domingo, 20 de fevereiro de 2022

O cobiçado voto latino nos Estados Unidos

Protesto contra o governo cubano, em 26 de julho de 2021, em Washington, D.C. (AFP/Brendan Smialowski) 

 

Se os números têm poder político, os latinos estão com sorte nos Estados Unidos. Mais de 11 milhões votarão em novembro nas eleições de meio de mandato (as "midterms"), de acordo com a NALEO.

 

São pelo menos 11,6 milhões, quase o mesmo número de 2018, quando foram em massa às urnas, e seu impacto aumentará, já que o voto não hispânico deve sofrer uma queda (-3,8%), antecipa o Fundo Educacional da Associação Nacional de Funcionários Latinos Eleitos e Nomeados (NALEO, na sigla em inglês), conforme dados divulgados nesta quinta-feira (18).

Quase um em cada 10 eleitores (9,8%) será latino nas eleições de meio de mandato, ou seja, eleições legislativas, nas quais se renova um terço do Senado e toda a Câmara de Representantes (Deputados) e que acontece bem na metade do mandato presidencial de quatro anos. Isso significa um aumento de 34,1% em relação a 2014.

O Partido Democrata do presidente Joe Biden brigará para manter o controle do Congresso. O quadro não é tão favorável, porém. O desgaste do poder, com uma baixa popularidade de Biden, a alta inflação (7,5% em janeiro) e suas promessas ainda não cumpridas podem cobrar a fatura.

Algumas de suas reformas mais emblemáticas, como a migratória, e o gigantesco plano social conhecido como "Build Back Better" estão paralisadas no Congresso.

De acordo com a NALEO, o número de eleitores latinos aumentará em três estados-chave: Arizona (+9,6%), Colorado (+8,9%) e Nevada (+5,8%). Permanece sem alterações, desde 2018, em seis (Califórnia, Flórida, Illinois, Nova Jersey, Nova York e Carolina do Norte) e diminui em dois: Texas e Novo México.

"É preciso levar em conta que estas são as primeiras eleições depois do censo de 2020 e da distribuição dos distritos, segundo os novos números" e "sabemos que os números têm poder político", declarou o diretor-executivo da NALEO, Arturo Vargas, em entrevista coletiva na quinta-feira (17).

Para ele, a participação dependerá de se "os partidos vão querer investir para tentar mobilizar esses eleitores".

Outra peça-chave é o "envolvimento dentro da comunidade, uma das tendências que vimos a partir de 2018 e que continuou em 2020", quando foram os latinos que incentivaram familiares e amigos a votar, acrescentou o diretor de pesquisa de engajamento cívico da NALEO, Dorian Caal.

Rodrigo Domínguez-Villegas, diretor de pesquisa da Iniciativa de Política e de Políticas Latinas (LPPI) da Universidade da Califórnia, concorda em que tanto republicanos quanto democratas "devem investir na mobilização".

Em especial - disse ele à AFP -, porque muitos são jovens, e estes, independentemente de sua origem étnica, são menos propensos a votar.

Jovens e cidadãos naturalizados não estão familiarizados "com os detalhes do processo eleitoral, sobre como se cadastrar, ou o voto pelo correio", explica a diretora de Políticas Públicas da NALEO, Rosalind Gold.

Engajamento contínuo é a chave

Embora o voto latino tenha cada vez mais peso na cena política americana, é muito cedo, porém, para medir seu impacto em cada partido.

"Veremos. Estamos em fevereiro. Ainda teremos as eleições primárias (que elegem os candidatos que vão aparecer nas cédulas das eleições legislativas) e, depois, as gerais", ressalta Arturo Vargas.

A chave está em "ter um compromisso contínuo com as comunidades latinas (...) Não significa ter alguns eventos com uma banda de mariachis", mas "ir conversar com os eleitores latinos, ouvir seus problemas e projetar políticas que melhoram suas vidas", explicou Domínguez-Villegas.

Em 2018, a participação dos latinos foi inédita. A NALEO atribui isso ao fato de haver candidatos latinos e a temas que mobilizaram seu voto, como a crise das caravanas de migrantes centro-americanos e a política migratória do então presidente, o republicano Donald Trump.

As projeções da NALEO não levam em consideração circunstâncias particulares, como a realidade dos latinos e as ações do governo no poder, ou do Congresso.

E algumas destas circunstâncias podem influenciar, como a pandemia da covid-19 e as medidas eleitorais adotadas em alguns estados conservadores que, segundo diferentes ONGs, discriminam as minorias.

"Foram adotadas de propósito para privar os eleitores de cor de seus direitos", assegura Dominguez-Villegas.

O outro fator, lembra ele, é que os democratas, "em quem a maioria dos latinos vota", dão este eleitor como certo.

Assumir que, "porque o Partido Republicano deu uma guinada anti-imigrantes e anti-latinos desde a eleição de Donald Trump, os latinos vão comparecer em massa e votar nos democratas" é um erro, alerta.

Parte dos eleitores está indecisa, e seu voto pode migrar, conclui.

Eva Rodriguez Lorenzo, AFP



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