquisadora e professora da rede municipal de São Carlos (SP) Viviane Macedo
sentia dificuldade em ensinar repertórios comportamentais e acadêmicos aos
alunos com autismo. Pesquisas científicas mostram que essa é a realidade de
muitos professores da Educação Básica, que se sentem frustrados quando precisam
lidar com crianças com autismo. Mesmo os profissionais formados em Educação
Especial encontram dificuldades na hora de trabalhar com elas.
Pensando nesses desafios, Viviane
Macedo, mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs) da
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), produziu, em dissertação do
mestrado, três vídeos que ensinam algumas técnicas baseadas na Análise do
Comportamento Aplicada para quem ainda não conhece a maneira correta de ensinar
crianças com autismo. O objetivo é alcançar maior número de profissionais que
trabalham com crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
“A proposta da pesquisa foi
desenvolver vídeos animados autoinstrucionais - que possibilitam o aprendizado
autônomo - para ensinar professores a identificarem preferências de crianças
com TEA. Explico no trabalho a fundamental importância da utilização desses
itens preferidos como ferramenta “motivacional” para as crianças permanecerem
sentadas durante o ensino, responderem adequadamente às demandas propostas,
além de diminuir a ocorrência de comportamentos inadequados. A falta de
motivação pode, assim, constituir-se em barreira na programação de ensino”,
explica Viviane.
Nos tutorais, os professores
poderão aprender a aplicar uma das avaliações de preferência de escolha que
existem na literatura científica. A educadora, que também se especializou no
Instituto Lahmiei Autismo, da UFSCar, explica que identificar os itens
reforçadores de uma criança é uma das ferramentas fundamentais para instalar e
fortalecer novos comportamentos.
“Os vídeos apresentam estratégias
sobre como preparar o ambiente e manejar os objetos para aplicar uma avaliação
de preferência e, consequentemente, como elaborar uma lista de maior e menor
preferência da criança, uma estratégia importantíssima principalmente se ela
não apresentar fala”, diz a professora.
Na opinião de Viviane, diversas
questões ainda dificultam a inclusão adequada das crianças com TEA nas escolas.
“A superlotação das salas de aula e a dificuldade dos professores em lidar com
elas são barreiras comumente encontradas no sistema público de ensino, e que
inviabilizam a inclusão de qualidade dessas crianças”.
A pesquisadora espera que os
educadores possam entender como analisar o comportamento das crianças com
autismo, para que seja mais fácil saber quais tarefas ensinar e como ensinar.
A dissertação de mestrado de
Viviane, que deu origem aos vídeos, será defendida no fim de setembro, e os
tutoriais serão divulgados após a defesa.
Por Ludmilla Souza, na Agência
Brasil
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