quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Indústrias criativas: incursões acerca dos bens simbólicos, imateriais e capital humano



As definições concernentes às indústrias criativas, que foram se cristalizando desde que cunhadas na Austrália no início dos anos 1990 e mais enfaticamente no programa New Labour Party no Reino Unido, a partir de 1997. Já naquela época, vislumbrava-se a eventual migração de interesses do setor produtivo, da academia e dos estados nacionais das formas de produção convencionais para outros modelos de negócio, que incluíam a capacidade humana de inovar em produtos, processos e serviços em todos os segmentos da economia.

Assim, de modo muito sintético, podemos começar pela definição do que não é a Economia Criativa: a produção de bens simbólicos que não seja mediada pela criatividade e pela tecnologia não se caracteriza como Economia Criativa. Para além disso, visando a estabelecer parâmetros que definam o que podemos entender por Indústrias Criativas, é necessário perceber que ambos os conceitos estão atrelados antes às formas de suas estruturas e manifestações produtivas e econômicas do que, necessariamente, aos conteúdos com que trabalham. Segundo Howkins (2013), a economia criativa propõe o intercâmbio possível entre criatividade, produção simbólica e economia.

Uma das primeiras questões a serem abordadas, então, concerne à produção imaterial, que vai, em larga medida, consolidar esse conceito. Muito embora haja todo um referencial teórico que postula a presença do processo criativo em todas as indústrias (estabelecendo como premissa o fato de que invenções, inovações e patentes são imanentes e essenciais ao desenvolvimento de qualquer setor produtivo), e que tais processos criativos permeiam os mais diversos âmbitos da sociedade de maneira bastante estruturada, as formas de produção e que têm valor para a sociedade de um modo geral, historicamente constituídas, como as indústrias de máquinas, de bens, não foram ao longo do tempo configuradas como indústrias criativas, exatamente porque se entende que alguns princípios são fundamentais para pensar essa mais recente categorização desse setor específico.

Isso significa que, para desenvolver o conceito de Indústria Criativa, é necessário pensar em um trinômio cuja base se articula em três princípios – a Tecnologia, a Criatividade e a Inovação –, ligados, essencialmente, às relações de cultura, aos arranjos produtivos locais e ao desenvolvimento de configurações   produtivas que englobam a multidisciplinaridade e a produção imaterial de informação, conhecimento e produtos culturais.

Em muitos momentos, há certa confusão entre os conceitos de Indústrias Criativas e de Economia Criativa, e vice-versa:

“Existen categorías estadísticas y analíticas opuestas, tales como la industria del copyright, las industrias de contenidos, las industrias culturales, las de contenido digital, las industrias de las artes y el entretenimiento, etc. Esta confusión de categorías se traduce en que es difícil reunir datos precisos, fiables y oportunos sobre los sectores. La consecuencia es que los análisis y las intervenciones político culturales son ambiguas, imprecisas y poco efectivas.” (CUNNINGHAM, 2011, p. 56).

Os conceitos de Indústrias Criativas e de Economia Criativa se misturam muito, ainda mais quando se fala de certas atividades que são predominantes em certos grupos e comunidades mais restritos. Por isso, é necessário entender que eles estão em posições distintas, quase perpendicularmente opostos. Ou seja, enquanto a Indústria Criativa se encontra na verticalidade, a Economia Criativa está na horizontalidade, e isso significa que ao pensarmos, ainda que no âmbito da Criatividade, o conceito de Indústria, estamos nos referindo ao produto, à estrutura, enquanto o conceito de economia é sempre um conceito transversal, de processo. Por exemplo, o Artesanato constitui uma Indústria Criativa; já a economia, as formas de monetização, os mecanismos de instrumentalização de oferta e demanda, as possibilidades de manejo de insumos criativos e a estruturação de cadeia de valor são estudados e analisados sob o viés da Economia.

Princípios simbólicos e imateriais

Na literatura que os britânicos ou os australianos inauguram sobre princípios simbólicos e imateriais, no primeiro relatório de 2008 (depois em 2010) da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Econômico, encontramos um primeiro esforço de como articular e entender os setores criativos.

Para continuar a leitura, clique aqui.

Por Juliano Maurício de Carvalho e Janaina Leite Azevedo


-----------



No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Coleção As mais belas lendas dos índios da Amazônia” e acesse os 24 livros da coleção. Ou clique aqui

O autor:

No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Antônio Carlos dos Santos" e acesse dezenas de obras do autor. Ou clique aqui


Clique aqui para acessar os livros em inglês



- - - -




No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Coleção As mais belas lendas dos índios da Amazônia” e acesse os 24 livros da coleção. Ou clique aqui

O autor:

No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Antônio Carlos dos Santos" e acesse dezenas de obras do autor. Ou clique aqui


Clique aqui para acessar os livros em inglês