quarta-feira, 30 de abril de 2014

Mostra fotográfica revela atualidade de Shakespeare

Do Estadão
Por que a obra de Shakespeare é tão atual? No ano que marca os 450 anos de nascimento do grande dramaturgo, quatro cidades brasileiras debatem o tema. No CCBB do Rio, Brasília, Belo Hortizonte e São Paulo, convidados britânicos e brasileiros discutem a obra e o legado de William Shakespeare. Haverá também uma grande exposição fotográfica de Ellie Kurttz, brasileira que vive em Londres e atua como fotógrafa da Royal Shakespeare Company. É a primeira vez que ela expõe seu trabalho no País. A mostra abre em São Paulo no dia 7 de maio.

No vídeo abaixo, a fotógrafa Ellie Kurttz fala sobre a sua exposição no CCBB: 


terça-feira, 29 de abril de 2014

Os 450 anos de Shakespeare, o melhor dramaturgo da história


EFE | LONDRES
O Reino Unido celebra durante toda a semana, com um vasto leque de eventos culturais e tendo o teatro como protagonista, o 450ª aniversário do nascimento de William Shakespeare (1564-1616), o dramaturgo mais aclamado de todos os tempos.
Com um legado literário ainda vigente, a Royal Shakespeare Company leva aos palcos a obra do autor durante 2014 nas salas do Royal Shakespeare Theatre e do Swan Theatre, em sua cidade natal de Stratford-upon-Avon, no condado inglês de Warwickshire, para festejar o gênio de seu filho predileto.
Os atores Ladi Emeruwa (d) e John Dougall (e) durante os ensaios de "Hamlet", em cartas no teatro "The Globe", em Londres. EFE
Os atores Ladi Emeruwa (d) e John Dougall (e) durante os ensaios de "Hamlet", em cartas no teatro "The Globe", em Londres. EFE
Neste sábado foi organizado um grande desfile saindo do local onde o autor nasceu nesse pequeno povoado do oeste da Inglaterra até a igreja da Santíssima Trindade, onde foi enterrado.
O 450º aniversário já está sendo lembrado desde o mês passado nessa cidade com a exposição "Famous Beyond Words" (Famoso além das palavras), centrada na fascinante história do escritor.
Por sua vez, o londrino "The Globe" - uma réplica do teatro original no qual foram representadas muitas de suas obras - estreou no dia 23 a turnê mundial de "Hamlet".
A encenação de uma de suas tragédias mais consagradas, está a cargo de oito atores, cujo desafio será percorrer 205 nações dos cinco continentes para pronunciar o imortal "ser ou não ser".
A façanha teatral, que deslocará seus protagonistas pelos mais recônditos cantos do planeta por navio, trem, ônibus, avião bimotor ou automóvel, durará dois anos.
Apesar das comemorações marcarem o 450º aniversário do nascimento do gênio, o dia exato do aniversário de Shakespeare sempre foi um mistério, assim como sua vida pessoal, envolvida em infinitas dúvidas sobre sua sexualidade e suas crenças religiosas.
A escolha da obra para dar a largada da turnê se deve ao fato de "Hamlet" ser, provavelmente, uma de suas criações mais lembradas, ao lado de "Macbeth" e "Romeu e Julieta".
A peça tem cinco atos e narra a história do jovem príncipe dinamarquês Hamlet, visitado pelo fantasma de seu pai - morto pelo próprio irmão, Cláudio, novo rei da Dinamarca e casado com a própria mãe do protagonista, a rainha Gertrudes - que pede que o filho vingue sua morte.
Shakespeare escreveu a peça entre 1599 e 1601 e ela chegou a ser encenada a bordo de um navio, em 1608, enquanto o dramaturgo navegava pela costa do Iêmen.
Seu sucesso arrasador levou que uma década depois fosse transferida aos palcos do norte da Europa.
A turnê, que concluirá em 2016, abrangerá lugares como Elsinore, a cidade portuária da Dinamarca onde se desenvolve a trama de "Hamlet", ou o Grande Vale do Rift, no Quênia, lugar no qual o dramaturgo inglês afirmou que se achava "o berço da vida".
Da infância e adolescência de William, o terceiro dos oito filhos de um comerciante e político rico, John, e Mary Arden, quase não se tem dados.
Quanto a seu nascimento, apenas se sabe de seu batismo, que aconteceu em 26 de abril em sua cidade natal.
Considerado o escritor mais relevante em língua inglesa de todos os tempos, Shakespeare foi, além de dramaturgo, poeta e ator.
Admirado pelos românticos, sua reputação chegou ao auge no século XIX, enquanto os vitorianos veneravam sua obra, e tanto suas tragédias como suas comédias foram traduzidas para as principais línguas do mundo.
De suas tragédias, nas quais brinca com personagens protagonistas frequentemente admiráveis mas cheios de imperfeições, cabe destacar "Tito Andrônico" (1594), das primeiras, e "Romeu e Julieta", escrita um ano depois.
Suas obras mais aclamadas foram compostas entre 1601 e 1608, entre elas "Hamlet", "Otelo", "Rei Lear", "Macbeth" e "Antônio e Cleópatra".

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Shakespeare e seu segredo

Da Deutsche Welle

A popularidade inesgotável de Shakespeare e seu segredo

Nascido há 450 anos, o "Bardo" é o autor mais filmado e fonte de inspiração constante. Na Alemanha, não só inspirou os dramaturgos nacionais como esteve presente em momentos marcantes da história política.
Amor e ódio, nascimento e morte, bem e mal: em suas peças teatrais, William Shakespeare (1564-1616) tratava dos temas atemporais da existência humana. "São motivos que representam um papel forte em todos os países, em todas as culturas", comenta Rainer Wiertz, encarregado de Cultura da cidade alemã de Neuss.
Teatro Globe em Neuss
Em 1991, ele mandou construir nessa cidade do noroeste da Alemanha uma cópia do Globe Theatre de Londres, onde realizou o primeiro Festival Shakespeare. Na época, o evento se limitava a seis peças teatrais, hoje são 32 produções por ano.
O Globe de Neuss tem um charme todo especial. Ele comporta 480 espectadores, na plateia e nos dois balcões, e ninguém fica a mais de dez metros do palco. "Devido a essa proximidade, a atmosfera é como numa panela de pressão", descreve Wiertz.
O "Bardo" na vida política alemã
Mas o amor pelo grande "Bardo de Avon" tem também uma longa tradição no resto da Alemanha. "Na realidade, o nosso teatro foi estimulado por Shakespeare", afirma o especialista em estudos anglófonos Tobias Döring. Desde o século 18, os autores clássicos alemães se deixaram entusiasmar e inspirar pelo inglês. "Ele era o modelo para eles e, de certa maneira, quem ditava os temas e o tom. Ele foi o libertador da própria arte deles", diz.
Rainer Wiertz dirige Globe de Neuss e Festival Shakespeare
Em Weimar, cidade dos poetas Johann Wolfgang Goethe e Friedrich Schiller, fundou-se em 1864 – portanto, 300 anos após o batismo de William Shakespeare (sua data exata de nascimento não é conhecida) – a Sociedade Shakespeare Alemã. Nessa época, o interesse central era nos dramas históricos, pois se viam neles paralelos com a fundação do Império Alemão, explica Döring, que é o atual presidente da sociedade.
O mestre elisabetano também esteve em grande destaque no país na época da reunificação. O diretor e dramaturgo Heiner Müller, da Alemanha Oriental, que preparava o projetoHamlet/Hamletmaschine, convocou para uma grande manifestação na praça Alexanderplatz. O ator Ulrich Mühe, que representava Hamlet, era o "porta-voz e figura de proa" da grande guinada política, recorda Döring. Poucos dias depois, caía o Muro de Berlim.
Popularidade inesgotável
Porém Shakespeare não exerceu fascínio apenas sobre revolucionários e intelectuais. Na opinião de Döring, a receita de sucesso é que suas peças se dirigiam a um público amplo. O Globe "não era só teatro da corte, mas também teatro popular", e o autor oferecia entretenimento para as massas.
Adrienne Canterna e Rasta Thomas dançam "Romeu e Julieta" como balé rock
Isso se reflete na influência que ele continuaria exercendo sobre a cultura pop e a indústria cinematográfica, séculos mais tarde. "Hollywood não seria nada sem Shakespeare. Os primeiros filmes foram inspirados nele", lembra o presidente da Sociedade Shakespeare alemã. Ele é o autor mais filmado: até hoje produziram-se, no mundo inteiro, cerca de 420 películas baseadas em sua obra.
Ao que tudo indica, a popularidade do "Bardo" nunca se esgotará. Histórias como Romeu e Julieta, que fascinam gerações sucessivas, reaparecem como motivos narrativos por toda parte, até mesmo nas telenovelas alemãs. "Romeu e Julieta é nada mais, nada menos do que Verbotene Liebe["Amor proibido", novela da emissora ARD]", afirma o especialista shakespeariano Tobias Döring.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

John e Yoko

Da Revista Rolling Stones

John Lennon e Yoko Ono explicam o amor que havia entre eles em clipe animado


John Lennon e Yoko Ono

"Quando eu cantei que ‘tudo de que você precisa é amor”, estava cantando sobre algo que não tinha vivenciado”, contou John Lennon em uma entrevista reveladora que foi animada pelo estúdio digital PBS, como parte da série Blank on Blank, que faz animações para ilustrar entrevistas. Esta gravação virou um capítulo chamado "John Lennon and Yoko Ono on Love” (John Lennon e Yoko Ono falam sobre amor) e vem de uma série de entrevistas conduzidas entre 1969 e 1972 por Howard Smith. Nela, Lennon e a esposa explicam o relacionamento deles alguns anos depois de terem se conhecido. A animação excêntrica ficou por conta de Patrick Smith.

On love




quinta-feira, 24 de abril de 2014

Led Zeppelin - Stairway to Heaven Live (HD)



Led Zeppelin publica material inédito de seus primeiros anos


EFE | LONDRES
O lendário grupo britânico de rock Led Zeppelin publicou duas gravações inéditas até o momento para marcar o relançamento previsto para junho de seus três primeiros álbuns.
As duas gravações inéditas são as do clássico "Keys to the Highway", gravada em 1970, assim como uma versão antecipada do popular "Whole Lotta Love", para muitos a melhor canção de rock de todos os tempos.
Essas duas canções se encontram entre os diversos temas que foram remasterizados e que o grupo publicará oficialmente nas reedições de seus três primeiros discos, "Led Zeppelin I", "II" e "III".
Além desse material, os relançamentos incluirão outras centenas de canções compostas pelo quarteto, dissolvido em 1980, que foram cuidadosamente catalogadas e depois armazenadas durante décadas nos arquivos da banda.
O guitarrista Jimmy Page, de 70 anos, criador de quase todas as canções mais veneradas do lendário grupo, passou dois anos e meio escutando centenas de fitas antes de optar pelo material escolhido.
"Não quero morrer e que outra pessoa faça isso", explicou o veterano músico, segundo recolhe hoje a emissora britânica "BBC".
Para o guitarrista da formação, esse novo material "merece ser escutado".
Entre alguns dos temas inéditos que estarão em um dos três álbuns remasterizados figurarão versões alternativas de algumas de suas canções mais conhecidas, assim como atuações ao vivo, todas elas gravadas ao mesmo tempo que os temas originais.
"Keys to the Highway/Trouble in Mind", que aparecerá em "Led Zeppelin III", foi gravada em 1970 nos Olympic Studios de Barnes, no sudoeste de Londres, uma meia hora após "Hats Off to (Roy) Harper", apesar de nunca ter sido publicada.
Segundo o cantor da desaparecida banda, Robert Plant, esses anos foram "particularmente prolíficos" para a formação.
"Jimmy (Page) e eu testávamos os temas que tocávamos em casa. Provamos as coisas. Nada era premeditado", lembrou Plant à "BBC".
Assim, o álbum "Led Zeppelin II" recolherá uma versão antecipada de conhecida "Whole Lotta Love".
Quanto às diferenças existentes entre ambos os temas, no original falta o primeiro acorde e a parte central, enquanto na versão terminada há incluídos novos coros.
O interesse no Led Zeppelin, um grupo que se dissolveu em 1980 após a morte de seu baterista, John Bonham, continua sendo enorme, apesar de que desde sua separação é possível contar as vezes em que os integrantes do grupo voltaram a se unir.
Em 2005, junto com o filho do bateria, Jason Bonham, os integrantes se reuniram para ressuscitar a lenda, 27 anos após sua despedida.


quarta-feira, 23 de abril de 2014

CULTURA, do Deutsche Welle

Obra de Max Weber mantém atualidade, nos 150 anos do sociólogo

Em 21 de abril de 1864, nasceu o conceituado autor de "A ética protestante e o espírito do capitalismo". Suas ideias encontram interesse em emergentes como o Brasil e são aplicadas em certas regiões, diz especialista.
A obra de Max Weber é atualmente reconhecida por representantes de diferentes facções e tendências na ciência e política. O sociólogo nascido em 21 de abril de 1864 em Erfurt, Turíngia, ocupou-se de conceitos como objetividade e liberdade de valores, burocracia e carisma. Até hoje, suas teorias têm grande influência na área das ciências sociais.
Entre os escritos weberianos, um dos mais importantes é A ética protestante e o espírito do capitalismo, que descreve a relação íntima entre o protestantismo e os primórdios da industrialização e do capitalismo moderno a Europa Ocidental. Seu Economia e sociedade é um dos clássicos mais significativos da sociologia.
Por ocasião dos 150 anos do nascimento do autor, a DW entrevistou Edith Hanke, editora científica e responsável pelas obras completas de Max Weber publicadas pela Academia Bávara de Ciências. Entre outros focos de pesquisa, Hanke se dedica à recepção dos escritos do sociólogo alemão morto em 1920, em Munique.
DW: Max Weber nasceu há 150 anos. Quão intensa é a pesquisa sobre ele hoje em dia?
Edith Hanke dirigiu edição de obras completas do sociólogo alemão
Edith Hanke: Nós vivemos um momento de grande interesse nele, também na Alemanha – naturalmente, devido ao jubileu –, por exemplo, em artigos na mídia. No entanto, quando estou no exterior, noto um interesse mais forte, em parte. Na semana passada, estive em Paris com pesquisadores franceses de Max Weber. Lá, ele faz parte do currículo do ensino médio. Quer dizer, eles também têm um conhecimento weberiano muito mais amplo – coisa que, na Alemanha, continua restrita a pequenos círculos acadêmicos.
Por que ocorre isso na Alemanha?
Eu acho que nós não estamos bem conscientes da grandeza de Max Weber. Ele é realmente um "best-seller de exportação" para o exterior, no que concerne o mundo intelectual e acadêmico. A maioria dos alemães não sabe disso.
Em que países o interesse por Max Weber é especialmente grande?
É interessante: nos últimos tempos a recepção de Max Weber é especialmente intensa nos assim chamados países emergentes, sobretudo no Brasil, México, China e na Turquia.
Por que especificamente nesses países?
Minha explicação é que sociedades que se encontram num processo radical de transformação econômica, política ou social, recorrem a Weber para poder explicar essa mudança. Muitas vezes é uma classe intelectual que conhece e cultiva essa fonte, procurando analisar a transformação segundo as categorias weberianas.
Geralmente se trata da transição de sociedades agrárias, pré-industriais, para sociedades industrializadas. Trata-se, justamente, de muito mais do que apenas a mudança dos processos de produção: há igualmente – e isso também é uma visão de Weber – muita mudança mental envolvida. Isso pode ter efeitos sociais, é claro, mas também políticos: as pessoas passam a ter mais participação política. São processos bem fundamentais, e a minha impressão é que nesse ponto Weber é muito importante.
A obra weberiana não abarca apenas as ciências sociais, mas também a ciência econômica, histórica, cultural e política. Ocorre uma recepção da totalidade dessa obra, ou ela está restrita a uma área principal?
Na maior parte dos casos, fala-se de A ética protestante e o espírito do capitalismo, que Max Weber escreveu em 1904-1905. Nele, ele procura explicar o nascimento do capitalismo a partir de características bem específicas dos protestantes rigorosos, e como a atitude deles fomentou a ascensão do capitalismo. Esse texto tem sempre um papel central na recepção weberiana. Também importante é Economia e sociedade, uma obra muito extensa, considerada escrito central da sociologia.
Fora isso, depende dos países em questão. A Itália ou a Espanha, por exemplo, abordam Weber mais a partir das categorias que ele estabelece. Mas os escritos políticos também despertam periodicamente interesse. É curioso examinar quais países se conectam mais fortemente com quais obras weberianas: é algo que está relacionado às distintas características culturais nacionais.
A recepção da obra de Max Weber também tem aplicação concreta?
Há um exemplo bem interessante, numa região da Anatólia Central, na Turquia: lá se fala, de fato, de um "calvinismo islâmico". É uma região economicamente muito bem sucedida nos últimos anos, que adotou o conceito weberiano de ética trabalhista protestante. Eles se reportam explicitamente a Weber. Lá há principalmente pequenas e médias empresas. Também o modelo burguês da autogestão – que tem um papel grande em Weber – é lá aplicado aos lucros econômicos. Com eles são financiadas escolas ou concedidas bolsas de estudos, por exemplo. Os cidadãos tomam a vida nas próprias mãos, assim libertando-se um pouco do governo central em Ancara.
Esse é um exemplo em que a obra weberiana serviu de modelo para determinada forma de ação social. Nesse caso, porém, a obra dele também foi combinada com uma cultura totalmente diferente, de uma região totalmente outra.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Dalí em Brasília

Do  Deutsche Welle

CULTURA

"Surrealismo Tridimensional" mostra esculturas de Dalí em Brasília

Peças em bronze pouco conhecidas chegam a Brasília em exposição inédita. Obras são da fase "mais madura" do artista.
Salvador Dali Der anthropomorphe Kabinettschrank
"Gabinete Antropomórfico", de 1936, é uma das peças da exposição
Durante tardes de sol no verão da Catalunha, Salvador Dalí aproveitava os momentos de descanso para expressar sua arte em três dimensões. A escultura, vertente não muito conhecida do artista espanhol, incorporava temas de seu interesse, como a mitologia, o cristianismo e as expressões surrealistas da realidade.
Um conjunto de 26 dessas esculturas pode ser visitado na mostra Salvador Dalí – Esculturas – Surrealismo Tridimensional até 15 de junho em Brasília, no Centro Cultural da Caixa Econômica. São peças em bronze, em sua maior parte da chamada coleção Clot.
"A aposta é trabalhar para divulgar obras que não são tão conhecidas ou estudadas, é interessante mostrar outras facetas do Salvador Dalí", explica o curador da exposição, Francisco Lara Mora, artista espanhol que já organizou outras exposições com obras de Dalí.
As peças têm variadas dimensões – desde alguns centímetros, cabendo na palma da mão, até três metros de comprimento – e são feitas de bronze, por meio da técnica de fundição por cera perdida (um molde de argila, gesso ou pedra artificial que cobre a peça de cera, que depois dá lugar ao metal fundido).
Tripas e Cabeça (à esquerda), com cabeça do escultor
"Tripas e Cabeça" (à direita), com cabeça do escultor
"Logicamente [Dalí] dedicava muito mais tempo para pintar, então para ele esses trabalhos deveriam ser quase que uma brincadeira de criança, porque modelar na cera é parecido com o trabalho com essa massa de crianças", detalha Mora. "Penso que devia combinar com o trabalho de pintura e devia ser relaxante modelar aquelas obras."
Coleção Clot
Com obras elaboradas entre 1970 e 1981, a coleção Clot é composta por 44 peças. O nome vem de Isidoro Clot, dono de uma galeria em Madri que resolveu fazer a primeira coleção das esculturas de Dalí. As obras foram expostas pela primeira vez em dezembro de 1986, quase dois anos antes da morte do artista.
Para a exposição no Brasil, Francisco Mora escolheu 26 peças da coleção que representam três grandes áreas temáticas consideradas importantes. A mitologia clássica é representada por esculturas de Ícaro, Mercúrio, Apolo e Poseidon. A iconografia cristã também é relevante, com representações de Cristo de São João da Cruz, São Sebastião, São João Batista, São Narciso das Moscas e São Jorge.
Além disso, há peças com referência histórica e literária (Trajano jovem, Dom Quixote), além de outras com temas de interesse pessoal, como o Elefante Cósmico – uma das maiores peças da exposição.
Salvador Dali Der kosmische Elefant
"Elefante cósmico", de 1974, tem três metros de comprimento
Gabinete Antropomórfico, que evidencia o surrealismo típico de Dalí, é uma das duas peças que não fazem parte da Coleção Clot. A peça Tripas e Cabeça, outro modelo intrigante, traz um autorretrato de Dalí envolvido em um intestino.
Gala: inspiração
"São obras que não têm recebido a atenção e a importância que merecem, porém foram feitas na etapa de máxima maturidade artística de Salvador Dali, até mesmo no ano da morte de Gala", explica Francisco Mora.
Companheira de Dalí desde 1929 até sua morte em 1982, a russa Elena Ivanovna Diakonova, ou apenas Gala, também inspirou algumas peças, apresentadas na exposição. Em uma seção especial, a frase que se inicia com "Eu amo Gala mais que minha mãe..." contorna o espaço reservado a esculturas como Gala Gradiva e Gala na Janela, ambas de 1974.
A exposição Salvador Dalí – Esculturas – Surrealismo Tridimensional fica em cartaz até 15 de junho na Caixa Cultural, em Brasília. Depois, segue para Fortaleza e Recife.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Tal qual o governo, a Fifa cansa a beleza de qualquer um...

'Brasil para principiantes', o tiro da Fifa que saiu pela culatra


Aproveitando minha estadia aqui no Brasil, tentei seguir os ensinamentos da malfadada Cliquecartilha Brasil para principiantes que a Fifa publicou sobre o país e seus habitantes para orientar os turistas estrangeiros que virão para a Copa do Mundo.
Achei os conselhos constrangedores e vou explicar por quê.
Segundo a Fifa, no Brasil "um sim não significa sempre sim... se alguém disser sim, eu te ligo de volta, não espere que o telefone vá tocar nos próximos cinco minutos".
O que é isso? Eles estão sugerindo que apenas no Brasil essas pequenas mentiras são contadas? Eu admito, como britânica, que também sou culpada desse crime.
Outra balela da cartilha Fifa: "O tempo é flexível para o brasileiro... o normal é contar com um atraso".
Dizer que todos no Brasil estão sempre atrasados, e que nada começa na hora marcada, não é verdade, é uma generalização falsa e pode até fazer com que os turistas estrangeiros percam os jogos que vieram assistir. Certamente seria melhor informar aos turistas sobre os engarrafamentos para que evitem atrasos, em vez de fingir que no Brasil o tempo não existe.
Sobre o jeito afetuoso do brasileiro a Fifa diz que "contato corporal é prática comum... os brasileiros falam com as mãos e não hesitam em tocar as pessoas com quem estão conversando."
Cumprimentar as pessoas com beijo é uma prática muito comum em muitos países europeus, como Espanha e França. Brasileiros não falam com as mãos, eles falam com a boca como em qualquer outro país. Os italianos gesticulam muito mais para se expressar. Eu aconselharia o autor do artigo da Fifa a aprender português.
E a Fifa prossegue..."Filas não foram feitas para serem respeitadas. Esperar pacientemente em uma fila não está no sangue dos brasileiros, que preferem cultivar o caos".
O Brasil é um país burocrático. Sugerir que as pessoas não fazem fila no Brasil é tão ridículo quanto sugerir que ingleses não bebem chá. Talvez, para aqueles com o credenciamento da Fifa, ficar em fila não seja necessário, mas todas as outras pessoas, principalmente aquelas que queiram assistir aos jogos de futebol, conhecer o Cristo, e entrar nas melhores casas noturnas, terão que fazer fila.
Depois de insultar diversos aspectos do comportamento do brasileiro, a cartilha decide falar sobre gastronomia: "Não deixe de experimentar um açaí. Os frutos da Amazônia fazem maravilhas: previnem rugas e têm o mesmo efeito de uma bebida energética, podendo ajudar até o mais cansado dos jogadores".
Eu imagino que um insulto equivalente no meu país seria: "o inglês é bobo e sempre reclama do tempo, mas fish and chips é uma delícia".
A cartilha recomenda açaí como se fosse a principal opção de bebida durante a Copa.
Mas entre um açaí e um chope bem gelado, não tenho dúvida do que as pessoas escolherão beber para assistir aos jogos.
Se as dicas para turistas estrangeiros distribuídas pela Fifa eram para ser uma brincadeira, o tiro saiu pela culatra.

E você? Poderia fazer melhor e oferecer dicas úteis aos turistas que vêm para a Copa do Mundo?

quarta-feira, 16 de abril de 2014

terça-feira, 15 de abril de 2014

Anchieta


Anchieta, Jose do Brasil
Descrição: http://www.cineplayers.com/img/linha_tabela.gif
(Anchieta, Jose do Brasil, 1977)

 • Direção: Paulo Cesar Saraceni
• Roteiro: Paulo Cesar Saraceni (história e roteiro), Marcos Konder Reis (história)
• Gênero: Biografia/Drama
• Origem: Brasil
• Duração: 140 minutos
• Tipo: Longa-metragem
Sinopse: O filme acompanha desde o nascimento de José de Anchieta, na ilha de Tenerife, passando pela fundação do Colégio de São Paulo, sua convivência com o padre Manoel da Nóbrega até sua morte, no Espírito Santo.
ELENCO
Ney Latorraca  
Luiz Linhares
Maurício do Valle  
Joel Barcellos
Hugo Carvana  
Maria Gladys  
Vera Barreto Leite
Paulo César Peréio  
Ana Maria Magalhães  

Roberto Bonfim




Filme Anchieta, José do Brasil (1977)


segunda-feira, 14 de abril de 2014

Reminiscências do teatro brasileiro e José de Anchieta


O teatro brasileiro por séculos se comportou como mero reprodutor do teatro europeu e posteriormente, do norte americano. Vejamos como a história registra esta estreita relação.

Tão logo os missionários católicos chegaram ao Brasil, deram início a um processo de conhecimento sobre a vida e o comportamento dos autóctones. Era a premissa básica para proceder a catequização.

O caráter libertário dos indígenas, expresso nas mais variadas de suas manifestações, como a dança, o canto, as festas e ritos, despertou nos missionários a utilização do teatro enquanto instrumento de aculturação e dominação.

José de Anchieta, no século XVI, através de alguns autos, transforma-se na mais proeminente figura deste tipo de teatro. O cerne da proposta dessa manifestação consistia, resumidamente, em impor a “salvação” dos indígenas para Deus, o que se daria a partir da assimilação dos valores cristãos. Era, portanto, um teatro de propaganda religiosa. Os textos estruturalmente simples representavam sempre o índio sendo vítima das investidas de Deus e do diabo, culminando com a vitória do primeiro sobre o segundo.

No afã da Companhia de Jesus transformar os “selvagens” em “civilizados”, os “perdidos” em “salvos”; ignoraram por inteiro a cultura, a identidade, a liberdade e a independência dos indígenas. Foi um brutal ato de selvageria como de resto são os processos de colonização.

O caráter festivo dos indígenas aliado ao fato de ser o ritual católico extremamente estilizado deu ao jesuíta o ingrediente formal para um inesgotável trabalho projeção dramática.

A estruturação desta dramaturgia de catequese é bastante incipiente. O ciclo é fechado invariavelmente no erro (pecado), na constatação dele (expiação), desfechando na redenção (perdão).

Para sedimentar o dualismo (bem X mal), o diabo era representado com o nome das tribos inimigas, conduzindo para o campo real, o imaginário coletivo. Além deste recurso, muitos outros foram utilizados. Anchieta chegou a escrever autos inteiramente na língua tupi, como forma de buscar uma identificação mais profunda com sua “platéia”.

As apresentações tinham caráter festivo, mobilizando toda a aldeia para a apreciação do evento. Dos autos que José de Anchieta escreveu, alguns merecem um destaque especial. “Auto da Pregação Universal”, “Dia de Assunção”, “Quando, no Espírito Santo, se Recebe uma Relíquia das Onze Mil Virgens” e “Na Festa de São Lourenço”. Esta última escrita conjuntamente com o padre Manoel do Couto.

Posteriormente o teatro deixa de ser unicamente instrumento de catequese dos indígenas. O universo se amplia. Passa também a ser utilizado na educação de colonos brancos, mamelucos, caboclos...

No período colonial há o registro, por parte dos historiadores, de um hiato de cerca de dois séculos, em que nossa produção teatral fica estagnada. As razões do interregno talvez se expliquem pelas guerras decorrentes das invasões holandesa e francesa. Mas sem dúvida, as modificações de ordem política verificadas no país contribuíram para a existência do buraco negro.

Há registro, porém da dramaturgia de Manoel Botelho de Oliveira (1637-1711). O comediógrafo nasceu no Brasil, mas a estreita ligação mantida com a Europa interferiu acentuadamente em sua produção artística. O processo de colonização cultural desconheceu limites. Botelho de Oliveira escreveu somente em espanhol, imitando os autores daquele país.

Após esta passagem, apenas o século XVII vai registrar a presença do teatro, com um luso-brasileiro: Antônio José da Silva - o judeu. Apesar de ter nascido no Rio de Janeiro, em 1705 - veio a falecer em 1739 - a vida e obra deste escritor estão umbilicalmente vinculadas a Portugal. Naturalmente isto o distancia dos problemas brasileiros e o teatro resultante sofre fortes influências dos teatros francês e italiano.

A vida deste dramaturgo é marcada por um suceder de acontecimentos sinistros. Quando tinha apenas oito anos, sua mãe é acusada de judaísmo, o que motiva a transferência de toda a família para o exterior. Todavia, o episódio não foi suficiente para aplacar a perseguição da Igreja. Aos trinta e quatro anos de idade, o próprio Judeu perde a vida, queimado pelo fogo “santo e purificador” da Inquisição.

Na segunda metade do século XIX, mais precisamente em 4 de outubro de 1838, a companhia de teatro de João Caetano estréia “O juiz de Paz na Roça”, de Martins Pena. Estrondoso sucesso. O fato de escrever sobre o cotidiano, retratando os personagens típicos do povo, de provocar o riso fácil e despretensioso, foram os ingredientes utilizados por Martins Pena para conquistar o sucesso.

Nascido em 1815, Martins Pena escreveu dos 22 aos 33 anos - quando morreu - vinte comédias e seis dramas. É uma produção surpreendente onde se destacam “O Cigano”, “O Usuário” – uma critica as Câmaras Municipais, “Comédia sem Título”, “O Caixeiro da Taverna” - abordando a carestia e “Os Três Médicos” - onde critica vigorosamente a classe médica.

A técnica empregada nas comédias de Martins Pena passa invariavelmente pela utilização em abundância do dramalhão. A estrutura das obras se utiliza sempre de recursos fáceis e triviais, primários e ingênuos. Uma outra característica de relevo é que seus textos ignoram por completo o cenário político-social decorrente da estrutura colonialista então vigente. Deixava-se conduzir por abordagens simplistas, gracejos triviais como é característico do teatro de costumes.

Em 1808, as investidas napoleônicas forçam a transferência da corte para o Rio de Janeiro. O Imperador franqueia os portos e o livre comércio é estabelecido. Os ingleses exultam e agradecem. Novos direitos políticos são conquistados e com o crescimento da economia, se verifica também o desenvolvimento da cultura e da intelectualidade. Jornais passam a circular, museus, escolas superiores e bibliotecas são criadas. A vida lateja e pulsa no seio das elites.

Nessa época, é freqüente a presença de companhias teatrais portuguesas no Brasil. Procurando fugir aos esquemas dessas companhias, João Caetano cria em 1833 uma companhia brasileira.

João Caetano - ator e posteriormente produtor - mereceu respeito e consideração de seus contemporâneos. Até mesmo os desafetos lhe reconheciam talento. Em 1861, pouco tempo antes de morrer, edita “Lições Dramáticas”, onde esquematiza seus estudos, experiências e concepções teatrais. Aqui, João Caetano aborda um tipo de preocupação, que deve ser extensiva a todos os atores, no sentido de exercer pleno domínio sobre a emoção. Chega a descrever um episódio inusitado: na apresentação de um espetáculo, enforca uma atriz levando-a a asfixia. Segundo seu relato foi necessária a intervenção da platéia e também dos demais atores, que acorreram em auxílio à atriz.

Este dilema entre a emoção e a razão permeia toda a história do teatro.

Há também em João Caetano uma preocupação no sentido de delinear psicologicamente suas personagens. Na peça “Gargalhada”, interpretando o papel de André, construiu a personagem através de vários estudos e laboratórios que envolveram reiteradas visitas a hospitais psiquiátricos para uma observação mais acurada dos enfermos.

O pequeno público existente então, não possibilitava que os espetáculos permanecessem por muito tempo em cartaz. Cada trabalho era apresentado no máximo quatro vezes.

Os artistas começam a reivindicar do governo auxílio na propagação da atividade cênica. A preocupação em disseminar o teatro e os diversos obstáculos que se colocavam à frente, não raro, gerava proposições inusitadas, algumas estapafúrdias. Uma delas solicitava a terminante proibição de apresentações circenses - com animais selvagens ou domesticados, nos dias em que houvesse alguma apresentação de teatro. Uma outra solicitava a proibição de apresentações das cias. estrangeiras enquanto estivesse em cartaz um espetáculo da Cia. Dramática Nacional.

Pelas sugestões percebe-se que as dificuldades enfrentadas atualmente pelos produtores de cultura vêm de longa data.

A primeira tragédia abordando questão nacional deve-se a Gonçalves de Magalhães. Baseando-se na vida do Judeu, escreve “Antônio José” ou “O Poeta e a Inquisição”. O espetáculo foi montado pela companhia de João Caetano.

Em 1875, desgostoso com a falta de oportunidades para os dramaturgos brasileiros, José de Alencar faz um enérgico protesto: “Na alta roda ouve-se a moda de Paris, e como em Paris não se representam dramas nem comédias brasileiras, eles, ces messieurs, não sabem que significa teatro nacional”.

O desabafo foi feito logo após o fracasso da estréia de sua peça “O Jesuíta”.

A crítica de José de Alencar não perdeu a atualidade, e nos remete ao já consagrado santo de casa não faz milagre. Nas regiões menos desenvolvidas do país este quadro se agrava, e os artistas só adquirem certo respeito, quando obtém alguma ressonância no eixo Rio-São Paulo, culturalmente “mais avançado”. É o velho conflito ‘colonizado X colonizador’ triunfando sob um novo ângulo.

João Caetano falece em 1863. Na pobreza. Como de resto ocorre com a esmagadora maioria dos artistas da terra tupiniquim. Gonçalves Magalhães desaparece no naufrágio do navio em que viajava, em 1864. E como também é próprio da terra brasilis, só obtém consagração após sua morte.

A Semana de Arte Moderna de 1922 ressalta o trabalho de Oswald de Andrade e as décadas de quarenta e cinqüenta consolidam bons autores. “Deus lhe Pague” de Joracy Camargo oferece a perspectiva da produção de um teatro de cunho social.

Em 1938, Paschoal Carlos Magno funda o Teatro do Estudante do Brasil.

Posteriormente aparece a troupe “Os Comediantes”, também constituída de atores amadores. Por um curto período “Os Comediantes” experimenta o profissionalismo. O fracasso financeiro faz o Grupo recuar à posição inicial.

O objetivo básico do teatro deste período é reformar a estética do espetáculo, desenvolver um trabalho grandioso, no estilo das companhias profissionais. É esta obsessão pela forma perfeita que dá origem à especificação das tarefas. Surgem os diferentes agentes do espetáculo: o iluminador, o cenógrafo...

Para fazer frente à produção européia e norte americana, o industrial italiano Franco Zampari cria em 1948, o TBC - Teatro Brasileiro de Comédia.

Inicialmente constituído por amadores, o TBC logo se profissionaliza e dá início a uma trajetória promissora.

A consolidação do parque industrial de São Paulo exigia também a estruturação de uma industria cultural. O TBC se propõe a enfrentar este desafio partindo do marco zero, ignorando a produção existente até então. Para isto a direção dos espetáculos fica nas mãos dos estrangeiros.

A Companhia não tinha maior preocupação com o político e social. Estes aspectos, quando abordados se restringiam ao espectro do humanismo universal.

Em contraposição, surge em São Paulo um movimento nacionalista expresso no ARENA com “Eles não Usam Black-Tie”, de Guarniere, que por um ano permanece em cartaz.

A forma e o gesto do teatro pelo teatro - postulados do TBC, agora encontra uma resistência à altura. Surge um teatro proletário que referencia as lutas sociais com um enfoque jamais ousado.

Também o OFICINA surge com uma proposta inovadora. Procurou trabalhar para um público composto basicamente por estudantes e setores da classe média. Alcança uma determinada fase da produção em que o teatro é denominado assembléia, com o grupo se colocando - socialmente - no mesmo ângulo de visão do espectador. Foi uma experiência de extrema importância, em que pese seu caráter pretensioso e autoritário, haja vista que o público não dispõe de mecanismos para desenvolver uma atuação que o aproxime tecnicamente do ator: não ensaia, não realiza oficinas, mantém-se ao largo dos exercícios e laboratórios...

O OFICINA conclui este ciclo de sua existência com uma proposta revolucionária: sair das salas e ganhar as ruas. Posteriormente as atividades do grupo se disseminaram para alcançar outras manifestações artísticas.

Antônio Carlos dos Santos - criador da metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e da tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo. acs@ueg.b

sábado, 12 de abril de 2014

Nada como um dia após o outro...


Como os bolivarianos entendem a democracia...

Da vejapontocom

sexta-feira, 11 de abril de 2014

José de Anchieta, o santo.

BRASIL

Do  Deutsche Welle

Papa canoniza José de Anchieta, terceiro santo ligado ao Brasil

Um dos fundadores da cidade de São Paulo, padre jesuíta ficou conhecido pelo trabalho de catequização dos índios. Processo levou mais de 400 anos para ser concluído.
O padre José de Anchieta (1534-1597), jesuíta espanhol enviado por Portugal para catequizar os indígenas brasileiros e fundador da cidade de São Paulo, foi canonizado nesta quinta-feira (03/04) pelo papa Francisco, tornando-se o terceiro santo a ter laços com o Brasil.
Anchieta nasceu nas Ilhas Canárias e chegou ao Brasil em 1553. Ele ficou famoso pelo seu trabalho como jesuíta em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e outros estados. Conhecido como o Apóstolo do Brasil, Anchieta é considerado um dos fundadores de São Paulo, já que a cidade cresceu em redor da missão jesuíta de mesmo nome, iniciada no século 16, e do colégio por ela fundado.
As homenagens a Anchieta começaram com o soar dos sinos em todas as igrejas do estado de São Paulo, já na tarde desta quarta, e continuarão com celebrações de louvor e ação de graças e uma procissão no fim de semana. A notícia da canonização havia sido antecipada pela imprensa.
A canonização estava prevista para ser publicada em decreto papal nesta quarta, mas acabou adiada para quinta. O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, realçou que o fato de o papa ser jesuíta pode ter ajudado na conclusão do processo de canonização de Anchieta, que ficou "congelado" durante 400 anos. O processo foi iniciado em 1597, logo após a morte do jesuíta.
Anchieta é o terceiro santo a ter ligações com o Brasil, ao lado de frei Galvão e da italiana madre Paulina, que também trabalhou no país. Ao contrário dos outros dois, Anchieta não teve um milagre reconhecido, mas foi canonizado devido à extensão da sua história e por preencher três requisitos: culto antigo, testemunho confiável ao longo da história em relação às suas virtudes e fama ininterrupta de graças.
AS/lusa/kna


DW.DE

quinta-feira, 10 de abril de 2014

E a copa do mundo...

BRASILEIROS ESTÃO PESSIMISTAS COM A COPA DO MUNDO!
   
(Datafolha, 08 / Folha de SP) 1. Mais da metade da população brasileira acredita que a Copa do Mundo trará mais prejuízos do que benefícios ao país, revela pesquisa realizada pelo Datafolha. Para 55% dos entrevistados, a competição vai resultar em problemas para a população em geral, contra 36% que estão otimistas com melhorias que a Copa deixará para o Brasil (9% não souberam responder a pergunta).  Em junho de 2013, havia equilíbrio: 44% afirmavam que o prejuízo seria maior, mas 48% dos brasileiros diziam que a Copa do Mundo traria mais benefícios.
  
O Datafolha também perguntou aos entrevistados sobre benefícios e prejuízos pessoais: 49% acham que terão mais dificuldades no seu dia-a-dia enquanto 31% disseram que haverá vantagens.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Nirvana - Smells Like Teen Spirit


O rastro sonoro de um mártir

 O rastro sonoro de um mártir

Completam-se 20 anos do suicídio de Kurt Cobain, líder do Nirvana e ícone do ‘grunge’, o último movimento que tentou dinamitar a indústria da música

El País - IÑIGO LÓPEZ PALACIOS Madri 

Kurt Cobain, líder do Nirvana morto há 20 anos. / © HERPE GREGORY / DALLE / CONTAC

Já se passaram 20 anos da morte de Kurt Cobain. Músico, cantor, compositor e líder do Nirvana, o grunge e a Geração X. E, surpresa, a Universal, sua gravadora, ignorou o fato. Nenhum lançamento comemorativo. Claro que não resta muito onde mexer: os três álbuns de estúdio que editaram entre 1989 e 1994 se multiplicaram já até se converterem em umas 20 reedições oficiais, às quais é preciso somar outros tanto DVDs com apresentações ao vivo, compilações, luxuosas coletâneas e novas versões de seu Unplugged póstumo e a compilação de raridades Incesticide.
Seu cadáver foi encontrado em 8 de abril de 1994 por um eletricista que ia fazer alguns reparos em um pequeno quarto sobre a garagem de sua mansão às margens do lago Washington. O homem ligou para uma emissora de rádio local antes de chamar a polícia. A autópsia revelou que ele tinha disparado contra a cabeça depois de injetar-se uma dose mortal de heroína. Não foi possível precisar a data exata. Para efeito legal se determinou que foi no dia 5, mas na realidade foi em algum momento entre 4 e 6. Tinha 27 anos.
As pessoas mais próximas dele passam discretamente por esta efeméride macabra. Não há notícias de Dave Grohi e Chris Novoselic, seus companheiros do grupo. Sua viúva, Courtney Love, concedeu uma breve entrevista à revista britânica NME na qual garante que prefere recordar seu aniversário em vez da morte e fala de projetos futuros: um filme biográfico, um documentário e, segurem-se, um musical na Broadway.
Este último é somente uma possibilidade (aterradora, isso sim); o filme ainda é um projeto. Já o documentário está em andamento. “Temos a esperança de que será o The Wall desta geração: uma mescla de animação e imagem real que permitirá vivenciar Kurt como nunca antes. É ambicioso”, declarava seu mais que possível diretor, Brett Morgen, que já realizou um sobre os Rolling Stones.
O mais parecido com uma celebração é a inclusão do Nirvana no Rock’n’roll hall of Fame, o museu de Cleveland que decide quem tem direito a figurar na realeza do rock. A cada ano são admitidos dez nomes. Na cerimônia anual, que se realiza em 10 de abril, serão admitidos com o Nirvana: Peter Gabriel, Cat Stevens, Kiss, Hall & Oates, Linda Rondstadt, E Street Band, e dos empresários: Andrew Loog Oldham (Rolling Stones) e Brian Epstein (Beatles).
Sim, parece que a memória de Kurt Cobain foi absorvida por essa indústria que ele pretendia destruir, ou pelo menos mudar. Por que o importante do Nirvana não foi tanto seu êxito como sua declaração de guerra ao que chamavam de “música corporativa”. Contrapunham valores como honestidade ao puro negócio. Pretendiam que o rock fosse tomado por grupos de desajustados com guitarras e durante um tempo pareceu que haviam conseguido. Tinham especial fobia pelo rock de estádio, personificado nesse momento pelo Guns n'Roses, cujo líder, Axl Rose, era objeto de suas troças. Assim como Extreme, cuja bem-sucedida balada More than Words encarnava tudo o que eles achavam que ia mal no rock. Impostação e sentimentalismo.
Em 21 de setembro de 1991, o Nirvana, um semidesconhecido trio de Seattle lançava Nevermind, seu segundo disco, primeiro em uma multinacional. O vídeo do primeiro simples Smells Like Teen Spiritestreou no 120 minutes, programa de música underground da rede MTV que havia anos era transmitido de madrugada. Teve tanto êxito que passa a ser exibido de dia. Aí explodiu. Nevermind vende 3 milhões de cópias em três meses. Hoje são mais de 10.
Nevermind não era em aparência muito diferente do que outras bandas faziam havia anos: Husker Du, Pixies, Dinossaur Jr., Black Flag e Melvins. Mas tinha umas melodias brilhantes e uma produção muito mais limpa. Mas não o bastante para despojá-la da fúria de seus antecessores. Sempre disseram que sabiam que tinham algo gordo entre as mãos. Um só dia de gravação no estúdio de Los Angeles onde o registraram custava mais que toda a gravação de seu primeiro disco,Bleach, de 1989. Mas ninguém pensou que fosse chegar tão alto. E menos ainda marcar os gostos de uma geração inteira.
Aquilo pegou a indústria fonográfica desprevenida. Quem iria esperar que o que o público queria eram grupos que mesclavam hard rocky punk, saídos de uma cidade esquecida do noroeste dos Estados Unidos? Seattle, o epicentro da maioria das bandas daquele movimento, só era conhecida por ser a cidade mais chuvosa dos EUA e por ter sido a cidade de nascimento de Jimi Hendrix. Uma invasão de zumbis teria sido mais verossímil.
Isto porque o mainstream se movia em outras coordenadas, absolutamente opostas. Em 1991, a grande estrela mundial era o canadense Bryan Adams, que tinha 32 anos. Sua balada Everything I do (I do it for You)bateu no Reino Unido um recorde de 1955 ao passar 16 semanas em primeiro lugar. Era a trilha sonora de Robin Hood, protagonizada pelo ator da moda, Kevin Costner, que no ano seguinte rodaria O Guarda-Costas, com trilha sonora de sua parceira no filme, Whitney Houston. Na Espanha reinavam Mecano e Julio Iglesias. E as ondas estavam dominadas por Phil Collins, Rod Stewart (que havia encadeado quatro sucessos consecutivos depois de sua edulcorada versão do Downtown Train, de Tom Waits), Chris Rea e o I’m too sexy, de Right Said Fred. Em geral, tudo parecia dirigido a menores de 14 ou maiores de 40.
O Nirvana mudou esse panorama no qual o alternativo, que existia, ocupava um nicho diminuto. Contou com a ajuda da MTV, que descobre que esse nicho tem futuro e inventa um espaço, o Alternative Nation, em horário nobre. Alternativo é tudo o que pode caber nesse programa.
Esse novo som, em realidade algo que estava sendo forjado havia anos, fora do radar da indústria, é batizado de grunge. Uma palavra que passa a significar sujo e cuja origem não é muito clara, embora pareça que estava havia vários anos dando voltas para definir o som de bandas como Green River.
Na Espanha, em 1991 não havia emissoras privadas, e a TVE reinava.Rockopop, o programa musical principal da TVE na época, foi o primeiro a exibir Smells like Teen Spirit. “Mais tarde fomos vê-los no Havaí, no último concerto da turnê mundial. Eram as mesmas datas em que Cobain se casava com Courtney Love”, diz Beatriz Pécker, a apresentadora do programa.
Cobain se casa em fevereiro de 1992 com Courtney Love, uma ex-stripper que liderava a Hole, outra das bandas do movimento, que parecia ter toda a confiança em si mesma que faltava ao líder do Nirvana. Cobain era uma figura contraditória. Filho de pais divorciados, não tinha medo de falar de como se sentia desajustado desde menino, o que o transformava em modelo a seguir pelos milhões de adolescentes de todo o mundo que alguma vez tinham se sentido como ele. Para as garotas era ao mesmo tempo uma figura a proteger, alguém que pedia para ser abraçado e reconfortado e um charmoso loiro de óbvia atração sexual. Era uma espécie de novo James Dean, com uma melhor higiene, e uma guitarra elétrica.
Fazia menos de cinco meses que tinham lançado Nevermind e nesse período haviam dado quase 90 concertos em três continentes. Cada vez eram maiores. Foi seu último tour em salas, chegavam os estádios. “Nos próximos meses ouvirás falar de muitas novas bandas: The Melvins, Mudhoney, Hole e Sonic Youth, que são os padrinhos de tudo isso. Bandas honestas”, dizia Dave Grohl, o jovem baterista do Nirvana em uma entrevista a Pecker.
Acertava. Até mais ou menos 1996, dezenas de grupos seguiram pelo caminho aberto: Soundgarden, Smashing Pumpkins ou Pearl Jam. E também Pavement, Offspring... Mas neste sucesso estava a semente do diabo.
Paradoxo: a situação era aparentemente impossível de melhorar e ali radicava seu fracasso. A rádio pertencia ao grunge, multiplicavam-se as contratações de bandas indies, as vendas de discos tinham disparado. Era o triunfo da Geração X, termo criado pelo escritor Douglas Coupland em seu romance homônimo. Um livro que deu cobertura intelectual ao movimento e a uma identidade a seus seguidores. A Geração X é a precedente da atual geração perdida: filhos do baby boom dos anos 1960 incapazes de integrar-se à sociedade criada por seus pais. Sofriam de “inveja demográfica”, a saber. “Inveja da riqueza e do bem-estar dos membros da geração dos anos 1940 em virtude de seu nascimento afortunado”.
Enquanto isso, o Nirvana editava em dezembro de 1992 Incesticide, uma recompilação intencionalmente áspera de algumas raridades. No interior escreveram: “Temos um pedido a nossos fãs: ‘se qualquer um de vocês odeia os homossexuais, as pessoas que são diferentes ou as mulheres, nos façam um favor: que se fodam, não venham aos nossos shows. Não comprem nossos discos’”.
Sentiam-se invadidos e incapazes de reconhecer-se entre eles. “Era como um filme velho da Segunda Guerra Mundial no qual você está em uma cidade de norte-americanos normais, mas, na realidade, são todos espiões nazistas. Parecia isso. Dava um pouco de medo”, disse Ian Mckaye, da Fugazi, no livro Nossa Banda Poderia ser tua Vida. “A impotência comercial do indie havia sido o fator que havia unido a cena e havia evitado que fosse o ninho de víboras mercenárias que eram as majors. Como era um mundo tão pequeno, a cooperação e a honestidade eram necessárias. Grande parte disso foi derrubada quando o céu, e não o sótão, foi o limite”, escreveu o jornalista Michael Azerrard, autor desse livro.
O Nirvana já havia reagido com raiva ao triunfo do Pearl Jam, o acusava de serem farsantes e oportunistas. Cobain se sentia responsável de ter pervertido o movimento com seu sucesso, de ter o enchido de estranhos. O vício da heroína não ajudou. Ele assegurava que a usava com fins paliativos para as dores que sofria, uma irritação no estômago que nenhum médico foi capaz de diagnosticar, e escoliose Quando tentou deixá-la, por exemplo depois do nascimento de sua filha Frances Bean, não conseguiu.
As pressões aumentavam. Odiava as turnês e seu terceiro disco, In utero, de 1993, foi considerado muito cru e o fizeram retocá-lo. Cobain era ambicioso, mas não o suficiente para fechar os olhos e se deixar levar. Estava sobrecarregado. Entre 1993 e 1994 ocupava mais páginas de ocorridos que de música. Houve uma tentativa de suicídio em Roma. Em sua volta aos EUA, ingressou numa clínica de desintoxicação da qual escapou em 30 de março de 1994. Ficou sem dar notícias até 8 de abril.
Seu disco póstumo, o acústico Unplugged in New York, venderia cinco milhões de cópias. O grunge se transformou em uma etiqueta, Cobain em um mártir e o Nirvana em um negócio lucrativo. “No dia que foi anunciada a morte dele eu estava em uma loja de discos de segunda mão em Londres. Eu me dei conta de que havia acontecido alguma coisa porque o funcionário saiu do balcão e levou para dentro todos os discos do Nirvana que estavam nas gavetas”, relembra um colecionador de discos espanhol. De repente tudo o que tinha a etiqueta de Cobain tinha um novo preço, muito mais alto.
Sua morte causou autêntica desolação. Durante os dois anos após seu falecimento se associam a ele 60 suicídios. Começando por um homem, de 28 anos, que participou da cerimônia pública de despedida em Seattle, chegou em casa e deu um tiro em si mesmo.
Hoje sua herança não é clara. Os mais cínicos dizem que está somente em coisas como a volta da Pixies, em festivais grandes como o Lollapalooza, ou no sucesso do Green Day e do Foo Fighters, grupo de seu ex-baterista. O autor britânico Bon Stanley é, quem sabe, o mais duro. “Parece que a postura antimachista e anticorporativista do Nirvana não serviu para muito. Poucas semanas depois de sua morte, uma canção grunge e um grupo grunge pré-fabricados pela Levi’s para uma campanha –Inside de Stilskin, foi número um no Reino Unido. O grungelogo desembocou em estilos como o rap metal ou o metal e levou indiretamente a que os Red Hot Chili Peppers, com sua mistura ultramasculina de funk, hip hop e metal, fosse o grupo de rock mais vendido do mundo. O amor de Cobain pelo punk abriu a porta para bandas estereotipadas de revivalistas como Blink 182 e Green Day. E anos mais tarde a outro nível mais baixo: o punk pré-adolescente de Busted ou McFly”, diz ele em seu livro de 2013Yeah, Yeah, Yeah, the Story of Modern Pop.
Michael Azerrad é mais generoso e assegura que o sucesso de selos como Matador com grupos como Yo La Tengo, Cat Power, Pavement, Superchunk ou The Jon Spencer Blues Explosion, também se deve a ele. E também o de gravadoras como a Merge, que dez anos depois publicou a estreia de Arcade Fire.
Mas também há quem pense que milhares de grupos de rock e selos independentes que funcionam à margem da indústria aprenderam a lição e são seus filhos. E que a próxima revolução, se houve, também será.