segunda-feira, 4 de abril de 2022

Alemanha acusa Rússia de crimes de guerra na Ucrânia

 


Chanceler federal, presidente e chefe da diplomacia alemã condenam rastro de morte deixado por tropas russas após retirada de subúrbios de Kiev. Procuradora-geral da Ucrânia diz que 410 cadáveres de civis foram encontrados.

 

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, afirmou neste domingo (03/04) que militares russos haviam cometido "crimes de guerra" no subúrbio de Bucha, a 37 quilômetros de Kiev, e que a Alemanha e países aliados iriam definir novas sanções contra Moscou nos próximos dias.

"O assassinato de civis é um crime de guerra, e devemos investigar de forma implacável esses crimes cometidos pelas Forças Armadas russas", afirmou Scholz em uma declaração na sede do governo alemão. "Nos próximos dias, iremos decidir com nossos aliados sobre as próximas medidas. O presidente [Vladimir] Putin e seus apoiadores sentirão as consequências."

Scholz afirmou também que a Alemanha "continuará a fornecer armas para a Ucrânia, para que o país possa se defender contra a invasão russa".

Mais cedo, a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, também havia acusado neste domingo a Rússia de crimes de guerra, em reação aos relatos sobre civis assassinados pelas ruas de Bucha após a retirada das tropas russas.

Num tuíte, ela classificou como "insuportáveis" as imagens divulgadas: "A violência desenfreada de Putin extermina famílias inocentes e não conhece limites. Os responsáveis por esses crimes de guerra têm que prestar contas. Vamos acirrar as sanções contra a Rússia e apoiar ainda mais fortemente a Ucrânia na sua defesa", prometeu a chefe de diplomacia alemã.

 

Em Berlim, o presidente Frank-Walter Steinmeier igualmente declarou que "os crimes de guerra cometidos pela Rússia estão visíveis aos olhos do mundo", completando, segundo a agência de notícias DPA: "As imagens de Bucha me abalam, elas nos abalam profundamente."

No início de março, o Ministério Público da Alemanha havia aberto um inquérito sobre suspeitas de crimes de guerra por militares russos na invasão da Ucrânia. No entanto é a primeira vez que representantes do primeiro escalão político alemão classificam assim as ações do exército invasor.

Tiros na cabeça e mãos atadas

À medida que as forças militares ucranianas retomam áreas em torno de Kiev até então ocupadas por tropas russas, cenas chocantes vão se revelando. Neste domingo, a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, afirmou que 410 cadáveres de civis haviam sido encontrados na região de Kiev em locais que estavam sob domínio de forças russas, alguns alvejados na cabeça e com as mãos atadas.

Em Bucha, situado 37 quilômetros a sudoeste da capital, numerosos cadáveres de civis e de soldados russos ladeavam as ruas. Jornalistas da agência de notícias francesa AFP contaram pelo menos 20 corpos em apenas uma rua.

"Todos esses foram fuzilados", comentou o prefeito Anatoly Fedoruk, acrescentando que 300 residentes foram mortos neste um mês de ocupação russa, estando pelo menos 280 enterrados em valas comuns em diferentes pontos da cidade.

Repórteres da Reuters viram mãos e pés de vítimas despontando de uma vala ainda aberta no terreno de uma igreja. Seus colegas da Associated Press (AP) também registraram vítimas civis ao longo de uma estrada e no quintal de uma casa.

"Eles estavam simplesmente caminhando, e aí atiraram neles, sem razão", comentou um residente de Bucha, acusando as tropas russas em retirada dos homicídios indiscriminados.

"Esses filhos da mãe!", exclamou à agência Reuters Vasily, de 66 anos, chorando de cólera, enquanto contemplava mais de uma dezena de cadáveres na estrada onde fica sua casa. "Desculpem. O tanque de guerra estava disparando. Cachorros!"

Ministro ucraniano pede missão do TPI

Diante do acúmulo de indícios do que classificou como "massacre" de civis, o ministro ucraniano do Exterior, Dmytro Kuleba, apelou pelo endurecimento das sanções contra Moscou. No Twitter, declarou que os homicídios seriam "deliberados", com os russos visando "eliminar tantos ucranianos quanto possam".

Kuleba apelou ao Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, e a outras organizações internacionais, para que enviem missões a Bucha e demais localidades do norte, com o fim de recolher possíveis provas de crimes de guerra.

O chefe de diplomacia ucraniana instou, ainda, o Ocidente a impor embargos ao petróleo, gás e carvão russos e a fechar todos os portos às embarcações do país, além de desconectar todos os bancos russos do sistema internacional de pagamentos Swift.

As imagens de Bucha se propagaram rapidamente pelas redes sociais, desencadeando indignação internacional. A secretária de Estado britânica para Relações Exteriores, Liz Truss, declarou-se horrorizada com as atrocidades e reforçou o apelo ao TPI para que investigue potenciais crimes de guerra na Ucrânia. Moscou nega estar alvejando civis e rechaça toda alegação de crimes de guerra.

Armadilhas explosivas em cidades liberadas

Autoridades ucranianas informaram neste sábado que o exército nacional já teria liberado mais de 30 cidades e lugarejos em torno de Kiev, tendo assumido ter completo controle sobre a região, pela primeira vez nas mais de cinco semanas desde que o presidente russo Vladimir Putin ordenou a invasão.

A vice-ministra da Defesa Ganna Maliar anunciou no Facebook: "Irpin, Bucha, Gostomel e toda a região de Kiev foram liberadas do invasor." Entretanto as localidades mencionadas se encontram devastadas ou seriamente danificadas pelos combates.

Numa mensagem de vídeo, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, alertou: "Eles estão minando todo esse território. As casas estão minadas, os equipamentos, até mesmo os cadáveres das vítimas." Segundo o mandatário, a intenção seria deixar para trás uma situação "catastrófica".

O serviço de emergência do país afirma ter encontrado mais de 1.500 explosivos em apenas um dia, durante buscas na localidade de Dmytrivka, a oeste de Kiev.

Kremlin: retirada seria "gesto de boa vontade"

À medida que se retiram de algumas áreas no norte, nas quais sofreram baixas pesadas, as tropas de Putin aparentemente se concentram no leste e sul da Ucrânia, onde já ocupam amplos territórios.

"A Rússia está priorizando uma tática diferente: recuar para o leste e sul", avaliou nas redes sociais o consultor presidencial Mykhaylo Podolyak, completando: "Sem armamento pesado, não vamos conseguir expulsá-los."

Por sua vez, a Rússia tentou vender a retirada da área de Kiev como um gesto seu de boa vontade no sentido de negociações de paz. Ambos os lados descreveram como "difíceis" as mais recentes conferências, no fim de março, na cidade turca de Istambul e por vídeo. O porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov comentou que "o importante é as conversações continuarem, em Istambul ou em outro lugar".

Uma nova rodada não foi anunciada, porém o negociador ucraniano David Arakhamia afirmou neste sábado que já se teria feito progresso suficiente para permitir um diálogo direto entre os presidentes Zelenski e Putin. O Kremlin não se pronunciou sobre essa possibilidade.

av (AP,Reuters, AFP,Lusa,ots), DW



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