sexta-feira, 27 de novembro de 2020

"Nossos melhores alunos não conseguem superar os piores alunos do Vietnã"

 


"... é necessário usar a situação da pandemia para transformar o ensino brasileiro"

Para o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, o impacto na educação causado pela pandemia da covid-19 foi muito grande, mas ele ressalta que problemas no setor não foram causados apenas pelo vírus. 'O que está caracterizado é que não temos plataforma para alcançar todos os estudantes, principalmente os mais pobres', pontua.

Em entrevista ao CB.Poder - uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, Nardes ressaltou ser necessário usar a situação da pandemia para transformar a educação. E afirmou que os problemas no setor são graves. 'Os nosso melhores alunos não conseguem superar os piores alunos do Vietña, e essa situação é vexatória em nível internacional'.

Para o ministro do TCU, a solução é buscar as boas práticas que existem no Brasil e implantá-las no resto do país. 'O Brasil tem nichos de boa educação. Quando eu presidia o Tribunal fui ao interior do Piauí, em uma escola pobre, mas que os alunos se destacavam entre os melhores do Brasil na área de matemática. Ou seja, temos bons nichos de educação tanto no setor público como no setor privado. O que acontece é que não existe trabalho cooperativo e de troca de boas práticas pelo país', explicou.

Para resolver parte do problema, Augusto Nardes contou que propôs ao TCU o Fórum Nacional de Controle, para que o Tribunal pudesse ser um órgão orientador das políticas públicas do país. 'Em cada órum escolhemos um tema. Este ano, no 4° Fórum Nacional de Controle, o tema é inovação em prol da educação, ele será on-line e aberto para todos poderem participar. O evento vai ocorrer nos dias 3 e 4 de dezembro', destacou.

Nardes também afirmou que parte do problema da educação é a sua politização. 'Não podemos politizar a educação, ela serve para formar as pessoas e dar condições de apresentar um cidadão com competência e capacidade para o mercado de trabalho'.

Estratégia e cooperação

Segundo o ministro, é necessário avaliar e monitorar as ações do país para entender as vulnerabilidades de cada local. De acordo com levantamento realizado recentemente, pontuou, existem em torno de 14 mil obras inacabadas no Brasil. 'Isso é desgovernança, falta de planejamento e de avaliação de risco', pontua.

E citou a Rede de Governança Brasil, que possui mais de 200 mil voluntários integrantes que ajudam o país com projetos de médio e longo prazo. 'A governança precisa trazer uma colaboração entre os estados e municípios. Agora mesmo estamos criando um guia de governança para os novos prefeitos que vão assumir, para que eles saibam o que é planejamento estratégico', explicou.

O ministro disse também ser essencial a avaliação de especialistas sobre as urgências do país. 'Um comitê de crise que possa trabalhar de forma unificada. O Congresso, por exemplo, toma semanalmente e mensalmente decisões que envolvem bilhões de reais. E o que acontece, mesmo no cenário da covid-19 e dos recursos destinados à pandemia, é que ocorrem desvios, fraudes e falta de aplicação desses recursos'.

Em sua opinião, a falta de governança no país se deve à cultura de improvisação do brasileiro. 'Para a implementação da governança é necessário uma equipe, reuniões e planejamento. E o começo é difícil. O Brasil é muito imediatista. Mas a governança é importante para cumprir metas e até mesmo avaliar a qualidade de resposta do poder público em relação ao que acontece no país'.

Por Edis Henrique Peres, no Correio Braziliense


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