Criado pelo Ministério da Educação em 1998, o Enem consiste de uma prova anual que - acrescido de outros instrumentos - ajuda a avaliar os alunos e a qualidade do Ensino Médio no Brasil. Uma importante característica deste instrumento é que o exame não se aplica exclusivamente aos estudantes que estão matriculados, abarcando também todos os que concluíram o Ensino Médio.
No ano passado, mais de 3,7 milhões de estudantes fizeram o exame, uma quantidade expressiva que demonstra a importância deste instrumento de avaliação e a ressonância que ele conquistou na sociedade.
Cotejando os números de 2006 com os deste ano, observa-se uma acentuada queda no número de inscritos. No ano em curso, 3,5 milhões de estudantes se inscreveram para fazer o Exame. Portanto a queda não é irrisória nem insignificante. O universo tratado reduziu-se exatos 5,4%.
É de se questionar então se a queda verificada demonstra fragilidade ou insolvência do instrumento. E felizmente, a resposta é não. O Enem acabou! gritaram muitos. Ledo engano. Está mais vivo que nunca.
Se é assim, então como explicar a redução no número de inscritos?
Uma primeira possibilidade se refere a alteração dos procedimentos operacionais. A forma de inscrição para as provas teve uma mudança substantiva e agora depende exclusivamente do candidato. Quando o modelo foi criado, em 1998, e até o ano passado, a unidade escolar e apenas a escola recebia os formulários. Com a mudança efetuada neste ano os estudantes é que ficaram com a responsabilidade de entregar a ficha nos Correios ou, para os que puderam, confirmar a inscrição pela Internet.
Uma outra explicação para a queda dos números é que uma parte dos que fizeram a prova no ano passado lograram êxito no processo seletivo, ingressando no ensino superior. E estando na universidade porque precisariam do Enem?
Portanto, ao contrário do que possa parecer, o Enem está mais vigoroso e pujante como jamais esteve. Consolidou-se como um eficaz instrumento de avaliação do Ensino Médio além de poderosa alternativa ao antigo e caduco sistema do vestibular. É importante registrar que, atualmente, mais de 500 instituições de ensino superior - distribuídas por todos os rincões do país – incorporam a nota do Enem no processo seletivo do vestibular. São 500 universidades. Estes números falam por si e se tornam mais expressivos em decorrência de que, aqui, nada é obrigatório e compulsório. A universidade tem inteira liberdade para utilizar ou não o Enem assim como é facultativo ao aluno fazer ou não o exame.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC deve ser louvado por ajudar a modificar a paisagem do ensino brasileiro. E o mais importante: modificar para melhor.
Artigo de Antônio Carlos dos Santos publicado no portal da Associação dos Professores de São Paulo e no portal Goiás Educação