sábado, 30 de abril de 2022

Taxa de desemprego fica em 11,1% no primeiro trimestre, diz IBGE



“(...) A população ocupada estimada em 95,3 milhões recuou 0,5% na mesma comparação. Número representa menos 472 mil pessoas no mercado de trabalho (...)”

 

A taxa de desemprego no Brasil atingiu 11,1% no trimestre de janeiro a março. O índice ficou estável na comparação com o período anterior em 2021. Esse é o menor índice para o trimestre encerrado em março desde 2016, quando também ficou em 11,1%. O número de desempregados que somou 11,9 milhões de pessoas, também ficou estável. A população ocupada estimada em 95,3 milhões recuou 0,5% na mesma comparação. Número representa menos 472 mil pessoas no mercado de trabalho.

Os dados estão na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, o fato de não haver crescimento na busca por trabalho no trimestre, explica a estabilidade da taxa de desocupação. Segundo ela, o cenário é diferente do registrado nos outros trimestres terminados em março, quando, pelo efeito da sazonalidade, havia aumento da procura por trabalho.

“Se olharmos a desocupação em retrospecto, pela série histórica da pesquisa, podemos notar que, no primeiro trimestre, essa população costuma aumentar devido aos desligamentos que há no início ano. O trimestre encerrado em março se diferiu desses padrões”, observou.

Rendimento

O rendimento médio real, que cresceu 1,5% em relação ao trimestre encerrado em dezembro foi estimado em R$ 2.548. Na visão da coordenadora, esse aumento é importante considerar que o indicador vinha em queda desde o segundo trimestre do ano passado.

“De modo geral, quando a participação dos trabalhadores formais aumenta, o rendimento médio da população ocupada tende a crescer”, completou. Apesar desse desempenho, em relação ao trimestre terminado em março do ano passado, o indicador registrou queda de 8,7%. A massa de rendimento foi estimada em R$ 237,7 bilhões, ficando estável na comparação com o trimestre anterior e também na comparação com igual período do ano anterior.

Conta própria

O número de trabalhadores por conta própria na comparação com o último trimestre caiu 2,5%. Isso quer dizer que 660 mil pessoas dessa categoria saíram do mercado. De acordo com o IBGE, nesse contingente, 475 mil eram trabalhadores sem CNPJ. Conforme a pesquisadora, os empregados sem carteira no setor privado ficaram estáveis, depois de três trimestres em expansão, mas o número de trabalhadores por conta própria teve retração após cinco trimestres de aumento. “No trimestre encerrado em março, essa queda no trabalho por conta própria respondeu pela redução no total da população ocupada.”

Informalidade

A taxa de informalidade sofreu impacto dessa redução e chegou a 40,1%, após retração de 0,6 ponto percentual. O número de informais chegou a 38,2 milhões com a queda de 1,9%. A pesquisa apontou que a participação dos trabalhadores por conta própria sem CNPJ nesse recuo é de 64%. Em outro movimento, o número de empregadores subiu 5,7%, representando 222 mil pessoas a mais. Boa parte desse número corresponde ao trabalho formal. Entre esses empregadores, 186 mil tinham CNPJ.

Carteira assinada

De acordo com a pesquisa, houve elevação no número de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada, que alcançou 34,9 milhões de pessoas. Na comparação com o trimestre concluído em dezembro, significa aumento de 1,1%, ou de 380 mil pessoas.

“Essa categoria cresceu pelo quarto trimestre consecutivo, porém em percentual menor ao observado nos trimestres de 2021, respectivamente, segundo (1,8%), terceiro (4,4%) e quarto (2,9%) trimestres. Embora tenha reduzido o ritmo de crescimento, a expansão do emprego com carteira vem contribuindo para um gradativo aumento da formalidade na ocupação”, disse Adriana.

Setores

Entre os setores analisados pela pesquisa, a construção civil teve retração no seu contingente de trabalhadores na comparação com o trimestre anterior. Neste período, a queda é 3,4%, ou 252 mil pessoas. Segundo o IBGE, os outros setores ficaram estáveis nessa comparação.

“A queda no número de ocupados na construção ocorreu principalmente entre trabalhadores por conta própria e empregados sem carteira, que representam parcela relevante dos ocupados nessa atividade. A queda na informalidade no trimestre pode ser associada à redução desses trabalhadores na construção”, comentou.

Com a retração no contingente de ocupados, a população fora da força de trabalho avançou 1,4%, o representa mais 929 mil pessoas. Em movimento contrário, a força de trabalho potencial recuou 6,8% ou 610 mil pessoas. O grupo reúne as pessoas que não estavam ocupadas nem procuravam uma vaga no mercado, mas tinham potencial para se transformarem em força de trabalho. No mesmo período, 195 mil pessoas saíram do contingente de desalentados.

PNAD Contínua

Conforme o IBGE, a pesquisa é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da PNAD Contínua por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados, com cerca de 2 mil entrevistadores em 26 estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE.

Por causa da pandemia de covid-19, o instituto adotou a coleta de informações da pesquisa por telefone a partir de 17 de março de 2020. “Em julho de 2021, houve a volta da coleta de forma presencial. É possível confirmar a identidade do entrevistador no site Respondendo ao IBGE ou via Central de atendimento (0800 721 8181), conferindo a matrícula, RG ou CPF do entrevistador, dados que podem ser solicitados pelo informante.”

Cristina Indio do Brasil, Agência Brasil


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sexta-feira, 29 de abril de 2022

Comissão Interamericana de Direitos Humanos denuncia fechamento 'acelerado' de espaços democráticos na Nicarágua

Fachada do Centro de Educação e Comunicação Popular (CANTERA), em Manágua, em 20 de abril de 2022 (AFP/Oswaldo Rivas)

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da OEA, denunciou nesta terça-feira (26) o fechamento "acelerado" dos espaços democráticos na Nicarágua, ao rejeitar a proscrição de 25 organizações da sociedade civil críticas ao presidente Daniel Ortega.

 

"A CIDH urge a Nicarágua a restabelecer as garantias e liberdades democráticas e a cessar todo tipo de perseguição judicial, administrativa ou de qualquer outra índole contra as pessoas e organizações que exercem atividades legítimas e de relevância democrática", declarou a entidade em um comunicado.

A Assembleia Legislativa da Nicarágua, controlada pelo partido de Ortega, determinou em 20 de abril anular a personalidade jurídica de 25 ONGs, alegando descumprimento da normativa que regula as entidades sem fins lucrativos.

"Com estas, seriam mais de 160 as organizações da sociedade civil com personalidades judídicas canceladas por ordem do poder legislativo, como parte da estratégia de fechamento de espaços democráticos de participação que o Executivo lidera", destacou a CIDH, destacando que este processo é "contínuo e acelerado".

Em particular, a CIDH condenou o fechamento da Comissão Permanente de Direitos Humanos (CPDH), fundada em 1991 e um dos organismos humanitários que documentou a repressão aos protestos antigovernamentais de 2018, na qual morreram pelo menos 355 pessoas.

A CIDH disse que os integrantes da CPDH são beneficiários de medidas provisórias outorgadas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) desde 2019 pelas ameaças e riscos à sua integridade como consequência de seu trabalho.

O governo de Ortega, no poder desde 2007, fechou no domingo o escritório da Organização de Estados Americanos (OEA) em Manágua e antecipou a saída de representantes da Nicarágua no bloco regional, do qual já tinha anunciado sua saída em novembro, o que, segundo os protocolos, deve ocorrer em um prazo de dois anos.

AFP



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