Inovação é a palavra chave quando se trata de romper a letargia, promover mudanças, criar movimento e emular uma cultura desenvolvimentista. Manter uma postura de intensa afinidade com as inovações é questão de sobrevivência num primeiro instante, e de sustentabilidade no decorrer do processo de vida, seja individual, coletivo ou institucional.
Países que se destacam no cenário mundial e que continuam avançando, apesar da desmedida concorrência imposta pela globalização, adotam uma cultura em que as inovações ocupam lugar de destaque, são estimuladas, desejadas, conquistadas ainda que implique amargar sacrifícios fora do normal.
O contrário acontece na outra extremidade. Países que mantém certo desdém para com as inovações, invariavelmente amargam a mediocridade, permanecem aprisionados ao atraso, não conseguem romper com o subdesenvolvimento, acabam ocupando as últimas posições sempre que algum tipo de comparação entre as nações é estabelecido.
Parte considerável dos problemas brasileiros decorre da inexistência de uma ambientação e de uma cultura favorável às inovações. Resulta, sobretudo, da fragilidade dos canais de comunicação e do número irrisório de parcerias entre as universidades e a iniciativa privada.
É que no Brasil, os setores continuam estanques, falando línguas diferentes e enxergando nos objetivos tão somente o que afasta e conflita: a universidade investindo em pesquisa e gerando conhecimento, e as empresas produzindo e comercializando produtos e serviços. Neste diálogo de surdos-mudos vigora muito de preconceito. O mercado acreditaria que a universidade só prioriza pesquisa pura sendo incapaz de correlacioná-la com as necessidades imediatas do mundo dos negócios. E a academia – acreditariam os empresários - manteria um olhar enviesado sobre a economia visto que menospreza e demoniza o capitalismo e o lucro.
O resultado desta equação?
Enquanto nos Estados Unidos e na Coréia do Sul 80% dos cientistas trabalham em empresas, por aqui não ultrapassam 16%.
Com as empresas empregando um nível tão limitado de cientistas, como esperar resultados diferentes, como ambicionar uma cultura inovadora e o desenvolvimento tecnológico? De que vale investir tão somente em pesquisa e produção de conhecimento que não se materializam em produtos e serviços baratos e de qualidade para a população? Por outro lado, num cenário baseado na concorrência globalizada, de que vale produzir de forma perdulária, obsoleta, mantendo-se ao largo das inovações que amortecem a competitividade?
Temos que juntar as duas pontas deste novelo. Para o bem do país. Este é o desafio para reverter a baixa inovação no setor produtivo nacional: estabelecer sólidas parcerias entre as universidades, institutos de pesquisa e iniciativa privada.
Uma das conseqüências mais imediatas da distorção que aqui se verifica é que as atividades de pesquisa e desenvolvimento têm ficado restritas ao setor público. Uma outra, esta positiva, é que cresce o número de empresas que instituem, na alta direção, o cargo de Diretor Científico.
Também a legislação tem sido aperfeiçoada, o que deve ajudar na sedimentação de um ambiente favorável à Pesquisa & Desenvolvimento.
Considerando nossa participação em publicações especializadas, o Brasil ocupa a 17ª posição dentre os maiores produtores de ciência no mundo (dados de 2.005), o que não é pouco considerando os problemas e gargalos existentes.
Resgatando a interação universidade/empresa e aprimorando o marco regulatório, estaremos oxigenando o setor para que, no Brasil, Desenvolvimento jamais deixe de rimar com Pesquisa e criação científica.
Antônio Carlos dos Santos é o criador da metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e da tecnologia de produção de teatro popular de bonecos Mané Beiçudo. acs@ueg.br