"(...) Os dados animaram o Ministério da Educação a acelerar os estudos com vistas a realizar a reforma do ensino médio, que não obstante os ‘beicinhos’ e as ‘caras & bocas’ de alguns, já vem por aí. O ministro Fernando Haddad não faz questão de esconder de ninguém que “está em curso uma ‘resignificação’ do ensino (médio) que passa por oferecer oportunidade profissional para juventude" (...)"
Reforma do ensino médio: ‘enquanto a carruagem passa...’
Desde sempre, ensinar uma profissão para os filhos tem sido importante objetivo perseguido por pais, pois se trata, na realidade, de garantir um futuro mais alvissareiro e menos sujeito às vicissitudes e “intempéries” da vida.
No Brasil, o ensino profissionalizante jamais foi unanimidade. Muitos jamais o tiveram como solução, acreditando tratar-se mais de pernicioso desvio, uma tendência ditada pelas pressões do mercado.
Polêmicas à parte, o ensino profissionalizante foi o que mais cresceu no ano passado. É o que informa o Censo Escolar recém divulgado pelo MEC.
E dada a letargia com que o setor se movimenta e o descaso que sempre recebeu, a curva ascendente não deixa de surpreender.
O crescimento rompeu o patamar de 14,7%, incorporando mais de 100 mil novos alunos na modalidade. Mais precisamente, em 2008, o número de matrículas no ensino profissionalizante saltou de 693.610 para 795.459 alunos.
O Censo elaborado pelo Inep - o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - revela ainda uma outra informação importante: quando a educação profissional é ofertada concomitantemente com o ensino médio regular, o incremento no número de matrículas fica na casa dos 19,6%. Já quando é oferecido após a educação básica o aumento se reduz, se fixando em 10,5%.
Os dados animaram o Ministério da Educação a acelerar os estudos com vistas a realizar a reforma do ensino médio, que não obstante os ‘beicinhos’ e as ‘caras & bocas’ de alguns, já vem por aí. O ministro Fernando Haddad não faz questão de esconder de ninguém que “está em curso uma ‘resignificação’ do ensino (médio) que passa por oferecer oportunidade profissional para juventude".
Sintomaticamente, os Estados mais ricos da Federação foram os que mais investiram no ensino profissionalizante. São Paulo ocupa a liderança com 292.714 matrículas efetuadas em 2008, seguido por Minas Gerais, com 104.933 estudantes aprendendo uma profissão no ensino técnico.
Sob o ponto de vista regional, foram os Estados do Norte que conseguiram melhor performance, registrando um incremento de 40,1%. O Acre exulta um aumento de 107%.
Com a reforma do ensino médio já dobrando a esquina, a polêmica sobre o ensino profissionalizante deve se acirrar. Mas como bem diria (ou, ao menos, gostaria de dizer) o ministro Haddad ‘enquanto a carruagem passa...’.
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