domingo, 21 de agosto de 2022

Amazônia Legal bate recorde e tem maior desmatamento dos últimos 15 anos


Em pleno ano de eleições presidenciais, o desmatamento da Amazônia registrou um novo recorde, com a destruição de mais de 10.000 km2 da floresta nos últimos 12 meses.

 

Segundo monitoramento da ONG Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) foram derrubados 10.781 km² entre julho de 2021 e agosto de 2022, a maior taxa desde 2008. Desde 2018 as taxas de desmatamento na maior floresta equatorial do planeta vem aumentando repetidamente, superando as taxas observadas 15 anos atrás.

Comparando apenas os meses de janeiro a julho de 2022 com o mesmo período de 2021, a área de floresta perdida cresceu 7%, passando de 6.109 km² para 6.528 km², e confirmando a previsão feita no início do ano de aumento no desmatamento.

A plataforma PrevisiA, desenvolvida pelo Imazon em parceria com a Microsoft, no entanto, previu um aumento de 16%. Pelos cálculos da Inteligência Artificial, até o fim deste ano quase 15.400 km2 de floresta devem ser derrubados, nos trazendo próximo ao ano de 2005.

Naquele ano deu-se início uma série de quedas na taxa de desmatamento depois da triste marca de 27.772 km2 devastados no ano anterior segundo os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), maior marca já registrada e equivalente a todo o Estado de Alagoas.

Divulgado na semana passada, os números do programa Deter, do órgão oficial ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, apontaram para pouco mais de 8.590 km² desmatados na Amazônia de agosto de 2021 a julho de 2022 (período-base convencionado para mensuração do desmatamento).

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A função primária do Deter não é medir desmates — tarefa que é cumprida com maior precisão pelo sistema Prodes, também do Inpe —, mas, sim, auxiliar operações de combate a crimes ambientais. Este último costuma resultar em taxas maiores de desmatamento. Apesar disso, pelo acompanhamento por satélite quase em tempo real da retirada de vegetação da floresta, é possível usar o Deter para perceber tendências de supressão vegetal.

Desde o início do governo Jair Bolsonaro (PL), dados do Deter e também do Prodes consolidaram uma explosão na destruição da Amazônia e a consolidação de números altíssimos de desmatamento, tanto mensais quanto anuais.

Os níveis de desmatamento também aproximam a região de uma situação incontrolável, apontam pesquisadores. Como é feita atualmente, a fiscalização não será mais suficiente para conter os crimes dado o tamanho e o espraiamento da destruição. Com os níveis atuais de desmatamento registrados -com diversos meses com destruição amazônica acima dos 1.000 km²-, os compromissos climáticos internacionais do Brasil podem ficar em xeque, especialmente a redução da emissão de gases-estufa. O país também se comprometeu a zerar a derrubada ilegal de mata nativa até 2028.

Nova fronteira da devastação

A nova marca acumulada ocorre mesmo com uma redução no desmatamento em julho, e concentra-se na região conhecida como Amacro, nas dívidas de Amazonas, Acre e Rondônia. O projeto de criar um polo de agronegócio no sul do Amazonas, que começou a ser desenhado por ruralistas em 2019 e ganhou apoio do governo federal, se transformou na nova frente de desmatamento, grilagem e conflitos por terra.

 “Em julho de 2022 essa região registrou 36% de todo o desmatamento ocorrido na Amazônia; isso indica que é necessário ações urgentes de proteção, sobretudo para impedir que as florestas públicas não destinadas virem alvo de grilagem”, alerta Bianca Nunes, pesquisadora do instituto.

O Amacro reúne 32 municípios dos três estados e agora se junta a localidades que chamam atenção há mais tempo, como Altamira, Novo Progresso e São Félix do Xingu, no Pará. Somente nesta região foram quase 4.000 km2 de floresta derrubada nos últimos 12 meses.

Em abril deste ano, a área desmatada no Amazonas ultrapassou pela primeira vez a do Pará, que costumava revezar com o Mato Grosso o topo da lista dos estados que mais destroem a floresta. Dois municípios amazonenses, Lábrea e Apuí, foram os que mais desmataram na Amazônia naquele mês e continuam liderando o ranking no mês de julho.

Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostram ainda um acirramento dos conflitos agrários com seringueiros, extrativistas e pequenos agricultores na região.

Piora eleitoral

Historicamente, as taxas de desmatamento na Amazônia costumam aumentar em anos de eleição presidencial, e mesmo nos outros biomas do país. Um estudo publicado em 2021 na revista Conservation Letters apontou que, em anos eleitorais, a destruição cresce até mesmo na mata atlântica, o bioma mais devastado do país.

Para os autores do estudo, comandado pela pesquisadora da USP Patrícia Ruggiero, um dos motivos para este aumento é a necessidade de apoio financeiro, político e eleitoral, que oferece oportunidades para a corrupção. Ao mesmo tempo, decisões que afetam os eleitores têm maior peso político pouco antes das eleições, tornando as medidas populares entre os eleitores serem mais comuns em anos de eleição.

Yahoo notícias, Gustavo Basso


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