terça-feira, 17 de abril de 2018

O Brasil que queremos



A maior rede de televisão brasileira está estimulando a população brasileira a se expressar sobre o Brasil que cada um deseja — “O Brasil que eu quero". Os depoimentos estão sendo exibidos nos telejornais. Aparentemente, a população está reagindo e enviando vídeos com curtas mensagens. São desabafos de uma conjuntura que podem nos levar a retrocessos, perdas de conquistas, perda da soberania e a conflitos sociais. A lista de desejos é longa: educação de qualidade, água encanada, saneamento, redução da violência, emprego para todos, um país sem desigualdade social, respeito aos idosos, corrupção zero, consolidação de valores éticos e morais, preservação da natureza etc.. Essa lista de desejos e sonhos vem crescendo. Como expressado por Sêneca: “Os desejos da vida formam uma corrente cujos elos são as esperanças". Sobre os sonhos, Carl Jung assim se expressou: “Sonhos são realizações de desejos ocultos e são ferramentas que buscam o equilíbrio pela compensação. É o meio de comunicação do inconsciente com o consciente”.
A preocupação com o futuro e com o legado que deixaremos para as próximas gerações deveriam pautar as nossas ações no presente. Esquecemos que somos mortais e que nosso compromisso maior é com os nossos descendentes. No Brasil, não temos tradição de planejar a longo prazo. Nossos projetos se limitam a quatro ou oito anos de um governo e a maioria deles não são realizados.
No segundo semestre de 2015, foi instituído o Movimento 2022 O Brasil que queremos, uma parceria entre a Universidade de Brasília — por meio do Núcleo de Estudos do Futuro — e a ONG União Planetária. Os princípios e valores do movimento são: 1) Absoluta liberdade de pensamentos; 2) Atuação suprapartidária, suprarreligiosa e supraideológica; 3) Em todos os estudos, deve perpassar uma postura ética e humanista; 4) Priorização do diálogo, em uma atuação com maturidade, buscando o outro e encontrando o denominador comum.
O movimento pretende envolver os jovens na construção de um Brasil melhor. Inicialmente, foram feitas parcerias com instituições de ensino superior do Distrito Federal (IFE, UCB, Iesb, UniCeub, UDF e Unipaz) e com Instituições envolvidas em boas causas e ações: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/Brasília), Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), Todos pela Educação (TPE/SP). Recentemente, o movimento selou parceria com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que congrega 67 universidades públicas e com a Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem), à qual universidades estão associadas. O Movimento tomou então uma dimensão nacional e iniciou uma parceria com a Comissão Senado do Futuro na realização de 12 audiências públicas em 2018.
Foram criados 12 grupos de estudos que promovem eventos e produtos com o principal objetivo de definir caminhos baseados no conhecimento científico e visão humanista para a construção de uma pátria digna para o povo brasileiro. Os grupos em atividades são: 1) Ciência e Tecnologia; 2) Construção Geográfica dos Espaços; 3) Ecologia e Sustentabilidade; 4) Educação; 5) Etica; 6) Meios de Comunicação; 7) Paz e Direitos Humanos; 8) Primeira Infância; 9) Política; 10) Relações Internacionais; 11) Saúde e 12) Social Econômico.
Em uma verdadeira democracia, o Estado deve priorizar os desejos e sonhos do povo. Um modelo de desenvolvimento baseado apenas no desenvolvimento econômico é incompleto. Crescimento econômico sem desenvolvimento social resulta em falta de inclusão, indignação e descontentamento e agitação social. É urgente conquistarmos uma educação que consolide valores e virtudes e que inclua uma educação ambiental e libertária sem espaço ao individualismo, à competição, ao consumismo e ao mercado sem regras sociais. É preciso que haja um diálogo entre a política e a economia para que se coloquem ao serviço da vida, especialmente da vida humana. Para conquistarmos o Brasil que queremos é preciso mudar o pensamento e as atitudes das pessoas. É pertinente lembrar o pensamento de George Bernardo Shaw: “Progresso é impossível sem mudança, e esses que não podem mudar suas mentes não podem mudar coisa nenhuma”.
Correio Braziliense


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