segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Corrupção e variações sobre um mesmo tema
Todos sabemos que para certas espécies de moscas varejeiras uma simples gota de mel vale mais que dez mil litros de vinagre.
O mesmo vale para uma categoria de humanos que se especializou em lançar mão sobre o patrimônio público. São como algumas espécies de moscas varejeiras. Homens vorazes e maléficos, pérfidos e inescrupulosos, indiferentes às necessidades da coletividade, jamais regateando esforços para perpetrar o mal.
Essa turba de humanos gravita em torno de setores da atividade estatal em que o dinheiro se acumula com facilidade, e para tungá-lo, organizam-se em grupos, redes, quadrilhas, maltas de larápios e corruptos.
E um de seus alvos prediletos reside exatamente nos setores responsáveis pela regulação e organização do trânsito de veículos, os Detrans.
Em decorrências das taxas, sobretaxas, infrataxas, supertaxas, sistema de regulação sempre ávido por mais e mais penduricalhos “legais” para municiar a insaciável industria das multas, os departamentos de trânsito transformaram-se em máquina de fabricar dinheiro fácil.
Daí extraíram do fundo do saco uma lei capaz de cassar a carteira do motorista, aplicando uma multa de quase R$ 1 mil, por conta de uma taça de vinho ou uma lata de cerveja... uma estupidez sem tamanho. Não demorou, e os tentáculos da rede de corrupção se fizeram sentir em sua magnitude. Leiam abaixo o que extraí dos jornais:
“PMs compram bafômetros para extorquir
A Inteligência da Polícia Militar (P-2) do Rio investiga um novo esquema de extorsão praticado por PMs no Estado: eles compram bafômetros pela Internet, entre 100 e 500 dólares, flagram motoristas alcoolizados e os ameaçam de prisão, como prevê a Lei Seca, a menos, é claro, que paguem propina. Flanelinhas cúmplices anotam placas dos motoristas que bebem à mesa de bares para a serem abordados pela PM à saída.
A deputada e policial civil Marina Maggesi (PMDB-RJ) reúne documentos para a Câmara investigar o novo tipo de extorsão de PMs, no Rio.
Segundo a assessoria da Polícia Militar do Rio, só na Zona Sul já foram recebidas mais de 30 denúncias de extorsão por parte dos PMs.”
É óbvio ululante que os que transgridem a lei, os que utilizam os veículos como instrumentos para o morticínio, os que exageram na bebida devem ser punidos, e de forma exemplar. O problema é quando o Estado todo poderoso, sob o pretexto de punir os efetivamente erráticos, lança seus tentáculos sobre as pessoas de bem, sobre os que sabem de seus deveres e responsabilidades, sobre os que sabem dos limites e que bebem para se divertir e não para se embriagar, que são a maioria da população. É aquela velha e surrada cantilena hipócrita, politicamente correta, de que os bons e justos pagam pelos pecadores.
A questão de fundo é que, sempre que políticos e autoridade recorrerem a modos e modelos extremistas, fundamentalistas, sebastianistas e salvadores da pátria, coloque – querido leitor – todos os fios da barba de molho... seu bolso estará prestes a se assaltado.
A metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e a tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo são criações originais de Antônio Carlos dos Santos.