O ex-prisioneiro de guerra ucraniano Artem Seredniak afirma que foi espancado e sofreu choques elétricos no centro de detenção de Taganrog, no sudoeste da Rússia. |
Atenção: esta reportagem contém detalhes que podem ser considerados chocantes para alguns leitores.
Ex-prisioneiros
de guerra ucranianos afirmam que foram submetidos a tortura, incluindo
espancamentos frequentes e choques elétricos, durante custódia em um centro de
detenção no sudoeste da Rússia, o que representaria sérias violações da
legislação humanitária internacional.
Em entrevista à
BBC, 12 ex-detentos libertados em trocas de prisioneiros alegaram abusos
físicos e psicológicos por guardas e oficiais russos no Centro de Detenção
Pré-Julgamento n° 2, na cidade russa de Taganrog.
Seus testemunhos
foram reunidos ao longo de semanas de investigação e descrevem um padrão
consistente de extrema violência e maus tratos no centro de detenção – um dos
locais onde os prisioneiros de guerra da Ucrânia vêm sendo mantidos na Rússia.
As acusações
deles incluem:
- Homens e
mulheres no centro de Taganrog sofrem surras repetidamente, chegando a atingir
os rins e o peito, além de choques elétricos durante os interrogatórios e
inspeções diárias.
- Os guardas
russos ameaçam e intimidam constantemente os detidos, alguns dos quais
forneceram confissões falsas, que supostamente foram usadas em julgamento, como
provas contra eles próprios.
- Os detidos
estão constantemente subnutridos e os feridos não recebem assistência médica
adequada. Há relatos de mortes de prisioneiros no centro de detenção.
A BBC não
conseguiu verificar as acusações de forma independente, mas detalhes dos
relatos foram compartilhados com grupos de defesa dos direitos humanos e,
quando possível, confirmados por outros detentos.
O governo russo
não permitiu que nenhum organismo internacional, incluindo as Nações Unidas e o
Comitê Internacional da Cruz Vermelha, visitasse o centro de detenção. Antes da
guerra, as instalações eram exclusivamente destinadas a prisioneiros russos.
O Ministério da
Defesa da Rússia não respondeu a diversos pedidos de comentários sobre as
acusações. Anteriormente, o órgão havia negado a prática de tortura ou maus
tratos aos prisioneiros.
As trocas de
prisioneiros entre a Ucrânia e a Rússia são uma rara vitória da diplomacia na
guerra. Mais de 2,5 mil ucranianos foram libertados desde o início do conflito
e acredita-se que até 10 mil prisioneiros permaneçam sob custódia russa,
segundo grupos de defesa dos direitos humanos.
O porta-voz de
defesa dos direitos humanos da Ucrânia e uma das autoridades envolvidas nas
negociações de troca de prisioneiros com Moscou, Dmytro Lubinets, declarou que
nove em cada 10 ex-prisioneiros afirmam terem sido torturados durante sua
detenção na Rússia.
“Este, agora, é
o maior desafio para mim: como proteger o nosso povo que está no lado russo”,
afirma Lubinets. “Ninguém sabe o que pode ser feito.”
'Martelados
como pregos'
Em setembro de
2022, o tenente Artem Seredniak era prisioneiro da Rússia há quatro meses,
quando ele e outros cerca de 50 ucranianos foram transferidos para o Centro de
Detenção Pré-Julgamento n° 2.
Eles passaram
horas viajando na parte de trás de um caminhão, sem saber para onde estavam
indo, vendados e amarrados uns aos outros pelos braços, como uma “centopeia
humana”, segundo Seredniak.
Ele relembra
que, ao chegarem a Taganrog, um oficial os recebeu, dizendo: “olá, meninos.
Vocês sabem onde estão? Vocês irão apodrecer aqui até o fim das suas vidas.”
Os prisioneiros
permaneceram em silêncio. Eles foram escoltados para o interior do edifício,
segundo Seredniak, suas digitais foram colhidas e suas roupas foram removidas.
Eles foram barbeados e levados para o chuveiro.
Em cada uma das
etapas, os guardas do centro de detenção carregavam bastões pretos e barras de
metal, atingindo-os nas pernas, nos braços ou “onde eles quisessem”, conta
Seredniak. “É o que eles chamam de ‘recepção’.”
Seredniak tem 27
anos. Antes de ser capturado, ele chefiou um pelotão de atiradores do regimento
Azov, a principal força militar de Mariupol, no sudeste da Ucrânia. Por isso,
ele se tornou um dos principais alvos dos funcionários da prisão.
Seredniak conta
que foi isolado dos demais e, vestindo apenas as roupas de baixo, levado para
uma sala para ser interrogado pela primeira vez. Ele foi então lançado ao chão,
segundo ele, com o rosto para baixo.
Os guardas
perguntaram qual o seu papel no exército e as tarefas que ele realizava.
Seredniak conta ter sofrido choques com uma arma imobilizadora, nas costas, na
virilha e no pescoço.
“É assim que
eles fazem com todos”, ele conta. “Eles martelam você como se fosse um prego.”
'Tudo
era motivo'
Em maio de 2022,
quando Mariupol era dominada pelos russos, as autoridades ucranianas ordenaram
a rendição de centenas de soldados refugiados na siderúrgica Azovstal, naquela
cidade. Seredniak foi um dos últimos a serem evacuados.
Ele foi
inicialmente levado para um centro de detenção em Olenivka, uma aldeia na
região de Donetsk, e, meses depois, para a prisão em Taganrog, na região
fronteiriça de Rostov, na Rússia, a cerca de 120 km a leste de Mariupol.
Ali, ele conta
que os prisioneiros eram inspecionados duas vezes por dia e tudo parecia ser
motivo para que os guardas abusassem deles.
“Eles podiam não
gostar de como você saiu da cela ou não saiu com rapidez, ou seus braços
estavam baixos demais, ou sua cabeça estava alta demais”, afirma ele.
Em uma dessas
inspeções, os guardas perguntaram a Seredniak se ele tinha namorada. Ele
respondeu que sim e se lembra de um guarda dizendo: “dê o Instagram dela. Vamos
tirar uma foto sua e mandar para ela.”
Ele mentiu e
disse que ela não tinha conta, evitando expô-la. Ele afirma que, então, apanhou
e foi levado para uma sala no porão da cadeia. Lá, ele encontrou um combatente
ucraniano na casa dos 20 anos de idade.
Seredniak conta
que o homem estava todo torcido, segurando suas mãos, aparentemente com dores,
e os oficiais haviam inserido agulhas embaixo das suas unhas.
À medida que os
dias passavam, Seredniak observava que os guardas da prisão eram
particularmente violentos com os prisioneiros que pertenciam ao regimento Azov,
a antiga milícia de Mariupol que, antes, tinha relações com a extrema direita.
O presidente da
Rússia, Vladimir Putin, afirmou, entre outras coisas, que sua guerra é um
esforço para “desnazificar” a Ucrânia – um país governado por um presidente
judeu, Volodymyr Zelensky – e as autoridades russas mencionam o regimento com
frequência para justificar a invasão.
Seredniak afirma
que, durante os interrogatórios, ele foi acusado de saquear Mariupol e de
instruir pessoalmente suas forças a matar civis na cidade, que presenciou uma
das batalhas mais mortais já travadas durante a guerra.
Com seu falar
rápido e voz alta e determinada, Seredniak negou as acusações, mas aquilo
parecia não importar.
“Enquanto você
não dissesse aquilo em que eles estavam interessados e da forma em que eles
queriam ouvir, eles não paravam de bater em você”, ele conta.
Seredniak
relembra que, certa vez, um oficial tomou uma cadeira de madeira para atingi-lo
e ele “me bateu tanto que ela se despedaçou”.
Em outro dia,
segundo ele, pediram que ele cantasse o “hino dos Azov”. Ele não conhecia
nenhum hino dos Azov e imaginou que os guardas se referissem à Oração do
Nacionalista Ucraniano, um juramento do século 20 normalmente lido em voz alta
pelos soldados antes de serem enviados para combate.
Relutantemente,
Seredniak recitou a oração, certo de qual seria a reação dos guardas.
Ele conta que os
guardas o esmurraram por diversas vezes. Seredniak caiu, batendo a cabeça
contra a parede, o que causou um corte perto da sua sobrancelha. Ele caiu no
chão e a surra continuou, segundo ele, por todo o corpo.
“Quando
finalmente me levantei, eles me disseram: ‘esperamos ter retirado aquilo de
você’”, relembra ele.
Tensão
permanente
Parte dos
funcionários da prisão parecia ter sido fortemente influenciada pela narrativa
de “desnazificação” do presidente Putin. Para os detidos, isso ficava evidente
quando os guardas demonstravam interesse específico por qualquer coisa que
pudesse, na opinião deles, ser interpretada como sendo pró-nazista.
Os prisioneiros
eram proibidos de ter qualquer objeto pessoal, de forma que suas tatuagens
inevitavelmente chamavam a atenção dos oficiais. Este ponto me fez lembrar
acusações parecidas que ouvi enquanto investigava campos de “filtragem” da
Rússia em áreas ocupadas da Ucrânia, no ano passado.
O sargento do
regimento Serhii Rotchuk, de 34 anos, também saiu de Azovstal nos últimos
comboios. Ele foi levado para Taganrog uma semana depois de Seredniak.
Ele disse que os
guardas primeiro “procuravam suásticas ou similares”. Mas ele afirma que, na
verdade, “se você tivesse qualquer tatuagem, seria visto como alguém ruim.”
Rotchuk é médico
e tem tatuagens nas duas pernas, nos braços e no peito. Semanas atrás, quando
nos encontramos na capital ucraniana, Kiev, ele levantou sua camiseta para me
mostrar um corvo que cobria parte do seu peito e o símbolo de um pelotão de
infantaria no seu bíceps esquerdo. Ele também tinha um emblema da ordem Jedi,
da série de filmes Star Wars, na sua coxa esquerda.
Perguntei se
aquelas tatuagens haviam causado algum problema para ele. “Muitas vezes”, ele
respondeu. “Eles diziam: ‘o que é isto? Oh, vou bater em você por isto.’”
Seredniak não
tem tatuagens e conta que alguns combatentes que tinham símbolos nacionalistas
tatuados, como a bandeira ucraniana ou o tridente dourado, eram atacados com
frequência. “Eles nos odiavam por sermos ucranianos”, segundo ele.
Em março, um
relatório do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos
(ACNUDH) afirmou que a Rússia “falhou ao garantir tratamento humano” dos
prisioneiros, com “fortes padrões de violações”.
O porta-voz do
alto-comissariado, Kris Janowski, afirmou que havia uma “longa lista de coisas
ruins que foram feitas” para os prisioneiros no centro de detenção de Taganrog.
Segundo ele, o
próprio fato de ser usada uma prisão para manter os detentos já é uma infração
da legislação humanitária internacional, já que eles deveriam ser mantidos em
locais especificamente designados.
A Ucrânia também
enfrentou acusações de maus tratos de prisioneiros no relatório de março. Mas,
de forma geral, eles receberam “melhor tratamento”.
Rotchuk afirma
que os detentos “viviam em tensão permanente” em Taganrog. Ele relembra que
conheceu um homem, outro médico, que prestou a falsa confissão de que teria
retirado os testículos de um prisioneiro russo, desesperado para colocar um fim
àquela violência.
“Ele disse: ‘OK,
deixe-me em paz, vou assinar a confissão.’ Os oficiais então intimidaram os
outros médicos, dizendo: ‘ah, vocês o ajudaram.’”
Rotchuk conta
que recebeu choques elétricos dos guardas, mas resistiu. Ele me disse que foi
encaminhado para confinamento na solitária por dois meses, como punição. As
surras aconteciam quase todos os dias – às vezes, várias vezes por dia, segundo
ele.
Rotchuk relembra
que um oficial parecia ter prazer em chutá-lo no peito, o que o deixou com
dores persistentes. Ele se queixou, mas não recebeu ajuda.
“Eu tinha que
dizer para mim mesmo: ‘cara, seja forte, você não pode controlar a situação,
então precisa aceitá-la”, relembra Rotchuk.
Mas nem todos
tinham essa mesma resiliência. Seredniak conta que outro combatente do
regimento Azov, com pouco menos de 30 anos de idade, quebrou um pequeno espelho
que estava pendurado sobre a pia da sua cela e usou um pedaço para cortar a
garganta.
O homem foi
resgatado por outros detentos, que estancaram o sangramento com as mãos.
Seredniak conta que, dias depois, os funcionários da prisão retiraram os
espelhos de todas as celas.
Falta
de alimentos e de assistência médica
Seredniak conta
que médicos russos visitavam ocasionalmente os prisioneiros, mas “não
necessariamente os ajudavam”.
Ele descreveu as
porções de alimento oferecidas aos prisioneiros como limitadas. Às vezes,
segundo ele, elas eram “tão pequenas que, se comesse 300-400 calorias por dia,
estava com sorte”.
Seredniak tem
1,86 m de altura e afirma que seu peso caiu para cerca de 60 kg durante sua
permanência no centro de detenção. Seu peso normal é de 80 kg.
“Sempre que me
levantava”, ele conta, “eu ficava tonto. Meus olhos escureciam e eu não
conseguia fazer movimentos rápidos.”
Seredniak
acredita que era intencional. Enfraquecidos, os detentos não oporiam nenhuma
resistência.
Eles
fazem 'porque podem'
Iryna Stohnii é
médica de combate do 56º Batalhão. Ela tem 36 anos e descreve os detidos como
“constantemente mal nutridos”.
“Eles não nos
alimentavam”, segundo ela. “Eles não nos deixavam nem sair... Só conseguíamos
ver o céu através das barras nas janelas.”
Stohnii afirma
que os guardas, nas suas inspeções duas vezes por dia, forçavam a ela e a
outras mulheres a mover-se para uma posição de tensão, com os braços atrás das
costas e a cabeça junto aos joelhos. Alguns as “arrastavam pelos cabelos”.
Outras prisioneiras
contaram que as mulheres eram obrigadas a tirar as roupas em frente aos
funcionários homens que, às vezes, faziam comentários depreciativos sobre seus
corpos.
Stohnii conta
que, certa vez, um guarda a acusou de torturar soldados pró-russos em cativeiro
e torceu seus braços com tanta força que “quase os quebrou”.
Durante a nossa
entrevista, ela chorou por duas vezes. Para ela, “apenas demônios moram e
trabalham” em Taganrog.
Depois que foi
libertada, Stohnii passou por cirurgia para remover aderências – faixas de
tecido cicatrizado entre os órgãos que podem ter sido causadas por traumas –
que se desenvolveram nos seus rins e na bexiga.
“Tirando o
estupro, eles fizeram de tudo conosco”, conta Stohnii.
O cirurgião
militar Denys Haiduk afirma que os guardas forçaram a ele e a outros
prisioneiros a correr com suas cabeças para baixo enquanto eram golpeados
durante sua “recepção”. Houve detidos que foram atingidos até mesmo quando já
estavam no chão e incapazes de se levantar.
Haiduk tem 29
anos e havia ajudado os feridos em Azovstal. Ele conta que, no seu
interrogatório, foi acusado de amputar e castrar russos em cativeiro. Ele negou
a acusação, afirmando que apenas combatentes ucranianos haviam sido trazidos
para ele.
Enquanto ele
relembrava o que aconteceu, pude perceber a raiva na sua voz. Haiduk foi
lançado ao chão e recebeu choques elétricos com uma arma imobilizadora até a
bateria acabar, segundo ele.
Outros
prisioneiros afirmam que os guardas também usaram um telefone militar para dar
choques, conectando os fios aos seus corpos.
“Você está
convulsionando”, conta Haiduk. “Se você erguer a cabeça, eles começam a bater.
E este círculo nunca termina.”
Taganrog também
é usada como ponto de transferência. Para sua surpresa, Haiduk ficou preso ali
por apenas dois dias, até ser libertado em uma troca de prisioneiros.
Quando estava
saindo, os oficiais tentaram forçá-lo a assinar um documento, declarando que
qualquer lesão no seu corpo havia sido acidental. Haiduk recusou-se. Ele conta
que os guardas bateram nele e o chutaram, até que ele ouviu um estalo.
Haiduk lembra-se
de ter dificuldades para respirar e de cair sobre o colchão que estava
segurando. Mais tarde, depois de voltar para a Ucrânia, ele foi diagnosticado
com três costelas quebradas e uma contusão cardíaca – um hematoma no músculo
cardíaco causado por um trauma.
Eu perguntei por
que ele acreditava que os guardas tratavam os prisioneiros ucranianos daquela
forma.
“Porque eles
podem”, foi a resposta. “Você é prisioneiro e eles abusam de você.”
Quando fiz a
mesma pergunta para Seredniak, sua resposta foi mais prática: “eles batem em
você para conseguir informações. E, depois, dizem: ‘é para ter certeza de que
você não volte para lutar depois da troca [de prisioneiros]’.”
Lubinets, o
porta-voz ucraniano, afirma que as autoridades russas criaram um “sistema de
tortura” de prisioneiros ucranianos, tipicamente em centros de detenção, na
Rússia e em áreas ocupadas da Ucrânia. A Ucrânia abriu suas instalações para os
especialistas, mas a Rússia restringiu as visitas apenas a alguns locais.
Janowski, do
ACNUDH, afirma que Moscou negou repetidamente os pedidos de acesso apresentados
pelas Nações Unidas, sem fornecer “nenhuma razão justificável”.
Com a maior
parte dos lugares fechados para os observadores internacionais, Lubinets afirma
que “os soldados russos podem fazer de tudo com os prisioneiros ucranianos”.
'Um
dos piores lugares para prisioneiros na Rússia'
Durante sua
“recepção”, o sargento Artem Dyblenko, da 36º Batalhão Marítimo, ouviu os
guardas falando em jogar futebol com os prisioneiros. Ele ficou surpreso.
“O que eu não
sabia é que nós seríamos a bola”, afirma ele.
Vendado, ele
recebeu ordens de correr, segundo conta, e caiu. “Eram chutes constantes. Você
realmente se sentia uma bola de futebol.”
Dyblenko tem 40
anos de idade. Ele me contou que, em setembro, um dos seus colegas de cela
sofreu um ataque cardíaco, atribuído aos constantes abusos físicos. Segundo
Dyblenko, ninguém veio tratá-lo e o homem morreu, com 53 anos.
Três semanas
depois, Dyblenko foi incluído em uma troca de prisioneiros e, na Ucrânia,
relatou o caso às autoridades. Ele conta que o corpo foi devolvido no final do
ano passado.
“[Seu filho]
recebeu fotos dele, era horrível”, conta Dyblenko.
A Ucrânia
confirmou que foram trocados corpos em dezembro, sem fornecer detalhes das
identidades das vítimas, nem como e onde elas morreram. O filho daquele homem
afirmou que aguarda o resultado do teste de DNA e não quis comentar a respeito.
A organização
ucraniana Iniciativa Midiática pelos Direitos Humanos registrou acusações de
pelo menos três mortes na prisão de Taganrog, aparentemente devido à tortura e
falta de alimentação e cuidados médicos.
Mariia Klymyk é
uma das investigadoras do grupo. Ela afirma que este foi “um dos piores lugares
para prisioneiros ucranianos na Rússia”.
Ela ouviu
relatos de homens sendo levados para interrogatório e questionados se tinham
filhos.
“Se alguém
dissesse que não tinha, recebia golpes nos genitais, enquanto o guarda dizia:
‘para evitar procriação’”, segundo Klymyk.
Ela também conta
que soldados ucranianos foram submetidos a julgamento com confissões
aparentemente falsas que foram fornecidas em custódia e usadas como provas
contra eles.
A
libertação
Depois de quase
12 meses de cativeiro, sete deles em Taganrog, Artem Seredniak foi libertado em
uma troca de prisioneiros no dia 6 de maio, junto com outros 44 combatentes
ucranianos. Ele conta que irá comemorar a data como seu segundo aniversário.
A mesma troca
incluiu Serhii Rotchuk, o médico, que depois descobriu que tinha uma fratura no
esterno – uma condição associada a grave trauma no peito, que ele atribui aos
abusos que sofreu.
Visitei
Seredniak quatro semanas depois do seu retorno, em um apartamento de um conjunto
residencial na margem esquerda de Kiev, entre suas sessões de recuperação
física e mental.
Os médicos o
diagnosticaram com uma costela quebrada e cistos no rim e no fígado que,
segundo eles, provavelmente foram causados pelos espancamentos. Seredniak já
havia recuperado parte do peso que havia perdido, mas ainda sofria dores
lombares e, às vezes, tinha dificuldades para andar.
Ele assistiu no
meu telefone, pela primeira vez, a um vídeo da sua troca de prisioneiros,
divulgado pelo governo ucraniano. Os detentos foram filmados gritando “Slava
Ukraini!” (“Glória à Ucrânia!”) e sendo recebidos por uma vibrante multidão.
Foi quando
Seredniak apontou para um homem sorridente e disse: “este sou eu!”
Eu não consegui
reconhecê-lo. “Eu estava pálido e muito magro, sem acesso à luz do Sol”, contou
ele. “Nós éramos como morcegos, vivendo à meia-luz.”
Hugo Bachega, BBC News na Ucrânia, com colaboração de Daria Sipigina e Lee Durant. Fotos de Lee Durant.
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XII – Coleção Ensinando as crianças e seus papais a pensar Livro 1: O segredo da felicidade Livro 2: A gentileza pode tudo Livro 3: A mulher bela e rica e sua irmã feia e pobre Livro 4: O pequeno cachorro zen Livro 5: O pequeno gato zen Livro 6: O pequeno panda zen Livro 7: O pequeno sapo zen Livro 8: É melhor pensar antes de falar Livro 9: Os desafios são necessários Livro 10: A paz é a base de tudo
XIII – Amazon collection: the green paradise Book 1 - The amazon rainforest Book 2 - The jaguar (A onça pintada) Book 3 - Macaw (Arara-canindé) Book 4 - Golden Lion Tamarin Book 5 - The button (O boto) Book 6 - Frogs Book 7 - Heron (Garça-real) Book 8 - Swallowtail (Saí-andorinha) Book 9 - Jacaretinga Book 10 - Harpy Book 11 - Tapir (Anta) Book 12 - Snakes Book 13 - Puma Book 14 - Sloth (Bicho Preguiça) Book 15 - Toucan (Tucano-toco) Book 16 - Amazonian Caburé Book 17 - Pisces Book 18 - White-faced spider monkey Book 19 - Irara Book 20 - Red macaw Book 21 - Otter (Ariranha)
XIV – The cutest pets on the planet collection Book 1 - Black Eyes, the panda bear Book 2 - The happy kitten Book 3 - The aquarium fish Book 4 - Doggy, man's best friend Book 5 - The feneco Book 6 - The rabbit Book 7 - The chinchilla Book 8 - The Greenland Seal Book 9 - The dolphin Book 10 - The owl
B - TEORIA TEATRAL, DRAMATURGIA E OUTROS XV – ThM-Theater Movement: Livro 1. O teatro popular de bonecos Mané Beiçudo: 1.385 exercícios e laboratórios de teatro Livro 2. 555 exercícios, jogos e laboratórios para aprimorar a redação da peça teatral: a arte da dramaturgia Livro 3. Amor de elefante Livro 4. Gravata vermelha Livro 5. Santa Dica de Goiás Livro 6. Quando o homem engole a lua Livro 7: Estrela vermelha: à sombra de Maiakovski Livro 8: Tiradentes, o Mazombo – 20 contos dramáticos Livro 9: Teatro total: a metodologia ThM-Theater Movement Livro 10: Respiração, voz e dicção: para professores, atores, cantores, profissionais da fala e para os que aspiram a boa emissão vocal - teoria e mais de 200 exercícios Livro 11: Lampião e Prestes em busca do reino divino - o dia em que o bandido promovido a homem da lei guerreou com o coronel tornado um fora da lei Livro 12: Giordano Bruno: a fogueira que incendeia é a mesma que ilumina Livro 13: Amor e ódio: não esqueçamos de Aylan Kurdi Livro 14: Pitágoras: tortura, magia e matemática na escola de filosofia que mudou o mundo Livro 15: Irena Sendler, minha Irena Livro 16: O juiz, a comédia Livro 17: A comédia do mundo perfeito Livro 18: O dia do abutre Livro 19: A chibata Livro 20: O inspetor geral, de Nikolai Gogol – accountability pública, fiscalização e controle Livro 21: A noite mais escura: o hospício de Barbacena, uma Auschwitz no coração do Brasil
XVI – Shakespeare & accountability Livro 1: Medida por medida, ensaios sobre a corrupção, a administração pública e a distribuição da justiça Livro 2: Macbeth, de Shakespeare: entre a ambição e a cobiça, o sucesso ou o ocaso de profissionais e organizações Livro 3: A liderança e a oratória em Shakespeare Livro 4: Otelo, de Shakespeare: a inveja destroi pessoas, famílias e organizações Livro 5: Macbeth, de Shakespeare: entre a ambição e a cobiça, o sucesso ou o ocaso de profissionais e organizações Livro 6: Ética & Governança à luz de Shakespeare
C - PLANEJAMENTO XVII – Planejamento estratégico e administração Livro 1: Quasar K+ planejamento estratégico Livro2: Ouvidoria pública: instrumento de participação e aprofundamento da democracia Livro 3: Pregão: economia e eficácia na administração pública Livro 4: Comunicação estratégica: da interlocução às palestras exitosas – como falar bem em ambientes controláveis e em situações de extrema pressão Livro 5: As máximas do empreendedor Livro 6: Vivendo e aprendendo a amar segundo Rodoux Faugh
D – OUTROS XVIII – A pena e o amor como espada Livro 1: Os anjos esquecidos por Deus – romance Livro 2: Moving Letters – a arte de escrever bem Livro 3: Sobre flores e amores – poemas Livro 4: 300 maneiras corajosas de dizer bom dia Livro 5: Revolucione amando incondicionalmente Livro 6: Sobre homens e lobos, o conto Livro 7. A coroa de mil espinhos - poemas
Sobre o autor Antônio Carlos dos Santos é escritor e criador das seguintes metodologias: ©Planejamento Estratégico Quasar K+; ©ThM – Theater Movement; e ©Teatro popular de bonecos Mané Beiçudo.
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