sexta-feira, 1 de junho de 2018

Sobre chamas e lampejos


Um poema para os professores, para quem se dedica a dar substância aos homens. Denomina-se "Sobre Chamas e lampejos" e o escrevi enquanto observava uma professora ministrar aula de matemática em um acampamento de trabalhadores rurais na Zona da Mata, em Pernambuco.



Vê?
Nem tudo são trevas
Nem tudo é desilusão
Porque no lugar mais ermo
Onde a escuridão cega, traga e esmaga
Um valente carrega uma tocha
-É uma única chama, desdenha um
-Um fugaz lampejo, critica outro
Que seja... que seja, então... chama, labareda, fiapo de fogo, lampejo
Uma faísca qualquer, uma centelha, mas acredite, acredite, bastante para
vergalhar a noite, açoitar o oculto, romper o véu opaco que abriga os mistérios
Se chispa ou raio, importa?
O desafio não é subverter a opressão do breu profundo, a completa ausência,
deixando na terra - como um cometa desenha no céu - um rastro, uma estrada,
uma larga via iluminada, ungida de brilho e clareza?
A fugaz centelha se faz farol nas mãos hábeis do professor
e revela caminhos, desvela enigmas, conduz pequenos e grandes aprendizes
Nada resiste à luminescência da luz de Prometeu
porque quem hoje a carrega é um valente, um guerreiro, um destemido a
quem chamam educador
A vitória da flama contra a escuridão, do brilho contra a ignorância,
do conhecimento contra a mediocridade, da educação contra a estupidez é tão
certa como um rio que vai buscar repouso no estuário, o descanso final no
ponto mais confortável do mar
E para essa travessia, não existe timoneiro melhor que o professor
Porque sopra, porque canta
Porque como ninguém cintila o saber, exala o conhecimento
destila por todos os poros intensa e revolucionária reflexão
Porque, sobretudo, ensina e aprende... simplesmente assim.



*Antônio Carlos dos Santos - criador da metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e da tecnologia de produção de teatro popular de bonecos Mané Beiçudo.