terça-feira, 16 de maio de 2017

Acidente de trânsito é a principal causa da morte de jovens, diz OMS


A cada ano morrem 1,2 milhão de adolescentes dentre 10 e 19 anos por causas evitáveis, e mais de dois terços das mortes acontecem nos países em desenvolvimento, especialmente no continente africano e no sudeste asiático, segundo um relatório publicado nesta terça-feira (16) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os acidentes de trânsito (115.302), infecções respiratórias (72.655), suicídios (67.149), doenças diarreicas (63.575) e afogamentos (57.125) foram as principais causas de morte entre os adolescentes em 2015, de acordo com a OMS.
Pelo menos 3 mil menores morreram por dia, ao longo do período analisado no relatório Acelerador da Ação Global a favor da Saúde dos Adolescentes: Guia para apoiar a implementação em cada país".
Os dados divulgados pela OMS apresentam diferenças consideráveis entre os adolescentes por sexo e faixa etária. Os acidentes de trânsito são a causa mais comum de morte entre adolescentes e também no caso dos homens, enquanto que o principal motivo de mortalidade feminina são as infecções respiratórias pulmonares.
Pedestres, ciclistas ou motociclistas
Na maioria de ocasiões, os menores mortos nas estradas são usuários vulneráveis: pedestres, ciclistas ou motociclistas. Quase 88.590 em relação às vítimas do sexo feminino da mesma idade (26.712) morreram por ferimentos ocasionados por conta de acidentes na via pública.
Já muitas das infecções respiratórias, que causaram a morte de 36.637 mulheres e 36.018 homens adolescentes, são provocadas pela inalação de ar contaminado em suas próprias casas, onde ainda cozinham com combustíveis sujos.
O suicídio e autoflagelo constituem a segunda causa de mortes entre as garotas de todo o mundo (32.194) e a quinta entre os rapazes (34.650). Na Europa é a primeira entre os menores, diz o estudo, que não fornece número por regiões.
Além disso, os garotos adolescentes têm mais probabilidades de perder a vida em brigas e confrontos violentos (42.277) e afogamento (40.847), enquanto que as garotas falecem mais por causa de doenças diarreicas (32.194).
O estudo prova que - para as mulheres com idade entre 15 e 19 anos - a primeira causa de morte são as complicações no parto ou aborto, um problema que acaba com a vida de 28.886 das adolescentes a cada ano.
Em alguns países africanos, as doenças contagiosas - especialmente o HIV -, as infecções respiratórias, meningites e diarreia matam mais adolescentes do que os acidentes de trânsito.
De acordo com as conclusões do relatório, as mortes de adolescentes, em sua maioria, poderiam ser prevenidas com a melhoria dos sistemas de saúde e na educação pública, além de campanhas de conscientização.
O relatório descobriu que, em muitos casos, os adolescentes com transtornos mentais, viciados em drogas ou problemas de alimentação, não têm acesso à prevenção e tratamento, ou porque não existe ou por falta de conhecimento.
Planos de saúde
"Os adolescentes foram os grandes ausentes dos planos nacionais de saúde durante décadas", disse, em um comunicado, a diretora-geral adjunta da OMS, Flavia Bustreo.
Para ela, investimentos relativamente modestos destinados a este grupo de população resultariam em uma geração de adultos mais saudáveis, pois é na adolescência que as pessoas desenvolvem comportamentos de risco que têm um impacto importante em seu futuro, como má alimentação, sedentarismo ou sexo inseguro.
"Melhorar o sistema de saúde que lida com os adolescentes é um primeiro passo para melhorar sua saúde. Os pais, parentes e comunidades também têm o potencial para influenciar de forma positiva no comportamento e na saúde do menor", disse o diretor do departamento de infância da OMS, Anthony Costello.
O relatório divulgado hoje recomenda intervenções em todos os setores da sociedade. Desde promover programas de educação sexual integral nas escolas, limitar a idade máxima para consumo de álcool, tornar lei a utilização do cinto de segurança e capacete na via pública, redução da poluição no interior da residência, melhorar o acesso à água e incentivar a boa higiene pessoal.
Aina Martí Soler - Da Agência EFE