terça-feira, 17 de dezembro de 2019

ARTE - Procuram-se mecenas



Campanha de arrecadação do Museu de Arte de São Paulo (Masp) conquista adesão popular, rende R$ 485 mil e garante a restauração de um maravilhoso acervo

Um inovador projeto de restauração e conservação, chamado “Adote uma Obra”, desenvolvido, desde 2017, pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp), tem contribuído de forma eficaz para a adesão da população paulistana ao esforço de recuperação do acervo da instituição. A campanha visa a arrecadação de recursos financeiros para serem utilizados na restauração de obras de arte. Qualquer pessoa pode doar a partir de R$ 300.

A ideia nasceu da percepção de que o orçamento do Masp não é suficiente para bancar esse tipo de serviço. A campanha arrecadou R$ 485 mil, em 2018, e a previsão é chegar a R$ 550 mil neste ano. Várias obras tem sido recuperadas, incluindo quadros de Candido Portinari e de Vincent Van Gogh. Atualmente, a pintura “Rosa e azul”, de Pierre-Auguste Renoir, está sendo restaurada.

O trabalho de restauro é delicado e extremamente técnico. Pinturas frágeis, problemas estéticos como irregularidades no verniz, danos pontuais de falta de tensão nas telas, craquelês (fissuras) e pequenas perdas na camada pictórica são encontradas.A primeira peça escolhida para restauração foi “Retirantes”, de Portinari, mas, com o sucesso da campanha de arrecadação, foi possível realizar a restauração de outros dois quadros do artista, “Criança morta” e “Enterro na rede”. “Não havia sentido realizar a restauração de apenas uma obra”, disse Sofia Hennen, responsável técnica do MASP. “E, como havia recursos, fizemos as três”. O restauro do quadro “O Escolar” foi pago pelo Masp e recuperado no Museu Van Gogh, em Amsterdã. Segundo Sofia Hennen, essa medida foi adotada por causa da complexidade do serviço e da especialidade dos holandeses na obra do artista. Para o diretor executivo do Masp, Fabio Fayh, o trabalho de restauração busca mais que a excelência técnica. “Há o envolvimento da sociedade nesse projeto”, diz.
Por Fernando Lavieri, na Revista Isto É



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