O Brasil sempre foi um país onde riquezas naturais nunca faltaram. Sempre existiram em profusão. Daí a naturalidade com que ostentamos a posição de uma das maiores economias do planeta.
A pujança que a natureza nos presenteou se fez fartura econômica e não poucos estudiosos estimam que – passada a atual crise mundial – o país passará a ocupar a posição de 8ª maior potência econômica do planeta, superando economias estabelecidas, como a da Inglaterra.
O grande problema do Brasil, portanto, não se refere ao volume e dimensão de suas riquezas e potencialidades e sim como elas são distribuídas, como chegam ao conjunto da população. E aqui, temos um problema gigantesco, um nó górdio que cinco séculos de história não foram suficientes para equacionar e resolver.
A distribuição da riqueza brasileira é tão nefasta e perversa que os extratos da população que compõem a base da pirâmide social –os mais pobres – encontram-se em condições de exclusão similares aos das nações mais miseráveis do planeta. Em contra-posição, as faixas que ocupam o topo da pirâmide, igualam-se, em posses, luxo e ostensividade, aos extratos mais ricos e poderosos das primeiras potências do mundo.
Já me referi, em outros artigos, ao Brasil como uma república resultante da simbiose entre o que de melhor existe na Suécia com o que de pior foi gerado no Gabão. Um nome semelhante a Sugabão não nos faria injustiça, porque, verdadeiramente, é o que somos.
E como se não bastasse a gravidade da situação, um quadro mais terrífico acaba de ser anunciado pelas Nações Unidas.
Relatório do PNUD que analise as mais recentes informações do Índice de Desenvolvimento Humano demonstra que os 20% de brasileiros mais ricos vivem em situação melhor que os extratos mais ricos da população da Suécia, Alemanha, Canadá e França.
O estudo "Desigualdade no Desenvolvimento Humano: Uma determinação empírica de taxas de 32 países" revela que, no Brasil, a fatia mais rica da população tem um IDH de 0,997, indicador muito próximo do máximo (1,000) e que ultrapassa o valor correspondente aos 20% mais ricos de todos os outros países calculados, incluindo o do Canadá (0,967) e o da Suécia (0,959).
Quando descemos para os recônditos do subsolo, verificamos que o atual IDH do Brasil, é, na média geral, de 0,807. Contudo, os mais pobres gravitam em condições correspondentes a um IDH de 0,610, o que os colocam em um universo mais indigente que os mais excluídos da Indonésia (0,613), do Vietnã (0,626), do Paraguai (0,644) e da Colômbia (0,662).
Portanto, os opulentos brasileiros são mais ricos que os ricos suecos; e a plebe verde-amarela, mais pobre que os pobres paraguaios. O relatório das Nações Unidas conclui ainda que “no Brasil e em países como Guatemala e Peru, a diferença do IDH dos 20% mais pobres para o IDH dos 20% mais ricos só não é superior à de alguns países da África, como Madagascar e Guiné”.
Os números enfatizam que nos encontramos numa encruzilhada, num daqueles famosos “becos sem saída”. A solução, sabemos todos, consiste em priorizar investimentos para qualificar nossa educação. Porque qualificando a educação, qualificamos as pessoas, qualificamos o voto, qualificamos nossa representação, corrigimos as injustiças e distorções... para então – coletivamente - nos distanciarmos do Gabão, nos colando indissoluvelmente à Suécia.