sábado, 19 de novembro de 2016

Bélgica recruta 'ciberpatrulheiros' para lutar contra ódio nas redes sociais


A Bélgica recrutou 31 jovens "ciberpatrulheiros" com idades entre 18 e 35 anos para lutar contra a intimidação e perseguição na internet, como parte de um programa europeu de combate à discriminação e radicalização nas redes sociais.
"Os jovens enfrentam cada vez mais na internet discursos de ódio. Não apenas racistas, mas também sexistas e discriminatórios", lamenta Isabelle Simonis, ministra belga da Promoção Social, Juventude, Direitos das Mulheres e Igualdade de Oportunidades, que coordena o projeto.
"Acreditamos que é aqui que começa um certo grau de radicalização", explica à AFP, ao destacar que este é sobretudo um "trabalho de prevenção".
O objetivo é formar jovens ativos para que atuem diretamente na rede quando detectarem discursos de incitação ao ódio. O projeto é apoiado pelo Conselho da Europa.
A Bélgica é um país especialmente sensível à questão depois dos atentados de 22 de março em Bruxelas, nos quais morreram 32 pessoas, e pelo fato de a capital belga ter servido de base para o planejamento dos ataques em Paris em novembro de 2015.
O ódio nas redes sociais é um problema global, como demonstram as mensagens publicadas após o Brexit ou a vitória de Donald Trump nas eleições americanas.
Florian Vincent, 19 anos, é um dos "patrulheiros virtuais" belgas.
"Não temos uma estratégia, não somos funcionários, não é um trabalho fixo", conta.
"Mas se durante a navegação pela internet encontramos palavras de ódio, estamos formados e tentamos responder", explica.
Vincent afirma que o trabalho consiste em "aplacar os ânimos e tentar explicar a verdade, a uma pessoa comum que publica algo no Facebook, mas também a um político ou uma pessoa conhecida".
De acordo com o Unia, organismo independente de luta contra a discriminação com sede em Bruxelas, dos 365 casos de estímulo ao ódio registrados na Bélgica no ano passado, 92% vieram da internet e 126 aconteceram no Facebook e Twitter.
Apesar das ameaças on-line cada vez mais numerosas e mais graves, a ministra Isabelle Simonis diz que o programa não pretende criar uma polícia na internet e sim "reforçar a cidadania dos jovens".
O governo belga quer ampliar o projeto aos menores de 18 anos, mas neste caso os "ciberpatrulheiros" teriam que atuar sob a supervisão de um adulto.
Florian Vincent acredita que as escolas também deveriam dar este tipo de formação para desmitificar o a perseguição na internet.
"Não se deve considerar piada tudo que é escrito na internet", conclui.

Por Catherine Bennett, AFP
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