Ao G1, guitarrista desmente que banda tenha voltado
a gravar: Sem planos.
Ele fala de shows no Lollapalooza SP e em Paris após ataques: 'Chocante'.
Albert Hammond Jr. toca no Lollapalooza 2016, em
São Paulo (Foto: Divulgação / Jason McDonald)
Sons de
panelas, pratos e torneira embalaram a conversa de Albert Hammond Jr. com o G1
por telefone. Enquanto lidava com a louça em casa, em Nova York, o
guitarrista dos Strokes, falou sobre a expectativa para o primeiro show solo no
Brasil, em março, no Lollapalooza de São Paulo. Ele foca a carreira solo. O
guitarrista negou que os Strokes estejam gravando um novo disco, como foi
noticiado recentemente pela imprensa estrangeira.
O vocalista
Julian Casablancas disse durante show nos EUA em novembro que a banda estava
gravando e voltaria "em breve". Duas semanas depois, eles foram
fotografados em estúdio no México, onde fizeram um show. Na foto, no Instagramda diretora do estúdio, estão os quatro outros integrantes, exceto Albert. "Só estávamos
ensaiando para os shows. Não sei porque venderam isso como se estivéssemos 'em
estúdio' [gravando material novo]", minimiza.
Ele
também falou sobre o repertório previsto para o Lolla - dica: não espere
músicas da banda - e sobre a turnê europeia recente. Albert tocava em Nantes,
na França, no dia dos ataques em Paris, e seguiu na Europa no período mais
tenso após as mortes no Bataclan.
Outro
momento perigoso - mas este com final muito mais feliz - foi uma tentativa de
assalto na Suécia. O músico enfrentou os assaltantes e levou a melhor. O
episódio foi registrado em vídeo e publicado no YouTube (veja).
Vídeo mostra Albert Hammond Jr. reagindo a assalto
e pegando carteira de volta na Suécia (Foto: Reprodução / YouTube)
G1 – É
impressionante aquele vídeo em que você pega os assaltantes em um hotel. Onde
aconteceu isso?
Albert Hammond Jr. - Eu estava
em um hotel em Estocolmo, na Suécia, fazendo o check-in para o último dia da
turnê na Europa. Depois, soubemos que isso acontecia muito naquele hotel, por
isso colocaram uma câmera no lugar. Um dos caras não foi pego. Haviam três, e
davam um golpe profissional. Um deles te bloqueia, o outro te desorienta e o
terceiro rouba. Eu tive sorte de ter visto o cara que pegou a carteira da minha
mulher, que era vermelha. Isso fez minha cabeça funcionar mais rápido. Se fosse
preta, eu demoraria um pouco mais para perceber. Foi sorte. Aí atacamos e pegamos
as coisas de volta.
G1 –
Quando você lançou “Momentary masters”, disse que o disco marcava um bom
momento na sua vida. A primeira parte da turnê na Europa confirmou isso?
Albert Hammond Jr. - Ah, sim.
Foi a melhor turnê que eu já fiz. Foi longa e difícil, mas divertida. Não tinha
dias de folga, e se tinha dia livre era para viajar. Senti que fomos ficando
mais afiados, mesmo com o cansaço das viagens. Estamos tocando melhor. (A
conversa é interrompida por barulhos de panelas e pratos batendo).
G1 – Você
está comendo agora? Onde está?
Albert Hammond Jr. - Não,
agora estou só aqui pegando as louças (risos). Estou em casa em Nova York.
G1 – Ok,
sobre o Brasil, agora. Seus shows tiveram muito do 'Momentary masters', mas dos
outros solo também. Em um festival grande como o Lolla, fará o mesmo?
Albert Hammond Jr. - Não sei
quanto tempo vou ter. Espero que pelo menos uma hora. Mas sim, vão ter muitas
músicas do novo disco e de cada um dos outros discos solo, incluindo o EP.
Sinto que essa turnê tem não só atraído novos fãs, mas consolidado os antigos.
As pessoas não me enxergam mais como uma surpresa, como alguém fazendo um
trabalho paralelo, sabe?
G1 – Você
geralmente toca um cover do Guided By Voices. Acha que aqui no Brasil vão pedir
outra coisa, Strokes?
Albert Hammond Jr. - Para
falar a verdade, as pessoas não ficam pedindo muito. Às vezes, quando pedem,
acho que é só para chamar minha atenção. Eles querem falar qualquer coisa
comigo, e acabam pedindo Strokes só para ter o que falar. Mas eu gravei músicas
solo o suficiente para você saber que vai ao meu show para ouvir as minhas
músicas. Não me preocupo com isso.
G1 – Como
foram as sessões de gravação do Strokes no México?
Albert Hammond Jr. - Não,
aquilo foi só um ensaio, não era gravação.
G1 – Mas
você está mais otimista em relação a um novo disco da banda do que estava no
meio desse ano?
Albert Hammond Jr. - Continuo
sem ideia de quando as coisas vão acontecer. Strokes não é uma banda que
planeja as coisas muito bem. Eu tenho meu quarto álbum mais bem planejado do
que um disco dos Strokes até agora. Só estávamos ensaiando para os shows.
Tivemos meio dia livre e ensaiamos. Não sei porque eles venderam como se
estivéssemos “em estúdio”. Digo, era um estúdio de gravação, mas era só um
lugar legal para ensaiar.
G1 –
Voltando à sua turnê, vi que você estava em Nantes, na França, no dia dos
ataques em Paris.
Albert Hammond Jr. - Foi
terrível, nós descemos do palco e minha mulher me contou o que aconteceu. Acho
que todo mundo da plateia estava descobrindo também enquanto saíam. Eu já
excursionei com os Eagles of Death Metal. Foi muito chocante acontecer uma
coisa dessas em um ambiente como um show. Nunca achei que estaria tão perto de
algo assim. Eu senti uma coisa estranha durante muito tempo.
G1 – E
você tocou no outro dia na França, certo? Como foi?
Albert Hammond Jr. - Sim, e
também toquei em Paris e em Bruxelas uns dez dias depois. Acho que fiz, na
verdade, o primeiro show em Bruxelas após os ataques, porque tinham fechado a
cidade. As pessoas estavam animadas, havia um sentimento comum... Acho
que o entretenimento ganhou um significado mais rico. Só estar lá tocando já
era muito especial. Compartilhar as coisas e tentar superar, se curar do que
aconteceu. E tentar descobrir juntos um jeito de continuar, seguir vivendo.
G1 – Você
sabia que os Eagles vão tocar no Lollapalooza em São Paulo também?
Albert Hammond Jr. - Eles
abriram shows dos Strokes em 2006. Eu os conheço todos, mas não vejo há muito
tempo. Espero vê-los no aí, então.
Por Rodrigo Ortega, no portal G1