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Humilhas, avanças, provocas, agrides, espancas, torturas, aprisionas indefesos – e quem bate e violenta é a tropa de choque?
Te tornaste carne, sexo e prostituta de incubo de Saturno –
e ensandecidamente acusas o outro de estupro? (...)
Leia o poema Uma oração para canalhas clicando aqui.
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“Charles Darwin e a angústia da escolha?”
Há uma fase na vida do estudante em que tudo é dúvida e o futuro pode ser reduzido a um inquietante ponto de interrogação. As dúvidas pululam freneticamente, sobretudo, quando se trata de optar pelo destino a seguir, a carreira a escolher.
É uma etapa em que nada está claro, nada está definido. Nesta situação de insegurança e instabilidade emocional, solicitar que o aluno responda à angustiante pergunta (O que deseja da vida?) pode parecer crueldade das mais maquiavélicas, mas é como dor de parto, aquela dor tipicamente necessária, aquela tensão que antecede alguns raros momentos de genuína graça.
“O que você quer da vida?” é a questão chave argüida por todas as orientadoras vocacionais e que coloca muitos adolescentes e jovens na berlinda, no fio da navalha, tremendo como vara de bambu verde.
Tomar, quando se é tão jovem, uma decisão que – para o bem ou para o mal – será capaz de conformar toda a vida futura é tarefa das mais complexas, por isto o primeiro passo, a primeira resposta, seguramente não se encontra fora e distante, no mundo exterior, mas bem rente, dentro, pertinho, como cantam os poetas “no lado esquerdo do peito/dentro do coração”. Nesta fase da vida é necessário mergulhar, lançar o olhar para a alma, debruçar sobre o próprio interior, auscultando os valores e, nos valores, selecionando o que existe de mais íntimo e revelador.
É deste universo particular que o estudante deve resgatar – num bravio oceano de interesses difusos, quase todos alienígenas – os que efetivamente lhe pertencem, os que verdadeiramente guardam consonância com sua identidade, com sua vida pregressa e seus desejos e aspirações.
Neste ambiente estão fincadas as âncoras da carreira corretamente identificada, sabiamente definida, alicerce de uma vida profissional exitosa e satisfatória.
Uma série de testes e questionários ajuda o estudante a esquadrinhar este mundo um tanto inóspito, ainda misterioso e turbulento, mas que logo – com a ajuda de um profissional habilitado - se mostrará inteiro, claro e límpido.
Ao término deste processo o jovem terá acumulado insumos vitais: seu perfil, as habilidades mais destacadas, o temperamento, a personalidade, as aptidões, as preferências e, sobretudo, as profissões mais adequadas e que melhor se encaixam nas características encontradas. O potencial estará quase todo à mostra. Insisto, não todo. Porque na vida existe um conjunto de variáveis que sempre escapam ao nosso controle e domínio.
A vida de um iluminado naturalista britânico ilustra com perfeição a situação a que me refiro.
Quando adolescente, Charles Darwin, o homem que fez tremer o planeta ao lançar sua obra “A Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural”, estava predestinado a seguir a carreira médica.
Pelo menos assim desejava seu pai, o proeminente físico Dr. Robert Darwin, que o conduziu à Escola de Medicina de Edimburgo mal completara 16 anos. Desde os pajés, xamãs e curandeiros primitivos, os que exercitam as lides medicinais sempre encontraram respeito de suas tribos e comunidades.
Mas a medicina mostrava-se aos olhos do adolescente um fardo insuportavelmente pesado, capaz de arriar seus sinceros desejos de corresponder às expectativas dos progenitores. Para enfrentar e seguir a carreira médica há que se ter um estômago a toda prova, como o da avestruz, atributo que, definitivamente, o jovem Charles jamais possuiu.
Não restou alternativa senão negociar com a família. Em troca da carreira médica, ofereceria a eclesiástica. Na época, as famílias e a sociedade estimulavam em seus filhos o interesse pelas coisas de Deus, pelas missões religiosas, de modo que, ao matricular-se no Christ’s College, de Cambridge, para tornar-se pastor, lançou uma pá de cal sobre o assunto, satisfazendo simultaneamente a gregos e troianos.
Pá de cal? Qual, meu caro! Enquanto há vida, há movimento. E como bem poderia ter dito Drummond No meio do caminho havia uma pedra / Uma outra alternativa pairava no meio do caminho”. E no caso de Charles Darwin a sorte grande o espreitava na esquina.
Dada as habilidades como professor das disciplinas relacionadas à história natural e a fama conquistada de dedicado colecionador de besouros, foi indicado por John Henslow, seu professor de botânica, para uma instrutiva e inusitada missão.
O navio HMS Beagle partiria para longa viagem numa missão cartográfica para mapear as águas do sul do continente americano. Mas seu capitão, como que antevendo a explosão de luz iluminando no futuro, resolveu levar quem pudesse se dedicar ao estudo científico das espécies encontradas.
E lá foi Darwin, em dezembro de 1831, iniciar um cruzeiro ao redor do mundo, uma viagem que demandou cinco longos anos, e que embasou a obra que marcaria a história da humanidade.
Portanto, Darwin passou por médico, pastor missionário, professor, colecionador de besouros, classificador de espécies encontradas, para se encontrar como grande cientista que revolucionou o mundo com sua doutrina evolucionista.
A leitura da obra de Darwin ensina que os seres vivos sobreviventes às grandes catástrofes planetárias não foram os mais fortes e sim os mais flexíveis.
Ao se deparar com o instante da decisão sobre o curso a seguir, o vestibular a fazer, a profissão a escolher, o jovem deve refletir sobre o fato de que, muitas vezes, a força reside na capacidade de flexionar, de se adaptar ao cenário e às circunstâncias.
Antônio Carlos dos Santos – criador da metodologia Quasar K+ de Planejamento Estratégico e a tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo. acs@ueg.br
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Essa é para matar a saudade dos velhos tempos:
The Marmalade - Rainbow