quinta-feira, 10 de março de 2016

"Permitas que escute a tua voz, e te direi quem és"

"Permitas que escute a tua voz, e te direi quem és"
Rodoux Faugh



A voz humana apresenta uma variedade de característica e entonações de impressionar.

O som produzido pelo ser humano pode se desdobrar de ruídos e tinidos a timbres que remetem às mais belas e inusitadas melodias. No interim, o choro e o grito, o riso e a gargalhada, o murmúrio e o brado, o burburinho e o bramido, a simples fala e o complexo cântico.

Essa amplitude é que permite à voz expressar, também, as emoções e sentimentos humanos.  Sem que se veja o interlocutor - somente pela voz - é possível avaliar se a pessoa está feliz ou triste, se expressa surpresa ou manifesta indiferença, se exprime amor ou rancor.

Com a voz podemos cuidar da comunicação oral, interagindo e compartilhando informações físicas e culturais; mas podemos também lidar com a magia do canto e suas implicações acústicas. Com a voz instrumentalizamos as pessoas para que exerçam suas atividades profissionais.

É neste contexto que este livro se insere. Destina-se a atores, cantores, professores e trabalhadores que atuam nos meios de comunicação oral e na área de telemarketing, é certo. Mas também   orienta-se para as pessoas comuns porque a emissão vocal integra uma das facetas de nossa identidade.

Cada pessoa tem suas características individuais: as digitais, o genótipo, os atributos pessoais; as propriedades físicas, psicológicas e sócio-culturais... e as singularidades da voz. 

Por isso esta obra não se destina exclusivamente aos profissionais da voz, mas também a tantos quantos desejem aprimorar a emissão vocal.

Vamos empreender uma jornada de modo que possamos compreender a engenhosa linha de produção da voz. Como se origina? Do que depende? Do que se constitui? O que a enfraquece e o que a fortalece? É possível ‘educá-la’ ou este importante insumo humano já nasce ‘pronto e acabado’? São questões sobre as quais nos debruçaremos.

Daí a parte inicial onde é apresentado o referencial teórico, o substrato de onde emergirá um conjunto de exercícios capazes de tornar os leitores senhores de suas vozes.

São mais de 200 exercícios. Praticados cotidianamente, com natural habitualidade, permitirão elevar a performance da voz, alcançando o máximo desempenho. 

O falar é uma dádiva da respiração.

O ar e a respiração estão para a fala assim como o ronco do motor da Harley está para o combustível.

Naturalmente, não é tão simples assim. 

A ‘linha de montagem’ que, ao término do processo, produzirá a voz humana, grosso modo, pode ser dividida em três diferentes ‘setores fabris’:

· os reservatórios e distribuidores do ‘combustível’, os pulmões;
· os ‘instrumentos musicais’, as cordas vocais localizadas no interior da laringe, e 
· o ‘maquinário’ responsável para que o som seja processado, burilando-o: a boca com os lábios, língua, dentes, palato duro, véu palatar e mandíbula.
A função dos pulmões é gerar o fluxo de ar expelido pelo diafragma que fará vibrar as cordas vocais. Os músculos da laringe submeterão as cordas a diferentes tensões para caracterizar o volume e a tonalidade do som. Já os processadores se encarregam de uma multiplicidade de funções se destacando (i) a filtragem tanto do ar como do som emanados da laringe e (ii) a atuação como caixa de ressonância.

A linha de produção da voz humana é capaz de aumentar a duração e a intensidade do som. Por impulsões repetitivas de frequências convenientemente pré-definidas consegue produzir o mais eficiente instrumento de comunicação entre os seres humanos.

É na expiração que o som é produzido. Ao ser expelido, o ar – anteriormente inspirado – é conduzido às cordas vocais. Diferentes níveis de pressões musculares tencionam a região inferior das pregas vocais provocando a vibração.

A vibração das cordas vocais reverbera em diversas câmaras de ressonância para dar timbre à voz humana: nos pulmões, laringe, traqueia, garganta, boca cavidades ósseas e fossas nasais.

O ar, em movimento de saída, vai sofrendo modificações e, na erupção pela boca, gera a onda sonora que será percebida pelos ouvidos do interlocutor, interagindo a espécie. 

Mas para que a ‘unidade fabril’ produza o que dela se espera, e com a qualidade desejada - além de músculos, ligamentos e ossos - três diferentes sistemas do corpo humano devem atuar conjunta e harmoniosamente:

· nervoso;
· respiratório; e
· digestivo.
Observe, então, caro leitor, que esses três sistemas devem ser preservados e fortalecidos de modo que a emissão vocal atenda as nossas necessidades.

Neste livro apresentamos noções básicas para melhor conhecê-los, além de um conjunto de exercícios para revitalizá-los. O objetivo é conseguir a boa emissão, a emissão saudável, tecnicamente denominada eufonia.

Quando algum dos ‘sistemas fabris’ - nervoso, respiratório e digestivo - não está funcionando a contento, quando na linha de produção da fala ocorre alguma disfunção, dizemos que a voz adoeceu, a disfonia.

Temos que nos manter distantes da disfonia que, enfatize-se, não é causa dos problemas da voz e sim consequência. Portanto, como muitos imaginam, a disfonia não é uma patologia e sim um sintoma, uma indicação de que algo, na ‘linha de produção’, não vai bem.

Nos casos de problemas mais complexos – como a afonia, a incapacidade de produzir a voz - devemos recorrer aos especialistas, profissionais habilitados para o devido tratamento: fonoaudiólogo, otorrinolaringologista e laringologista.
O desafio está lançado.


É para esta nobre contenda que convidamos o leitor, para comungar dessa travessia, participar dessa jornada única: conhecer a própria voz e dominar as condições para sua sustentabilidade.

Para saber mais, clique aqui.