'Era o apocalipse', diz sobrevivente de naufrágio na costa egípcia.
Equipes de resgate salvaram 169. Dezenas continuam desaparecidas.
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Pessoas se reúnem ao longo da
costa do Mar Mediterrâneo durante buscas por vítimas de naufrágio em
Al-Beheira, no Egito (Foto: REUTERS/Stringer )
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Membros de
equipes de resgate egípcias encontraram mais nove corpos no Mar Mediterrâneo,
um dia após um barco que levava centenas de imigrantes naufragar, aumentando o
número de mortos até o momento para 52.
O barco levava entre 400 e 600 imigrantes. As autoridades indicaram que quatro supostos traficantes foram detidos, todos eles egípcios, e acusados de "tráfico de seres humanos" e "homicídio culposo".
O barco naufragou na quarta-feira (21) na região de Burg Rashid, um vilarejo no Egito onde o rio Nilo se encontra com o Mediterrâneo. Equipes de resgate salvaram 169 pessoas até o momento, o que significa que o número de mortos pode ser de centenas.
Procuradores pediram a prisão da tripulação por quatro dias, enquanto uma investigação está sendo feita. Os imigrantes resgatados foram liberados.
O primeiro-ministro do Egit, Sherif Ismail, prometeu total apoio do governo à missão de resgate e disse que os responsáveis serão levados à Justiça.
'Era o apocalipse'
O egípcio Ahmed Mohamed, de 27 anos, relatou nesta quinta-feira (22) o momento de pânico após o naufrágio de uma embarcação superlotada na quarta-feira a 12 quilômetros do litoral de Rosetta, cidade da costa mediterrânea do Egito.
"Éramos 200, o barco já estava cheio. E chegaram outros 200. O barco tombou e começou a afundar", contou Ahmed Mohamed, algemado na maca de um hospital. "Era o apocalipse. Todos tentavam sair vivos. Nadei 10 quilômetros".
Desaparecidos
Na manhã desta quinta-feira (22), na praia ao norte de Rosetta, na foz do Nilo, dezenas de pessoas se reuniram, algumas lendo o Alcorão, à espera de informações sobre seus parentes desaparecidos, constatou um jornalista da AFP.
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'Era o apocalipse', diz
Mohamed Ahmed, que sobreviveu a naufrágio com dezenas de mortos (Foto: Eman Helal/AP)
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O Egito se
converteu há pouco tempo em um ponto de partida para muitos candidatos à
imigração, dispostos a pagar grandes somas de dinheiro para chegar à Europa.
Desde o início da primavera (hemisfério norte), centenas de pessoas a bordo de embarcações precárias foram resgatadas ou interceptadas pela guarda-costeira egípcia. Mas não ocorreram recentemente naufrágios desta magnitude.
Segundo o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, 10% dos migrantes que chegam à Europa o fazem partindo de barco do Egito. A travessia inclui com frequência perigosas baldeações no meio do mar.
Na terça-feira, o exército egípcio havia anunciado que interceptou um navio que transportava 68 migrantes. Na quarta-feira interceptou outro com 294 pessoas a bordo.
Reuters
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