domingo, 26 de abril de 2020

Conheça os livros que foram banidos por razões estúpidas



A arte está constantemente em conflito com a moral do seu tempo. E a censura, que é a pior postura que se pode atuar perante uma expressão livre, apesar de ser popularmente considerada uma prática arcaica, ainda é largamente exercida nos tempos atuais. Na maioria das vezes, o sexo e a violência são os principais argumentos para executar uma censura, mas nem sempre ela ocorre dessa forma tão simples e clara. Frequentemente, são encontradas razões completamente ilógicas ou absurdas para endossar alguma proibição que, quase sempre, decorrem de alguma interpretação estúpida da obra.
De diferentes lugares e pelos motivos mais insanos possíveis, confira abaixo alguns livros que foram banidos por razões insensatas.

As Bruxas (Roald Dahl)
Apesar de ser considerado um clássico, as Bruxas foi proibido em várias escolas e bibliotecas pela sua suposta promoção à misoginia. Alguns críticos alegam que a obra incita que os meninos cresçam odiando as mulheres. A questão foi respondida pelo próprio Dahl em seu prefácio que diz: “Eu não quero falar mal das mulheres. A maioria das mulheres são adoráveis. Mas a questão é que todas as bruxas são mulheres”

Um menino passa férias em um hotel de luxo com a avó e descobre que o local está sendo usado para uma convenção de bruxas. E para sair dessa inteiros, os dois precisam ser mais espertos que as anciãs diabólicas que se reúnem no lugar.

Por que isso assustaria os adultos: Este hotel está infestado por ratos – bem, na verdade os ratos que antes eram crianças e foram transformados pelas bruxas em pequenos roedores peludos. Mas, ainda assim, uma infestação de ratos pode arruinar qualquer férias.
O livro também tem uma adaptação para o cinema de 1990, estrelando Anjelica Huston como a ‘rainha das bruxa’. (Editora WMF)

As Aventuras do Capitão Cueca (Dav Pilkey)
Dê uma olhada na capa de As Aventuras do Capitão Cueca e arrisque um palpite pelo qual o livro poderia ter sido censurado. Acertou quem disse ‘nudez parcial’. Apesar do desenho do personagem parecer mais como um ovo com feições humanas, vários livros da série tem sido proibidos em escolas devido a representação do herói.

Os amigos de escola Jorge e Haroldo divertem-se escrevendo e vendendo histórias em quadrinhos para colegas de escola. Mas os gibis são confiscados pelo diretor da escola, o malvado Sr. Krupp. Para escapar de punições, os garotos o hipnotizam e fazem-no incorporar a personalidade do super-herói, o Capitão Cueca.

As Aventuras do Capitão Cueca é uma série de livros dedicado ao público infantil, criado pelo escritor estadunidense Dav Pilkey.

Com vários leitores assíduos em vários países, a coleção de livros consagrou Pilkey como um dos mais afamado escritores de livros infantis da literatura contemporânea.
Só no Brasil, já vendeu mais de 350.000 exemplares, e em breve vai ganhar um filme inspirado em seus personagens e nos conflitos da série. (Editora Cosac Naify)

Onde Está Wally? (Martin Handford)
Quando se trata de livros completamente inocentes e inofensivos, é difícil pensar em um exemplo mais conveniente do que Onde está Wally?. Quando o livro original foi publicado pela primeira vez, em uma cena da praia pode ser visto uma mulher deitada sobre uma toalha de praia fazendo um topless. Um garoto está encostando um sorvete nas costas dela, fazendo ela gritar e revelar os seios.

Wally é um rosto perdido na multidão, e a tarefa do leitor é encontrá-lo em todos os lugares que ele visita. O simpático e desajeitado Wally vai perdendo suas coisas pelo caminho – óculos, mochila, xícara, bengala. Wally pode ser encontrado na praia, no museu, entre os astecas, entre os vickings e até em Hollywood.

O livro é essencialmente composto por figuras, e é um jogo visual para encontrar Wally (e vários outros personagens e objetos) em meio a enormes multidões de pessoas em ambientes super criativos. (Editora Martins Fontes)

As Vinhas da Ira (John Steinbeck)
A obra de John Steinbeck foi perseguida na época do seu lançamento pela sua linguagem considerada ‘vulgar’ demais para o seu tempo. O livro foi notado pela representação apaixonada de Steinbeck pela situação dos pobres, e muitos de seus contemporâneos atacaram a sua visão social e política.

O clássico que valeu o Prêmio Pulitzer a John Steinbeck permanece como um dos arquétipos da cultura norte-americana. Agraciado também com o Nobel de Literatura, o autor retratou o homem moderno diante das dificuldades, a pobreza e a privação em um universo hostil, protagonizado por vítimas da competição e párias sociais. Este livro representa o confronto entre indivíduo e sociedade, através da epopeia da família Joad, expulsa pela seca dos campos de algodão de Oklahoma, para tentar a sobrevivência como boias-frias nas plantações de frutas do Vale de Salinas, na Califórnia.

Ao mesmo tempo em que denuncia os dramas e flagelos de um país debilitado pela Grande Depressão dos anos 30, Steinbeck defende o conceito de que o indivíduo isolado nada vale, e a sobrevivência só é possível quando existe solidariedade entre os semelhantes. Vencedor de dois Oscar, a adaptação para o cinema foi feita por John Ford em 1940, com Henry Fonda no papel de Tom Joad. (Editora BestBolso)

Ponte para Terabítia (Katherine Paterson)
De acordo com os censores, os motivos para a proibição são a palavra “senhor” fora de contexto, linguagem ofensiva, e a suposta apologia do livro ao humanismo secular, ao oculto, e ao satanismo. Alguns críticos também alegam que a personagem Leslie não é um bom exemplo, simplesmente porque ela não vai à igreja “.

Jess Aarons, um garoto de 10 anos, passou o verão treinando para ser o campeão de corrida da escola. Na volta às aulas, é ultrapassado por uma aluna nova. Os dois tornam-se grandes amigos, e criam um reino imaginário chamado Terabítia, onde governam soberanos protegidos das ameaças e zombarias da vida cotidiana. Até que um dia, uma fatalidade os separa, e Jess precisa ser forte para enfrentar essa triste realidade.

Esta história foi escrita por Katherine Paterson, e publicada pela primeira vez em 1977, nos Estados Unidos. Ganhou a Medalha Newbery em 1978. A partir da obra que se transformou num clássico da literatura americana, foram criadas duas adaptações para filme. A primeira foi um telefilme de 1985, estrelando Annette O’Toole, Julian Coutts e Julie Beaulieu. A segunda adaptação foi em 2007 e contou com Josh Hutcherson, AnnaSophia Robb e Zooey Deschanel nos papéis principais. (Editora Salamandra)

O Livro Maldito (Christopher Lee Barish)
Aqui no Brasil foi considerado um livro que ensina práticas criminosas, com a Polícia Civil querendo impedir a venda da obra. A publicação foi alvo de uma representação na Justiça para que os exemplares fossem apreendidos no comércio. O livro tem capítulos que ensinam macetes para criminosos, como assaltar bancos e abordar vítimas armado com uma faca.

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Por Fabio Mourão, no Dito pelo Maldito




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