segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Albert Hammond Jr. nega rumor de volta do Strokes e foca shows solo


Ao G1, guitarrista desmente que banda tenha voltado a gravar: Sem planos.
Ele fala de shows no Lollapalooza SP e em Paris após ataques: 'Chocante'.


Albert Hammond Jr. toca no Lollapalooza 2016, em São Paulo (Foto: Divulgação / Jason McDonald)

Sons de panelas, pratos e torneira embalaram a conversa de Albert Hammond Jr. com o G1 por telefone. Enquanto lidava com a louça em casa, em Nova York, o guitarrista dos Strokes, falou sobre a expectativa para o primeiro show solo no Brasil, em março, no Lollapalooza de São Paulo. Ele foca a carreira solo. O guitarrista negou que os Strokes estejam gravando um novo disco, como foi noticiado recentemente pela imprensa estrangeira. 

O vocalista Julian Casablancas disse durante show nos EUA em novembro que a banda estava gravando e voltaria "em breve". Duas semanas depois, eles foram fotografados em estúdio no México, onde fizeram um show. Na foto, no Instagramda diretora do estúdio, estão os quatro outros integrantes, exceto Albert. "Só estávamos ensaiando para os shows. Não sei porque venderam isso como se estivéssemos 'em estúdio' [gravando material novo]",  minimiza. 
"Meu quarto disco solo está mais planejado do que o próximo dos Strokes", diz o músico que lançou o terceiro, "Momentary masters", há menos de seis meses. Em julho deste ano, oguitarrista já havia negado ao G1 um rumor anterior de volta dos Strokes.
Ele também falou sobre o repertório previsto para o Lolla - dica: não espere músicas da banda - e sobre a turnê europeia recente. Albert tocava em Nantes, na França, no dia dos ataques em Paris, e seguiu na Europa no período mais tenso após as mortes no Bataclan.
Outro momento perigoso - mas este com final muito mais feliz - foi uma tentativa de assalto na Suécia. O músico enfrentou os assaltantes e levou a melhor. O episódio foi registrado em vídeo e publicado no YouTube (veja).

Vídeo mostra Albert Hammond Jr. reagindo a assalto e pegando carteira de volta na Suécia (Foto: Reprodução / YouTube)

G1 – É impressionante aquele vídeo em que você pega os assaltantes em um hotel. Onde aconteceu isso?

Albert Hammond Jr. - Eu estava em um hotel em Estocolmo, na Suécia, fazendo o check-in para o último dia da turnê na Europa. Depois, soubemos que isso acontecia muito naquele hotel, por isso colocaram uma câmera no lugar. Um dos caras não foi pego. Haviam três, e davam um golpe profissional. Um deles te bloqueia, o outro te desorienta e o terceiro rouba. Eu tive sorte de ter visto o cara que pegou a carteira da minha mulher, que era vermelha. Isso fez minha cabeça funcionar mais rápido. Se fosse preta, eu demoraria um pouco mais para perceber. Foi sorte. Aí atacamos e pegamos as coisas de volta.

G1 – Quando você lançou “Momentary masters”, disse que o disco marcava um bom momento na sua vida. A primeira parte da turnê na Europa confirmou isso?

Albert Hammond Jr. - Ah, sim. Foi a melhor turnê que eu já fiz. Foi longa e difícil, mas divertida. Não tinha dias de folga, e se tinha dia livre era para viajar. Senti que fomos ficando mais afiados, mesmo com o cansaço das viagens. Estamos tocando melhor. (A conversa é interrompida por barulhos de panelas e pratos batendo).

G1 – Você está comendo agora? Onde está?

Albert Hammond Jr. - Não, agora estou só aqui pegando as louças (risos). Estou em casa em Nova York.



G1 – Ok, sobre o Brasil, agora. Seus shows tiveram muito do 'Momentary masters', mas dos outros solo também. Em um festival grande como o Lolla, fará o mesmo?

Albert Hammond Jr. - Não sei quanto tempo vou ter. Espero que pelo menos uma hora. Mas sim, vão ter muitas músicas do novo disco e de cada um dos outros discos solo, incluindo o EP. Sinto que essa turnê tem não só atraído novos fãs, mas consolidado os antigos. As pessoas não me enxergam mais como uma surpresa, como alguém fazendo um trabalho paralelo, sabe?

G1 – Você geralmente toca um cover do Guided By Voices. Acha que aqui no Brasil vão pedir outra coisa, Strokes?

Albert Hammond Jr. - Para falar a verdade, as pessoas não ficam pedindo muito. Às vezes, quando pedem, acho que é só para chamar minha atenção. Eles querem falar qualquer coisa comigo, e acabam pedindo Strokes só para ter o que falar. Mas eu gravei músicas solo o suficiente para você saber que vai ao meu show para ouvir as minhas músicas. Não me preocupo com isso.

G1 – Como foram as sessões de gravação do Strokes no México?

Albert Hammond Jr. - Não, aquilo foi só um ensaio, não era gravação.

G1 – Mas você está mais otimista em relação a um novo disco da banda do que estava no meio desse ano?

Albert Hammond Jr. - Continuo sem ideia de quando as coisas vão acontecer. Strokes não é uma banda que planeja as coisas muito bem. Eu tenho meu quarto álbum mais bem planejado do que um disco dos Strokes até agora. Só estávamos ensaiando para os shows. Tivemos meio dia livre e ensaiamos. Não sei porque eles venderam como se estivéssemos “em estúdio”. Digo, era um estúdio de gravação, mas era só um lugar legal para ensaiar.



G1 – Voltando à sua turnê, vi que você estava em Nantes, na França, no dia dos ataques em Paris.

Albert Hammond Jr. - Foi terrível, nós descemos do palco e minha mulher me contou o que aconteceu. Acho que todo mundo da plateia estava descobrindo também enquanto saíam. Eu já excursionei com os Eagles of Death Metal. Foi muito chocante acontecer uma coisa dessas em um ambiente como um show. Nunca achei que estaria tão perto de algo assim. Eu senti uma coisa estranha durante muito tempo.

G1 – E você tocou no outro dia na França, certo? Como foi?

Albert Hammond Jr. - Sim, e também toquei em Paris e em Bruxelas uns dez dias depois. Acho que fiz, na verdade, o primeiro show em Bruxelas após os ataques, porque tinham fechado a cidade. As pessoas estavam animadas, havia um sentimento comum...  Acho que o entretenimento ganhou um significado mais rico. Só estar lá tocando já era muito especial. Compartilhar as coisas e tentar superar, se curar do que aconteceu. E tentar descobrir juntos um jeito de continuar, seguir vivendo.

G1 – Você sabia que os Eagles vão tocar no Lollapalooza em São Paulo também?

Albert Hammond Jr. - Eles abriram shows dos Strokes em 2006. Eu os conheço todos, mas não vejo há muito tempo. Espero vê-los no aí, então.


Por Rodrigo Ortega, no portal G1