quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Celulares, caldo de galinha & ramo de arruda


Os aparelhos celulares tornaram-se um dos presentes mais cobiçados pelos nossos filhos. Com modelos desenvolvidos por artistas, designer’s e estilistas – e exalando tecnologia avançada, de ponta – torna-se quase impossível resistir aos seus encantos e utilidades.

Mesmo porque, talvez o que menos se faça com um desses modernos aparelhinhos móveis seja - por incrível que pareça - falar, conversar, comunicar-se com um outro.

Com a modernização os celulares incorporaram a câmara fotográfica. E logo depois a filmadora. Sucumbiram à magia da música e passaram também a oferecer gravador de voz e tocadores de música e vídeo como o MP3 e o MP4. Num escalada que parece não ter fim, já disponibilizam editores de texto, agendas, gerenciadores de arquivos, além de substituir, com maior eficácia, os pen-drives. As inovações e a capacidade de memória explodem a cada novo modelo lançado no mercado. Alguns aceitam cartões de memória de 4GB, comportam câmaras fotográficas de 5 megapixels e esnobam uma tela sensível ao simples toque. Pouco? No Japão e na França já funcionam como cartão de crédito e pagam até mesmo a corrida de taxi e a passagem do metrô.

Agora a indústria prepara-se para popularizar modelos que substituem o controle remoto universal e divirtam muito mais, reproduzindo a programação dos canais de TV, abertos e fechados.

A lógica é fazer o aparelhinho ganhar ares de imprescindível, o equipamento impossível de não desejar e possuir, o companheiro de todas as horas e jornadas.

A onipresença dessa modernidade muitas vezes compromete a qualidade das relações. Em público, as pessoas se acostumaram a falar ao celular sempre em tom alto, elevando a voz a uma tonalidade completamente desnecessária, como se o interlocutor (e as pessoas próximas) fossem surdos ou tivessem problemas de audição. No teatro e no cinema, apesar dos ostensivos avisos para manter o aparelho desligado, os mal educados incomodam, importunam, e com que inconveniência!?

Mas não existe nada tão perturbador e fora de contexto que sua utilização em sala de aula: na mão de aluno ou de professor, jamais deixará de ser uma inaceitável falta de respeito, quando menos.

Utilizando alta freqüência de 1850 MHz – as redes sem fio wi-fi chegam a 2,4GHz – há suspeitas de que a super exposição aos campos magnéticos cause dores de cabeça, queda de cabelo, insônia, tortura e problemas digestivos.

Todavia, a própria Organização Mundial de Saúde coordenou estudos que envolveram a análise de mais de 25.000 pesquisas, não encontrando correlação entre a exposição a campos magnéticos e distúrbios à saúde.

Como até mesmo seguro morreu de velho, não custa adotar medidas preventivas. É o que já fazem governos de países desenvolvidos. Na Suíça, por exemplo, o governo aconselha que aparelhos elétricos e sem fio permaneçam a uma distância mínima de 2 metros da cama das crianças.

Já na Inglaterra, o governo através do Departamento de Saúde recomenda aos menores de 16 anos que utilizem o celular apenas para ligações essenciais.

O governo alemão optou por sugerir que a população evite a utilização de redes em fio wi-fi até que os impactos de suas ondas eletromagnéticas nas pessoas sejam devidamente esclarecidos.

Não se tem notícia de que prudência, caldo de galinha e ramo de arruda tenham causado mal a ser vivente.

Antônio Carlos dos Santos é engenheiro, escritor, criador da metodologia de planejamento estratégico Quasar K+ e da tecnologia de produção de teatro popular de bonecos Mané Beiçudo. acs@ueg.br