''Nesse tempo livre,
muitos têm recorrido exatamente à arte, manifestação que há pouco tempo estava
sendo constantemente questionada, colocada de escanteio, como algo sem
importância para a população''
Diversos
estudos mostram que a arte pode ser usada como terapia para melhorar a
qualidade de vida e aumentar a longevidade. Tudo isso é comprovado.
Provavelmente, nos próximos anos, também surgirão pesquisas que mostrem o
quanto as manifestações artísticas tiveram um papel essencial durante o período
da pandemia de coronavírus no mundo. Com praticamente tudo fechado, e só os
serviços essenciais disponíveis, a maior parte da população mundial ficou ou
ainda está em isolamento dentro de casa. Isso faz com que exista um período
mais ocioso. Afinal, não há trânsito a enfrentar com todos os compromissos
adiados ou, simplesmente, transferidos para o universo digital.
Nesse tempo livre, muitos têm recorrido exatamente à arte, manifestação que há
pouco tempo estava sendo constantemente questionada, colocada de escanteio,
como algo sem importância para a população. Pois é exatamente a cultura que se
tornou a “salvação” para muita gente.
As tevês abertas e fechadas tiveram aumento na audiência. Os serviços de
streaming ganharam novos assinantes. Muito mais do que ver notícias, as pessoas
buscam filmes, séries, novelas, realities shows e documentários. Ou seja, estão
atrás dos produtos do audiovisual, cenário que sofreu tanto no último ano com o
enfraquecimento da Agência Nacional do Cinema (Ancine) e, consequentemente, com
a paralisação de instrumentos essenciais para os projetos como o Fundo Setorial
do Audiovisual (FSA).
O mundo da música, que, nos últimos anos, após a crise do mercado fonográfico,
esteve ligado, em sua maioria, aos eventos ao vivo, adaptou-se para chegar até
a casa das pessoas e tornou-se uma das opções mais abraçadas pelo público. Para
isso, basta ver os números de audiência das lives, que começaram com os
sertanejos, tendo Gusttavo Lima como pioneiro, e chegaram aos grandes da MPB,
como Roberto Carlos, Alceu Valença e Lulu Santos.
Não bastassem os shows virtuais, os artistas da música também têm aproveitado o
tempo para lançamentos. Um dos mais bacanas da temporada da quarentena foi o
trabalho de Gilberto Gil com o grupo BaianaSystem. O álbum Gil Baiana Ao Vivo
em Salvador foi gravado em novembro de 2019 e tem um papel muito interessante:
o de levar o ouvinte para um tempo em que era possível estar num evento com
quase 40 mil pessoas, cantando em coro com uma banda completa. É a sensação do
“ao vivo”, do qual sentimos tanta falta,e, agora, só curtimos pelas ondas
sonoras.
Isso só para citar duas manifestações artísticas: o audiovisual e a música. O
teatro, as artes visuais, a literatura e tantos outros movimentos também estão
se fazendo presentes, ajudando quem está em casa, seja para ocupar o tempo
vago, seja para o bem-estar em meio a tantas notícias ruins. Após tudo isso,
ficam vários desejos. Entre eles o de que as pessoas saibam valorizar e perceber
a importância da arte, que tanto tem feito por todos nós agora na pandemia de
Covid-19.
Por Adriana
Izel, no Correio Braziliense
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