quinta-feira, 31 de março de 2016

Autora paranaense leva a arte literária a pequenas cidades




"A literatura é para mim como um grande espelho. Nele me revejo através dos personagens. E de história em história vou me construindo”.

É também de história em história que a escritora paranaense, Cléo Busatto, constrói a paixão pela literatura em crianças e adolescentes. Em turnê por 19 cidades da Microrregião Metropolitana de Curitiba, com o projeto ‘Histórias da Cléo PR1’, a autora atravessa as fronteiras das Bienais, Feiras e Jornadas e vai ao encontro dos leitores, em regiões aonde o acesso a arte literária é quase inexistente.

De março a julho o projeto ‘Histórias da Cléo PR1’ deve promover mais de 77 ações em dois atos: intervenção artística literária para crianças de 6 a 11 anos e oficina de formação de contadores de história.

As atividades são promovidas pelo Ministério da Cultura com o patrocínio da Copel, a partir da seleção do projeto no programa Circula Paraná, da Secretaria de Estado da Cultura.

Autora de mais de 20 obras, entre literatura para crianças, teóricos sobre oralidade e CD-ROMs, Cléo Busatto, conta que no espetáculo ‘Histórias da Cléo’ a obra literária é apresentada de forma performática. “Conto a história por meio da atuação e com a participação das crianças”. A construção do trabalho é uma releitura de algumas obras da autora através de várias linguagens, como a narração oral, o canto e a leitura em voz alta. “O objetivo é estimular o acesso ao livro literário, com ações que valorizam a leitura, no intuito de promover a cidadania e a inclusão cultural”, enfatiza.

O projeto, dividido em duas etapas, prioriza cidades com menos de 20 mil habitantes. “Cada município foi escolhido pensando na ampliação do acesso a literatura. Quero levar a contação de história para crianças que provavelmente não tem acesso a este tipo de projeto e a espaços de incentivo à leitura”, explica ao lembrar que todas as ações são gratuitas.

Oficina de Formação
No segundo momento, os agentes de leitura dos 19 municípios por onde o projeto deverá passar, serão convidados a participar de uma oficina de formação de contadores de histórias intitulada ‘Contar e Encantar, Pequenos Segredos da Narrativa’. “Serão realizadas duas oficinas para o público prioritário de bibliotecários e agentes de leitura das Bibliotecas cidadãs, das bibliotecas escolares e mediadores de leitura da comunidade, a fim de capacitá-los como mediadores de leitura e torná-los aptos a desenvolver ações de fomento à leitura junto ao público da sua cidade”, salienta Cléo.

Cidades participantes
Na Microrregião Geográfica Cerro Azul serão atendidos os municípios de Adrianópolis, Cerro Azul, Doutor Ulysses e Porto Amazonas. Na Microrregião Geográfica Curitiba os municípios Campo Magro, Bocaiúva do Sul, Contenda, Mandirituba, Quatro Barras e Tunas do Paraná. Na Microrregião Geográfica Paranaguá o projeto deve passar por Antonina, Guaraqueçaba, Morretese Pontal do Paraná. Já na Microrregião Geográfica Rio Negro serão atendidos os municípios Agudos do Sul, Campo do Tenente, Piên, Quitandinha e Tijucas do Sul.
Sobre Cléo Busatto

Cléo Busatto iniciou seu caso de amor com as palavras aos quatro anos e não parou mais. Lançou seu primeiro livro em 2002 e é uma contadora de histórias, tendo sido ouvida por mais de 100 mil pessoas, no Brasil e no exterior. Convocou sua menina interior e escreveu vários livros, depois convocou sua adolescente e escreveu A fofa do terceiro andar. Suas obras fazem parte de programas de leitura e catálogos internacionais, como o da Feira do Livro Infantil de Bolonha. Colaboradora de jornais e revistas, além de escrever, Cléo gosta de gatos e de viajar. Suas experiências pelo mundo a fora inspiram novas histórias, que ela tem prazer em oferecer ao leitor.


Do Blog do Galeno

quarta-feira, 30 de março de 2016

Zumbi dos Palmares



“Em Gravatá, número 44, se vendem dois negrinhos muito bonitos e sem defeitos, a fêmea com 10 anos e o macho com 9”.
Anúncio publicado no Jornal da Bahia do dia 09 de abril de 1858.



Zumbi
Deus da guerra
Fantasma imortal
Morto vivo
Guerreiro forjado no caldo denso da valentia e da coragem
Palma da mão, palma do coração, palmeiras, Palmares
Santa terra sagrada a demolir o que se faz opressão
Terra, monte, morro, serra
Serra da Barriga... ei-la... bela e majestosa se insinuando dentre a neblina, qual quilha abrindo uma fresta no céu
Ornamento que Deus esculpiu para dar guarida aos sonhos da pátria liberta
Morro dos Macacos
Quilombo
Quilombo dos Palmares
Qual teia que reúne peixes, uma rede de povoados... quatorze
Quantos quilômetros quadrados de vida cheia de luz, mulher? 27 mil
E anjos libertos, brasileiros que se fizeram livres, negros forjados na fornalha da luta mais justa e sagrada, quantos são? 20 mil
Centenário, um século de paraíso, cem anos na serra idílica
Resistindo uma, duas, quinze vezes
Até que o demônio se fez Domingos Jorge Velho
Para laçar e acorrentar os sonhos
Para laçar e humilhar as vidas
Para laçar e eliminar Palmares
Quiseram edificar um pântano sombrio onde vicejava plena e intensa vida
Mas qual?! para desespero dos que cultuam a morte e enamoram as trevas
Zumbi e Palmares cintilam na alma de cada brasileiro que nasce
E assim será para todo o sempre
Amém.

"Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares."

Caetano de Melo e Castro, governador de Pernambuco, em carta enviada ao Rei.




O Quilombo dos Palmares

Para os negros do período da escravidão não havia muitas opções. Ou trabalhavam tendo o pelourinho sempre ao alcance da vista, ou embrenhavam-se nas matas, procurando os lugares mais ermos e inóspitos, onde o capitão-do-mato não pudesse alcançar.

No ano de 1597, 40 escravos de um engenho localizado em Pernambuco escolheram a segunda opção e caíram na mata densa em busca da liberdade. Romperam os grilhões e resgataram o domínio sobre suas vidas, sobre suas vontades. E fundaram um minúsculo povoado que denominaram Quilombo dos Palmares.

De boca em boca, a boa nova ganhou o mundo. De todos os engenhos, de todos os rincões, acorriam negros e a fama do lugar começou a se espalhar, tomar corpo, ganhar distantes regiões. O pequeno lugarejo foi crescendo, crescendo e logo se tornou uma grande cidade, a maior comunidade de negros fugitivos das Américas.

Todos os que sonhavam com uma vida liberta, longe do açoite e das vergastas miravam o objetivo de fugir para a nova terra-santa, a pequena mãe África encravada no sertão do Brasil, batizada Quilombo dos Palmares.

E não eram somente negros escravos que para lá fugiam. Também os índios e brancos foragidos acorriam em massa para o quilombo, formando os mocambos que se estruturavam como vilas urbanas.


Mocambo – refúgio, geralmente em mata, de escravos foragidos; quilombo.

Quilombo – local escondido, geralmente na mata, onde se abrigavam escravos fugidos. Povoação fortificada de negros fugidos do cativeiro, dotada de divisões e organização interna¹.



Como o Quilombo ganhava enorme dimensão, impôs-se a necessidade de estabelecer mecanismos de organização política e social. Para isto escolheram na Serra da Barriga – antiga capitania de Pernambuco – o mocambo do macaco, e lá estabeleceram a sede administrativa do povo quilombola.

Para comandar esta cidade que emergia em plena mata fechada, cingida de sonhos libertários, cidadania e esperança, escolheram um negro chamado Ganga Zumba (aqui) que acabou se constituindo no primeiro rei do Quilombo dos Palmares.

Com a morte do rei negro – ocorrida em 1680 – o governador passa a assediar Zumbi, tentando firmar novo acordo e paz. Mas Zumbi segue em frente, organizando o Quilombo e ignorando as tentativas da coroa.

Já na gestão do governo de João de Souza uma nova proposta – composta de 17 artigos - é elaborada. Um dos artigos assegurava que “... seriam considerados livres todos os negros e mulatos (...) que tivessem respeitado o acordo de 1678 e que não tinham se rebelado depois disso ...''. Mas esta proposta jamais chegou às mãos de Zumbi.

Nas expedições que a coroa portuguesa enviava para combater os quilombos, a palavra de ordem era promover o terror, o mais absoluto terror como estratégia para impedir novos levantes e fugas de escravos.

O Quilombo dos Palmares passou por diversas expedições de aniquilação. Em uma delas, poucos anos após a sua fundação, uma expedição bandeirante trucidou diversos quilombolas, inclusive degolando mulheres e crianças. Pouparam, contudo, um dos recém-nascidos entregando-o de presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife.



O menino Francisco

O padre batizou o menino com o nome de Francisco. E assumiu o papel de criar e educá-lo. Logo o pequeno Francisco aprendeu a ler e escrever, recebendo inclusive lições rudimentares de Latim. O padre Antônio Melo não se esquecia da educação religiosa e completados doze anos, fez do menino, o coroinha da igreja.

Toda aquela situação era observada com desconfiança pela população. É que o pároco se esmerava em educar o pequeno, tratando-o mais como um filho que como cativo.

Se por um lado Francisco aprendia com o pai adotivo noções de justiça e solidariedade, por outro, observava as agruras de seus irmãos de cor, permanentemente humilhados e tratados como seres inferiores, recebendo pior tratamento que o destinado aos animais domésticos.

Protegido pela peculiar situação pessoal, Francisco sofria com a cruel realidade, por demais injusta e trágica. Então, mal completou os quinze anos de idade, fugiu, se embrenhando na mata em busca de suas origens, da pequenina África, do quilombo que se fez Palmares.

Cerca de 132 quilômetros era a distância que separava a cidade do paraíso idílico. Foi a distância que Francisco teve de percorrer para chegar ao destino desejado, a Serra da Barriga.

O guerreiro

Na época, todos que lá chegavam recebiam um nome e uma família. Francisco foi batizado e recebeu o nome de Zumbi, deus da guerra, fantasma imortal.

A rigorosa educação recebida o colocava em situação privilegiada, dado a inteligência desenvolvida nas ininterruptas horas de estudos. Ao predicado juntou coragem e bravura, criando o caráter, a personalidade que o conduziu ao cargo de general de armas do quilombo, um cargo dos mais importantes na hierarquia militar, similar ao de Ministro da Defesa no Brasil atual.

Assim, quando o rei Ganga Zumba caiu morto, o posto foi naturalmente ocupado por Zumbi.

Sob o novo comando, Quilombo dos Palmares se constituiu numa rede de povoados com 27 mil quilômetros de extensão e 20 mil habitantes.

No ano de 1694 a expedição comandada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho foi fulminante, implacável. E a ilíada foi exterminada. Zumbi não teve alternativa senão fugir com um grupo de guerreiros para a Serra de Dois Irmãos.

Traído por um de seus principais comandantes, Antônio Soares, Zumbi foi capturado no dia 20 de novembro de 1695, para logo em seguida ser brutalmente torturado. Nos momentos derradeiros purgou todo o tipo de suplícios e humilhações. Decapitado, teve a cabeça salgada e pendurada na Praça do Carmo, em Recife, onde ficou exposta até a decomposição final.


(...)Nei Lopes registra que “em quimbundo, a raiz nzumb se liga à idéia de imortalidade (...)¹

E assim a história tem reconhecido a epopéia do rei libertário, do guerreiro negro. Sua saga heróica o tornou imortal, confirmando os bons fluídos e as premonições dos que o batizaram Zumbi, o brasileiro que ajudou a esculpir a alma nacional.


¹ HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2.004

Antônio Carlos dos Santos - criador da metodologia de planejamento estratégico Quasar K+, da tecnologia de produção de teatro popular de bonecos Mané Beiçudo, e da metodologia ThM-Theater Movement. 

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Livro 1. As 100 mais belas fábulas da humanidade 

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Livro 3. Lobisomem – O homem-lobo roqueiro  
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Livro 6. Iara, a mãe d’água 
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Livro 9. Romãozinho, o fogo fátuo 
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Livro 5. O galo e a raposa 
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terça-feira, 29 de março de 2016

Descoberta facilita leitura de segredos inscritos em papiros de quase 2 mil anos



Cientistas descobriram que tinta metálica foi usada para fazer inscrições em pergaminhos que são considerados uma maravilha da arqueologia.

A descoberta revela que a tinta metálica foi empregada pela primeira vez vários séculos antes do que se pensava.

Os pergaminhos de Herculano foram soterrados pela erupção do monte Vesúvio, na Itália, em 79 d.C., acabaram carbonizados e são, por isso, muito frágeis.

Durante séculos, esforços para ler seu conteúdo resultaram em danos ou destruição dos registros.

A tarefa de ler os papiros sobreviventes ficou com cientistas que usam tecnologia como a luz síncrotron, que produz raios-X 100 bilhões de vezes mais intensos do que o raio-X usado em hospitais.

No ano passado, físicos usaram a técnica de raio-X 3D para decifrar os escritos nos papiros.

Agora eles descobriram que os pergaminhos contêm altos níveis de chumbo - e afirmam que isso só poderia ter vindo do uso intencional da tinta.

"Encontramos metal - algum chumbo - na tinta, que supostamente só teria aparecido quatro séculos depois", disse Emmanuel Brun, do laboratório europeu de luz síncrotron, em Grenoble, na França.

"O senso comum é que os romanos introduziram metal na tinta no século 4."

Até agora, acreditava-se que a tinta usada nesses manuscritos era baseada em carbono.

Texto invisível

A pesquisa, publicada na revista científica americana Proceedings of the National Academy of Sciences, deverá ajudar investigações posteriores dos pergaminhos com uso de luz síncrotron.

"A descoberta é interessante pelos aspectos históricos mas também pela tecnologia de imagem para pergaminhos de papiro", disse Brun. "As diferentes etapas desse estudo da tinta permitirão aprimorar os próximos experimentos de leitura dos textos invisíveis dentro dos papiros."

A erupção do Vesúvio soterrou a cidade de Herculano e sua vizinha maior, Pompeia.

Um conjunto de cerca de 2 mil pergaminhos foi descoberto em uma de suas vilas no século 18, dos quais 600 continuam fechados.

A maioria deles são obras de filosofia em grego, mas outros incluem uma comédia em latim.

"Esses são achados surpreendentes que, se confirmados, ditarão a linha dos estudos futuros. Até agora nunca esperei ler qualquer um desses pergaminhos por dentro sem danificá-los. Mas agora espero poder fazê-lo", afirmou Dirk Obbink, professor de papirologia e literatura grega na Universidade de Oxford.

Da BBC




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segunda-feira, 28 de março de 2016

Extremismo: cultura neles!!!

Bairros de maioria muçulmana de Bruxelas apostam em cultura contra extremismo

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Marcia BizzotoImage copyrightMarcia Bizzoto
Image captionEm centro cultural de bairro mulçumano, o ator faz peça para "abrir o espírito" dos jovens locais
Os atentados terroristas de Paris e Bruxelas apresentaram ao mundo dois bairros de nomes estranhos, descritos como celeiros de terroristas, um tecido remendado no coração da capital belga.
A mais recente foi lançada pela administração local de Schaerbeek na quarta-feira, um dia depois dos ataques ao aeroporto e ao metrô, preparados nesse mesmo bairro, o segundo mais populoso da capital, onde 20% dos habitantes são marroquinos e turcos.
Chamada de 'Via', a organização sem fins lucrativos, subvencionada pelo governo regional, oferecerá aos estrangeiros um 'percurso de integração', com cursos de francês e orientação sobre questões da vida social, direitos e deveres na Bélgica.
Com uma antena no bairro vizinho de Molenbeek, onde 25,5% dos habitantes são marroquinos, 'Via' espera atender até 2 mil imigrantes ao ano.
Mas projetos como esse não foram motivados pela recente descoberta de redes terroristas nesses bairros.

Teatro

Na 'Maison des Cultures et de la Cohésion Sociale' de Molenbeek, o ator e diretor Ben Hamidou iniciou há um ano a montagem de uma peça teatral baseada no texto 'Invasão', do autor sueco Jonas Hassen Khemiri, com a qual pretende "abrir o espírito" dos jovens do bairro para os "grandes temas fundamentais, como o respeito à mulher e a discriminação".
"A intriga é um pouco sobre esse preconceito, essa paranoia que temos durante um evento preciso sem dar um nome. Fala bastante de islamofobia, mas com um humor fino, mais acessível", explicou à BBC Brasil.
Marcia BizzotoImage copyrightMarcia Bizzoto
Image captionAtor Ben Hamidou faz peça sobre islamofobia em bairro mulçumano de Bruxelas
Os atores são adolescentes do bairro, onde o desemprego de menores de 25 anos é superior a 41%, o nível mais alto de Bruxelas.
O projeto vai além dos ensaios e representações. Hamidou leva seu ‘atores’ a outras peças e promove discussões sobre os temas abordados.
O modelo é similar ao da associação Ras El Hanout, um centro cultural que busca atualmente financiamento para construir um verdadeiro teatro em Molenbeek, com capacidade para um público de 192 pessoas, assentos retráteis para que o local possa ser convertido em sala polivalente e um estúdio para futuros projetos audiovisuais.

Valorização

Marcia BizzotoImage copyrightMarcia Bizzoto
Image captionPara educadora, envolver jovens em produções culturais pode afastá-los do extremismo
"É o tipo de iniciativa que atrai jovens que podem estar em busca de uma identidade, de um propósito na vida e que, de outra maneira, poderiam ser atraídos pelo discurso extremista", opina Liselotte Vanheukelom, educadora da associação sócio-cultural JES (sigla para "Juventude e Cidade" em flamenco), criada há 30 anos e que também promove diversas atividades culturais em Molenbeek.
Envolver os habitantes locais em produções culturais é também uma forma de "valorizar esse jovens que estão vendo seu bairro ser criticado diariamente no mundo inteiro e que se revoltam, que querem mostrar que os radicais são menos de 1% na comunidade."
Vanheukelom defende que essa é a melhor maneira se afastá-los do extremismo.
"Um jovem de 17 anos sem diploma que vê todo mundo dizer que ele é ruim acaba assimilando essa ideia e não vê razão para se esforçar", acredita a educadora.
Por Márcia Bizzotto, de Bruxelas para a BBC Brasil


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