domingo, 29 de agosto de 2010

34,8 milhões sem coleta de esgoto

Meus queridos leitores, vejam o que saiu no Estadão de hoje. Retomo no final da matéria.


Brasil tem 34,8 milhões de pessoas que vivem sem coleta de esgoto

O número de brasileiros que vivem em municípios sem rede coletora de esgoto aumentou no País em oito anos - e o crescimento do serviço, bastante tímido, não acompanhou o avanço populacional no período. Em 2008, a falta de infraestrutura sanitária afetava 34,8 milhões de pessoas (18% da população). Em 2000, eram 34,7 milhões (20,4%) - 100 mil pessoas a menos.

Os dados são da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostra também que mais da metade dos domicílios brasileiros (56%) não tem acesso à rede de esgoto - as Regiões Norte e Nordeste são as mais deficientes nesse ponto.

Os números sobre o tratamento do material coletado também são preocupantes: pouco mais de um quarto dos municípios (28%) trata o esgoto coletado. Também foi pequeno o crescimento dos municípios com rede coletora de esgoto: de 52% em 2000 para 55% em 2008. Isso representa um aumento de apenas 194 municípios.

O estudo do IBGE é feito com base em dados fornecidos pelas prefeituras, associações comunitárias e órgãos públicos e privados responsáveis por serviços de saneamento de todos os municípios brasileiros. Portanto, são dados oficiais dos governos.

O retrato do saneamento básico no País pode ser ainda mais preocupante do que revelam esses números. Na metodologia adotada, o IBGE considera que o município tem rede coletora de esgoto quando pelo menos um distrito é atendido. Nem a extensão nem a qualidade da rede estão incluídas nessa conta. Ou seja, mais brasileiros podem estar à margem das estatísticas.

A extensão das mazelas provocadas pela falta de saneamento é grande. A Organização Mundial de Saúde calcula que cada R$ 1 gasto em saneamento gera uma economia de R$ 4 em despesas com saúde. O próprio IBGE reconhece na pesquisa que "o saneamento básico é fundamental em termos de qualidade de vida, pois sua ausência acarreta poluição dos recursos hídricos, trazendo prejuízo à saúde da população, principalmente o aumento da mortalidade infantil".

Desigualdade. Além de ter avançado pouco, o saneamento básico no País é distribuído de maneira desigual entre as regiões e é deficiente especialmente no Nordeste e no Norte. Dos 34,8 milhões de brasileiros que vivem em municípios sem rede coletora, 15,3 milhões (44%) são nordestinos.

O País tem hoje 32,2 milhões de casas sem acesso à rede. Apenas Distrito Federal (86,3%), São Paulo (82,1%) e Minas Gerais (68,9%) têm mais da metade dos domicílios atendida por rede geral de esgoto. Rio de Janeiro, com 49,2%, e Paraná, com 46,3%, ficaram acima da média nacional (44%). Os outros Estados apresentaram menos de 35% de cobertura.

"Uma parcela importante da população ainda não tem acesso a rede de esgoto", analisa Antônio Tadeu de Oliveira, gerente da pesquisa. "Os dados mostram que houve evolução em todos os serviços. Mas o avanço mais tímido foi o esgotamento sanitário. Cresceu pouco. É preciso implantar o sistema nos municípios e fazer com que chegue às residências", sugere.

Para Yves Besse, presidente da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto, é preciso mais que isso. "Estamos patinando em termos de rede de esgoto", diz. Segundo ele, hoje 90% da rede é administrada pelo poder público. "O setor precisa de políticas para o saneamento", acredita.

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Pois bem; o artigo que segue abaixo, escrevi em 2.009. De lá pra cá o que mudou quanto à questão do saneamento? Muito pouco, muito aquém do necessário. E as consequências da irresponsabilidade governamental é uma tragédia sem dimensões. No texto abaixo faço uma homenagem à pequena Kênia Barreto. Quantas Kênias não continuam sendo, todos os dias, assassinadas pela descaso, pela incompetência, pela corrupção?...

ESTAMOS PERDENDO OS NOSSOS ANJOS

Algum tempo atrás a pequena Kênia Barreto, de apenas nove anos de idade, foi ter com Deus.

Kênia era como as outras crianças de sua idade. Brincava, estudava, irritava-se ao ter que comer folhas e verduras amargas nas refeições, acalentava sonhos e esperanças.

Como todas as crianças da sua idade, em virtude da falta de segurança que assola nossas cidades, era mantida em seu castelo de fadas, e pouco saía do perímetro de sua casa. Que pai e mãe não respiram melhor e aliviados ao saber que a filha de nove anos brinca no quintal de casa?

Kênia morava em Santa Bárbara D’Oeste, município distante 138 km da capital do Estado mais rico e desenvolvido do país, São Paulo.

E a pequena criança de apenas nove anos de idade morreu num estado deplorável, envolto em vômito e diarréia, picada que foi em uma das mãos por um escorpião. E isto não ocorreu enquanto desbravava a floresta amazônica. Aconteceu enquanto brincava no quintal de sua casa.

Lembrei-me de um tempo já longínquo, quando coordenava um programa de saneamento rural e educação ambiental com recursos do Banco Mundial. Em uma comunidade rural goiana, o lixo, o entulho e as condições ambientais faziam proliferar um exército de escorpiões.

Como a pobreza e a miséria estavam enraizadas em todas as residências, optamos por uma solução alternativa para combater os escorpiões: distribuir galos e galinhas para a comunidade. Predadoras de insetos, escorpiões e pequenos animais peçonhentos, as galinhas fariam o papel de “agentes” capazes de sanear o ambiente e, ao mesmo tempo, agregar ao cardápio alimentar ovos e frangos, oriundos da criação.

O planejado, contudo, não logrou êxito porque, famintos e miseráveis, a comunidade não teve alternativa que não fosse comer todos os “agentes” saneadores.

No Brasil, as questões sanitárias e de educação ambiental, são, desde sempre, tratadas de maneira deplorável. O caso da morte da pequena Kênia é prova do descaso das autoridades e dos agentes públicos. Nesses últimos anos os recursos federais destinados às ações de saneamento foram os que mais receberam cortes para atender ao superávit primário.

Carcomidos pelos escorpiões, pela esquistossomose, pela cólera, pela amebíase, pela giardíase, pela febre tifóide, pela salmonelose, pela hepatite infecciosa, pela poliomielite e pela disenteria, são nossas crianças que pagam o alto preço da irresponsabilidade de nossos políticos, de nossos gestores públicos.

A sociedade deve se mobilizar para impedir que os lobos continuem a devorar nossos anjos.

Antônio Carlos dos Santos - criador da metodologia de planejamento estratégico Quasar K+.

sábado, 21 de agosto de 2010

Um abrigo para nossos sonhos e esperanças

O vigor de uma democracia está umbilicalmente vinculado à sua capacidade de resistir e nocautear a corrupção. O costume de avançar sobre o patrimônio coletivo e o erário público vem de longa data, se confundindo, às vezes, com a própria trajetória da humanidade.

E apesar das medidas draconianas historicamente adotadas em defesa da coletividade, não obstante as enérgicas medidas para punir autoridades embaladas pela corrupção, este tipo de crime não arrefece, e recrudesce entre nós qual o pior tumor maligno. Geração após geração este mal vai se perpetuando nas diferentes culturas nacionais.

A aplicação da pena capital, das mais duras punições – invariavelmente acompanhadas de exposição e humilhação pública - não têm sequer amenizado a intensidade da grave hemorragia, que lança fora, para o latão de lixo, o melhor das forças, das energias de um povo.

Platão - discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles - já fazia referência à corrupção em uma de suas obras, “As Leis”, o mais longo e complexo diálogo do filósofo fundador da ‘Academia’. Ensinava aos seus discípulos os marcos da moral e da ética, recomendando a “desgraça” para todos os que aceitassem suborno e propina.

Na antiga Atenas não havia espaço para tergiversação e, pelo menos na escrita a pena se mostrava severa: autoridade corrupta flagrada com a boca na botija tinha cassada a cidadania, sem mais possibilidade de participar e atuar nas instituições estatais. Seus direitos políticos eram de todo extirpados.

Não era exceção em Atenas a utilização da pena capital quando se tratava de punir o crime de corrupção. Como sempre existem os abençoados, os ungidos pela sorte, alguns condenados eram alcançados por penas mais leves como o exílio e o desterro. Demóstenes, por exemplo, que viveu no século III a.C. tornou-se uma liderança política importante e bastante popular. Grande orador ganhou farta projeção no seu tempo. Todavia, os predicados intelectuais - tão cultuados à época - não foram suficientes para mantê-lo distante da corrupção. Pois bem, por se deixar hipnotizar pelo que acreditava ser o doce canto da sereia, por suborno, foi obrigado a pagar uma multa de 50 talentos. Essa quantia hoje equivale a, nada mais, nada menos, que US$20 milhões.

Também no império bizantino não havia contemporização: as autoridades corruptas eram execradas publicamente e a punição mais comum consistia em cegá-las. E muitas eram ainda castradas. Não bastasse, em prosseguimento aos rituais de castigos, eram submetidas a sessões de açoite, tinham todo o patrimônio confiscado e, nessas condições, eram deportadas.

O primeiro código legal da República Romana, a Lei das Doze Tábuas, era claro, direto e inflexível: os juízes que aceitassem propina receberiam pena máxima, a pena capital, a punição com a morte.

Essa rápida incursão pela história demonstra o quão difícil e complexo é combater a corrupção. Enganam-se os que imaginam tarefa simples e trivial. Mas, sem dúvidas, penas rigorosas e a certeza da punição contribuem substancialmente para debelar o problema.

No Brasil, tornou-se vala comum – sobretudo quando as crises se acentuam – recorrer à elaboração de novas normas, novas leis, clamar aos quatro ventos por reformas e novo ordenamento jurídico. Muitos parlamentares chegam a se vangloriar por quebrarem recordes de apresentação de projetos de lei. Orgulhosos, divulgam esses números como sinal de produtividade. É como uma medalha honorífica, um heróico amuleto pendurado no pescoço.

É evidente que criar leis simplesmente não resolve problema algum. Nunca foi solução e jamais será. A questão central é saber como implementá-las, como torná-las efetivas e eficazes; como fazê-las emergir das páginas mortas e empoeiradas dos compêndios para o cotidiano, a vida concreta, o dia a dia das pessoas. E nesse contexto a pergunta que não quer calar, que não sai da ordem do dia: o judiciário brasileiro funciona? Entre as duas alternativas, escolha uma: é uma instituição que pune os culpados ou um poder omisso que corrobora com o perverso clima de impunidade que grassa entre nós?

Numa democracia de verdade, os três poderes devem ser fortes e independentes. Quando algum não funciona ou funciona mal, é a nação que padece e agoniza, é o país que se torna refém de políticos populistas que se embriagam no clientelismo e no fisiologismo, os irmãos siameses da corrupção. Sim, porque a corrupção se alimenta, sobretudo, da burocracia, do excesso de fluxos, trâmites e regulamentações que descortinam caminhos para o desvio do dinheiro público; porque a corrupção se nutre de servidores mal remunerados, sempre propensos a serem comprados pelo vil metal.

No mundo desenvolvido já se consolidou um posicionamento para enfrentar este grave problema. Existe certa unanimidade quanto aos condicionantes capazes de estancar o câncer que corrói e deteriora todas as forças da pátria.

A primeira é a vontade política, uma firme e inamovível decisão de enfrentar com altivez o problema, de arregimentar forças e energias para vencer este inimigo fatal.

Tão importante quanto a vontade política é o investimento na educação, a segunda condicionante. É uma tecla já gasta, por demais batida, mas de todo imprescindível. A educação é o instrumento capaz de dotar os cidadãos do poder de identificar seus problemas, processá-los com sabedoria e solucioná-los com eficiência e eficácia. Mas aqui não pode haver contemporização com a ‘boquinha’, o ‘levar vantagem em tudo’. Desde a creche nossas crianças devem ser mergulhadas em brincadeiras e conteúdos que remetam à ética, ao senso de honestidade enquanto valor. A educação é o mais seguro abrigo para nossos sonhos e esperanças.

E finalmente, a terceira condicionante: a transparência. Os dados e informações sobre as ações, os projetos e os programas governamentais devem estar disponíveis de forma ampla, massiva e irrestrita. E agências independentes devem auditar os gastos públicos como um processo rotineiro, como parte indissociável dos fluxos operacionais.

Como se percebe, é tarefa das mais hercúleas. Combater a corrupção implica em modernizar instituições, golpear de morte a burocracia, qualificar pessoas e processos. Isto demanda recursos orçamentários e financeiros, e não de pouca monta. Ficar só no discurso, no proselitismo, no blá-blá-blá ajuda tão somente a angariar votos, mas nenhum auxílio, nenhuma contribuição trás para a solução do problema.

Houve um tempo em que os campos brasileiros - infestados por voraz praga - estavam fragilizados e a agricultura nacional ameaçada. A nação então cerrou fileiras em torno de uma palavra de ordem: ‘O Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil’.

Sabemos nos dias que correm o tipo de saúva que ameaça os sonhos, as esperanças e as oportunidades de todos os brasileiros. Não seria exagero, tomando o bordão por empréstimo, alertar: ‘O Brasil acaba com a corrupção ou a corrupção acaba com o Brasil’.

Artigo de Antônio Carlos dos Santos publicado no portal "Nota 10 - Notícias diárias de educação", do Paraná.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Só se interrogam bandidos?


O século XXI encontrou um mundo com os vínculos sociais fragilizados e a individualidade ávida – exclusivamente - pela satisfação pessoal.

O egocentrismo como centro da construção da personalidade individual e o descaso para com os interesses alheios, vão tornando as pessoas seres brutais, soldados de um exército obcecado pelas aspirações pessoais, ainda que conquistá-las exija o sacrifício ou da coisificação do outro.

Neste contexto não sobra tempo para ninguém, vez que todo o tempo de que dispomos está direcionado ao atendimento de nossas necessidades individuais.

Por isto é tão difícil nos dias de hoje conquistar a atenção de alguém. Porque toda a atenção do mundo é desviada do interesse coletivo.

Daí o surgimento de técnicas e teorias para tornar possível a possibilidade do outro. E nessa ciranda, os exageros viram regras, não exceção.

O exemplo mais eloqüente talvez seja o representado pela figura do marqueteiro, que consegue transformar candidatos presidenciais em sabonete e creme vaginal.

Qualquer um de nós que queira ou necessite transmitir uma mensagem precisa contar com a atenção de seu interlocutor. E nos dias que correm, com tudo se reduzindo a numerário – sobretudo o tempo – a atenção do outro é uma preciosidade que não se conquista com facilidade.

Para conseguir acolhida para a mensagem, muitos recorrem a toda sorte de maquinações e invencionices.

Enéias do Prona sagrou-se campeão de votos, sendo eleito deputado federal pelo estado mais poderoso da federação. Conquistou mais de um milhão de votos com seu estriônico “meu nome é Enéias”, jargão repetido à exaustão nos parcos minutos que dispunha nos programas eleitorais.

Mas existem também os que navegam em águas mais profundas para se promoverem: se penduram em anzóis, seguram os filhos de ponta cabeça do enésimo andar de um espigão, os que não se incomodam em vender a mãe, os possessos de arremessar pedra em sombra de avião, e patéticos imbecis como o que se colocou à frente do maratonista olímpico Vanderlei Cordeiro. Tudo para que sejam percebidos.

Quanto mais indiferentes ao que se passa à volta, quanto mais submergidos no mundo próprio, maior a necessidade de distinguir, destacar, sobressair, para que a idéia se eleve e encontre porto para atracar. Este processo se bifurca em duas direções.

Na primeira, a atenção é conquistada à custa de criatividade, de inovações que estimulem o olhar para fora, a percepção da realidade em volta. Para que uma decisão mais conseqüente possa ser tomada.

Na segunda, a grosseria, a baixaria compõem o arcabouço, o pano de fundo do estratagema de conquistar o interesse das pessoas. Movidas a indicadores que aferem a audiência de suas programações minuto a minuto, as redes de televisão se esmeram em apresentar uma produção de mau gosto, em que a mediocridade e a superficialidade são marcas registradas.

De igual modo, os políticos lançam mão deste substrato, assumindo projetos e proposições pautados pela demagogia e artificialidade.

Em quase todos os momentos de nossas vidas estamos em busca da atenção de alguém. O governo, de seus contribuintes; os empresários, de seus clientes; os apaixonados, de seus amores; os políticos, de seus eleitores; os pais, de seus filhos; os filhos, de seus pais; ...

É que num sistema em que a tônica é a competição, a atenção é como uma jóia rara, cobiçada, e por isto disputada a ferro e fogo.

Também nas salas de aula o professor se depara com este problema. Procura seduzir, conquistar a atenção. E encerra a aula satisfeito quando consegue despertar o interesse dos alunos. Alguns mestres, mais envolvidos, se enveredam por atuações performáticas, lançando mão da música, da dança, do teatro para tornar a exposição mais oxigenada, viva e instigante. Conseguem transformar fórmulas matemáticas e composições químicas em rimas métricas. Como recompensa pelo esforço, recebem dos alunos aplausos e um tipo de comprometimento que desemboca na substancial melhoria do rendimento escolar.

Boa parte dos alunos apresentam-se na escola desinteressados, desestimulados, com um grau de passividade e alienação preocupantes. E isto vem ocorrendo da pré-escola à universidade.

O universo em que o sistema educacional brasileiro está mergulhado é um caos absoluto. Os três níveis de governo não cumprem o dispositivo constitucional que determina o repasse dos recursos orçamentários, e nem priorizam – a não ser no discurso – a educação como estratégia para alcançar o desenvolvimento. Resulta um cenário em que todos se sentem descontentes: alunos, professores, pais e responsáveis, comunidade ...

Mas nos estreitos limites das possibilidades, os professores podem muito. E uma boa forma de, na sala de aula, poder mais, é resgatar o “interrogatório” como instrumento de mobilização e participação.

O problema é que, muito mais no passado e com menor intensidade nos dias de hoje, o “interrogatório” sempre esteve relacionado a contextos punitivos, a mecanismos de afirmação da autoridade e do poder discricionário dos mestres sobre os aprendizes. Para os que se atrasam, os que se dispersam, os que enveredam por conversas paralelas, “nada melhor” que uma bateria de perguntas capciosas. De efeito instantâneo, o “interrogatório” de natureza punitiva é o sucedâneo da palmatória e do castigo em que se dispunha o “culpado” ajoelhado sobre grãos de milho.

Essa é, em parte, a razão desse importante recurso de mobilização ter caído em descrédito. Ressalte-se ainda que a palavra interrogatório nos remete ao “auto em que se escrevem as respostas do indiciado ou do réu às perguntas feitas pela autoridade competente”. Em virtude da definição do vocábulo, a primeira lembrança estará quase sempre associada a repressão, a problemas com o judiciário ou com a polícia, coisas nesse sentido.

Todavia, utilizado num outro contexto, o “interrogatório” pode estimular os alunos a estabelecer novos pactos, novas relações, assumindo uma postura participativa e de compromisso com a consecução das metas traçadas.

Neste novo contexto, o “interrogatório” conduz a uma participação mais intensa, e conseqüentemente, favorece o envolvimento de toda a classe nos debates e discussões. A reflexão passa do individual para o coletivo, agregando substância, refinando a lógica e o raciocínio, qualificando as aulas.

Para manter-se distante do ultrapassado estigma, o sistema pergunta-resposta deve ser livre e multidirecional. Livre no sentido de todos se sentirem bastante a vontade para indagar o professor sobre assuntos de qualquer natureza. Caberá ao mestre a habilidade de fazê-los convergir ao conteúdo de interesse, de que trata o ementário. E multidirecional no sentido de que os alunos devem se perceber parte do processo, devem se sentir estimulados a formular perguntas e respostas – para o professor e para os colegas. Já o mestre - para responder às questões - deve se certificar que extraiu o máximo dos alunos, e mais, que a classe tenha exaurido os meios de pesquisa disponíveis. Quando o aluno desconhece a resposta deve se habituar a investigar recorrendo a estudos, pesquisas, anotações, mas sobretudo interrogando colegas, professores, lideranças da comunidade,... O mestre deve orientar a busca, ensinar a pescar, incutir no aluno que ele é capaz caso queira.

Enganam-se os que imaginam que os “interrogatórios” só se prestam para aferir ou recordar conhecimentos adquiridos. Colocados nos devidos termos, despertam o interesse pelo tema proposto, reforçam a atenção atuando em contraponto às distrações, conduzindo o raciocínio por uma via menos congestionada, além de auxiliar na identificação de deficiências e incompreensões dos participantes.

O “interrogatório” efetuado de forma correta chama à participação, possibilita comparações, relações e julgamentos.

Mas é necessário precisar o que, como, quando e a quem perguntar. Esta sistematização é que dará ao sistema o encadeamento lógico capaz de levar a um aprendizado consistente. Porém, todo este processo só alcançará resultados satisfatórios se revestido de simplicidade. Os chineses costumam ensinar que só a simplicidade leva à verdadeira harmonia.

Importa evitar perguntas compostas, complexas, longas, desestruturadas. Clareza, objetividade e inter relacionamentos. Eis os predicados.

Também não categorizar as questões como fáceis, difíceis ou medianas. Devem estar compatíveis com a capacidade de resposta dos alunos. É fundamental que sejam interessantes e estimulantes.

Outro ponto a destacar é que não existe pior questionamento do que aquele formulado com a resposta embutida. Identifica, quando menos, um investigador prepotente, pretensioso a ponto de prescindir de seu interlocutor, um arrogante que conversa consigo mesmo imaginando estar dialogando com o outro.

De nada adiantará todo o esforço e trabalho se o professor ficar refém de três ou quatro alunos mais interessados. É imperativo que todos os alunos sejam envolvidos na dinâmica, democratizando e universalizando o processo, evitando assim que o processo seja apropriado exclusivamente pelos mais prolixos e espontâneos. Os tímidos, os que se sentem fora do tempo e do espaço, devem receber atenção redobrada, até que estejam equiparados aos demais colegas.

Um surrado ditado popular repercute ao longo da história da humanidade: quem tem boca vai a Roma.

Os educadores deveriam atinar mais sobre os antigos ensinamentos.

Artigo de Antônio Carlos dos Santos publicado na Revista Bula e no portal Goiás Educação

domingo, 8 de agosto de 2010

Não matem Sakineh

Não matem Sakineh
De Gaudêncio Torquato - O Estado de S.Paulo

Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, mãe de dois filhos, aguarda o momento de ser enterrada até o pescoço e apedrejada. Condenada pelo artigo 83 do Código Penal do Irã (Lei de Hodoud), que prescreve a lapidação por adultério, a iraniana da etnia azeri confessou sob chicote ter mantido relações ilícitas. Das cem chicotadas preconizadas pela sharia (lei), recebeu "apenas" 99 por "senso humanitário" do juiz. No sábado 31/7, Luiz Inácio, amigo do líder do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, foi impelido a sugerir, em praça pública, a acolhida da condenada entre nós. Depois da decisão de colocar o Brasil, juntamente com a Turquia, na defesa do programa nuclear do Irã, nosso presidente não esperava receber o troco em forma de deboche: "Pessoa humana e emotiva, que provavelmente não recebeu informações suficientes sobre o caso." Entre a humanidade do juiz, dispensando a última chicotada em Sakineh, a da Corte Suprema, que pode demonstrar "sensibilidade" e transformar o apedrejamento em enforcamento, e o toque sentimental de Lula, em seu esforço para evitar o "açoite" sobre o Irã, materializado em sanções impostas pela ONU àquele país, desenrola-se o fio de concepções relativas sobre vida, culturas e sistemas políticos.

A comovente história da iraniana serve para escancarar a hipocrisia de nações e a lógica que move seus interesses e trocas. Nem sempre se paga a solidariedade de um país a outro com reciprocidade. A fraternidade demonstrada por Lula para com o Irã acabou sendo correspondida com desdouro. O Brasil nem se recupera do impacto negativo sofrido pela decisão de apoiar o programa nuclear iraniano e vê o apelo de seu mandatário, mesmo feito informalmente, ser transformado em bobagem, coisa ingênua de pessoa desinformada. O que as autoridades iranianas possivelmente pretendem transmitir é a feição dogmática de sua cultura: o apedrejamento tem o amparo do Hadith, a palavra sagrada do profeta Maomé, e é acolhido pela Justiça. A questão, ampla, envolve o conflito entre o Islã e o Ocidente, que tem como pressuposto fundamental a intransigente defesa de seus sistemas. O islamismo não recua em sua disposição de se impor como guia cultural, religioso, social e político no mundo moderno.

Esse pano de fundo abriga o antagonismo histórico Islã-Ocidente, centrado menos em posições territoriais e mais em temáticas que ferem os modos civilizatórios, tais como a proliferação de armamentos, os direitos humanos, as liberdades individuais e sociais, as questões relacionadas à imigração, o terrorismo fundamentalista e as ameaças de intervenção do Ocidente. Convém, aqui, avaliar a posição de certas nações, entre as quais o Brasil, para as quais a geopolítica contemporânea deve pautar-se no pragmatismo de orientação econômica, cujo vetor aponta para a complementaridade de seus nichos negociais. Sob este prisma, as relações comerciais entre países importam mais que injunções de natureza social e política. Ora, a perspectiva que privilegia a matéria econômica em detrimento dos valores éticos e morais não pode ser aceita nos moldes em que é argumentada pela diplomacia. É inconcebível que países de talhe democrático, à moda dos três macaquinhos (fechando olhos, ouvidos e boca), se sintam confortáveis com afagos e abraços dados em déspotas de regimes ditatoriais.

É bem verdade que boa parte do mundo frequenta a zona cinzenta de um relativismo moral e cultural. Sob esta pisada, sistemas fechados tentam legitimar a repressão. Não é esse o caso do Irã? Quando esse país diz com todas as letras que o presidente brasileiro está desinformado, na verdade quer sugerir outras respostas: "Não se intrometa em nossos costumes, não dê palpites em nosso sistema judiciário, não bote o bedelho onde não é chamado." Ou, de modo mais educado: "Nós apreciamos sua humanidade para defender nosso território no concerto das Nações, mas, por favor, não a use para contrariar nossos códigos de conduta e justiça." Se Luiz Inácio der o dito pelo não dito, esquecendo o apelo que fez por Sakineh, imitará os três macaquinhos. Principalmente neste momento em que a defesa dos direitos humanos ganha relevo nos foros internacionais - basta olhar para a libertação de 50 prisioneiros políticos de Cuba -, nosso presidente, pessoa afeita a lances de grande visibilidade, poderia ancorar a imagem brandindo a sagrada bandeira das liberdades. O Itamaraty, por sua vez, deve conter o ímpeto de construir pontes de fraternidade com qualquer pedaço do mundo a título de reforçar laços comerciais. Poderia dosar seu pragmatismo com pequena lição dos clássicos: "As culturas são relativas, mas a moral deve ser absoluta." A fatia ética há de fazer parte do bolo que o Brasil busca extrair dos fornos do planeta.

Com espaço continental, incomensuráveis riquezas, povo acolhedor, sentimental, alegre e criativo, o País terá voz mais elevada se decidir integrar a vanguarda da luta pelos direitos humanos. Basta de tergiversação. Sob essa crença, e ante a confirmação da sentença pela Alta Corte do Irã, Lula poderia insistir, agora formalmente: "Sr. presidente Ahmadinejad, adicione uma pitada de grandeza ao Irã. Liberte Sakineh. O gesto abrirá espaços de solidariedade para sua nação. Entendemos a identidade cultural de seu povo. No campo ético e moral, porém, não deve haver relativismo."

Abro espaço para Marina Nemat, autora de Prisioneiros em Teerã, livro de memórias em que descreve a prisão Evin, em Teerã: "De 1982 a 1984, ainda adolescente, presa política, fui ali torturada e estuprada. Vi meus amigos sofrerem e morrerem. Tantas vidas jovens e inocentes devastadas ou perdidas. Mas o mundo continuou como se nada tivesse acontecido."

Em tempo: as pedras para a lapidação não podem ser muito grandes, porque a ré deve sofrer o suficiente e não pode morrer logo; tampouco devem ser pequenas, porque os lapidadores demorariam muito. Mas a humanidade dos juízes poderá "conceder-lhe" a morte por enforcamento.

JORNALISTA, É PROFESSOR TITULAR DA USP E CONSULTOR POLÍTICO E DE COMUNICAÇÃO

Jovem mutilada no Afeganistão

Meus queridos, leiam o texto que segue. Retomo na seqüência:

Jovem mutilada no Afeganistão será operada na Califórnia
(AFP)

LOS ANGELES — Uma jovem afegã de 18 anos, que posou para a controversa capa da revista Time deste mês, exibindo o nariz e as orelhas mutiladas como forma de denunciar a crueldade dos talibãs contra as mulheres, será operada na Califórnia, oeste dos Estados Unidos.

Segundo a publicação, Aisha foi mutilada pelo marido como punição por ter fugido de casa. A jovem, que se casou ainda adolescente e fugiu de casa por causa dos maus-tratos que sofria do marido, disse que seu castigo foi aplicado com a aprovação de um comandante talibã, regime que aceita este tipo de punições contra as mulheres que se rebelam contra as suas leis.

A moça, que encontrou refúgio em uma organização não-governamental, viajou aos Estados Unidos para ser operada, confirmou à AFP a presidente da Fundação The Grossman Burn, Rebecca Grossman.

"A intervenção foi doada pelo cirurgião plástico e reconstrutivo Peter Grossman e pela equipe do centro The Grossman Burn, situado no Hospital West Hills", em Los Angeles, informou Grossman, sem dar maiores detalhes sobre a operação.

A foto do rosto desta jovem mulher, publicada na capa da edição da primeira semana de agosto da revista americana, acompanhada do título "What happens if we leave Afghanistan" (O que acontece se deixarmos o Afeganistão), causou polêmica.

O título serviu de gancho para uma reportagem com fortes implicações políticas sobre a permanência militar dos Estados Unidos no país asiático, com enfoque na situação das mulheres que vivem sob o domínio do regime talibã.

O chefe de redação da Time, Richard Stengel, escreveu um editorial para este número, explicando a escolha da capa.

"Nossa imagem da capa é poderosa, horrível e perturbadora. (...) A publicamos para mostrar qual é a situação no terreno. (...) Nosso trabalho é dar contexto e perspectiva a um dos temas de política externa mais complicados dos nossos tempos", explicou Stengel.

Atualmente, a administração do presidente Barack Obama alcançou seu pior nível de popularidade após o crescente vazamento de documentos militares secretos que levantaram o debate sobre a guerra no Afeganistão e as possíveis atrocidades cometidas pelas forças lideradas pelos Estados Unidos.

Segundo pesquisa realizada em 3 de agosto, a campanha militar liderada por Washington no Afeganistão é mais impopular do que nunca entre os americanos: 43% dos entrevistados consideraram que os Estados Unidos cometeram um erro ao enviar tropas, contra 38% que pensavam assim antes da divulgação na internet de 92.000 documentos confidenciais, destacou o estudo do instituto de pesquisas Gallup e do jornal USA Today.

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O artigo que segue abaixo, escrevi quase quatro anos atrás. Nele retrato uma angústia que me assola, o trato com a língua mater e a forma como muitos deturpam o sentido das palavras para esconder interesses inconfessáveis. A palavra "transparência" por exemplo... como tem sido açoitada, vilipendiada, aviltada...

Palavras importantes que tem sido sistematicamente adulteradas: "progressista", "engajado", "orgânico", "avançado"...

Pergunto como pode ser "avançado" quem se encanta com déspotas e autoritários, com os tiranos e torturadores, com fundamentalistas e sebastianistas?

Com que responsabilidade estamos tratando a última flôr do Lácio?... Leiam, meus queridos leitores, o artigo abaixo, e partilhem comigo dessa angústia ferina:

O Santo Graal

"Hoje, existe uma espécie de menosprezo por essa coisa tão simples que antes era falar com propriedade. Quando eu era trabalhador, sempre tinha as ferramentas limpas e em bom estado. Não conheço uma ferramenta mais rica e capaz que o idioma. E isso significa que se deve ser elegante na dicção. Falar bem é um sinal de pensar bem".
Saramago

O homem jamais se conformou com suas atividades instintivas. As reações efetuadas de forma mecânica - que dispensam o aprendizado e a reflexão crítica - como os atos de respirar, comer, defecar e se arrastar jamais satisfizeram o Homo sapiens.

Desde os primórdios sentiu a premência de avançar, de evoluir, de comunicar a experiência vivida, incorporando um discurso significativo. E neste contexto a aprendizagem está para a evolução da humanidade assim como o Santo Graal está para algumas seitas religiosas.

Aprender a dominar o fogo; dar novas formas à pedra, lascando-a; captar a forma de lidar com a argila, o ferro, o cobre, o aço... E transmitir o conhecimento adquirido, se diferenciando das demais espécies porque o que acumulou e acumula diuturnamente não depende exclusivamente das informações genéticas e do comportamento que se desenvolve automaticamente de sua relação com a natureza.

Portanto, uma característica fundamental do homem reside na capacidade de aprender, de processar as experiências e conhecimentos que recebe dos antecedentes e das antigas gerações para transmitir para os contemporâneos e para os que virão. É esta especial característica que elevou a espécie, possibilitando exercer completo domínio sobre o planeta, e que decorre da habilidade de criar sistemas de símbolos - sobretudo a linguagem - mecanismos de que se utiliza para dar significado às experiências vividas, transmitindo-as aos seus semelhantes.

Por esta razão, no planeta terra, tão somente ao Homo sapiens é dado pensar.

Todavia, no decorrer da evolução humana parece que modificações genéticas acometeram indivíduos e grupos deles, criando uma sub-espécie que cultua a mediocridade, a ignorância e a delinqüência intelectual. É deste grupo de pessoas – hoje tão numerosos que em alguns extratos sociais, amplamente majoritários – que se refere Saramago. De uma forma sentida, dolorida, num incontido desabafo, dá testemunho dos que menosprezam o idioma, a fala, o pensamento...

Porque a escalada dos que são incapazes de pensar e falar bem, parece não ter fim. Como pragas de vampiros vão galgando posições, ocupando todos os espaços, sugando todo o sangue e energia disponível à volta. São os dráculas modernos, arrogantes e presunçosos, artificiais e preguiçosos ao extremo, incapazes de ler um bom livro, freqüentar uma boa escola, encantar-se por um museu, um teatro ou um cinema.

Não desenvolveram a habilidade de escutar, de ouvir. Simplesmente simulam prestar atenção ao interlocutor porque todas as respostas já estão predefinidas, na ponta da língua, pronta para a erupção que exala estultícia, tolice.

Os néscios compõem uma caterva de malandros que avacalha o idioma, sempre testando nossa paciência para administrar o insuportável, o que afronta a harmonia e desequilibra, o que agride a lógica e aos ouvidos, o que distorce e desfigura a verdade.

Incapazes de compreender as virtudes do diálogo diplomático, discreto e de conteúdo, estão sempre como prolixos papagaios, repetindo citações imbecis e o que já foi dito e reiterado inúmeras vezes, falando alto e com estardalhaço.

Como não têm o poder da palavra, não dominam o idioma e ignoram a lógica, jamais alcançam o pensamento, o raciocínio, a reflexão. Então utilizam a verborragia dos retardados e, conseqüentemente, não convencem. Daí, para vencer, só pela força.

Como cansa escutar alguns políticos, alguns intelectuais, alguns professores,...broncos que infestam todas as categorias profissionais.

Jamais compreenderão o poder do silêncio, do instante mágico para processar o que se escutou, o que se viu, o sentimento que emergiu, quando as coisas se revelam em sua verdadeira intensidade. Quando sentimos a doce presença de Deus.

Antônio Carlos dos Santos - criador da metodologia Quasar K+ de planejamento estratégico. vilatetra@gmail.com

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Protesto.

Iraniana simula uma execução por apedrejamento, durante manifestação em Bruxelas, 2005

segunda-feira, 2 de agosto de 2010



Não se omita!!! Ajude a libertar Sakineh

Sakineh Mohammadi Ashtiani, mãe iraniana, pode ser executada a qualquer momento.

9 de julho de 2010: Mohammad Mostafavi, advogado de Sakineh Ashtiani, disse à AFP:"ainda não fui informado de qualquer suspensão da sentença. Minha cliente continua na prisão." Uma mulher iraniana encara a morte após ser torturada por um suposto adultério.

Em 2006, Ashtiani foi condenada por ter mantido .relações ilícitas. e recebeu 99 chibatadas. Desde então, esta mulher de 43 anos está na prisão, onde se retratou da confissão feita sob a coerção das chicotadas.

Só recentemente é que ela foi levada ao tribunal e recebeu um novo julgamento. De novo ela foi condenada e, desta vez, apesar de já ter sofrido uma punição, foi sentenciada à morte por apedrejamento. Essa prática desumana envolve enrolar firmemente a mulher, da cabeça aos pés, com lençóis brancos, enterrá-la na areia até os ombros e golpeá-la à morte com pedras grandes.

Ontem, no final da tarde, o governo do Irã negou a informação de que Ashtiani seria executada por apedrejamento, embora sua sentença de morte ainda possa ser levada a cabo por outro método, provavelmente o enforcamento.

Os ativistas dos direitos humanos no Irã, incluindo a Anistia Internacional, duvidam da veracidade dessa declaração e continuam preocupados com o destino de Ashtiani. Mais, aqui.