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Enquanto algumas crianças sonham com uma bola de futebol, uma boneca ou uma bicicleta de presente, Bruna Hellmeister, de Campinas (SP), brilha os olhos ao ver um livro. A garota de 8 anos tem uma biblioteca particular no quarto e já teve a oportunidade de escrever a própria obra, quando tinha apenas 6 anos.
"Eu sempre gostei de ler e escrever e aí eu pensei: Ué, por que não escrever um livro? Eu peguei meu tablet e aí meu pai estava junto. Aí eu falava e ele escrevia", conta a menina, que tem o hábito de ler até cinco livros por semana, segundo o pai.
Assim nasceu a história de um gatinho que sofre maus tratos, foge e monta uma banda para conseguir comida. "O Gatinho Branco" foi lançado em novembro deste ano e teve a apreciação da Biblioteca Nacional como obra autêntica.
Ideia como projeto de férias
“A ideia surgiu quando a escola que eu estudo deu a ideia de, nas férias, fazer um cartão postal ou alguma coisa que lembrasse as férias”, conta Bruna.
Durante as férias escolares de 2013, a história ganhou corpo enquanto a garota observava um gato branco que ficava próximo à reforma feita na sua casa.
“A gente deu o apelido de 'Inquilino' pra ele, porque ele vivia na obra”, conta a menina, que entregou a primeira versão da obra em papel sulfite para a professora Mariana Milanez, na escola.
A professora, por sua vez, confirmou o interesse da aluna pelo mundo letrado, mas não imaginava que as férias pudessem ter sido tão produtivas.
"Ela sempre foi uma aluna muito envolvida com escrita e leitura. [Mas] foi muito impactante para mim uma aluna com essa idade escrever dessa maneira. (...) Eu fiquei muito admirada", diz.
Avaliação da Biblioteca Nacional
Apesar do orgulho pelo feito da filha, a família ficou preocupada em relação à autenticidade da história, que falava de animais músicos assim como o clássico "Músicos de Bremen", dos Irmãos Grimm, que a menina já havia lido. Neste conto, um burro, um cão, um gato e um galo, também maltratados pelos donos, decidiram abandoná-los e partir para Bremen, cidade alemã onde vivenciam momentos de liberdade.
"Por orientação de uma colega, nós mandamos o texto e a Biblioteca Nacional reconheceu como sendo uma obra autêntica e ela [Bruna] como sendo a autora a partir de agora (...). A gente fica babando”, conta orgulhoso o pai Celso Hellmeister.
Busca por ilustrador
Após a avaliação da obra, em julho de 2014, eles começaram a busca por uma pessoa que ilustrasse a história. Os pais conheciam um adolescente que tinha habilidades para desenhar e resolveram perguntar se ele faria as ilustrações.
“Ela gostou do rascunho de cara. Ele trouxe o rascunho de início e ela falou: 'Era exatamente isso que eu tinha na cabeça para ser o gatinho' (...) Nós achamos interessante, considerando que eram duas cabeças muito próximas pensando juntas”, conta a mãe, Caroline Batista.
Sucesso
A elaboração dos desenhos durou cerca de um ano até a publicação do livro e a exposição em uma vernissage, em novembro deste ano, no Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas (CCLA).
“Foi uma surpresa. Na verdade, o interesse dela pela literatura já era conhecido, mas como a coisa se moveu, [não]. Ela praticamente escreveu em uma tarde o livro", conta o pai.
A mãe conta que sempre incentivou a leitura, mas afirma que o gosto e a facilidade são naturais da garota.
“Ela se alfabetizou supercedo. Claro que a gente sempre incentivou (...) Mas é muito comum a gente ir ao shopping e ela, podendo escolher entre um livro e um brinquedo, escolher o livro”, conta Caroline.
Após o primeiro livro, a menina continua lendo e alimenta mais sonhos para o futuro: "Penso em ser uma escritora", planeja.
Do portal G1