Polanski não compareceu à cerimônia de entrega do César, em Paris |
Mulheres deixam plateia em protesto depois de
anúncio do vencedor. Organizadores do prêmio César se demitiram após manifesto
de atores e diretores contra indicações do cineasta acusado de estupro.
O
controverso diretor Roman Polanski ganhou o César, considerado o "Oscar
francês", de melhor diretor pelo filme O oficial e o espião. A
indicação do cineasta, acusado de estupro, foi alvo de polêmica e levou a demissão de
todos os membros da diretoria da Academia de Artes e Técnicas de Cinema da
França, responsável pela premiação.
A entrega do
César foi ofuscada pela polêmica em torno das indicações de Polanski, cujo
filme O oficial e o espião encabeçou
a lista de indicações. Em frente ao teatro, no início da cerimônia, centenas de
manifestantes protestaram contra o diretor. Ao tentar invadir o local, o grupo
entrou em confronto com a polícia.
Polanski não
compareceu ao evento e alegou temer por sua segurança. Num comunicado, ele
disse que a cerimônia se tornou num "linchamento público" e que
decidiu não ir à premiação para proteger seus colegas, esposa e filhos.
O anúncio do
prêmio de melhor diretor chocou parte da plateia. Diversas mulheres deixaram o
auditório em protesto, entre elas, Adele Haenel, nomeada como melhor atriz
por Retrato de uma Jovem em
Chamas, que afirmou ter sido vítimas de abuso sexual na
adolescência por outro diretor.
Horas antes
do evento, o ministro da Cultura da França, Franck Riester, disse que o prêmio
a Polanski como melhor diretor poderia ser "simbolicamente ruim dada à
posição que devemos tomar contra a violência sexual e sexista".
Polanski
lançou seu novo filme na França no ano passado, dias após uma atriz francesa
acusá-lo de tê-la estuprado em 1975, quando ela tinha 18 anos. O diretor
franco-polonês, hoje com 86 anos, nega as acusações.
Nos Estados
Unidos, o cineasta é acusado de estupro de uma jovem de 13 anos, é
considerado persona non grata em Hollywood desde 1978 e foi expulso da Academia
de Artes e Ciências Cinematográficas em 2018.
Ele rejeitou
a acusação de estupro, mas reconheceu, após acordo com a promotoria, ter tido
relação sexual com uma menor de idade. Pouco antes do anúncio da sentença, ele
foi viajou a Paris. Ele foi detido na Suíça há alguns anos e ficou
oito meses sob prisão domiciliar, até que em 2010 o país recusou o pedido de
extradição dos EUA.
O filme de
Polanski sobre Alfred Dreyfus, um militar francês de origem judaica acusado de
espionar para a Alemanha nos anos 1890, levou ainda os prêmios por melhor
adaptação e melhor figurino. O elenco e a produção do longa, incluindo Jean
Dujardin, indicado como melhor ator, não compareceram à cerimonia.
A comediante
Florence Foresti, que apresentou a premiação, deixou o filme de Polanski de
fora dos comentários sobre as obras que receberam várias indicações.
O César de
melhor filme ficou com Os
Miseráveis, do diretor Ladj Ly, que aborda as tensões entre a
polícia e minorias pobres nos subúrbios de Paris. O longa ganhou também o
prêmio do júri no Festival de Cannes no ano passado.
Deutsche Welle
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