sexta-feira, 27 de abril de 2018

Orgãos públicos têm sete meses para aprovar programas contra corrupção



Cerca de 350 órgãos do governo federal deverão elaborar e aprovar os seus programas de integridade dentro de um prazo de sete meses. O objetivo é compor uma política de boa governança para prevenir, detectar, remediar e punir fraudes e atos de corrupção.
Portaria apresentada nesta quarta-feira (25) pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) estabelece procedimentos para a estruturação, execução e monitoramento desses programas.
A portaria regulamenta o Decreto nº 9.203, de 2017, que prevê a instituição de programas de integridade em órgãos públicos como parte de uma política de governança. Segundo a CGU, ainda que algumas instituições já estejam com ações em andamento, a diferença é que agora essas medidas serão obrigatórias. Pelo cronograma previsto no dispositivo, ministérios, autarquias e fundações públicas deverão aprovar os seus planos até 30 de novembro de 2018.
A portaria prevê que os programas sejam instituídos em três fases. Com isso, o dispositivo estabelece prazos para as etapas principais de estruturação, além do início da execução e do monitoramento das ações. Entre as medidas estabelecidas pela portaria, está a definição, em um prazo de 15 dias, das unidades nos órgãos públicos que serão responsáveis por coordenar a implementação dos programas. Essas unidades deverão tomar medidas para promover a ética e a conduta para servidores públicos e tomar providências em relação a denúncias recebidas, entre outras atribuições.
Depois da aprovação desses planos, em novembro, os órgãos deverão executar e monitorar os seus programas, com o que a CGU chama de 'gestão de risco'. As unidades responsáveis pelos planos de integridade deverão conversar com os dirigentes das instituições e ter clareza dos riscos de governanças que enfrentam. A CGU informou que monitorará o trabalho dos órgãos públicos e publicará, periodicamente, o resultado da implementação das medidas.
O ministro da Transparência e CGU, Wagner Rosário, disse que o objetivo é fazer com que os órgãos se antecipem à ocorrência de problemas que podem ser monitorados. 'Já tivemos a ocorrência de problemas em diversos órgãos. Analisando esses problemas, quais são as medidas que temos de implementar para mitigar os seus riscos? Isso faz parte de gestão. A gente está falando de uma governança específica para riscos de fraude e corrupção', afirmou.
O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge de Lima, destacou que, em um momento de transformação social como o atual, é necessário adotar em todas as instâncias da administração pública os melhores princípios de conduta ética e cumprimento da legislação vigente. 'Deveremos lidar com ética e combater desvios detectados', afirmou, observando que, nos programas de integridade, será priorizado o desempenho da função administrativa dos órgãos.
Programa de integridade
De acordo com a CGU, o programa de integridade consiste num conjunto estruturado de medidas que buscam melhorar a governança. Essas medidas são compostas por quatro eixos básicos: comprometimento e apoio da alta direção; definição de instâncias e agentes responsáveis; análise de riscos; e monitoramento contínuo.
A proposta é que os programas sejam estabelecidos de acordo com os riscos aos quais cada órgão ou entidade está submetido. Como exemplo, a CGU explica que instituições que possuam mais canais de relacionamento com o setor privado precisarão criar programas 'com medidas robustas para prevenir, detectar, remediar e punir quebras de integridade relacionadas aos riscos dessa interação'.
Por Cristiane Bonfanti, no Valor Online

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