quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Sobre cegueiras e oportunidades



Como a pequenina aluna, apenas seis anos de idade, não conseguiu responder à questão formulada, o professor cerrou os dentes, resmungou alguns impropérios, deu à face amedrontadora um ar ainda mais severo e, resolutamente, disparou em direção à estudante para, com um alfinete pontiagudo, perfurar um dos olhos vívidos da inocente criança, cegando-a irremediavelmente.

A cena típica de um filme de terror ocorreu no Estado de Chhattisgarh, centro da Índia, o país que somado ao Brasil, China e Rússia, integra os BRIC’s, os quatro gigantes que, conforme previsão dos mais renomados estudiosos, emergirão como as grandes potências nas décadas vindouras.

Brasil e Índia apresentam muitas características em comum, muitas delas decorrentes de seus injustos sistemas de distribuição de renda.

A Índia tem a segunda maior população do planeta, com mais de um bilhão de habitantes, quantidade só inferior à da China.

Como o Brasil, o país asiático nas últimas décadas alcançou grandes progressos econômicos. Domina todo o ciclo da fissão nuclear acreditando-se que possua em seus arsenais militares mais de 50 bombas atômicas. Também nos setores vinculados à tecnologia de informação, o país de Gandhi tornou-se referência mundial, destacando-se na produção e exportação de software.

E também como o Brasil, a Índia ostenta elevados indicadores de analfabetismo e grandes contingentes populacionais embrutecidos pela pobreza, miséria e indigência. Mas a mais destacada e perversa característica que ambos historicamente têm mantido em comum, talvez seja a corrupção endêmica, parasitando e devorando os Estados soberanos, vampirizando suas forças sociais e, qual chaga incurável, avassalando as almas nacionais.

Uma corrupção descomunal, hedionda, nauseabunda, e que resulta do gigantismo de burocracias criadas e mantidas para alimentar - em seus infinitos escaninhos, arquivos e labirintos, com uma infinidade de fluxos, normas e rotinas – ratazanas, vampiros e a malta da malandragem de colarinho branco.

A educação de qualidade possibilita avanços que surpreendem. A criação do CTA/ITA, o Centro e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, de onde surgiu a Embraer possibilitou que o Brasil se consolidasse na posição de um dos maiores exportadores de aviões a jato, despachando-os, inclusive, para os Estados Unidos, a maior potência aeroespacial do planeta. À índia, educação de qualidade legou o domínio da indústria da energia nuclear e o posto de maior exportados de softwares do mundo.

Portanto, acertamos juntos quando priorizamos investimentos em setores estratégicos como educação e tecnologia. E erramos juntos quando damos guarida à corrupção desenfreada e lidamos com a renda nacional de modo estúpido e improdutivo.

Mas, tanto aqui no continente sul-americano, como lá, no asiático, investimentos em educação de qualidade estão mais para exceção que para regra. Aqui como lá, muitos educadores – confrontados com a inocente ignorância infantil e juvenil – preferem responder criminosamente. Cegando as crianças simplesmente, decepando parte do dedo, ou obstruindo suas melhores possibilidades.

A metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e a tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo são criações originais de Antônio Carlos dos Santos



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