quinta-feira, 19 de março de 2020

Dias de luta, dias de espera



Pandemia da Covid-19 paralisa principais torneios do basquete mundial


Se o basquete mundial é um castelo de cartas, ele começou a desmoronar a partir do ás. Há uma semana, a identificação do primeiro caso do novo coronavírus (Covid-19)na NBA causou a suspensão da temporada norte-americana. Desde então, cada uma no seu tempo, as outras ligas foram freando até parar. Em um momento de poucas certezas, os atletas não têm muito o que fazer a não ser esperar.

O pivô francês Rudy Gobert provavelmente não imaginava que a assumida falta de preocupação com os cuidados na prevenção - registrada inclusive em vídeo - desencadearia tamanha série de movimentos no basquete e, por que não, no esporte mundial. A NBA não é apenas o suprassumo do que há de mais atraente no entretenimento esportivo. É também um dos negócios mais gigantescos, com maior movimentação de dinheiro. O que acontece lá, inegavelmente, acaba se tornando um exemplo para outras ligas ao redor do mundo. A partir dali, ficou claro que não apenas o público deveria ser protegido, mas também os jogadores. 

Posteriormente, outros seis casos foram confirmados na NBA. Os testes não param.

Raul Neto, o Raulzinho, armador do Philadelphia 76ers, tem uma ligação mais do que forte com dois dos atletas infectados. Nos primeiros quatro anos na NBA, ele defendeu o Utah Jazz, time do próprio Rudy Gobert e de Donovan Mitchell. Gobert, aliás, já até esteve em um evento organizado por Raulzinho no Brasil, em 2017. O brasileiro conversou com o francês assim que a notícia da contaminação de Gobert foi divulgada.

"Quis saber como ele estava. Também falei com os outros jogadores enquanto eles estavam no vestiário, esperando para fazer os testes. O mundo caiu em cima do Rudy. Mas ele está bem, em casa, tomando as precauções que os médicos determinaram", revela.

A principal recomendação, de distanciamento social, vem sendo adotada por todos os outros atletas. Segundo Raulzinho, após o último jogo, contra o Detroit Pistons, exatamente na noite da suspensão da temporada (11 de março), a equipe não fez mais treinos e todos os jogadores permaneceram em casa. O tempo livre vem sendo ocupado com exercícios, meditação, leitura e também com o contato com a família no Brasil, algo raro em meio à correria da temporada. Raulzinho, no entanto, se mantém alerta.

Um dos casos confirmados do COVID-19 na NBA é do pivô Christian Wood, do Detroit Pistons. Os integrantes do Sixers aguardam pelos resultados dos testes. O brasileiro não entrou em quadra naquela partida, mas isso não significa que está completamente livre de suspeita de contaminação. Na noite desta terça-feira (17), foi revelado que um dos quatro casos de atletas infectados na equipe do Brooklyn Nets é o astro Kevin Durant, que, se recuperando de lesão, não atuou por um segundo sequer em toda a temporada.

"Estamos esperando esse resultado para saber como reagir", conta.

Outras ligas demoraram um pouco mais a reagir
Na Europa, os principais campeonatos já foram paralisados no dia seguinte. O basquete universitário americano não apenas parou, como também cancelou a temporada corrente. Com a conclusão acontecendo no próprio mês de março, com uma sazonalidade diferente - alguns atletas acabam não retornando para as universidades, optando por se profissionalizarem - não haveria motivo para uma suspensão. No Brasil, a reação não foi imediata. No dia 12, tanto a Liga de Basquete Feminino (LBF) quanto o Novo Basquete Brasil (NBB) anunciaram a continuação do calendário com jogos sem público. A LBF, no entanto, oficializou a suspensão da recém-iniciada temporada - com apenas três jogos realizados - no dia seguinte, sexta-feira (13). O NBB prosseguiu, com cinco partidas sendo disputadas entre quinta(12) e domingo(15), quando a liga finalmente optou por paralisar as atividades.

O clima nas partidas que aconteceram sem a presença do público não poderia ser definido por outra palavra. Vazio. O Corinthians, que recebeu o Minas no sábado (14), nunca havia sequer jogado uma partida sem público por qualquer outro motivo, seja punição ou recomendações de segurança. Segundo o coordenador do basquete do clube, Antônio Ribeiro, a prioridade era seguir as normais globais de prevenção à disseminação do novo coronavírus. A imprensa foi instruída a não comparecer ao jogo. As habituais medidas para se evitar infecções comuns, como orientar atletas a não dividirem copos e garrafas, foram acompanhadas por novas determinações. Nada de cumprimentos de mãos. Cada atleta usou uma toalha individual, ao contrário do que costuma acontecer. 

Poucas coisas pareciam normais.

"Os protocolos de apresentação das equipes através do sistema de som foram mantidos. Mas no total, tivemos apenas 35 pessoas na Arena, sem contar os atletas. Desde sábado(14), estamos parados", conta Ribeiro.

A excepcionalidade da situação, é claro, não passou despercebida pelos atletas. Gui Deodato, ala do Minas, viu o ginásio Wlamir Marques por um outro prisma.

"Foi realmente bem esquisito, ainda mais por ser contra uma equipe que tem uma torcida de respeito. Obviamente, antes do jogo, todos ficamos apreensivos pela exposição e depois houve a preocupação se ficaríamos bem. Mas eu particularmente consegui focar no jogo", diz.

Concentrar-se foi um dos principais desafios para os jogadores, que são ao mesmo tempo os personagens do espetáculo e os mais vulneráveis em um esporte de tanto contato físico, com os adversários e com os fãs. Representante dos jogadores, o experiente armador Nezinho, de 39 anos, que defende o Brasília, esteve em constante comunicação com os colegas nos quatro dias em que o mundo parou, mas o NBB não.

"A maioria dos jogadores conversa o tempo todo. Havia quase uma unanimidade total de que o certo era a paralisação, até por causa das viagens que fazemos", relata.

A própria equipe de Nezinho esteve próxima de adotar uma medida drástica. O Brasília quase não jogou contra o Pinheiros, também no sábado (14).

"Tivemos uma reunião entre os atletas na quinta-feira(12) e chegamos a decidir que não iríamos viajar no dia seguinte. Depois conversamos novamente na sexta(13). Tanto a diretoria quanto os patrocinadores nos deram a liberdade para fazer o que nós achássemos conveniente. Acabamos viajando na manhã do jogo. Foi muito difícil, até a hora da partida. Também foi muito estranho ver tanta gente de máscara no aeroporto. Fomos jogar um pouco receosos, mas conseguimos", diz. O Brasília acabou sendo derrotado por 35 pontos de diferença.

Nezinho foi parte integral da reunião que acabou por decretar a suspensão do NBB na segunda-feira (16). Uma nova reunião no dia 26 vai apontar as próximas diretrizes. Assim como a última, deve acontecer por videoconferência, o que possibilita uma participação de representantes de equipes de outros estados de forma segura. 

Um deles é Diego Gadelha, diretor do Unifacisa, de Campina Grande, na Paraíba. Diego é médico e foi um dos defensores da ideia de, desde o início, suspender não somente os jogos, mas também os treinos. A equipe acatou a decisão primária e inclusive foi mandante do último jogo antes da paralisação do campeonato, uma derrota por 106 a 103 para o São Paulo, no domingo (15).

"Até tentamos fazer algo inovador, colocando vídeos da torcida no telão para tentar substituir o incentivo da presença física. Mas não dá para negar. Foi uma experiência bem triste. Um grande jogo, talvez o melhor da temporada, sem público", lamenta.

Ao redor do planeta, diversas ligas acreditam que a suspensão por 15 ou 30 dias pode ser suficiente, mas Diego oferece uma visão mais realista.

"Eu sou médico, então vou sempre atender a população. Mas se não fosse, estaria no meu canto, só saindo para comprar comida.

Muito provavelmente esses 15 dias serão prorrogados. Até pela proliferação natural do vírus, a tendência é que daqui a duas semanas a situação esteja pior. Precisamos realmente adotar uma política séria de restrição em termos de isolamento, para evitar que se repita o que aconteceu na Itália", opina.

Austrália foi a última das grandes ligas a parar

Com esse panorama, os atletas no Brasil agora se encontram na mesma etapa que Raulzinho nos Estados Unidos: procurando maneiras de não perder a forma. Com as recomendações de governos estaduais para o fechamento de academias, resta apenas o espaço de casa.

"Tenho feito minha corrida, dentro de casa também. Tenho equipamentos para musculação, mas a gente precisa da quadra. Em breve vou começar a sentir falta", acredita Nezinho.

Alguns dos últimos a alcançarem esse estágio serão os atletas que atuam na NBL (National Basketball League), a liga australiana. Inexplicavelmente, a liga manteve a disputa da grande final entre Sydney Kings e Perth Wildcats - com o brasileiro Didi na disputa com o Kings. Os jogos 2 e 3 da série melhor de cinco foram disputados em arenas vazias, num desfecho insólito para a competição. O mandatário da NBL, Larry Kestelman, chegou a declarar que, em caso de algum atleta ou membro do staff testar positivo para o novo coronavírus, a série seria suspensa. 

Felizmente, não foi preciso acontecer isso para uma tomada de consciência. Nesta terça (17), a final foi suspensa, com o Wilcats liderando por 2 a 1.

Em breve, os jogadores das duas equipes vão descobrir o que o resto do mundo já concluiu: parar é ruim, mas correr riscos é muito pior.

Da Agência Brasil


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quarta-feira, 18 de março de 2020

VIVI PARA CONTAR - UMA LONGA VIDA DE ALMOR AOS MUSEUS



Lygia Martins Costa narra em depoimento sua luta pela valorização do patrimônio histórico e artístico nacional

“Fui a primeira mulher museóloga a trabalhar no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Entrei no Iphan no começo da década de 1950, a convite do doutor Rodrigo Melo Franco, que foi o fundador do órgão. Naquela época, servir ao patrimônio despertava admiração de toda a sociedade. Agora fico sabendo que o Iphan está sem diretor? (A entidade está sem direção desde dezembro de 2019.) Por quê? Imagina... que horror, ficar três meses sem chefia. Um órgão que foi tão importante. Coitados.

Minha relação com arte e cultura vem desde criança. Ainda pequena, me encantei pelos estudos e tinha paixão por museus. Eu nasci em 13 de dezembro de 1914 em Pinheiral, no interior do estado do Rio de Janeiro. Meu pai era engenheiro da Estrada de Ferro Central do Brasil (ferrovia que ligava as então províncias do Rio, São Paulo e Minas Gerais). Eu tinha uns 4 anos quando ele foi transferido e viemos morar na então capital.

No fim da década de 1930 entrei para o curso de museologia no Museu Histórico Nacional. No início meu pai era contra. Dizia: “Filha minha não vai trabalhar”. Imagina, ele era “das antigas” mesmo. Depois, quando abriu um concurso para os quadros técnicos de conservador do Museu Nacional de Belas Artes, eu quis participar. E lutei pelo direito de trabalhar.

Comecei e passei minha carreira como museóloga. Participei da equipe que implantou efetivamente o Belas Artes, organizando sua documentação, conservação e suas exposições. Mergulhei na dedicação aos museus do campo das artes, sempre atuando no estudo e divulgação das obras, que é nossa missão.

Foi quando comecei também a montar pesquisas sobre a história da arte colonial, do século XIX. Na época se sistematizava pela primeira vez a produção artística nacional, estava tudo para ser estudado ainda. Também fiz curadorias de importantes exposições da época, como a do centenário do pintor Pedro Américo.

E um tempo depois veio mais um choque para papai. O ministério determinou que com uma bolsa eu iria estudar museologia e me aprofundar em história da arte nos Estados Unidos. Você imagina, em plena década de 1940, uma mulher estudar e trabalhar sozinha fora do país? Foi um escândalo para minha família deixar. Todo mundo ficou admiradíssimo quando papai concordou com minha viagem para os Estados Unidos — e sozinha! Num país de língua estrangeira, de hábitos diferentes, tudo diferente. E na época não havia a comunicação que temos hoje.

Como o trabalho com patrimônio artístico era algo que entusiasmava muito as pessoas, consegui convencer a todos. Embarquei para os Estados Unidos, onde fiquei um ano e meio e fiz o curso superior de história da arte crítica no instituto de artes da Universidade de Nova York.

Retornei com ainda mais conhecimentos acumulados de museologia e história da arte e, pouco tempo depois, entrei diretamente para o trabalho com preservação do patrimônio cultural brasileiro no Iphan. Trabalhei primeiro no escritório do doutor Rodrigo Melo Franco. Ainda tive contato com vários notáveis da época, pois todo mundo queria falar com o doutor Rodrigo. Ele era o maior nome no ramo na época. Isso despertava em todos que trabalhavam com ele um amor pelo trabalho. Um diretor, quando é respeitado, faz com que toda a carreira e todos servidores sejam respeitados.

Quando cheguei, eu era muito nova, e tudo era inédito lá para mim, não só as pessoas, como toda a estrutura do órgão. A parte de museologia tinha sido criada havia pouco tempo. Não tinha “nada, nada, nada” de estrutura. Atuei na seção de arte ligada aos estudos e tombamentos, que era comandada pelo Lúcio Costa, um dos responsáveis pela concepção de Brasília. Depois, virei consultora dos museus administrados pelo Iphan.

E segui me dedicando à arte colonial, que é a parte mais antiga de nossa arte. Foi assim que mergulhei no estudo de Aleijadinho. Ainda não se sabia quase nada sobre sua obra, e com esse serviço pudemos dar a dimensão de sua importância. Estabeleci pela primeira vez um sentido no desenvolvimento de suas fases artísticas.

O Iphan era tido como o órgão de cultura mais importante do Brasil. Era visto como prioridade pelo Ministério da Educação. Aliás, em toda a minha carreira, servir ao patrimônio histórico esteve em boa conta, independentemente de governo. Trabalhei tantos anos com isso (Lygia Martins Costa se aposentou em 1985 e seguiu publicando artigos até 1996) que acompanhei toda a consolidação do órgão como centro de excelência com reconhecimento internacional. Nos anos 1980, idealizei e organizei o Museu da Abolição, no Recife, pondo em prática minha própria concepção museológica. O museu contextualiza a escravidão e a abolição, destacando a contribuição da cultura negra para o Brasil. Com 20 anos de Iphan, virei a diretora da Divisão de Estudos e Tombamentos, a mesma que havia sido chefiada por Lúcio Costa, que foi o ponto alto de minha carreira.

O Patrimônio Histórico e Artístico Nacional é um resumo de tudo que o país fez. É uma luta de muitos profissionais técnicos para preservar, explicar e mostrar como toda a evolução da arte brasileira se deu. O que há de melhor em nossa cultura é o Patrimônio quem cuida e preserva. O que há de mais antigo e mais importante é de responsabilidade do Iphan. Não me casei e não tenho nenhum filho. Sou casada com a arte. Mas tenho uma “sobrinhada”: 20 sobrinhos de que eu gosto muito. E assim foi, cá estou hoje com 105 anos. A saúde, graças a Deus, vai bem. Não tenho complicação alguma. Gosto de ler, saber se há alguma notícia do Patrimônio, como é que as coisas estão. E tomo meu chopinho. Com 105 anos, ainda se está muito vivo. Se o chope é o segredo? Quem sabe?


Lygia Martins Costa, em depoimento a Jan Niklas, na Revista Época






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terça-feira, 17 de março de 2020

SUSTENTABILIDADE - O fim da era do plástico



Comportamento sustentável põe em xeque o futuro dos produtos feitos de derivados do petróleo e levam as empresas a buscar alternativas

A cada minuto cravado no relógio, há menos tempo para salvar o planeta. Todos os anos, 8 milhões de toneladas de plástico produzido com derivados do petróleo vão parar nos oceanos mundo afora. Quando não se deposita no fundo do mar em sua forma original, tal material se degenera em uma infinidade de partículas de microplásticos que põem em risco o hábitat dos animais marinhos. Diante do problema, projetos de lei municipais contra o uso de sacolas, canudos e copos plásticos tramitam em assembleias legislativas no Brasil. A tendência inexorável mobilizou grandes companhias, startups e a sociedade, o que fez surgir um novo mercado. Hoje, já se pode dizer que é possível substituir o plástico de uso único (ou descartável) por alternativas mais sustentáveis. Há embalagens e canudos biodegradáveis à base de fécula de mandioca, cera de carnaúba, bambu, sêmola de trigo, amido de milho e até macarrão - alguns chegam ao ponto de ser comestíveis.

O aumento da demanda de consumidores empenhados em contribuir para um futuro mais sustentável ganhou campo na internet. Diversas campanhas foram criadas para chamar a atenção de produtores e varejistas. Não deu outra. Grandes multinacionais decidiram jogar esse jogo. Nestlé, Starbucks, McDonald's, Burger King, Unilever e Procter & Gamble, entre outras, resolveram trocar seus itens plásticos por embalagens e canudos biodegradáveis. O movimento, porém, está forçando a indústria do plástico descartável a uma reinvenção.

A solução encontrada pelas companhias vai além da escolha automática dos biodegradáveis. Também se leva em consideração a economia circular. Um exemplo é a cervejaria Ambev, que está prestes a pôr nas gôndolas dos supermercados sua água mineral, a Ama, em lata de alumínio. A estratégia, segundo a empresa, é aproveitar a capacidade de reciclagem infinita do recipiente. Os foliões que frequentaram o Carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo puderam ter acesso ao produto em latinha por meio de amostras grátis. A companhia admite que os custos com o enlatado são mais altos, mas afirma que a diferença de valor não será repassada ao cliente. Hoje, uma garrafa de plástico de 500 mililitros de água da marca Ama custa cerca de 2 reais. Os mesmos argumentos foram usados por uma de suas concorrentes, a Minalba, que, apesar de ter anunciado posteriormente que venderia sua água mineral em lata - o lançamento estava sendo ensaiado desde outubro de 2019 -, já está com as latinhas em mercados da capital fluminense.

Pela facilidade de reciclagem e pela maior disponibilidade de matérias­-primas, latas de alumínio e garrafas de vidro têm ganhado espaço com o plástico na berlinda. De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio e a Associação Brasileira do Alumínio, o índice de reciclagem de latinhas é 97%. Isso significa que, das 303?900 toneladas de latas à venda, 295?800 toneladas são reutilizadas. Por outro lado, o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo, com 11,3 milhões de toneladas, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Índia.

Quem tem tirado vantagem dessa transformação no hábito do consumidor é a multinacional Owens-Illinois, fornecedora de embalagens de vidro para conglomerados de bebidas. Com faturamento anual de aproximadamente 3 bilhões de reais no Brasil, a indústria tem visto a demanda crescer. "É uma volta às origens. Antigamente, todas as bebidas eram embaladas em vidro. Hoje, além dessa tendência, temos ganhado clientes com a chamada "premiunização" dos produtos e com a disseminação dos orgânicos", explica Hugo Ladeira, CEO da companhia. A petroquímica Braskem, uma das maiores fabricantes de plástico no país, decidiu investir em um sistema que recicla copos de polipropileno em seu escritório, em São Paulo. O projeto cresceu e hoje conta com trinta empresas participantes.

Apesar do modelo de inovação no Brasil, a produção de plásticos recuou apenas 1,6% em 2019. Segundo José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, a troca da matéria-prima por opções sustentáveis não preocupa o setor. "Os plásticos descartáveis são apenas 4% da produção. O caminho é investir em uma economia circular eficiente", afirma. Entretanto, se depender do consumidor mais militante, a substituição definitiva será um caminho sem volta.

Por Felipe Mendes, na Revista Veja






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