quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O computador e a nova escola – uma forma de confrontar os interesses subalternos

Em 2005, Nicholas Negroponte, pesquisador de Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos EUA, apresentou ao governo brasileiro o projeto Um Computador por Aluno – UCA.

De lá pra cá o que andou, que medidas foram tomadas, que objetivos foram alinhavados pelo governo brasileiro?

Cinco meses atrás o Ministério da Educação deu início a um piloto disponibilizando os computadores para alunos e professores de cinco escolas públicas de cinco unidades da federação: Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e Brasília.

Cada uma das escolas beneficiadas está sendo monitorada e assistida por uma universidade da região que deverá produzir relatórios e análises para orientar o governo quanto ao formato e desdobramento do programa. Nos documentos e relatórios técnicos deverão constar as avaliações quanto as condições físicas do equipamento, sua conservação, mas, sobretudo a freqüência dos alunos e a aprendizagem verificada.

O Ministério da Educação mantém metas arrojadas. Entre os anos de 2008 e 2010 estão previstas a aquisição e distribuição de 150 mil laptops para alunos e professores de 300 escolas públicas distribuídas por todo o território nacional.

Nos cinco projetos pilotos em curso, a experiência tem sido avassaladoramente produtiva. O corpo de professores teve que rebolar, correr atrás, retomar os estudos para atualizar os conhecimentos. Os alunos - estimulados pela curiosidade e rara oportunidade - retomaram o interesse pelo espaço escolar e a aprendizagem atingiu patamares jamais alcançados. Resultado: a freqüência elevou-se significativamente, as aulas tornaram-se mais dinâmicas, ágeis e interessantes, e a escola agregou um plus, um diferencial de qualidade, um upgrad que a distancia anos-luz do sistema tradicional.

Os laptops são conectados a Internet e acessam a rede mundial sem a utilização de fios e cabos. Cada equipamento pesa 1,5 quilo e tem uma memória de 512 MB. A utilização em sala de aula, com o acompanhamento de um professor, é prioritário. Mas o aluno pode levar o computador para casa, familiarizando-se com a máquina de modo a extrair dela tudo o que é possível. Além de compartilhar o benefício com familiares, amigos e vizinhos.

Um grande diferencial do piloto é o processo de acompanhamento e supervisão, sempre efetuado através dos professores. É esta supervisão, realizada de forma pessoal e direta, que assegura o direcionamento de toda a potencialidade da tecnologia para o aprendizado, libertando o aluno, impedindo que utilize a máquina exclusivamente para jogos, salas de bate papo e entretenimento virtual.

É uma prova inconteste de que o governo só não acerta quando interesses subalternos o manipulam em direção a subterrâneos distantes dos largos e arejados espaços onde vigoram os legítimos interesses populares.

Antônio Carlos dos Santos é professor universitário, criador da metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e da tecnologia de produção de teatro popular de bonecos Mané Beiçudo.