quarta-feira, 5 de setembro de 2007

No fundo do poço

O Enade – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes - é um dos exames que compõem o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, Sinaes. A partir de 2004 tomou o lugar do antigo provão como um dos instrumentos de avaliação do ensino superior do país.

Além da prova, contempla um conjunto de instrumentos que inclui três outros questionários, um deles de levantamento de informações sócio-econômicas.

Um dos objetivos do exame é avaliar a contribuição do curso na formação do estudante. A prova aplicada para os alunos que ingressam e para os alunos concluintes é rigorosamente a mesma, o que possibilita avaliar o que foi incorporado em termos de conhecimento.

O Enade ao contrário do antigo provão avalia, por amostragem, alunos do primeiro e do último ano de um curso, de uma área previamente determinada. A instituição de ensino superior –IES - providencia a inscrição de todos os alunos, calouros e concluintes e, posteriormente através de sorteio, o MEC define os que deverão – em caráter obrigatório – fazer as provas. Caso não se submeta a essa obrigatoriedade, o aluno, já formado, poderá ficar sem o diploma e o histórico escolar.

Desde sua criação já foram avaliados 32 cursos. Desta vez as provas serão aplicadas no final do ano, no mês de novembro, e terão como objetivo avaliar as áreas de Agronomia, Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Serviço Social, Tecnologia de Radiologia, Tecnologia em Agroindústria, Terapia Ocupacional e Zootecnia.

É bom ressaltar que as inscrições deverão ser efetuadas pelos coordenadores de curso até o dia 31 deste mês e são de exclusiva responsabilidade das IES.

No ano passado foram avaliadas 15 áreas do conhecimento. O desempenho médio geral dos participantes foi de 45,4 na prova de formação geral, igual para todas as áreas, e de 36,4 na de conteúdo específico. Em ambos os casos, a lógica prevaleceu, com os concluintes conseguindo resultados melhores que os iniciantes.

Em 2.006 foi necessário estruturar toda uma rede logística para responder às necessidades do processo de avaliação. Nada menos que 386.524 estudantes — 211.837 ingressantes e 174.687 concluintes — pertencentes a 5.701 cursos de 1,6 mil IES participaram do processo. A prova foi aplicada em 2.081 locais de 871 municípios, em todos os estados e no Distrito Federal.

Quanto ao conceito, é apresentado em cinco categorias (1 a 5), sendo que 1 é o resultado mais baixo e 5 é o melhor resultado possível, na área.

Alunos de 45 cursos obtiveram desempenho que os situam no nível mais alto (5), tanto no conceito Enade, que considera o desempenho de ingressantes e concluintes, quanto no Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD), que descortina quanto de conhecimento as graduações agregam para os alunos.

O nordeste ocupou os dois extremos: o Estado que teve o maior percentual de cursos com conceitos 4 e 5 foi o Rio Grande do Norte (37,8%), enquanto Alagoas ficou com o maior percentual de cursos com conceitos 1 e 2 (80%).

Já em relação ao IDD, Rio Grande do Sul ficou com o maior percentual de cursos com IDD 4 e 5 (53,4%) ao passo que Pará ocupou a ponta oposta, concentrando o maior percentual de cursos com IDD 1 e 2 (51%).

À medida que novas edições do Enade vão ocorrendo vai ser tornando possível avaliar, com maior propriedade, a quantas anda o ensino superior do país. E quanto mais preciso, profundo e correto for o diagnóstico melhores condições teremos de tirar o ensino superior brasileiro do lugar onde se encontra: no fundo do poço.

Artigo de Antônio Carlos dos Santos publicado no portal Goiás Educação