segunda-feira, 21 de maio de 2018

Paraguai inaugurará hoje nova embaixada do país em Israel em Jerusalém

O presidente do Paraguai, Horacio Cartes. EFE/Andrés Cristaldo

O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, chegou no  domingo em Israel para participar hoje da abertura da embaixada do país em Jerusalém, seguindo a decisão dos Estados Unidos de reconhecer a cidade como a capital do país.
Primeiro presidente paraguaio a visitar Israel na história em 2016, Cartes será recebido pelo presidente israelense, Reuven Rivlin, no início da manhã desta segunda-feira, antes de se dirigir à nova embaixada para o evento de inauguração. A cerimônia também terá presença do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu.
A embaixada está na parte oeste da cidade, no mesmo bairro onde a Guatemala instalou sua principal sede diplomática em Israel. Ambos os países seguiram a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de mudar a legação diplomática americana de Tel Aviv para Jerusalém.
Após a cerimônia, Cartes e Netanyahu terão uma reunião de trabalho. Mais tarde, os dois participam de uma recepção oficial organizada pelo Ministério de Relações Exteriores de Israel.
O Paraguai será o terceiro país a transferir a embaixada para Jerusalém em pouco mais de uma semana, uma controversa decisão que contrasta com o consenso internacional e com as recomendações da ONU, que em 1980 pediu que todos os Estados retirassem suas representações da cidade em protesto pela anexação da parte ocidental por Israel, antes ocupada pelos palestinos desde 1967.
A decisão de Cartes, que deixa o poder no próximo dia 15 de agosto, também gerou grande repercussão no Paraguai.
O presidente eleito do país, Mario Abdo Benítez, do Partido Colorado, o mesmo de Cartes, revelou nesta semana que não foi comunicado sobre a decisão e que vai analisar a mudança com "maturidade", podendo até mesmo revertê-la.
Fontes do Ministério de Relações Exteriores do Paraguai consultadas pela Agência Efe explicaram, no entanto, que a Constituição dá ao presidente em exercício o poder de tomar esse tipo de decisão, sem a obrigação legal de consultar o sucessor.
A equipe eleitoral de Cartes, responsável pela vitória do hoje presidente no pleito de 2013, tinha um grupo de conselheiros israelenses, incluindo o ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, Ari Harow, que testemunhou contra Netanyahu em um caso de corrupção.
Depois de vencer o pleito, Cartes conversou com Ze'ev Elkin, na época vice-ministro de Relações Exteriores de Israel, a quem disse que um de seus objetivos políticos era fortalecer as relações bilaterais e estabelecer uma "política independente" na hora de apoiar os israelenses em fóruns internacionais, contra os padrões de votação da maioria dos países latino-americanos.
Desde então, o Paraguai votou a favor de Israel ou se absteve em votações importantes, como a de dezembro de 2017 na ONU contra o reconhecimento dos EUA de que Jerusalém é a capital do país.
O Paraguai foi um dos 33 países que votaram a favor do Plano de Partilha da Palestina na ONU, abrindo o caminho para a criação do Estado de Israel. Os dois países estabeleceram relações em 1949.
Israel fechou sua embaixada em Assunção em 2002 por questões orçamentárias. Como resposta, o Paraguai fez o mesmo com a representação diplomática do país em Tel Aviv. As duas embaixadas só foram reabertas em 2014 e 2015, respectivamente.
O secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina, Saeb Erekat, pediu nesta semana uma "guerra política, econômica e diplomática" contra qualquer país que mudar sua embaixada para Jerusalém. Os palestinos consideram essas mudanças como um reconhecimento da soberania israelense sobre toda a cidade.
O Paraguai também participou do grupo de países latino-americanos que decidiu reconhecer, em 967, a Palestina como um Estado livre e independente com as fronteiras de 4 de junho de 1967.
EFE

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