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Humilhas, avanças, provocas, agrides, espancas, torturas, aprisionas indefesos – e quem bate e violenta é a tropa de choque?
Te tornaste carne, sexo e prostituta de incubo de Saturno –
e ensandecidamente acusas o outro de estupro? (...)
Leia o poema Uma oração para canalhas clicando aqui.
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Quando o crack de Nova Iorque se encontra com o crack que assola o Brasil
Até pouco tempo atrás os pais preocupavam-se em explicar para os filhos o significado até então mais expressivo da palavra crack.
E pacientemente discorriam sobre a crise de superprodução ocorrida no final dos anos vinte.
Tão logo terminou a primeira guerra mundial os Estados Unidos apresentaram um vigoroso processo de crescimento econômico. A indústria norte-americana chegou a responder por metade da produção mundial. O novo padrão de vida denominado american way of life caracterizava-se pela valorização dos bens de consumo, pelas aquisições de automóveis, eletrodomésticos e demais industrializados.
Ao mesmo tempo em que ocorria o boom do crescimento ianque, os países europeus recuperavam-se da destruição causada pela grande guerra, reorganizavam os sistemas de produção e iniciavam a disputa pelos mercados consumidores. Enquanto a Europa impunha restrições às importações de produtos norte-americanos, os EUA continuavam produzindo com sua conhecida e inesgotável voracidade capitalista.
O cenário explosivo estava estruturado: mercado internacional desorganizado; cotações em permanente estado de oscilação; falências generalizadas; agudo desequilíbrio decorrente, de um lado, do excesso de mercadorias produzidas e, de outro, do diminuto poder aquisitivo dos consumidores.
Até que no dia 29 de outubro de 1929, a face mais perversa do desenvolvimento capitalista se apresenta ao mundo, fazendo sua aparição na Bolsa de Valores de Nova York. As tensões que – dez anos depois – conduziriam à Segunda Grande Guerra, materializam-se bem no centro, no coração econômico do mundo.
A população acorre em massa tentando vender suas ações – que já haviam perdido todo o seu valor de face – indústrias e corporações vão à bancarrota, dezenas de milhares que haviam dormido trilionários acordam miseráveis... mais de 15 milhões de desempregados...
Para melhor explicar a tragédia que representou este período, os pais faziam questão de recorrer às locadoras para assistir com os filhos uma das obras primas de Sydney Pollack, A Noite dos Desesperados (They Shoot Horses, Don't They?, 1969), onde Jane Fonda, de maneira categórica, magistral e irreparável, mostra toda a sua virtuosidade na arte da interpretação.
A Noite dos Desesperados, de Sydney Pollack, com Jane Fonda