segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Neurofinanças: a ciência que busca desvendar o cérebro para ficarmos mais ricos (e felizes)

 


Ganhar US$ 100 pode deixar muitas pessoas felizes, mas perder US$ 100 pode provocar uma emoção ainda mais forte do que alegria.

Esse é o exemplo escolhido por Arman Eshraghi, professor de Finanças e Investimentos da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, para explicar o que ele e colegas já observaram no cérebro, através da ressonância magnética, quando o assunto é dinheiro.

"As perdas desencadeiam uma maior atividade em áreas do cérebro associadas a emoções negativas do que ocorre nos polos de prazer quando há lucro", explica Eshraghi.

Embora, por motivos óbvios, o cérebro sempre tenha sido um tema de estudo da área médica, nas últimas décadas pesquisadores de economia e finanças também têm se interessado por ele, buscando respostas sobre nosso comportamento como investidores a consumidores.

Nasceu, então, a área das neurofinanças.

A carga emocional

Por mais que tentemos fugir disso, a natureza humana implica que cada escolha, mesmo que aparentemente racional, contém um elemento emocional.

"Isso é verdade para todos os tipos de decisões e se aplica particularmente às financeiras. Especialmente quando se decide por um investimento, a promessa oculta de enriquecimento tem um forte elemento emocional", explica o professor Eshraghi.

"Mesmo os gerentes financeiros mais experientes podem tomar decisões que não são baseadas apenas no pensamento racional."

Há, então, alguma forma de lidar melhor com esta nossa natureza?

"As melhores decisões financeiras geralmente são feitas através do pensamento lento, cuidadoso e analítico, em vez de por meio de um sentimento rápido e indutivo", descreve o professor.

Evidentemente, não é possível eliminar as emoções — mas parte da solução é estar ciente delas.

Por exemplo, "quando os mercados financeiros estão voláteis, geralmente é melhor 'ficar de fora' e parar de olhar para as telas".

A razão é que a "fiação" de nossos cérebros reage a contextos instáveis mais emocionalmente do que analiticamente.

Mesmo em situações mais rotineiras, porém, o "Tico e o Teco" podem se embolar.

Por exemplo, algumas pessoas têm preferência por marcas e empresas conhecidas e, na hora de investir ou comprar, "isso pode levar à falta de diversificação, o que eventualmente impede uma estratégia financeira sólida".

Há também um fenômeno observado entre alguns investidores e batizado por psicólogos de "ancoragem": a tendência de se ater a números aleatórios.

"Mesmo informações aparentemente inócuas podem chegar ao nosso subconsciente. Por exemplo, os investidores podem se ancorar aos preços existentes de uma ação e, quando há novidades (que impactam nestes preços), alguns demoram a reagir e a atualizar os níveis registrados anteriormente", conta Eshraghi.

Somos mais que lógica

Daniel Kahneman é o autor do livro Rápido e devagar: duas formas de pensar, onde argumenta que nossa mente tem dois sistemas que influenciam a maneira como tomamos decisões.

Enquanto o Sistema I é constituído pelo intuitivo, pelo instintivo e inconsciente, o Sistema II diz respeito ao analítico, ao consciente, ao lógico.

Embora seja um psicólogo influente, Kahneman recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 2002 por seu trabalho pioneiro, junto com Amos Tversky, sobre o elemento irracional na tomada de decisões.

Na verdade, ambos foram os primeiros a identificar a aversão à perda.

Kahneman desafiou a corrente tradicional do pensamento econômico que considerava as pessoas como predominantemente racionais, lógicas e egoístas. Ele lançou, portanto, as bases da economia comportamental.

Dicas de um Nobel

Por que tomamos decisões ruins sobre dinheiro (e o que podemos fazer a respeito) é o título de um vídeo no site Big Think no qual Kahneman faz preciosas recomendações.

"Para certos tipos de decisões, você precisa de habilidades matemáticas. As pessoas que as possuem têm uma vantagem significativa sobre as que não as têm."

"Compreender os juros compostos faz uma grande diferença, quer você pegue um empréstimo com cartão de crédito ou tenha uma poupança."

Ele também fala sobre a importância de ter uma perspectiva ampla sobre o que está acontecendo e evitar reações emocionais excessivamente fortes aos acontecimentos.

Busque orientação

Publicado no site do Instituto CFA (que emite uma prestigiada certificação para analistas financeiros), um artigo de Kahneman afirma também que "tendemos a superestimar nossas chances de sucesso, especialmente na fase de planejamento."

Quando algo não vai bem, procuramos uma explicação — buscando a sensação "de que aprendemos algo e que não vamos cometer um erro novamente", diz Kahneman.

Mas talvez uma relação de causa e efeito não explique o que aconteceu.

"O que você deve aprender é que foi surpreendido de novo. Você deve aprender que o mundo é mais incerto do que você pensa."

Outro aspecto que o Nobel recomenda evitar é o arrependimento, pois este é "o maior inimigo da tomada de decisões nas finanças pessoais".

Ele também convida as pessoas a cultivar a curiosidade e a procurar um consultor. O melhor conselheiro é "uma pessoa que gosta de você e que não se importa com seus sentimentos", ele diz.

E quando você estiver prestes a tomar uma decisão importante: vá devagar.

A importância da margem de erro

Ser flexível e se adaptar a novas circunstâncias também é fundamental ao tomar decisões relacionadas ao dinheiro.

Morgan Housel é o autor de The Phychology of Money ("A Psicologia do dinheiro") e também destaca como é importante se abrir para os erros.

"Muita dedicação a uma meta, um caminho, um resultado, é invocar o arrependimento, uma vez que somos tão suscetíveis a mudanças", escreveu ele no blog com o mesmo título de seu livro.

"As pessoas subestimam a necessidade de uma margem de erro em quase tudo o que envolve dinheiro."

Segundo o especialista, isso se deve "à ideia de que sua visão de futuro é correta, movida pela sensação do incômodo que vem de admitir o contrário".

Mas isso causa "danos econômicos", porque atrapalha melhores decisões.

Housel também argumenta que a margem de erro é mal compreendida, "muitas vezes vista como uma forma de proteção conservadora, acionada por quem não quer correr muito risco ou não confia em suas opiniões".

"Mas, quando usada de maneira adequada, é o oposto. A margem de erro permite que você aguente, e essa resistência o faz permanecer tempo o suficiente se expondo a chances de se beneficiar de um resultado que, de outra maneira, teria baixa probabilidade de ser favorável."

E, em muitos casos, ter lucro também é questão de tempo.

"Descobri que, ao tomar decisões financeiras, é útil lembrar constantemente que o objetivo de investir é maximizar os retornos, não minimizar o tédio. A chatice é perfeitamente normal, ela é boa. Se você quiser definir isso como uma estratégia, lembre-se: a oportunidade está onde os outros não estão, e os outros tendem a ficar longe do que é entediante."

O que os milionários fazem

William Leith é jornalista e autor de The Trick: Why Some People Can Make Money and Other People Can't ("O truque: por que algumas pessoas podem ganhar dinheiro e outras não").

Sua pesquisa o levou a mergulhar no mundo de alguns milionários.

"As pessoas que entrevistei, que ficaram ricas de alguma forma, desenvolveram uma compreensão do que era o risco e como, com frequência, ele é contrário à intuição."

"Isso é essencial", diz ele à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC), acrescentando que as pessoas bem-sucedidas passaram por vários erros, aprenderam com eles, mudaram e seguiram adiante.

"E a cada vez elas se aproximaram um pouco mais de como as coisas funcionam" até se tornarem "as poucas pessoas que têm sucesso".

"A verdade é que todo mundo desistiria muito antes porque são (sequências de) falhas, falhas e falhas. A maioria das pessoas simplesmente não aguenta."

Leith destaca também um atributo que Kahneman havia antecipado: a curiosidade.

"Se você quer começar um negócio, você tem que ver o que está acontecendo e o que está mudando. Você tem que descobrir por si mesmo", porque os livros vão mostrar "o mundo que existiu ontem".

"Pense por si mesmo: como posso melhorar isso? É assim que as pessoas têm sucesso."

Como reagir

Joselyn Quintero, assessora financeira especializada em psicologia financeira e neurofinanças, aponta para exemplos de experiências bem-sucedidas na pandemia de coronavírus.

Alguns empresários conseguiram encontrar oportunidades em meio a circunstâncias muito difíceis porque, como aponta Leith, pararam para observar o que estava acontecendo.

"Se você pergunta a alguém de finanças: 'No meio disso tudo, o que você faria?', essa pessoa vai falar de corte de despesas. A tendência é minimizar os riscos ao máximo", diz Quintero.

"Nos tornamos pessoas não apenas avessas ao risco, mas também obsessivas pela certeza. Não nos mexemos se não tivermos garantias de que as coisas vão dar certo."

"Isso significa que quando você se depara com uma situação que não tem como controlar, a tendência é se retrair, se fechar."

E, muitas vezes, isso nos impede de ver as oportunidades que existem.

O novo paradigma

Quintero menciona outra característica pessoal importante: a autoestima.

"Trata-se de saber que você pode estar fazendo algo que não necessariamente vai agradar algumas pessoas. A certeza é você. É a única garantia que você tem, em vez de buscar a certeza (fora)."

A especialista lembra também que vivemos em um período dinâmico, muito devido aos avanços tecnológicos e à internet — o que também vem acompanhado de mudanças culturais.

Segundo ela, enquanto a geração dos baby boomers tendia a trabalhar em algo que não gostava para ganhar dinheiro, as gerações mais jovens têm uma mentalidade contrastante.

"Faço o que gosto porque ganho dinheiro fazendo isso. A partir daí, construo um modelo de negócios que serve à sociedade, mas que é fundamentalmente parte de mim."

"Quando você fala com uma pessoa de 25, 27 anos, a probabilidade de ela gerar dinheiro é mais evidente do que uma pessoa da minha geração, que nasceu há 40, 50 anos, ou seja, a possibilidade de ganhar mais gastando menos tempo já é uma narrativa geracional."

Uma abordagem complementar

Quintero defende que as neurofinanças, em comparação ao pensamento tradicional do mundo dos negócios, conseguem ser mais flexíveis a particularidades das pessoas e do ambiente.

"Em vez de dizer a uma pessoa o que fazer, começo a entender o que ela está fazendo", a partir daí criando um plano de ação que "tem mais a ver com aquele indivíduo — suas aspirações, desejos —, e não aquele que o enquadra em uma fórmula pré-estabelecida".

E, nessa abordagem, aparecem vários fatores que explicam por que existem pessoas com mais dificuldade em tomar boas decisões financeiras.

Alguns ficam "paralisados" porque estão superpreparados e outros pelo contrário, porque "não estudaram na universidade, o que os faz sentir menos inteligentes" — quando inteligência "é, na verdade, a capacidade de aprender com o que está acontecendo, ajustar-se e melhorar", defende Quintero.

"A paralisia da análise", explica ela, é frequentemente vivida por pessoas altamente analíticas: "Estou sem o último relatório, o gráfico mais recente, a última atualização. É como se a mente analítica tivesse tomado essas pessoas."

Pessoas assim, segundo a especialista, têm a tendência de tomar decisões considerando "os outros".

Por isso, enquanto nas finanças tradicionais se busca a maximização dos lucros, nas neurofinanças fala-se em "retornos satisfatórios", completa.

Por Margarita Rodríguez, na BBC


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domingo, 29 de novembro de 2020

Sophia Loren interpreta sobrevivente do Holocausto em 'Rosa e Momo'


Aos 86 anos, diva italiana volta a atuar após uma década em remake de filme italiano de 1977, que adapta história para incluir crise dos refugiados. Mas em vez de exibição nos cinemas, longa será exibido pela Netflix.

Uma simples frase encerrando os créditos finais da produção cinematográfica Rosa e Momo (La vita davanti a sé) indica circunstâncias difíceis durante sua realização: "Este filme foi produzido durante a pandemia de covid-19 em 2020. O diretor e os produtores agradecem a todos os envolvidos por ele se tornar uma realidade."

O roteiro e a direção de Rosa e Momo ficaram a cargo de Edoardo Ponti, 47 anos, filho mais novo de Sophia Loren. Desde 1957, ela esteve casada com seu pai, Carlo Ponti, falecido em 2007.

Ponti pai, mundialmente famoso produtor de cinema italiano havia descoberto a jovem napolitana em 1950 durante um concurso de beleza em Roma. Reconhecendo o talento extraordinário de Loren, Ponti a colocou em aulas de atuação e fez dela um sex symbol do cinema. Como resultado, Loren atuou em mais de 100 filmes ao lado das maiores estrelas de Hollywood.

Edoardo Ponti – filho e diretor 

Há dez anos que a mundialmente famosa diva das telonas, que possui duas estatuetas do Oscar em seu luxuoso domicílio em Genebra, não participava de nenhum filme. Ela simplesmente não se interessava pelos roteiros oferecidos. Coube a seu filho Edoardo trazê-la de volta para a frente das câmeras – aos 86 anos.

O longa foi rodado no final do verão europeu de 2019 na cidade portuária de Bari, no sul da Itália. Para Edoardo Ponti, esta já é a terceira produção com a mãe celebridade. "Todos os dias, em cada take, em cada momento de filmagem, ela faz tudo com um entusiasmo e uma espontaneidade como se estivesse gravando seu primeiro filme", diz Ponti entusiasmado com a colaboração.

"E ele me conhece tão bem", devolve ela com uma risada. "Ele sabe exatamente como apertar o botão certo para que eu execute o que ele tem em mente." Com o filho no comando, ela se sente em boas mãos no set de filmagens.

E assim ela pôde representar o papel de sua vida: "A razão pela qual fiz este filme é que Madame Rosa me lembra muito a minha mãe: por dentro, era frágil e vulnerável, mas para os outros, passava uma imagem forte", disse Loren durante uma entrevista para a TV no CBS-Morning-Show, programa matinal do canal americano.

Remake realocado para o presente

O roteiro foi baseado no romance A Vida Pela Frente (La vie devant soi, 1975), de Romain Gary. Na época, o livro provocou escândalo na França, pois o autor havia ganhado o prestigioso prêmio literário Prix Goncourt pela segunda vez – irregularmente, como se descobriu mais tarde, sob o pseudônimo de Emile Ajar. Em 1977, o romance foi adaptado para o cinema, com Simone Signoret no papel de Madame Rosa.

Desta vez, porém, o remake literário não está em cartaz no cinema, e sim na Netflix. Como cenário, Ponti optou pelo sul da Itália em vez de Paris, com a crise de refugiados dando um toque contemporâneo ao enredo.

A estreia se deu em Roma no início de 2020 ainda diante do público, mas a pandemia de coronavírus pôs um fim nos ganhos de bilheteria. A exibição em salas de cinema nos EUA – requisito para uma indicação ao Oscar – só foi possível sob rígidas limitações.

A Netflix, desde o início envolvida na produção, começou a exibir o filme em novembro. O sucesso mundial não demorou a chegar: quase meio milhão de telespectadores já viram o melodrama. É um filme pesado, comovente, de partir o coração.

A história é contada a partir da perspectiva de um menino muçulmano refugiado do Senegal que está preso no sul da Itália. Para sobreviver, ele se envolve em roubos e tráfico de drogas. "Tenho 12 anos. Meu nome é Mohammed. Todos me chamam de Momo", diz o rapaz africano em italiano. "Sou órfão. Quando era pequeno, o serviço de assistência a menores me entregou ao Dr. Coen."

Mas Dr. Coen, um médico judeu, está velho e cansado demais para cuidar de rebeldes crianças de rua. Ele decide então levar o menino até Madame Rosa, uma paciente dele. E eis que ela já conhecia esse Momo – ele havia roubado sua bolsa na rua.

Atuação digna do Oscar

Madame Rosa é uma beldade em idade avançada que, em vista de seu passado no mundo da prostituição, resolveu se dedicar a cuidar de crianças filhas de prostitutas. Com um avental gasto, a estrela de cinema Sophia Loren interpreta Madame Rosa com notável grandeza e uma paixão ardente. As mães não têm tempo para seus filhos indesejados e precisam trabalhar duro para obter o dinheiro necessário para que eles tenham também com quem ficar.

Loren, nascida em 1934 num subúrbio da cidade portuária italiana de Nápoles, vem, como o Momo do filme, de origens pobres. Quando criança, ela sentiu na própria pele a pobreza, a fome e a guerra. No papel de Madame Rosa, de uma maneira gentil, mas ao mesmo tempo austera, ela tenta persistentemente fazer com que o menino aceite as regras para viver em harmonia com a família substituta.

Momo é interpretado por Ibrahima Gueye, que, até então, nunca havia estado em frente às câmeras: autêntico, precoce, resoluto e repleto de empatia infantil. Quando o menino acidentalmente descobre o número do campo de concentração tatuado no braço de Rosa, ela calmamente conta a ele sobre suas terríveis memórias de infância em Auschwitz: os médicos dos campos de concentração a haviam torturado com experimentos científicos.

Idade perfeita para o papel 

Quando os demônios do passado não a deixam dormir, Madame Rosa se esconde no porão do cortiço. "Em Auschwitz, sempre me escondia debaixo dos barracões quando havia chamada", relata ela ao jovem africano. Seu cabelo grisalho despenteado e seu olhar perturbado dão uma ideia do que está passando pela sua mente. "Aquele era o meu abrigo; lá eu me sentia segura. Eu tinha a mesma idade que você, Momo."

Todos precisam de apoio familiar neste filme melodramático: crianças, prostitutas, jovens traficantes – e o contrabandista de tapetes muçulmano, em quem Madame Rosa tanto gosta de jogar seu charme já um tanto esmaecido. Todos eles conhecem a amarga sensação de ser um cidadão de segunda classe. Assim como a corajosa Lola, outra prostituta que também deixa o filho aos cuidados de Madame Rosa e que é grandiosamente representada pela transgênero espanhola Abril Zamora, estrela do mundo LGBTQ.

Em Rosa e Momo, Sophia Loren, a estrela de cinema mais famosa da Itália, mudou sua imagem de diva glamorosa. Através de pequenos gestos e uma postura humilde, ela confere dignidade e beleza eterna à sobrevivente judia do Holocausto. No papel de Rosa, reside a esperança de um terceiro Oscar na carreira da atriz de 70 anos, conforme atestam público e crítica.

"A aparência não é tão importante", disse Loren numa entrevista recente à emissora americana CBS. "Mais importante é o que você tem para oferecer – em seu coração e em sua alma. Isso é o que importa na vida." E é exatamente isso que "la mamma" Sophia Loren oferece aos telespectadores da Netflix – de forma comovente e com grande intensidade teatral. Lindo de chorar.

Veja, logo abaixo, o trailer oificial:


Por Heike Mund, na Deutsche Welle


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