domingo, 18 de outubro de 2020

Educação especial, incluir sem excluir

 


Recentemente, uma medida do governo federal reacendeu o debate sobre o ensino para pessoas com deficiência. Na proposta, cabe ao estudante com deficiência e seus familiares escolher se querem ou não uma sala exclusiva para pessoas com deficiências

 

Educação sempre foi um tema muito importante para se discutir. Educação especial, então, nem se fala. Recentemente, uma medida do governo federal reacendeu o debate sobre o ensino para pessoas com deficiência. Na proposta, denominada Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida, cabe ao estudante com deficiência e seus familiares escolher se querem ou não uma sala exclusiva para pessoas com deficiências. Na prática, pouco muda, visto que ainda existem algumas unidades de ensino exclusivas para esses alunos, porém o que chamou a atenção de militantes e especialistas da área da educação é a possibilidade de se excluírem esses estudantes do convívio com os demais.

Acompanhando as repercussões sobre a medida, me lembrei de quando estava no ensino fundamental, mais precisamente na sétima série, quando tive a oportunidade de estudar em uma turma com uma menina que usava cadeira de rodas. Na infância, ela havia sofrido um acidente de trânsito gravíssimo, que a deixou com inúmeras sequelas, inclusive cognitivas. Ela tinha um lugar reservado na sala mais próximo no quadro, já que tinha comprometimento da visão. Também tinha mais tempo para fazer provas, contava com apoio de uma instrutora e, nas aulas de educação física, fazia atividades adaptadas.

Creio que esse tenha sido meu primeiro contato com alguém que demandava acessibilidade e, talvez, graças a ela, tenha despertado em mim o interesse pela inclusão. Para mim, não houve ônus em dividir a atenção dos professores com ela, pelo contrário, aprendi a conviver com o diferente e entender que cada um tem seu processo e tempo de aprendizado. Porém, não sei dizer se para ela foi tão proveitoso quanto para mim. Não temos mais contato, por isso fica complicado saber a opinião dela. Mas, para saber sobre o outro lado, bati um papo com meu amigo Fabiano de Abreu sobre os tempos de escola. Ele é superdotado e, hoje, é um profissional da neurociência.

“Acho que primeiro devemos pensar na educação como um todo. A meu ver, não adianta querer mudar uma cadeira, sendo que o necessário é mudar o ambiente todo. Devemos pensar no que é ofertado para cada um, independentemente de precisar ou não de acessibilidade. Eu, por exemplo, sempre estudei em escolas regulares, onde os melhores alunos ficavam em salas separadas e podiam se desenvolver mais na comparação com os que não queriam estudar ou precisavam de mais atenção. Acho que teria sido importante para mim ter estado em uma escola que percebesse e potencializasse minhas habilidades. Hoje, vejo que estamos na era da persona, ou seja, do personalizado, então minha proposta é pensar em uma educação personalizada, que valorize cada aluno como ele é”.

Por Raquel Penaforte, em O Tempo

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