segunda-feira, 6 de junho de 2022

Sob controle do Centrão, fundo da Educação se torna foco de problemas


Em novo escândalo, CGU detectou sobrepreço de R$ 1, 59 bi em licitação para compra de móveis escolares

 

Sai ministro, entra ministro, e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), controlado pelo Centrão, não se emenda. O escândalo mais recente é a tentativa de comprar dez milhões de mesas e cadeiras escolares. Como mostrou reportagem do GLOBO, um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou sobrepreço de R$ 1,59 bilhão nos valores, além de quantidade injustificável de mobília, quase o dobro da comprada no último pregão, em 2017.

O preço médio das propostas apresentadas pelas empresas estava 165% acima do registrado no sistema de compras do governo e 41% mais alto que os pesquisados na internet. A quantidade desprezava as regras do FNDE, que recomendam atrelar a demanda ao número de matrículas. A licitação foi revista após a blitz da CGU. Só com aredução do volume, obteve-se economia de 52%, segundo o relatório. Por enquanto, a compra está suspensa.

Orçada inicialmente em R$ 6,3 bilhões, a licitação de mesas e cadeiras chamou a atenção da CGU não apenas pelas quantidades e preços exorbitantes. Os auditores estranharam também a própria forma da licitação. O FNDE recebeu apenas oito propostas, número considerado insuficiente diante dos valores envolvidos. Uma das empresas interessadas, cuja sede ficava em condomínio residencial do Paraná, não tinha funcionários. Uma sócia da firma é filha de um empresário que também disputava a concorrência, artifício conhecido para aumentar o preço médio da oferta das firmas.

Presidido por Marcelo Ponte, indicado pelo Centrão, o FNDE tem sido sacudido por denúncias de corrupção e tráfico de influência. Ainda está mal explicada a história dos pastores lobis-tas, sem vínculo com o MEC, acusados de cobrar propina até em barras de ouro para liberar verbas a prefeituras. O escândalo contribuiu para derrubar o ministro Milton Ribeiro, sucedido por Victor Godoy, quinto na atual gestão.

Em abril, o TCU mandou suspender a licitação para compra de 3.850 ônibus escolares por suspeita de superfaturamento. De início, o fundo pretendia pagar R$ 480 mil por um veículo que, no mercado, custava no máximo R$ 270 mil. Em 2019, numa licitação do FNDE para comprar computadores, a CGU descobriu que somente uma escola em Minas Gerais recebería 30 mil laptops, 117 para cada aluno.

O presidente Jair Bolsonaro vive apregoando que em seu governo não há corrupção, enquanto a pilha de denúncias se avoluma. Ele costuma alegar que esses problemas foram detectados por órgãos do governo e que os valores não foram pagos. Mas isso não ameniza o descalabro no MEC, nem as tentativas de desviar dinheiro público, felizmente barradas pelos órgãos de controle. Não se pode ignorar que as distorções atrasam licitações e prejudicam os alunos, que ficam mais tempo sem computadores, transporte e itens básicos como carteiras escolares. Para não falar nas prefeituras, que precisam recorrer a pastores lobistas para obter os recursos aque têm direito. E o que dá envolver as verbas do MEC nas trocas de favores com o Centrão.

Jornal O Globo  



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