sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A Colômbia derrotou os narco-terroristas.


Uribe mostrou a força dos argumentos contra acordo de paz na Colômbia

O que as FARC conseguiriam com a implantação do 'acordo': 

“uma vitória política nada desprezível: absoluta impunidade, pois só por confessar seus delitos mais atrozes não irão para a cadeia ou terão levíssimas penas de serviço comunitário, sem privação significativa de liberdade; dez cadeiras no Congresso, ainda que o povo não os eleja (cinco no Senado, cinco na Câmara de Deputados); recompensa econômica paga pela democracia colombiana para deixar de delinqüir, mais de trinta rádios para propalar suas ideias ultrapassadas e fazer campanha política”.


Odiar Álvaro Uribe foi uma escolha errada dos defensores do acordo de paz com as FARC. Dizer que ele só fez campanha pela rejeição porque é um invejoso ressentido, que apoiaria o acordo se fosse obra sua, não funcionou. Chamar os colombianos que eram contra de ignorantes e desinformados talvez tenha contribuído para o resultado oposto.
Com a rejeição do acordo, em plebiscito, restou pouco terreno para o obrigatório recuo estratégico. Continuam a ter peso e importância as razões políticas e éticas em favor do entendimento com os guerrilheiros que assolaram o país muitos anos depois do fim de qualquer ilusão sobre a luta armada da extrema esquerda. Mas o que seus defensores equivocados na argumentação vão fazer agora?
Reconhecer que Uribe é tão poderoso que, sozinho, venceu o papa, os irmãos Castro, Barack Obama, toda a intelectualidade, toda a imprensa,  a maioria esmagadora dos políticos, a esquerda, o centro e quase toda a direita do mundo inteiro,  os outros presidentes latino-americanos e, acima de tudo, o próprio presidente colombiano, Juan Manuel Santos?
Continuar a dizer que a maioria dos colombianos que foi votar optou por um “conceito de vida vingativo, envenenado e miserável”, nas palavras de John Carlin, correspondente inglês do jornal El País, autor de reportagens apaixonadas – e cegas pela paixão – em favor do acordo?
Simplesmente colocar a culpa nas pesquisas de opinião, escandalosamente erradas? Ou até nos pesquisados, que esconderam o “voto envergonhado” e, no segredo da urna, escolheram renegar um acordo que consideraram errado, injusto, leniente e indicador da fraqueza não dos guerrilheiros, com suas muitas derrotas no campo militar, mas de um presidente disposto a muitas concessões?
Contestar a estratégia da campanha pelo acordo e mesmo o teor do tratado rejeitado não significa ignorar a vitória quase inacreditável de Uribe. Único antagonista da geração de líderes latino-americanos da esquerda populista com seus nomes de duas sílabas – Chávez, Lula, Evo -, o ex-presidente também pode ser o único sobrevivente da turma.
Não faltaram promotores do tipo que os encrencados de hoje chamam de “torquemadas”, ex-assessores presos e a tentação suprema da mudança constitucional para permitir a reeleição na carreira do ex-presidente. Frio, austero e “jesuitíco” no estilo, Uribe recuperou popularidade e explorou os pontos fracos do acordo encabeçado por  Juan Manuel Santos, seu ex-ministro da Defesa, a quem empurrou para a presidência e com quem rompeu no clássico embate entre criador e criatura.
O escritor e apresentador peruano Jaime Bally, evidentemente simpático a Uribe, resumiu os argumentos contra o acordo dizendo que, com ele, as FARC conseguiram “uma vitória política nada desprezível: absoluta impunidade, pois só por confessar seus delitos mais atrozes não irão par aa cadeia ou terão levíssimas penas de serviço comunitário, sem privação significativa de liberdade; dez cadeiras no Congresso, ainda que o povo não os eleja (cinco no Senado, cinco na Câmara de Deputados); recompensa econômica paga pela democracia colombiana para deixar de delinqüir, mais de trinta rádios para propalar suas ideias ultrapassadas e fazer campanha política”.
E tem mais: também ganharam “o status de cidadãos  ilustres, admiráveis, candidatos ao Prêmio Nobel da Paz junto com seu aliado e benfeitor, o presidente Santos, rei do travestismo politico.”
Todos esses argumentos podem ser contestados – e foram, durante a campanha do plebiscito. Mas a maioria dos colombianos preferiu acreditar neles. Uribe ganhou, Santos perdeu e a “renegociação” é inevitável. É impossível dizer se as FARC retomarão a luta armada, mas não existe decisão errada que o grupo guerrilheiro não tenha tomado antes.
Só para lembrar: o pai de Uribe foi assassinado pela guerrilha durante uma tentativa de sequestro. Centenas de milhares de colombianos foram vítimas do grupo. Sobreviventes e familiares das vítimas manifestaram-se livremente contra e a favor do acordo.
Por Kátia Perin, no Blog Vilma Gryzinski/Mundialista/Veja.com
________________
Para saber mais sobre o livro, clique aqui.
Na peça, Antônio Carlos desenvolve a trama lançando mão de personalidades históricas, obras artísticas e fatos reais que permearam as vidas de Maiakovski e Meyerhold. Passeia pela diferentes fases de suas vidas, pela ebulição revolucionária da época, pela repressão promovida pelo estado, para culminar numa densa discussão sobre a morte do poeta da revolução, o conflito dramático: de um lado, os protagonistas argumentando que o poeta foi barbaramente assassinado, que o suicídio teria sido forjado, armado; enquanto, do outro lado, os antagonistas repercutem a versão oficial de 'suicídio'.

Em uma das cenas os agentes soviéticos interrogam uma personagem da peça, explicam a farsa montada para embasar a versão oficial sobre o 'suicídio' de Maiakovski: “Os fatos não precisam ser verdadeiros, Dimitri. Basta que tenham a aparência da verdade. E todos se dão por satisfeitos”. Mais, aqui.