segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Corrupção e variações sobre um mesmo tema
Todos sabemos que para certas espécies de moscas varejeiras uma simples gota de mel vale mais que dez mil litros de vinagre.
O mesmo vale para uma categoria de humanos que se especializou em lançar mão sobre o patrimônio público. São como algumas espécies de moscas varejeiras. Homens vorazes e maléficos, pérfidos e inescrupulosos, indiferentes às necessidades da coletividade, jamais regateando esforços para perpetrar o mal.
Essa turba de humanos gravita em torno de setores da atividade estatal em que o dinheiro se acumula com facilidade, e para tungá-lo, organizam-se em grupos, redes, quadrilhas, maltas de larápios e corruptos.
E um de seus alvos prediletos reside exatamente nos setores responsáveis pela regulação e organização do trânsito de veículos, os Detrans.
Em decorrências das taxas, sobretaxas, infrataxas, supertaxas, sistema de regulação sempre ávido por mais e mais penduricalhos “legais” para municiar a insaciável industria das multas, os departamentos de trânsito transformaram-se em máquina de fabricar dinheiro fácil.
Daí extraíram do fundo do saco uma lei capaz de cassar a carteira do motorista, aplicando uma multa de quase R$ 1 mil, por conta de uma taça de vinho ou uma lata de cerveja... uma estupidez sem tamanho. Não demorou, e os tentáculos da rede de corrupção se fizeram sentir em sua magnitude. Leiam abaixo o que extraí dos jornais:
“PMs compram bafômetros para extorquir
A Inteligência da Polícia Militar (P-2) do Rio investiga um novo esquema de extorsão praticado por PMs no Estado: eles compram bafômetros pela Internet, entre 100 e 500 dólares, flagram motoristas alcoolizados e os ameaçam de prisão, como prevê a Lei Seca, a menos, é claro, que paguem propina. Flanelinhas cúmplices anotam placas dos motoristas que bebem à mesa de bares para a serem abordados pela PM à saída.
A deputada e policial civil Marina Maggesi (PMDB-RJ) reúne documentos para a Câmara investigar o novo tipo de extorsão de PMs, no Rio.
Segundo a assessoria da Polícia Militar do Rio, só na Zona Sul já foram recebidas mais de 30 denúncias de extorsão por parte dos PMs.”
É óbvio ululante que os que transgridem a lei, os que utilizam os veículos como instrumentos para o morticínio, os que exageram na bebida devem ser punidos, e de forma exemplar. O problema é quando o Estado todo poderoso, sob o pretexto de punir os efetivamente erráticos, lança seus tentáculos sobre as pessoas de bem, sobre os que sabem de seus deveres e responsabilidades, sobre os que sabem dos limites e que bebem para se divertir e não para se embriagar, que são a maioria da população. É aquela velha e surrada cantilena hipócrita, politicamente correta, de que os bons e justos pagam pelos pecadores.
A questão de fundo é que, sempre que políticos e autoridade recorrerem a modos e modelos extremistas, fundamentalistas, sebastianistas e salvadores da pátria, coloque – querido leitor – todos os fios da barba de molho... seu bolso estará prestes a se assaltado.
A metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e a tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo são criações originais de Antônio Carlos dos Santos.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Feliz Natal!!!
Feliz Natal e um 2.009 repleto de sucessos e realizações!!!
O ano correu rápido e já é natal.
Sim, o espírito de natal já ilumina as áureas de todos nós.
São dias em que experimentamos a magia dos olhares mais sinceros, dos abraços e gestos mais fraternos, calorosos, solidários. Dias em que percebemos, de uma maneira única e especial, a real importância do amor, da paz, da família e do fundamental compromisso de empregarmos todas as nossas forças e energias por uma pátria mais generosa e um mundo melhor e mais justo para todos.
É natal!
E que em 2.009, todos os nossos dias sejam dias de Natal. Seja segunda, seja terça-feira, não importa! Agora é lei. Está decretado. Em 2.009, todos os nossos dias serão dias de natal. Não teremos mais aqueles dias mais ou menos, aqueles dias tristes, cinzentos e enfadonhos. Serão todos, literalmente todos, dias alegres, radiantes de sol e energia, dias felizes, em que emprestaremos todo o nosso suor e esforço para tornar o Brasil um país sem tantos desequilíbrios e diferenças. Um país que mantenha-se invulnerável às ratazanas, aos lobos do homem.
Sempre neste período do ano me pego cantarolando a bela canção que John Lennon dedicou ao natal. Não por acaso sua composição Feliz Natal foi por ele também denominada A Guerra Acabou. E porque fez assim o carismático timoneiro dos Beatles?
Porque temos que internalizar o natal como um momento, sobretudo, de cultivar a paz, o que implica desmobilizar nossa vertente violenta, egoísta, que evoca a agressão, a prepotência, a arrogância e a guerra.
Que tal nos lembrarmos dela? Está no álbum Imagine, gravado e lançado em 1971. Logo abaixo da original, segue a versão traduzida para o português:
Happy Xmas (War Is Over)
Happy Xmas (War Is Over)
Happy christmas, Kyoko.
Happy christmas, Julian.
So this is christmas and what have you done?
Another year over, a new one just begun.
And so this is christmas, i hope you have fun,
The near and the dear one, the old and the young.
A very merry christmas and a happy new year,
Let's hope it's a good one without any fear.
And so this is christmas for weak and for strong,
(war is over if you want it,)
For the rich and the poor ones, the road is so long.
(war is over now.)
And so happy christmas for black and for whites,
(war is over if you want it,)
For the yellow and red ones, let's stop all the fight.
(war is over now.)
A very merry christmas and a happy new year,
Let's hope it's a good one without any fear.
And so this is christmas and what have we done?
(war is over if you want it,)
Another year over, a new one just begun.
(war is over if you want it,)
And so this is christmas, we hope you have fun,
(war is over if you want it,)
The near and the dear one, the old and the young.
(war is over now.)
A very merry christmas and a happy new year,
Let's hope it's a good one without any fear.
War is over
If you want it,
War is over now.
Happy christmas!
Happy christmas!
Happy christmas!
Happy christmas!
Happy christmas!
E a tradução:
Feliz Natal (A Guerra Acabou)
Feliz Natal Kyoko
Feliz Natal Julian
Então é natal
E o que você tem feito?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa
E então é natal
Espero que tenhas alegria
O próximo e querido
O velho e o Jovem
Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento
E então é natal
Para o fraco e para o forte
Para o rico e para o pobre
O mundo é tão errado
E então feliz natal
Para o negro e para o branco
Para o amarelo e para o vermelho
Vamos parar com todas as lutas
Um alegra Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento
E então é Natal
E o que você fez?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa
E então feliz Natal
Esperamos que tenhas alegria
O próximo e querido
E velho e o Jovem
Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento
A guerra acabou, se você quiser
A guerra acabou agora
Feliz Natal.
O ano correu rápido e já é natal.
Sim, o espírito de natal já ilumina as áureas de todos nós.
São dias em que experimentamos a magia dos olhares mais sinceros, dos abraços e gestos mais fraternos, calorosos, solidários. Dias em que percebemos, de uma maneira única e especial, a real importância do amor, da paz, da família e do fundamental compromisso de empregarmos todas as nossas forças e energias por uma pátria mais generosa e um mundo melhor e mais justo para todos.
É natal!
E que em 2.009, todos os nossos dias sejam dias de Natal. Seja segunda, seja terça-feira, não importa! Agora é lei. Está decretado. Em 2.009, todos os nossos dias serão dias de natal. Não teremos mais aqueles dias mais ou menos, aqueles dias tristes, cinzentos e enfadonhos. Serão todos, literalmente todos, dias alegres, radiantes de sol e energia, dias felizes, em que emprestaremos todo o nosso suor e esforço para tornar o Brasil um país sem tantos desequilíbrios e diferenças. Um país que mantenha-se invulnerável às ratazanas, aos lobos do homem.
Sempre neste período do ano me pego cantarolando a bela canção que John Lennon dedicou ao natal. Não por acaso sua composição Feliz Natal foi por ele também denominada A Guerra Acabou. E porque fez assim o carismático timoneiro dos Beatles?
Porque temos que internalizar o natal como um momento, sobretudo, de cultivar a paz, o que implica desmobilizar nossa vertente violenta, egoísta, que evoca a agressão, a prepotência, a arrogância e a guerra.
Que tal nos lembrarmos dela? Está no álbum Imagine, gravado e lançado em 1971. Logo abaixo da original, segue a versão traduzida para o português:
Happy Xmas (War Is Over)
Happy Xmas (War Is Over)
Happy christmas, Kyoko.
Happy christmas, Julian.
So this is christmas and what have you done?
Another year over, a new one just begun.
And so this is christmas, i hope you have fun,
The near and the dear one, the old and the young.
A very merry christmas and a happy new year,
Let's hope it's a good one without any fear.
And so this is christmas for weak and for strong,
(war is over if you want it,)
For the rich and the poor ones, the road is so long.
(war is over now.)
And so happy christmas for black and for whites,
(war is over if you want it,)
For the yellow and red ones, let's stop all the fight.
(war is over now.)
A very merry christmas and a happy new year,
Let's hope it's a good one without any fear.
And so this is christmas and what have we done?
(war is over if you want it,)
Another year over, a new one just begun.
(war is over if you want it,)
And so this is christmas, we hope you have fun,
(war is over if you want it,)
The near and the dear one, the old and the young.
(war is over now.)
A very merry christmas and a happy new year,
Let's hope it's a good one without any fear.
War is over
If you want it,
War is over now.
Happy christmas!
Happy christmas!
Happy christmas!
Happy christmas!
Happy christmas!
E a tradução:
Feliz Natal (A Guerra Acabou)
Feliz Natal Kyoko
Feliz Natal Julian
Então é natal
E o que você tem feito?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa
E então é natal
Espero que tenhas alegria
O próximo e querido
O velho e o Jovem
Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento
E então é natal
Para o fraco e para o forte
Para o rico e para o pobre
O mundo é tão errado
E então feliz natal
Para o negro e para o branco
Para o amarelo e para o vermelho
Vamos parar com todas as lutas
Um alegra Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento
E então é Natal
E o que você fez?
Um outro ano se foi
E um novo apenas começa
E então feliz Natal
Esperamos que tenhas alegria
O próximo e querido
E velho e o Jovem
Um alegre Natal
E um feliz ano novo
Vamos esperar que seja um bom ano
Sem sofrimento
A guerra acabou, se você quiser
A guerra acabou agora
Feliz Natal.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
A forma mais vil de educar
O latim nos brindou com o termo “scientia”, ciência, que poderia, no seu sentido mais exato, ser traduzido como um conjunto de conclusões certas e coerentes sobre determinado objeto.
Mais precisamente, ciência pode ser tida como o ramo de conhecimento sistematizado como campo de estudo ou observação e classificação dos fatos atinentes a um determinado grupo de fenômenos ensejando a formulação das leis gerais que os regem. Já ciências exatas são somente as que admitem princípios, conseqüências e fatos rigorosamente demonstráveis.
Nossas escolas precisam repassar esse ensinamento – tão elementar! - aos economistas.
Não poucos burocratas acreditam que a economia seja uma ciência exata, propagando e a vendendo como se de fato fosse. Neste contexto, bastaria encerrar a sociedade num pedestal de fórmulas e pressupostos matemáticos e os problemas do mundo teriam dia, hora e local para se diluírem em infinitas e eficazes soluções. O que vale e importa são as equações em sua perfeição matemática, os relatórios em sua peremptória exatidão. Quanto às prioridades da sociedade, às necessidades da nação, quanto aos críticos que defendem o desenvolvimento sustentável como conseqüência dos investimentos em educação ... oras, oras, raios que os partam!!!
E por acreditarem nesta aleivosia não sentem pingo sequer de remorso quando se deparam com a realidade de que o governo brasileiro, de forma insana e irresponsável, gasta em juros mais de 8 vezes o que aplica em educação.
A informação é do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – instituição de pesquisas e estudos do Ministério do Planejamento, e se refere aos gastos do governo com pagamento de juros do endividamento público, contemplando o período que se estende de 2000 a 2007. Neste período, os gastos com pagamento de juros totalizaram R$ 1,268 trilhão, enquanto os valores investidos em educação se limitaram a R$ 149,9 bilhões. Traduzindo em miúdos, o governo brasileiro torrou na agiotagem e na ciranda financeira do pagamento de juros 8,5 vezes o dinheiro investido em educação no mesmo período.
O próprio IPEA, em nota oficial, critica e procura ensinar o governo do qual é apêndice: (...) além de o gasto com juros ser "improdutivo, pois não gera emprego e tampouco contribui para ampliar o rendimento dos trabalhadores", também colabora para a concentração de renda.
Tanto quanto a educação, também a saúde é vítima desta perversa inversão de valores e prioridades: o total despendido com o pagamento de juros supera, em muito, o que foi destinado à saúde, meros R$ 310,9 bilhões.
A situação é por demais grave e aviltante: ainda que somemos todos os recursos despendidos pelo governo com saúde, educação e investimento, não conseguimos alcançar a metade do volume destinado ao pagamento dos juros. A mais terrífica realidade é que, quando totalizamos os gastos da União com saúde, educação e investimento, chegamos tão somente a 43,8% do total das despesas com juros.
Antes da eclosão da atual crise econômica mundial, os bancos e instituições financeiras exultavam com os lucros estratosféricos obtidos exercício após exercício, ano sim e o outro também; lucros auferidos em grande parte, agora todos sabemos, da forma mais vil e abominável, exaurindo a saúde e a educação da nação, corroendo nossas esperanças, comprometendo nossas perspectivas por dias melhores. Agora que a crise se acentuou, Brasília presta novas carícias e favores ao sistema bancário, cobrindo-o de generosidades com os recursos do tesouro, que a rigor, pertencem ao conjunto da sociedade.
Quanto à educação, à saúde, ao desenvolvimento sustentável da nação, ao povo, ... oras, oras, raios que os partam!!!
A metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e a tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo são criações originais de Antônio Carlos dos Santos
Mais precisamente, ciência pode ser tida como o ramo de conhecimento sistematizado como campo de estudo ou observação e classificação dos fatos atinentes a um determinado grupo de fenômenos ensejando a formulação das leis gerais que os regem. Já ciências exatas são somente as que admitem princípios, conseqüências e fatos rigorosamente demonstráveis.
Nossas escolas precisam repassar esse ensinamento – tão elementar! - aos economistas.
Não poucos burocratas acreditam que a economia seja uma ciência exata, propagando e a vendendo como se de fato fosse. Neste contexto, bastaria encerrar a sociedade num pedestal de fórmulas e pressupostos matemáticos e os problemas do mundo teriam dia, hora e local para se diluírem em infinitas e eficazes soluções. O que vale e importa são as equações em sua perfeição matemática, os relatórios em sua peremptória exatidão. Quanto às prioridades da sociedade, às necessidades da nação, quanto aos críticos que defendem o desenvolvimento sustentável como conseqüência dos investimentos em educação ... oras, oras, raios que os partam!!!
E por acreditarem nesta aleivosia não sentem pingo sequer de remorso quando se deparam com a realidade de que o governo brasileiro, de forma insana e irresponsável, gasta em juros mais de 8 vezes o que aplica em educação.
A informação é do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – instituição de pesquisas e estudos do Ministério do Planejamento, e se refere aos gastos do governo com pagamento de juros do endividamento público, contemplando o período que se estende de 2000 a 2007. Neste período, os gastos com pagamento de juros totalizaram R$ 1,268 trilhão, enquanto os valores investidos em educação se limitaram a R$ 149,9 bilhões. Traduzindo em miúdos, o governo brasileiro torrou na agiotagem e na ciranda financeira do pagamento de juros 8,5 vezes o dinheiro investido em educação no mesmo período.
O próprio IPEA, em nota oficial, critica e procura ensinar o governo do qual é apêndice: (...) além de o gasto com juros ser "improdutivo, pois não gera emprego e tampouco contribui para ampliar o rendimento dos trabalhadores", também colabora para a concentração de renda.
Tanto quanto a educação, também a saúde é vítima desta perversa inversão de valores e prioridades: o total despendido com o pagamento de juros supera, em muito, o que foi destinado à saúde, meros R$ 310,9 bilhões.
A situação é por demais grave e aviltante: ainda que somemos todos os recursos despendidos pelo governo com saúde, educação e investimento, não conseguimos alcançar a metade do volume destinado ao pagamento dos juros. A mais terrífica realidade é que, quando totalizamos os gastos da União com saúde, educação e investimento, chegamos tão somente a 43,8% do total das despesas com juros.
Antes da eclosão da atual crise econômica mundial, os bancos e instituições financeiras exultavam com os lucros estratosféricos obtidos exercício após exercício, ano sim e o outro também; lucros auferidos em grande parte, agora todos sabemos, da forma mais vil e abominável, exaurindo a saúde e a educação da nação, corroendo nossas esperanças, comprometendo nossas perspectivas por dias melhores. Agora que a crise se acentuou, Brasília presta novas carícias e favores ao sistema bancário, cobrindo-o de generosidades com os recursos do tesouro, que a rigor, pertencem ao conjunto da sociedade.
Quanto à educação, à saúde, ao desenvolvimento sustentável da nação, ao povo, ... oras, oras, raios que os partam!!!
A metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e a tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo são criações originais de Antônio Carlos dos Santos
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Uma república de bananas?
Quando assistimos, ao vivo e a cores, a forma humilhante e degradante como os países europeus deportam os milhares de brasileiros que lá procuram abrigo e emprego, percebemos o quando são injustos e ingratos.
Todos sabemos como foram construídas as bases do desenvolvimento europeu. Às custas do saque e do confisco das riquezas surrupiadas de nós outros, os países colonizados.
Não bastasse a histórica pirataria, quando – nos séculos XIX e XX – viram-se diante da necessidade de exportar sua mão de obra excedente, fomos nós que recebemos milhares e milhares de famílias e trabalhadores desempregados.
De modo que deveriam receber os brasileiros que para lá emigram com pompa e circunstância, com tapetes vermelhos e fogos de artifício.
Mas qual?!, jamais farão isso; seria mais fácil encontrar uma cédula de três reais.
E por duas razões simples. A primeira é porque está na gênese da colônia tratar os colonizados como ralé e escravos. E, não há aqui nenhum exagero, os europeus ainda acreditam que não passamos de mazombos bobinhos.
A outra razão é que temos uma diplomacia medíocre, regada a regalias, nababos e uísque 12 anos, que - qual os colonizadores - acreditam que não passamos de uma república de bananas que deve eterna reverência aos cult das metrópoles.
Em outros lugares as coisas são diferentes.
O governo do Peru, por exemplo, tomou uma importante decisão: vai processar a Universidade de Yale, nos Estados Unidos, que roubou milhares de artefatos do famoso sítio arqueológico de Machu Picchu.
Machu Picchu é uma antiga cidade inca – data do século XV - cujas ruínas foram descobertas por Hiram Bingham, acadêmico de Yale.
O explorador norte americano achou que não teria nada de mais levar para os EUA mais de 45 mil peças peruanas e assim procedeu. Dentre o acervo roubado constam peças de cerâmica, tecidos e jóias que foram levadas a título de empréstimo e nunca mais devolvidas.
Não se sabe ao certo se o governo do Peru levará adiante o processo, ou se trata de estratégia para forçar a instituição de pesquisa norte americana a devolver o que jamais lhe pertenceu.
O fato é que lá, o governo se movimenta. Já por aqui...
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Jean Charles e Eloá
O erro é mais facilmente admitido em alguns setores que em outros. O erro de uma criança impacta, quando muito, sua roda de amigos, parentes e vizinhos. O de um empresário, no máximo, sua esfera de influência. Já o erro promovido por um político ou servidor público pode até mesmo comprometer os destinos de uma nação.
Há aqueles intencionais, os meramente ocasionais e incidentais, mas, infelizmente, não há pra onde correr: para a espécie humana, o erro é inexorável, e está sempre a nos espreitar nas esquinas. O que resta à parte responsável da humanidade é cuidar para que as possibilidades de ocorrência se reduzam ao extremo. E manter a incidência de erros sob controle, em estado vegetativo, numa margem administrável não é tarefa das mais fáceis; e exige investimentos pesados, sobretudo em educação.
Por mais eficaz que seja a ação para aproximar a margem de erro de zero, quando ocorrer, a polêmica estará estabelecida, ainda que no plano da individualidade. Explico.
Qual a margem de erro admissível para o médico que deixa o recém-nascido escorregar das mãos, fazendo com que o bebê estatele a cabecinha no chão duro da sala de parto? Para os pais da criança, com certeza, nenhuma!
Coletivamente, será sempre possível demonstrar, através de gráficos coloridos e relatórios vistosos, que o erro se reduziu a um algarismo insignificante – um efêmero traço – quando cotejado com o sem número de ocorrências exitosas. Mas para as pessoas próximas, emocionalmente envolvidas, o que a estatística reduz à insignificância pode representar numa tragédia gigantesca, irreparável, de efeitos devastadores. A relatividade em ação: quando um mesmo episódio é insignificante para alguns e irreparável para outros.
A polícia é sempre um prato cheio quando queremos discutir forças e fragilidades, virtuosidades e deficiências.
Os policiais geralmente são levados a trabalhar no limite. Diuturnamente arriscam a própria vida, e como o salário mal dá para o gasto, são obrigados a recorrer a bicos e improvisos. Apesar do cenário adverso, cotidianamente praticam nobres ações de solidariedade humana que deveriam merecer o reconhecimento da sociedade. Por força das circunstâncias, não raro utilizam as viaturas policiais como ambulâncias, fazem às vezes de parteiros; de aconselhadores que evitam suicídios; de professores que, nas escolas, alertam alunos para os perigos das drogas e das más companhias. E quantos bandidos são retirados das ruas, quantos crimes e delitos impedem que acorram? Mas basta um passo em falso e...
Sobretudo nos estados onde a politicagem grassa, a polícia erra e muito. Porque falta salário, faltam viaturas e equipamentos, faltam investimentos em educação, faltam diretrizes e políticas públicas adequadas. E nessas circunstâncias, os erros são mera conseqüência da irresponsabilidade governamental.
Resultam dessa irresponsabilidade casos grotescos como o que vitimou o pequeno João Roberto Soares, de apenas três anos. No dia 06 de junho deste ano, policiais militares do Rio de Janeiro perseguiam um veículo suspeito. No meio do caminho confundiram um carro com o veículo dos bandidos e dispararam 17 tiros. No carro confundido estava a mãe, Alessandra, e seus dois filhos. Um deles, João Roberto Soares, de três anos, morreu com um tiro na cabeça.
Cerca de um mês depois, Luiz Carlos Soares da Costa, administrador de empresas, 35 anos, foi feito refém por um assaltante na zona norte do Rio de Janeiro. O bandido entrou em seu Siena, obrigando Luiz a passar para o banco de passageiros. Desconfiada, a polícia passou a perseguir o veículo. Segundo relataram os policiais, ao se aproximarem do Siena, o bandido, de 18 anos, disparou contra a viatura, obrigando-os ao revide, com o que acertaram dez tiros no Siena, três dos quais mataram Luís, a vítima. O bandido levou um tiro no abdome, foi socorrido e sobreviveu.
Mas mesmo onde se valoriza o planejamento e se busca a eficácia, os erros acontecem. E erros crassos. Como exemplifica o caso Jean Charles.
A polícia britânica é uma das que mais investem na formação de seus policiais. É a típica polícia de primeiro mundo. Veículos e equipamentos de ultima geração, e investimentos abundantes em formação e capacitação profissional. Fazendo assim remetem a margem de erro às proximidades de zero, mas não conseguem se manter incólumes a ele.
Como aceitar que uma das polícias mais modernas e eficazes do planeta cometa um erro tão primário e ignóbil como o que levou à morte de Jean Carlos. Confundido com um terrorista, em 2.005, o brasileiro foi estupidamente executado no metrô de Londres.
Segundo depoimento colhido recentemente de um agente da Scotland Yard, o jovem eletricista poderia ter sido abordado e detido sem problemas antes de a polícia ter feito os disparos fatais na estação de Stockwell, sul de Londres, na manhã fatídica de 22 de julho.
Outro festival incompreensível de erros ocorreu recentemente, em Santo André, quando o país se viu hipnotizado diante dos aparelhos de televisão: a tragédia que culminou na morte de Eloá.
Toda a operação policial foi executada pelo Grupo de Ações Táticas Especiais da polícia de São Paulo. O GATE de São Paulo é uma referência quando se trata de eficácia policial. Em uma década de operações promovidas pelo Grupo, há o registro de apenas duas vítimas, Eloá e uma outra.
Apenas neste ano, o GATE realizou 18 ações, salvando 47 cidadãos brasileiros. São números que atestam qualidade da polícia paulista; mas o festival de besteiras perpetradas no caso Eloá demonstram, de maneira cabal, que investimentos em treinamento, capacitação, educação devem ser atividades diuturnas em qualquer setor da atividade humana, em qualquer instituição, seja militar ou não, esteja ela num elevado nível de sustentabilidade e eficácia ou não.
Se não conseguimos eliminar, de todo, o erro de nossas vidas, com a educação de qualidade podemos manter a margem bem próxima a zero, num ponto em que a dor, para a coletividade, se torne um pouco mais suportável.
Há aqueles intencionais, os meramente ocasionais e incidentais, mas, infelizmente, não há pra onde correr: para a espécie humana, o erro é inexorável, e está sempre a nos espreitar nas esquinas. O que resta à parte responsável da humanidade é cuidar para que as possibilidades de ocorrência se reduzam ao extremo. E manter a incidência de erros sob controle, em estado vegetativo, numa margem administrável não é tarefa das mais fáceis; e exige investimentos pesados, sobretudo em educação.
Por mais eficaz que seja a ação para aproximar a margem de erro de zero, quando ocorrer, a polêmica estará estabelecida, ainda que no plano da individualidade. Explico.
Qual a margem de erro admissível para o médico que deixa o recém-nascido escorregar das mãos, fazendo com que o bebê estatele a cabecinha no chão duro da sala de parto? Para os pais da criança, com certeza, nenhuma!
Coletivamente, será sempre possível demonstrar, através de gráficos coloridos e relatórios vistosos, que o erro se reduziu a um algarismo insignificante – um efêmero traço – quando cotejado com o sem número de ocorrências exitosas. Mas para as pessoas próximas, emocionalmente envolvidas, o que a estatística reduz à insignificância pode representar numa tragédia gigantesca, irreparável, de efeitos devastadores. A relatividade em ação: quando um mesmo episódio é insignificante para alguns e irreparável para outros.
A polícia é sempre um prato cheio quando queremos discutir forças e fragilidades, virtuosidades e deficiências.
Os policiais geralmente são levados a trabalhar no limite. Diuturnamente arriscam a própria vida, e como o salário mal dá para o gasto, são obrigados a recorrer a bicos e improvisos. Apesar do cenário adverso, cotidianamente praticam nobres ações de solidariedade humana que deveriam merecer o reconhecimento da sociedade. Por força das circunstâncias, não raro utilizam as viaturas policiais como ambulâncias, fazem às vezes de parteiros; de aconselhadores que evitam suicídios; de professores que, nas escolas, alertam alunos para os perigos das drogas e das más companhias. E quantos bandidos são retirados das ruas, quantos crimes e delitos impedem que acorram? Mas basta um passo em falso e...
Sobretudo nos estados onde a politicagem grassa, a polícia erra e muito. Porque falta salário, faltam viaturas e equipamentos, faltam investimentos em educação, faltam diretrizes e políticas públicas adequadas. E nessas circunstâncias, os erros são mera conseqüência da irresponsabilidade governamental.
Resultam dessa irresponsabilidade casos grotescos como o que vitimou o pequeno João Roberto Soares, de apenas três anos. No dia 06 de junho deste ano, policiais militares do Rio de Janeiro perseguiam um veículo suspeito. No meio do caminho confundiram um carro com o veículo dos bandidos e dispararam 17 tiros. No carro confundido estava a mãe, Alessandra, e seus dois filhos. Um deles, João Roberto Soares, de três anos, morreu com um tiro na cabeça.
Cerca de um mês depois, Luiz Carlos Soares da Costa, administrador de empresas, 35 anos, foi feito refém por um assaltante na zona norte do Rio de Janeiro. O bandido entrou em seu Siena, obrigando Luiz a passar para o banco de passageiros. Desconfiada, a polícia passou a perseguir o veículo. Segundo relataram os policiais, ao se aproximarem do Siena, o bandido, de 18 anos, disparou contra a viatura, obrigando-os ao revide, com o que acertaram dez tiros no Siena, três dos quais mataram Luís, a vítima. O bandido levou um tiro no abdome, foi socorrido e sobreviveu.
Mas mesmo onde se valoriza o planejamento e se busca a eficácia, os erros acontecem. E erros crassos. Como exemplifica o caso Jean Charles.
A polícia britânica é uma das que mais investem na formação de seus policiais. É a típica polícia de primeiro mundo. Veículos e equipamentos de ultima geração, e investimentos abundantes em formação e capacitação profissional. Fazendo assim remetem a margem de erro às proximidades de zero, mas não conseguem se manter incólumes a ele.
Como aceitar que uma das polícias mais modernas e eficazes do planeta cometa um erro tão primário e ignóbil como o que levou à morte de Jean Carlos. Confundido com um terrorista, em 2.005, o brasileiro foi estupidamente executado no metrô de Londres.
Segundo depoimento colhido recentemente de um agente da Scotland Yard, o jovem eletricista poderia ter sido abordado e detido sem problemas antes de a polícia ter feito os disparos fatais na estação de Stockwell, sul de Londres, na manhã fatídica de 22 de julho.
Outro festival incompreensível de erros ocorreu recentemente, em Santo André, quando o país se viu hipnotizado diante dos aparelhos de televisão: a tragédia que culminou na morte de Eloá.
Toda a operação policial foi executada pelo Grupo de Ações Táticas Especiais da polícia de São Paulo. O GATE de São Paulo é uma referência quando se trata de eficácia policial. Em uma década de operações promovidas pelo Grupo, há o registro de apenas duas vítimas, Eloá e uma outra.
Apenas neste ano, o GATE realizou 18 ações, salvando 47 cidadãos brasileiros. São números que atestam qualidade da polícia paulista; mas o festival de besteiras perpetradas no caso Eloá demonstram, de maneira cabal, que investimentos em treinamento, capacitação, educação devem ser atividades diuturnas em qualquer setor da atividade humana, em qualquer instituição, seja militar ou não, esteja ela num elevado nível de sustentabilidade e eficácia ou não.
Se não conseguimos eliminar, de todo, o erro de nossas vidas, com a educação de qualidade podemos manter a margem bem próxima a zero, num ponto em que a dor, para a coletividade, se torne um pouco mais suportável.
Assinar:
Postagens (Atom)