quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Número de mortos após naufrágio de barco de imigrantes passa de 50

'Era o apocalipse', diz sobrevivente de naufrágio na costa egípcia.
Equipes de resgate salvaram 169. Dezenas continuam desaparecidas.

Pessoas se reúnem ao longo da costa do Mar Mediterrâneo durante buscas por vítimas de naufrágio em Al-Beheira, no Egito (Foto: REUTERS/Stringer )

Membros de equipes de resgate egípcias encontraram mais nove corpos no Mar Mediterrâneo, um dia após um barco que levava centenas de imigrantes naufragar, aumentando o número de mortos até o momento para 52.

O barco levava entre 400 e 600 imigrantes. As autoridades indicaram que quatro supostos traficantes foram detidos, todos eles egípcios, e acusados de "tráfico de seres humanos" e "homicídio culposo".

O barco naufragou na quarta-feira (21) na região de Burg Rashid, um vilarejo no Egito onde o rio Nilo se encontra com o Mediterrâneo. Equipes de resgate salvaram 169 pessoas até o momento, o que significa que o número de mortos pode ser de centenas.

Procuradores pediram a prisão da tripulação por quatro dias, enquanto uma investigação está sendo feita. Os imigrantes resgatados foram liberados.

O primeiro-ministro do Egit, Sherif Ismail, prometeu total apoio do governo à missão de resgate e disse que os responsáveis serão levados à Justiça.

'Era o apocalipse'


O egípcio Ahmed Mohamed, de 27 anos, relatou nesta quinta-feira (22) o momento de pânico após o naufrágio de uma embarcação superlotada na quarta-feira a 12 quilômetros do litoral de Rosetta, cidade da costa mediterrânea do Egito.

"Éramos 200, o barco já estava cheio. E chegaram outros 200. O barco tombou e começou a afundar", contou Ahmed Mohamed, algemado na maca de um hospital. "Era o apocalipse. Todos tentavam sair vivos. Nadei 10 quilômetros".

Desaparecidos


Na manhã desta quinta-feira (22), na praia ao norte de Rosetta, na foz do Nilo, dezenas de pessoas se reuniram, algumas lendo o Alcorão, à espera de informações sobre seus parentes desaparecidos, constatou um jornalista da AFP.

'Era o apocalipse', diz Mohamed Ahmed, que sobreviveu a naufrágio com dezenas de mortos (Foto: Eman Helal/AP)
O Egito se converteu há pouco tempo em um ponto de partida para muitos candidatos à imigração, dispostos a pagar grandes somas de dinheiro para chegar à Europa.

Desde o início da primavera (hemisfério norte), centenas de pessoas a bordo de embarcações precárias foram resgatadas ou interceptadas pela guarda-costeira egípcia. Mas não ocorreram recentemente naufrágios desta magnitude.

Segundo o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, 10% dos migrantes que chegam à Europa o fazem partindo de barco do Egito. A travessia inclui com frequência perigosas baldeações no meio do mar.


Na terça-feira, o exército egípcio havia anunciado que interceptou um navio que transportava 68 migrantes. Na quarta-feira interceptou outro com 294 pessoas a bordo.

Reuters

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